Resumindo a situação: estaremos nessa situação por algum tempo
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org; http://diplomatizzando.blogspot.com)
[Objetivo: reflexão sobre os impasses do momento; finalidade: esclarecimento]
Vou tentar resumir a situação:
1) O Brasil está sem rumo;
2) O governante não tem a menor ideia do que fazer ou para onde quer levar o Brasil;
3) Todos os que o assistem ainda não se entenderam sobre o que fazer: também estão sem rumo;
3) O principal responsável econômico só quer arrumar um pouco mais de $$ para tocar o barco enquanto alguma cabeça pensante seja capaz de oferecer um mínimo de liderança sobre o que fazer no geral; esperança inútil nesse governo;
4) A classe política quer escapar de suas responsabilidades e se possível da Justiça, por malversações repetidas e acumuladas, e não quer perder as mamatas de que goza;
5) O mandarinato estatal não quer perder nenhuma vantagem e, se possível, ainda ampliar um pouco mais as existentes;
6) Empresários e trabalhadores farejam que serão mais uma vez escalados para pagar a conta do descalabro estatal;
7) Não existe NENHUM RISCO de mudar, pois o governante só pensa na sua reeleição e sobre como escapar de acusações de malversações passadas e continuadas por toda a família, que sempre roubou o Estado, ou seja, todos nós;
Em conclusão: não há rumo, não existem responsáveis, não existe sequer consciência sobre quais são os problemas mais relevantes ou sobre como resolvê-los. O Brasil caminha para o NADA, ou melhor, para uma situação ainda pior do que a atual.
Quando não se tem liderança, ou quando a que existe é medíocre e ignorante, não dá para esperar outra coisa.
Meus cumprimentos aos donos do dinheiro no Brasil, pois são eles que poderiam decidir um outro futuro para o país.
Sim, estou falando de grandes capitalistas, banqueiros, líderes do agronegócio, grandes empresários industriais: como vocês são medíocres e só pensam em vocês mesmos, continuam apoiando políticos tradicionais que vão continuar conduzindo os lemingues para o precipício.
Vão continuar assistindo à marcha para o abismo?
Estou pedindo um complô de capitalistas esclarecidos para tentar se substituir ao povo votante?
Talvez seja o caso: não vejo outra alternativa ao caos que se apresenta sob a forma do “mais do mesmo”.
Classe dominante, segundo a visão marxista do mundo, deveria normalmente dominar. Se ela não se entende, outros aventureiros se apresentarão para se beneficiar da ingenuidade, da ignorância e da impotência dos eleitores.
Desculpem a crueza do argumento, mas é apenas o que tenho a oferecer no momento. Aos que acreditam na “reunião dos democratas”, na “pedagogia do voto”, eu apenas diria: vocês acreditam num país que NÃO EXISTE, tanto quanto aquele país a que se referiu o presidente no seu medíocre e inútil discurso na ONU.
Sorry por ser tão brutal e direto.
Apenas quis sintetizar a situação.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 24/09/2020
Addendum retificador: não existe classe dominante no Brasil: estamos numa situação de completa anomia social. Ou, se existe, ela não conta com indivíduos suficientemente esclarecidos e dotados de iniciativa e capacidade de liderança para fazerem um “Cahier des Charges” das classes dominantes; uma espécie de Assembleia Geral do Primeiro Estado. Mesmo que tivéssemos isso, eles diriam que não podem dar um golpe de Estado, ou fazer uma Bastilha da Burguesia para impor suas soluções ao resto do país, quando a solução sempre passa pelo sufrágio universal. Se for assim, a solução passa pelo reforço das instituições e pela educação política da população. Em outros termos, estamos nisso por duas ou três gerações mais, depois de afundarmos ainda mais. Sorry por continuar a ser pessimista.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3761, 24 de setembro de 2020