Carisma vs instituições: os impasses
Paulo Roberto de Almeida
Nota sobre os impasses criados por lideranças personalistas para diferentes países.
De vez em quando, países inteiros são sequestrados por fortes personalidades, que desviam o curso de políticas domésticas e externas, que deveriam focar o progresso econômico e social, mas acabam criando impasses na trajetória do país. Exemplos de distorções políticas abundam, no Brasil e no exterior.
Quais seriam os beneficios concretos, para o Brasil e os brasileiros, da participação do país num projeto que pretende criar uma “nova ordem mundial” não definida claramente, mas fortemente orientada pelos interesses nacionais de duas grandes autocracias? Propensões pessoais estão se substituindo a análises ponderadas em torno de escolhas relevantes para o futuro da nação.
Os caminhos erráticos de alguns dos “parceiros” do Brasil deveriam oferecer motivo de reflexão aos dirigentes: o que dizer, por exemplo, das trajetórias respectivas da Argentina e da Rússia nas últimas décadas?
O próprio Brasil tem enfrentado bloqueios em seu processo de desenvolvimento, não apenas devido a barreiras institucionais, mas também a impulsos pessoais, com escassa discussão exaustiva sobre as orientações adotadas.
Em todos esses casos, o personalismo de dirigentes nacionais se sobrepôs a uma trajetória alternativa que seria de ordem mais colegiada, característica de sistemas parlamentaristas ou de presidencialismo congressual, como nos EUA.
O Brasil parece embarcar novamente em aventuras de cunho personalista de duvidoso e incerto resultado positivo para o progresso da nação. Até quando?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 22/08/2023