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domingo, 28 de junho de 2015

A corrupcao da linguagem por quem voces ja sabem - Marli Goncalves

Nunca antes virou uma frase antologica, mas no caso da dupla que nos governou e governa a qualificação é obrigatória. Pela primeira (e unica) vez na nossa história linguística, que sempre foi muito pobre, uma mulher alegadamente sapiens, mas que não passa nos mais elementares testes de lógica e de percepção da realidade (houve erro de programação, com certeza), envergonha o país e o mundo com suas bizarrices sem sentido.
Acho que todo mundo já riu o bastante. Mas talvez seja o caso de chorar, pois a nossa educação, já por si periclitante, acaba de sofrer mais um rude golpe.
Paulo Roberto de Almeida

PALAVRAS, SENTIDOS E VERSÕES. OU PIADAS
MARLI GONÇALVES
27/06/2015

Semana animada essa. Algumas palavras entraram definitivamente no vocabulário usual, mutantes, passaram para a história, inclusive a política, nos fizeram rir para não chorar. Ganharam novos sentidos. Algumas palavras são realmente formidáveis, mas eu nunca tinha pensado, sei lá, que uma mandioca renderia tanto. Muito menos que o latim pudesse ser traduzido ao bel-prazer. Tem de ver isso aí; senão sabe-se lá onde vamos parar se continuar essa toada, e vergonha não é uma boa palavra para um país.

Meu primeiro contato e amor para com as palavras veio da leitura de Monteiro Lobato, especialmente o sensacional "Emília no País da Gramática". Para mim, dali em diante elas ganharam vida, perninhas, sentimentos, e até contradições. Lembro bem do livro e das prisões onde se encontravam encarcerados os vícios de linguagem, os cacófatos, os pleonasmos, os barbarismos, os solecismos, os hiatos, os arcaísmos, gerundismos e plebeísmos, entre outros. Caras feias e agressivas prontas a atacar frases e pensamentos.

Agora todos - a mim parece - foram soltos e estão aí pelas ruas aterrorizando. Não bastasse estão recrutando as palavras para nos infernizar. Sequestrando outras, para nos entristecer; como "obrigado" que, para voltar à voga, creio que teremos de pagar vultosa recompensa. Outras estão sendo torturadas, principalmente quanto tentam andar juntas, como liberdade e individual. E observem que estas são bem modernas; uma, um substantivo feminino; outra, um adjetivo ou substantivo de dois gêneros, uma coisa até transexual como hoje está tão em voga.

Esses criminosinhos da linguagem e das palavras se criaram e conseguiram uma aliada e tanto na nossa presidente que anda se esmerando ao esgrimi-las em improviso nos púlpitos da vida. Foi assim que a mandioca virou a redenção nacional, base da civilização, e a bola indígena, tosca, o brinquedo que nos faz humanos e, mais, criou-se uma surpreendente e nova variação da espécie, de uma Era nova, de evolução biológica, que ainda não nos havia sido apresentada. A mulher sapiens. Isso é que é feminismo: nada de homo para lá e para cá.

Por que não a mulieres sapiens?

- Pensou, tascou.

Mas aí é que a coisa foi pro brejo total. Vocês vão entender por que e peço que sejam perspicazes para que eu não tenha de gastar muitas palavras para explicar. Sabem o que diferencia o homo sapiens, o humano sábio ao pé da letra, e em toda a sua abrangência inacreditavelmente desconhecida da nossa presidente? Uns dez ítens. Vou citar alguns, mais significativos, para vocês irem ticando (e lembrem que eu estou daqui dando uma piscadela): postura ereta, cérebros bem desenvolvidos, destreza manual, fala articulada, aculturação e raciocínios complexos, olhos em foco, e a capacidade de corar.

Ela tinha mesmo de inventar outra espécie, não?

Mas quero voltar a falar apenas das palavras, essas preciosas. Que, quando lançadas, não voltam. Tantas podem ser cruzadas, de amor, exatas, engraçadas. As de gratidão andam sumidas, assim como as de gentileza e reconhecimento. As que trazem elogios estão sendo vilipendiadas, principalmente nas redes sociais. Vide "linda". Nosso senso estético massacrado, porque se aquilo é lindo, imagine o feio! E o que a gente acha lindo o que é mesmo, o que é....? Santas palavras hipócritas que lemos, ouvimos.

Mas, por outro lado, também nas redes encontramos as palavras de apoio, de conforto, consolo, de fé e de ânimo. As palavras amigas, amorosas e inspiradoras.

Os palavrões jorram também de várias fontes, a favor e contra, principalmente quando a guerra é político-ideológica, como a que vivemos nesse momento. Com gente usando a palavra para defender o indefensável. Palavra de honra que às vezes nem acredito que estou ouvindo algumas delas, sobre o poder, mas até o poder da palavra tem limites.

Principalmente quando são engraçadas as palavras que sabemos ditas por quem devia ter mais palavra depois de eleita com palavras falsas, cantadas, lançadas, quebradas e depois reveladas. Melhor mesmo que sejam assim só engraçadas como as desta semana.

Mas os maiores problemas que vejo estão agora claramente localizados nas palavras do dia, as de fé. Principalmente como estão agora sendo pregadas e empregadas de forma absurda em leis e em lugares absolutamente inadequados e onde tem apenas uma, uma só que deveria ser a mais respeitada.

A palavra laico.

São Paulo, 2015

Marli Gonçalves é jornalista -- - - A palavra-chave do momento é serenidade. Uma expressiva palavra de mãe, daquelas que a gente não questiona. Segue. Obedece. No mínimo, para saber e aprender no que vai dar. Palavra final.
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sábado, 2 de maio de 2015

Impeachment: uma opiniao pela investigacao - Ives Gandra Martins

A Marcha do Impeachment: se ouso interpretar, em linguagem leiga, o que escreve o jurista Gandra Martins, é o seguinte: nem o Procurador, nem o juiz do STF podem afastar liminarmente processo de impeachment contra quem vocês sabem, apenas por fiat auto-sugerido, uma vez que não se fizeram investigações. Eles precisariam pelo menos ter autorizado investigações para só aí afastar a hipótese. Ora, eliminar a possibilidade de investigações, sem saber o que pode estar por trás das ações de quem vocês sabem não é apenas má-fé, é pré-conceito, ou seja, parti-pris d'avance, e o que se deseja, justamente, é testar a hipótese. Salvo melhor juízo, como diriam os ignorantes como eu...
Paulo Roberto de Almeida

Uma interpretação conveniente

IVES GANDRA DA SILVA MARTINS
O Estado de S.Paul, 01 Maio 2015

O ministro Celso de Mello, do STF, ao interpretar o § 4.º do artigo 86 da Constituição federal - assim redigido: "o presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções" -, declara que "a norma consubstanciada no artigo 86, § 4.º, da Constituição reclama e impõe, em função de um caráter excepcional, exegese estrita, do que deriva a sua inaplicabilidade a situações jurídicas de ordem extrapenal" (Inq 672-QO, DJ 16/4/93). Por essa razão entende que o presidente "não dispõe de imunidade, quer em face de ações judiciais que vierem a definir sua responsabilidade civil, quer em função de processos instaurados por suportar prática de infrações político-administrativas". E conclui: "A Carta não consagrou, na regra pactuada em seu artigo 86, § 4.º, o princípio da irresponsabilidade penal absoluta do presidente da República".
Tais considerações preliminares eu as faço em face do arquivamento de qualquer investigação sobre a presidente Dilma Rousseff pelo ministro Teori Zavascki, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no processo sobre o assalto à Petrobrás, nada obstante ter sido citada 11 vezes, segundo informou à plateia o senador Ronaldo Caiado, após palestra que proferi na Fiesp (Consea) sobre "culpa grave" como crime de improbidade administrativa.
Mostrei, naquela ocasião, que o STJ em dois casos, no Recurso Especial n.º 816.193-MG (2006/0015183-8) e no AgRg no Agravo de Instrumento n.º 1.375.3-MG (2010/0222887-9), decidiu que imprudência, negligência, imperícia ou omissão que provoquem grave lesão ao patrimônio público constituem crime de improbidade administrativa, mesmo que o chefe do Executivo não se tenha beneficiado pessoalmente do desvio de recursos das burras oficiais.
Ora, o § 4.º do artigo 86 da Constituição está subordinado à introdução do artigo, que declara: "Admitida a acusação contra o presidente da República..." - o que pressupõe que investigações preliminares sejam feitas para que a acusação se concretize, visto que sem investigação não pode haver acusações.
A investigação criminal é fundamental para definir se há ou não crime de improbidade. Não é possível, portanto, haver declaração de imunidade prévia, sem nenhum exame anterior.
No caso da presidente Dilma, ela foi citada 11 vezes como conhecedora dos fatos que continuam sendo desventrados, de uma prática em que não se conhece a data de encerramento. E durante o período em que ocorreram os fatos já apurados manteve a diretora e depois presidente da companhia Graça Foster, no anterior e no atual mandato, até fevereiro de 2015. É, pois, fundamental que se investigue, até para que se saiba se há outras pessoas envolvidas ligadas à primeira mandatária.
Afastar da mera investigação personagem essencial do governo em que se deram os desvios mencionados é prejudicar a própria apuração, não se permitindo sequer provar a inocência da presidente, que seria sempre seu melhor salvo-conduto para a continuidade na vida pública. É que a não investigação, nada obstante citada 11 vezes como conhecedora do saque à Petrobrás, sempre deixará a impressão de que foi responsável e beneficiária do esquema montado na maior empresa estatal brasileira.
Investigação não significa condenação. O impeachment não pode ser realizado por fatos anteriores ao atual mandato, mas se houve ou não contaminação de um mandato ao outro só se poderá saber após as investigações. Por isso o § 4.º estabelece que o presidente não pode ser responsabilizado, mas, à evidência, não diz que não pode ser investigado. Como afirmou o ministro Celso de Mello, sendo regra excepcional de imunidade, a interpretação que se impõe é sempre estrita e limitada.
A investigação é necessária até porque há suspeita de que toda a campanha da presidente do primeiro para o segundo mandato se deu com o dinheiro recebido das empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. Sua vitória, alicerçada em campanha milionária na qual os dados sobre a economia foram fantasticamente manipulados, restaria maculada, a justificar seu afastamento.
Ao interpretar o § 4.º e o artigo 86 da Carta Magna, nos Comentários à Constituição do Brasil que elaborei com Celso Bastos pela Editora Saraiva (15 volumes e mais de 12 mil páginas), falo em condenação, mas não digo que a "investigação" do envolvimento seja proibida, até para determinar o prazo inicial e final da prática delituosa. Investigação, repito, não é condenação. Após apurados os fatos, eventual processo de impeachment perante o Congresso não pode ter por fundamento ilícitos anteriores ao mandato em curso.
Por fim, lembro que muitos constitucionalistas americanos, ao examinarem a emenda que propiciou apenas uma reeleição à presidência, entendem que nos EUS se elege um presidente por oito anos, tendo o povo o direito de confirmar ou não sua permanência no quarto ano. Por essa razão é que raramente um presidente eleito no primeiro mandato não mantém seu mandato no segundo quadriênio.
Termino este artigo com a observação de que, apesar do respeito e admiração que tenho pelo ministro Teori Zavascki e pelo procurador-geral da República, é de reconhecer que o pedido de arquivamento de qualquer investigação, apesar de indícios constantes nas apurações feitas, aceito pelo STF, afastou o desconforto de aquela Corte ter de julgar a chefe de outro Poder. Mas se ela for inocente, permanecerão, infelizmente, as suspeitas de ter tido conhecimento do que ocorria nos porões da empresa enquanto era gestado, segundo o jornal The New York Times, o maior escândalo de corrupção da História do mundo.
*
PROFESSOR EMÉRITO DA UNIVERSIDADE MACKENZIE, DAS ESCOLAS DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
(ECEME) E SUPERIOR DE GUERRA (ESG), É MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE FILOSOFIA

quinta-feira, 2 de abril de 2015

De poste em poste, o chefao vai apagando o Brasil - Augusto Nunes

30/03/2015 às 15:55 \ Direto ao Ponto
O poste é inseparável do fabricante: Dilma será para Lula o que Pitta foi para Maluf
Augusto Nunes
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/files/2015/03/CAPA1PT1BSB1.jpg

Como um punguista de antigamente depois de afanada a carteira da vítima, Lula tenta afastar-se de Dilma Rousseff com cara de paisagem, assoviando um sambinha enquanto caminha nem tão depressa que pareça medo nem tão devagar que pareça provocação. A malandragem deu certo no escândalo do mensalão. O chefão caiu fora da cena do crime e a patente de comandante do bando acabou enfeitando os ombros do subchefe José Dirceu.

Mas não se terceiriza o pessoal e intransferível. A segunda-dama Rose Noronha, o prefeito Fernando Haddad e a instalação de uma usina de maracutaias nas catacumbas da Petrobras, por exemplo, são coisa de Lula. Dilma Rousseff também. Lula logo aprenderá que um poste é inseparável de quem o inventou — e um produto de péssima qualidade pode levar seu fabricante à falência política. Dilma Rousseff será para Lula o que Celso Pitta foi para Paulo Maluf.

Ambos deslumbrados com os altos índices de aprovação reiterados pelas usinas de pesquisas, o prefeito Maluf em 1995 e o presidente Lula em 2007 resolveram mostrar que conseguiriam transformar qualquer nulidade em ocupante provisório do trono. Para que os escolhidos cumprissem sem resmungos a missão de guardar o lugar até que o chefe voltasse, constatou um post de 2010, o marajá de São Paulo e o reizinho do Brasil decidiram-se, sem consultar ninguém, por figuras sem autonomia de voo nem luz própria.

O primeiro pinçou na Secretaria de Finanças do município um negro economista. O segundo pinçou na Casa Civil uma mulher economista. Ao apresentar o sucessor, o prefeito repetiu que foi Maluf quem fez São Paulo.Mas quem arranjou o dinheiro, revelou, foi aquele gênio da raça chamado Celso Pitta. Ao apresentar a sucessora, o presidente reterou que foi Lula o parteiro do Brasil Maravilha. Mas quem amamentou o colosso, ressalvou, foi aquela sumidade político-administrativa por ele promovida a Mãe do PAC.

Obediente a Maluf e monitorado pelo marqueteiro Duda Mendonça, Pitta atravessou a campanha driblando debates e entrevistas, declamando obviedades e louvando o criador de meia em meia hora. Como herdaria uma cidade sem problemas, sua missão seria torná-la mais que perfeita com espantos de matar de inveja a rainha da Inglaterra. Grávido de orgulho, o padrinho ordenou aos eleitores que nunca mais votassem em Paulo Maluf se o afilhado fracassasse.

Obediente a Lula e tutelada pelo marqueteiro João Santana,  Dilma percorreu o atallho para o Planalto desconversando em debates e entrevistas, gaguejando platitudes e bajulando o criador a cada 15 minutos. Como lhe cairia no colo um país pronto, caberia à herdeira tocar em frente o pouco que faltava para torná-lo uma espécie de Noruega com praia, mulher bonita e carnaval. Grávido de confiança, o padrinho comunicou ao eleitorado que ele e ela eram a mesma coisa. Votar em Dilma seria a mesma coisa que votar no maior dos governantes desde o Descobrimento.

São Paulo demorou três anos para entender que estava nas mãos do pior prefeito de todos os tempos. Descoberta a tapeação, milhões de iludidos escorraçaram Pitta do emprego e atenderam à vontade do seu inventor: nunca mais Paulo Maluf foi eleito para qualquer cargo executivo. O Brasil demorou quatro anos para compreender que, ao conferir um segundo mandato a Dilma Rousseff, ratificara a mais desastrosa opção presidencial de todos os tempos.

Pena que as multidões não tenham acordado algumas semanas mais cedo. Mas enfim despertaram — e despertaram de vez, berram as manifestações de rua e o sumiço do único “líder de massas” do mundo que só discursa para plateias amestradas. Antes do fiasco de Alexandre Padilha nas urnas de outubro, Lula caprichou na ironia presunçosa: “De poste em poste estou iluminando o Brasil”, repetia.

O terceiro poste afundou a muitas léguas do Palácio dos Bandeirantes. O segundo, Fernando Haddad, pedala no mundaréu de ciclovias para fugir do naufrágio inevitável. O poste inaugural vai sendo tragada pelo mar de corrupção e incompetência. Dilma Rousseff debate-se furiosamente milímetros acima da superfície. Lula quer que afunde sozinha. Mas não escapará do abraço de afogado.

sábado, 27 de julho de 2013

Jornal do quadrilheiro-chefe tenta enquadrar a presidente...

...que se submete ao dono do poste...
(Não preciso dizer que não concordo com nada do que está dito; a matéria vai aqui postada apenas para registro do que se pensa, do que não se pensa, mas que se revela nas entrelinhas, e do que se pretende, em certos meios quadrilheiros.)

Dilma teima em manter ministério e pede a Lula para ‘enquadrar’ o PT

Correio do Brasil, 26/7/2013 13:31
Por Redação - de Brasília e São Paulo

Lula recebe a presidente eleita Dilma Rousseff
Dilma disse que faria um governo de continuidade ao de Lula mas, em muitos pontos, não foi isso o que aconteceu
A presidenta Dilma Rousseff decidiu, após longa conversa a portas fechadas com o ex-presidente Lula, na última quarta-feira, em Salvador, que não realizará qualquer alteração em sua equipe, apesar da pressão das ruas e de setores da própria base aliada. De Recife, o possível adversário Eduardo Campos, hoje governador de Pernambuco, aliado do governo, recomenda que a mandatária ouça “bons conselho”, mas ela permanece irredutível. Dilma tem recebido críticas até do aliado PMDB, recomendando-a o corte no número de ministérios (atuais 39) e a substituição de alguns de seus comandantes, entre eles o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e a secretária de Comunicação Social, Helena Chagas.
Dilma teria pedido a Lula, segundo reportagem do diário conservador paulistano Estado de S. Paulo, para “enquadrar” o PT, pois os parlamentares do partido não estariam, em sua avaliação, contribuindo para defender o governo e suas recentes propostas, a exemplo do plebiscito para a realização da reforma política. Dois líderes petistas teriam expressado contrariedade especificamente contra o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que publicamente defendeu a redução do número de ministérios de 39 para 25.
Lula, segundo o Estadão, teria concordado com Dilma em não mexer em sua equipe sob pressão, para tentar não transparecer qualquer fragilidade num momento em que a própria base aliada enfrenta problemas.
Tarefa difícil
Lula ouviu a presidenta na condição de franco favorito para as eleições do ano que vem. Na pesquisa CNI/Ibope, divulgada na véspera, o ex-presidente viu disparar o número de eleitores que prefere o seu governo em vez da gestão atual. Em março, 18% afirmaram que o governo atual era pior que o passado. Em julho foram 46%.
Segundo notas veiculadas na coluna Painel, do diário conservador paulistano Folha de S.Paulo, “causou perplexidade” na equipe da presidenta a decisão da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de realizar pesquisa de avaliação do governo fora do calendário trimestral de levantamentos da entidade. “A última pesquisa CNI/Ibope tinha sido divulgada em junho, no auge dos protestos no país. A intenção ao realizar nova rodada, segundo o presidente, Robson Andrade, foi justamente medir o impacto das manifestações na avaliação de Dilma Rousseff e dos governadores”.
Segundo o jornal, “disparou o percentual de eleitores que consideram o governo Dilma pior que o de Lula, pela CNI/Ibope. Em março, 18% dos entrevistados diziam que a atual administração é inferior à passada. Agora, são 46%. O índice de eleitores que dizem que Dilma faz governo melhor que o de Lula caiu de 20% em março para 10%. O grupo que acha as gestões equivalentes caiu de 61% para 42%. O pior desempenho de Dilma se dá no Rio de Janeiro de Sérgio Cabral (PMDB), onde ela tem 19%. Petistas dizem que a presidente deveria se descolar do governador, ao lado de quem vai aparecer no domingo.
Para Andrade, a forte queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff é de difícil reversão na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), porque depende das respostas do governo aos protestos e das condições econômicas do país, disse a entidade nesta quinta-feira, após divulgação de nova pesquisa que apontou queda na aprovação da presidente.
Ruim e péssima
A avaliação ruim e péssima do governo Dilma disparou para 31% em julho e agora empata com o percentual dos que consideram a administração da petista ótima e boa, mostrou pesquisa Ibope feita para a CNI e divulgada nesta quinta. Os que veem o governo como regular aumentaram para 37%, em comparação a 32% no mês passado.
Em junho, antes das manifestações que tomaram as ruas do país pedindo, entre outras coisas, por melhores serviços públicos, a avaliação positiva era de 55% e a negativa de 13%.
– Se a sociedade continuar reclamando de saúde, segurança e educação, que são problemas que não se resolvem rapidamente, pode ser que apenas com as medidas que estão sendo tomadas você reverta o quadro, mas acho que é quadro mais difícil de reverter – avaliou o gerente executivo de Pesquisa da CNI, Renato Fonseca.
De acordo com ele, uma eventual recuperação da aprovação da presidente passa também pelo desempenho da economia que, no entanto, não tem dado sinais de melhora.
– Se a economia voltar a crescer rapidamente, as pessoas sentirem melhora em termos de emprego, e isso vai se refletir nas demais variáveis, você tem também melhora mais rápida dessa avaliação. (A economia) está apontando para um aprofundamento da crise, se isso realmente acontecer… a avaliação da presidente, provavelmente, vai continuar baixa como está hoje – disse.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O "poste" esta' calado; e isso e' muito ruim para a democracia, ou para a simples paz social...

Quem usou esse nome de poste não fui eu, nem o autor do desrespeitoso editorial desse legítimo representante do PIG (o Partido da Imprensa Golpista), o jornalão conservador que todos conhecem.
Foi o próprio construtor do poste, que ainda se vangloria, a cada viagem internacional, a cada conversa com interlocutores selecionados, aos quais continua a entoar suas gabolices, que é ele quem dá as ordens:
"Eu já falei, eu já telefonei, eu disse para fazer assim, eu vou pedir para providenciar, deixa comigo que eu falo..." e outras coisas do mesmo gênero.
Sendo assim, claro que ao primeiro clarão de um coquetel molotov um pouco mais perto, bata aquela sensação de insegurança, e sem saber o que fazer, o poste (que se movimenta) vai bater à porta do seu criador.
Vai ser difícil manter esse turismo postal de lá prá cá, de cá prá lá, inclusive porque postes não passam assim despercebidos. Eles incomodam muita gente...
Vão ter de arranjar algum disfarce. Vai ser difícil...
Paulo Roberto de Almeida

Sem violência’ e sem controle
Editorial O Estado de S.Paulo, 20/06/2013

Bem que o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, invocou os velhos tempos em que os protestos de rua tinham carros de som para guiar as ações dos participantes e lideranças claramente identificadas que as autoridades poderiam chamar para uma conversa. Nos velhos tempos, aqui e no exterior, tampouco havia marchas organizadas pelo Partido Comunista (PC) ou por centrais sindicais sob o seu mando que não exibissem, além da clássica comissão de frente com os braços entrelaçados, um adestrado aparato de segurança pronto a reprimir, não raro a porretadas, os companheiros de viagem que, por palavras ou atos, se desgarrassem do roteiro político traçado para a ocasião pela autodeclarada vanguarda do proletariado. Os meganhas do PC também expulsavam do cortejo os militantes expurgados que, ainda assim, se achavam no direito de desfilar em meio à massa.
Os velhos tempos já se foram tarde. E a última coisa a esperar de passeatas “horizontais”, sem estrutura hierárquica preestabelecida, como as que se propagam pelo País – e que outrora a ortodoxia do Partidão rotularia com desdém de “espontaneístas” -, seria uma falange capaz de impor o respeito às cláusulas pétreas do movimento: nada de partidos, nada de violência. No primeiro caso, o controle tem funcionado. Sumiram por bem, pelo menos em São Paulo, as bandeiras das agremiações ultrarradicais, como PSTU e PCO. Ou sumiram por mal, quando, numa cena sem precedentes, um manifestante na Praça da Sé, cansado de argumentar, arrancou de seu portador – e pisoteou – a rubra bandeira engalanada com a foice e o martelo do Partido Comunista Revolucionário (PCR), que ainda reverencia o camarada Stalin. A multidão encorajou o revolucionário a deixar o local.
Já o caráter pacífico dos protestos não havia como defender. Assim como tinha ocorrido na véspera, no ataque à Assembleia Legislativa do Rio, na terça-feira a exortação “sem violência” foi impotente para impedir a tentativa de invasão e a depredação da entrada da Prefeitura paulistana e a queima de um posto da PM e de uma van da Rede Record, a pouca distância dali. Os arruaceiros berravam “sem moralismo”, e “sem burguesia”. A ampla maioria civilizada não conseguiria, tampouco, enfrentar os grupos que se puseram a vandalizar ou a saquear as lojas de departamentos das proximidades. A polícia, que na segunda-feira atirou em quem não devia, porque não fizera nada de errado ou nem sequer participava do protesto, dessa vez só apareceu com três horas de atraso, quando o pior já ocorrera. Se antes faltou policiar os PMs, depois sobrou desorientação – a começar do governador Geraldo Alckmin.
Pelo menos ele não deixou às pressas o Palácio dos Bandeirantes para pedir socorro a alguém presumivelmente mais apto a lidar com a incomum situação destes dias. Foi o que fez, apequenando-se perante aliados, adversários e a opinião pública, a presidente Dilma Rousseff. Ela, que tanto intimida a sua equipe com seus modos autoritários e a certeza de ser a dona da verdade, tornou a demonstrar que, na hora H, não é ninguém sem dois conselheiros. Um é o marqueteiro-residente do Planalto, João Santana. O outro, claro, é o seu progenitor político Luiz Inácio Lula da Silva. Foi Santana quem a instou finalmente a se pronunciar, após mais de uma semana em que os jovens, às dezenas de milhares, tomaram as ruas do País. Na terça-feira, antes de um bate-volta a São Paulo para perguntar ao seu mentor o que fazer agora, ela encaixou elogios à moçada numa fala sobre mineração.
Quem os escreveu é do ramo. Quem os leu, se também fosse, saberia infundir de sentimento pelo menos este enunciado: “A grandeza das manifestações comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo de nossa população”. Mas, ao vivo, nada consegue derreter a frieza da presidente e a sua robótica entonação. A campanha de 2010 colou nela o depreciativo “poste”, que o próprio Lula viria a repetir para se gabar de sua eleição. (Fez o mesmo quando Fernando Haddad se elegeu em São Paulo.) O pior é que Dilma, depois de 2 anos e meio no Planalto, continua a precisar dele para ligar a luz.