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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

A nova-velha política externa do PT: reatar relações com Venezuela (CNN)

 Campanha petista pretende reatar relações com Venezuela


Ideia é reverter a tentativa de isolamento que o governo Jair Bolsonaro tentou impor a Nicolás Maduro

CNN, 30/08/2022 às 21:34 | Atualizado 30/08/2022 às 23:03

Os planos da campanha petista com a América do Sul envolvem a retomada de relações com a Venezuela. A ideia é reverter a tentativa de isolamento que o governo Jair Bolsonaro tentou impor ao ditador Nicolás Maduro ao determinar a retirada do embaixador brasileiro do país em 2020 e o reconhecimento do opositor Juan Guaidó como presidente da Venezuela.

Embora formalmente as relações não tenham sido rompidas, na prática elas não existem porque sequer há um serviço consular no país vizinho.

Nesse sentido, o debate na campanha é retomar na prática as relações com a Venezuela enviando nas primeiras semanas um corpo diplomático e deixando de reconhecer Guaidó como presidente do país.

A avaliação é de que a tentativa de isolamento da Venezuela se mostrou frustrada porque abriu espaço para que países asiáticos, em especial a China e a Rússia, se aproximassem da Venezuela.

O QG petista inclusive avalia que estados que fazem fronteira com o país, Amazonas e Roraima, querem reatar relações tanto por questões humanitárias –conter os refugiados — quanto por questões comerciais.

Os petistas também avaliam a criação de um novo colegiado na região para debater a relação. Seria um modelo parecido ao da Unasul, criada em 2008 no governo Lula, mas que em 2017, já no governo Michel Temer, acatou uma cláusula democrática que obrigava os países da região a terem regimes democráticos, o que acabou por levar à saída da Venezuela do grupo.

Sobre clima, há um plano por exemplo para que a América do Sul, principalmente os oito países da região amazônica (Brasil, Guiana, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Suriname e Venezuela) possam liderar em conjunto na região temas climáticos perante fóruns mundiais, aproveitando-se para tanto do contexto atual de uma maioria de países com dirigentes à esquerda na região. Fala-se até mesmo em resgatar a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), um documento de 1978.

Os petistas também pretendem abordar assuntos comuns com o vizinho com o continente africano. A vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, já mandou sinais ao QG petista de que há interesse em aproximação com a África e que se Lula vencer pretende que seja uma agenda comum com o Brasil.

“A política Sul-Sul voltaria forte, mas isso não se faria em detrimento de relações com a Europa, Estados Unidos e China”, disse o diplomata Audo Faleiros, que assessorou Marco Aurelio Garcia, consultor de assuntos internacionais nos governos Lula e Dilma Rousseff, e tem acompanhado parte dos debates no PT.

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/campanha-petista-pretende-reatar-relacoes-com-venezuela/

A nova-velha política externa do PT: priorizar União Europeia e desacelerar OCDE - Caio Junqueira (CNN)

 Campanha de Lula quer priorizar União Europeia e desacelerar OCDE


América do Sul e África também são prioridades

Caio Junqueira, da CNN
30/08/2022 às 21:33 | Atualizado 30/08/2022 às 23:03

Os formuladores da política externa de um eventual novo governo Lula preveem, se o petista vencer, rever os termos do acordo entre União Europeia e o Mercosul e também o ingresso do Brasil na OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

“A relação com a União Europeia é estratégica para o Brasil. Somos a favor do acordo, mas ele foi feito às pressas para beneficiar o [ex-presidente argentino) Maurício Macri. Então precisa de algumas revisões e ajustes. E a informação que tenho é de que os europeus também querem mudanças e ajustes. Vamos pensar então num acordo de cooperação que obviamente terá uma direção comercial para não acabar de desindustrializar o Brasil”, afirmou à CNN Celso Amorim, chanceler brasileiro na era Lula e que está à frente dos debates na campanha sobre o que seria uma eventual política externa em um novo governo petista.

O foco no acordo reflete uma percepção comum nas conversas internas no PT sobre esta área: a União Europeia como grande parceira do Brasil se o petista vencer. Isso porque há receio de que o trumpismo ou algo semelhante a ele possa retornar nos Estados Unidos e que a relação com a China, embora seja positiva comercialmente, há muitos problemas de valores como democracia, direitos humanos e inclusão social.

Nesse sentido, há uma aposta crescente nos bastidores da campanha em ampliar vínculos com a Europa e especialmente com quatro grandes forças do grupo: Alemanha, Espanha, França e Portugal. A avaliação é de que o continente poderá ajudar o Brasil a transitar em um mundo diferente do que de 2003, quando o PT assumiu o Itamaraty pela primeira vez.

Hoje, ele é mais multipolar e o Brasil precisa se posicionar em equilíbrio aos diferentes players, em especial aos Estados Unidos, China e Rússia. Além disso, a agenda que o petismo pretende encampar é mais bem identificada com a agenda da União Europeia do que das outras forças mundiais, principalmente sobre clima, direitos humanos e imigração.

Sobre a OCDE, umas das prioridades da política externa do governo Jair Bolsonaro, a ideia é desacelerar o processo de ingresso.

“Antigamente se dizia que a OCDE era um selo de qualidade, mas vejo países que entraram e não se beneficiaram. Brasil já recebeu muito mais investimentos do que países que ingressaram na OCDE. Não tenho preconceito com a OCDE, mas não vejo como grande prioridade”, disse Amorim.

A leitura dentro do PT é que muitos pontos que a OCDE exige para que um país seja seu integrante são desfavoráveis ao Brasil. Por exemplo, que países em geral possam realizar compras governamentais. O petismo acredita que isso prejudica a indústria nacional. Outro ponto é sobre a rigidez com regras de propriedade intelectual, algo que prejudica países pobres e em desenvolvimento. “OCDE é para países ricos. O Brasil não precisa disso”, completou Amorim.

O PT tem considerado nos debates internos o contexto nacional para elaborar a sua política externa. A expectativa de que o bolsonarismo permanecerá e mais forte ainda mesmo em caso de derrota faz os formuladores da política externa preverem muita disputa em torno desta área e consequentemente o partido a já eleger como um dos temas para esta disputa. Por isso, a questão dos valores –democráticos, ambientais e de direitos humanos– deverão estar presentes, assim como temas ligados a pandemia — justamente um dos pontos fracos da gestão Bolsonaro.

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/campanha-de-lula-quer-priorizar-uniao-europeia-e-desacelerar-ocde/