Minhas desculpas aos meus 18 leitores, pela organização quase caótica desta transcrição das crônicas sobre o Itamaraty bolsolavista e sua triste figura que faz de conta que é chanceler. Em primeiro lugar, eu dependo de segundos e terceiros intermediários, que nem sempre recebem as ditas crônicas em ritmo regular, pois imagino que o Cronista Misterioso, nosso Batman – ou Arsène Lupin, ou Fantômas, como vocês preferirem –, prefira resguardar sua identidade dos esbirros do poder, sobretudo aquele bando de bárbaros que integra o chamado Gabinete do Ódio (por razões que lhe são próprias).
A segunda edição da brochura que preparei, reunindo as duas dúzias de crônicas recebidas em três ou quatro etapas, dando-lhe o simpático título de Um ornitorrinco no Itamaraty, foi colocada por mim na plataforma Academia.edu e informada neste blog, nesta postagem:
(https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/11/um-ornitorrinco-no-itamaraty-cronicas.html)
Como essa brochura continha apenas as 24 primeiras crônicas, passo agora a divulgar as quinze subsequentes que acabo de receber, com alguma eventual repetição de uma ou outra que já posso ter postado.
Tenho uma reclamação a fazer ao Cronista Misterioso, que não sei se me lerá ou não: ele costuma apenas indicar a série numérica dos seus textos, sem datar cada uma delas específica e precisamente. Como existe uma decalagem temporal entre a sua escritura e meu recebimento e publicação, ficamos sem saber quando exatamente foi escrita uma determinada crônica, a menos de uma indicação qualquer (semana de Natal, por exemplo, ou primeira crônica de 2021). Vou pedir ao nosso Batman que ele coloque a data precisa de sua redação, mas não se ele me lerá, ou acatará a sugestão.
Por que faço essa transcrição individual e ainda tenho a pachorra de compor um livreto? Por puro divertimento.
A situação que estamos vivendo no Itamaraty é tão absurda, tão maluca, que só a derrisão, o escárnio, a gozação pode trazer um pouco de alento aos desalentados diplomatas, que desprezam o seu falso chefe, mas precisam aparentar disciplina e obediência, pois o desequilibrado é dado a retaliações raivosas (ele gostaria de me esganar, estou certo disso).
Então, retomo a série de publicações, e paralelamente vou coletar todas as 43 dezenas de crônicas recebidas numa terceira edição. Alguém já me indagou sobre copyright, algo impossível de determinar neste momento. Haverá um dia em que o Batman virá à luz, mas no momento cabe apenas atribuir-lhe direitos morais, o que faço com prazer. Fico aguardando novas crônicas, e imagino que elas só cessarão quando o alucinado e alucinante chanceler acidental deixar os diplomatas (e o Brasil), em paz, recolhendo-se à sua mediocridade, ou desaparecendo em algum buraco negro da política brasileira.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30 de janeiro de 2021
25) A Estagnação Freudiana do Bolsonarismo (Semana 25)
Peço de antemão vênia ao amigo leitor, pois é-me necessário abordar questões um tanto quanto vulgares e que exigem vocabulário inferior. Não sou nenhum puritano, mas a análise do bolsonarismo faz com que eu deva debruçar-me sobre questões que podem ruborizar os mais sensíveis. Às favas, pois é o dever do Ombudsman.
É conhecida a obsessão de Bolsonaro com o aparelho excretor humano. Refere-se em demasia a seu produto principal, como repetido tantas vezes na famigerada reunião de ministros. Ou como na parábola do sábio líder que orientava seus discípulos: “Quando se fala em poluição ambiental, é só você fazer cocô dia sim, dia não, que melhora bastante a nossa vida também, está certo?”
É conhecido também seu envolvimento passado com cloacas - dada sua confissão pública de zoofilia com aves.
Não me posso portanto furtar da meditação sobre a origem de tamanha obsessão pelo orifício excretor. Pergunto em voz alta aos Sigmunds na estante se o excelentíssimo se encontra estagnado na fase anal. Ao que me respondem silenciosamente, na voz que me imagino a Freud, que indivíduos excessivamente preocupados com o controle e a manipulação das precondições de sua realidade, crentes de que tudo podem e que todos devem dobrar-se a suas preconcepções, estão sim estagnados na fase anal da evolução psicointelectual (apenas a segunda fase desse processo).
Para além do freudianismo elementar, o bolsonarismo é famoso por essa obsessão de seu ídolo, muitas vezes referida como o fator de aproximação do excelentíssimo com o guru da loucura, Olavo de Carvalho. A identificação excremental de ambos é curiosa e parece pautar todo o plano de governo desta era sombria. Quiçá uma coprokakistocracia, termo que ouso cunhar, mas que não explicarei, pois me envergonha. Peço apenas que pesquisem o prefixo latino “copro-“ e prefixo grego “kákistos-“.
Assim, não foi surpresa que o vice-líder do governo, o Senador Chico Rodrigues, com quem Bolsonaro afirma ter uma relação “quase estável”, no sentido jurídico da coisa, fosse também afligido por essa estagnação anal. Seriam os R$ 17.900 que o vice-líder escondeu na “cueca” apenas mais um episódio de corrupção deste governo, ou também sintoma dessa obsessão freudiana? Não sei, mas sei que ninguém esconde R$17.900, esconde R$18.000. Resta saber onde permaneceu entalada a nota de R$ 100 faltante?
Não são só R$ 100. Reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.