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domingo, 15 de agosto de 2010

Venezuela: um prisioneiro politico de Chavez

Transcrevo, apenas, sem comentário (a não ser dizer que sou inteiramente solidário com a luta dos democratas venezuelanos contra a ditadura já instalada em seu país), este post que retirei do blog Libertatum, de meu colega de labuta Klauber Cristofen Pires.
Um dia a situação vai mudar, e se poderá contar aqueles que se solidarizaram, e os que silenciaram, quando não foram coniventes com as violações dos direitos humanos e os valores democráticos no vizinho país.
Paulo Roberto de Almeida

Carta de Peña Esclusa aos jovens

Caros leitores,

Já faz um mês da prisão do principal líder oposicionista venezuelano, que não por acaso é um verdadeiro farol de moral, fé e determinação.

Enquanto isto, os jornais tradicionais se calam e as cadeias de tv querem distância do fato, com medo de ferir as susceptibilidades do PT.

Mesmo a coligação PSDB/Democratas que deveria imbuir-se da responsabilidade de trazer este fato à tona, haja vista a ampla simpatia de Lula e Dilma pelo regime chavista, silencia-se tanto quanto tem abandonado as revelações das ligações do PT com as FARC, abandonando seu eleitorado mais consciente e fiel para adequar o discurso ao que Lula e o PT lhes pautam.

Abaixo, repasso a comovente carta enviada desde o cárcere onde se encontra, esperançoso que toque a alma dos meus concidadãos pela sua vida e conduta exemplar, para que busquem valores mais enlevados. Nosso povo está ficando sem caráter e sem dignidade, a cada dia mais falso e dissimulado, perseguidor tão somente das vantagens e benefícios que pode enxergar com a sua visão míope. Este o cenário ideal para a proliferação das tiranias.
Klauber Pires

Alejandro Peña Esclusa | 12 Agosto 2010

Queridos jovens:

Ao se completar um mês de meu injusto encarceramento, senti o desejo de me comunicar com vocês, na certeza de que minhas palavras lhes poderão ser úteis.

A maior aspiração de todo ser humano - especialmente intensa nos jovens - é alcançar a felicidade. Porém, segundo minha experiência pessoal, esta se encontra da forma que poderíamos chamar de misteriosa.

Dado que nosso corpo é animal, mas nossa alma é angelical, existem tendências contrapostas dentro de nós. A parte animal nos tenta a buscar a felicidade nos aspectos materiais, como o são os prazeres, o dinheiro, a satisfação egoísta, etc.

Esta foi a opção que eu escolhi na minha juventude. A Venezuela era um país pujante, havia estabilidade política e dinheiro em abundância, e todo profissional universitário tinha seu futuro econômico assegurado. Assim que, recém graduado da Universidade Simón Bolívar, já era dono de minha própria empresa, tinha dinheiro, propriedades, carro e ao cabo de poucos anos, inclusive até de um aviãozinho.

Dediquei-me ao trabalho, ao desporte (obtendo triunfos para a Venezuela em inúmeros campeonatos de artes marciais), às festas, às viagens de prazer e, enfim, desfrutar a vida. Entretanto, em que pesem as aparências, não era feliz, sentia um grande vazio dentro de mim.

Não me sentia satisfeito desfrutando, quando ao meu redor observava tanta pobreza e tantas diferenças sociais. Além disso, compreendi que o sistema democrático venezuelano era insustentável se não se fizessem mudanças fundamentais.

Em que pese a aparente bonança, produto dos lucros petroleiros, a Venezuela estava se desmoronando moral e economicamente. Isto tornou-se evidente em fevereiro de 1983, quando se produziu a primeira desvalorização do bolívar, o que se conheceu como a "sexta-feira negra".

Ao completar os trinta anos - depois de passar por uma crise existencial, derivada daquelas reflexões - cometi o que qualquer um consideraria uma "loucura": vendi tudo o que tinha, decidi me dedicar à política e comecei a elaborar um projeto capaz de converter a Venezuela em uma potência industrial, para o qual estudei as experiências históricas dos Estados Unidos, Alemanha e Japão, assim como o caso exitoso do Plano Marshal, que serviu para reconstruir a Europa depois da Segunda Guerra Mundial.

Estava convencido de que o bem-estar que havia observado nos Estados Unidos, Europa e outros países que havia visitado durante minhas viagens, não podia ser propriedade exclusiva de outras nacionalidades. Se eles haviam podido alcançar o desenvolvimento, o que nos impedia de consegui-lo também?

Confesso que os primeiros anos de minha atividade política foram muito duros e cheios de incompreensão. Todavia, finalmente comecei a experimentar - embora que levemente - um sentimento de plenitude até esse momento desconhecido para mim, o qual me animou a seguir adiante, em que pese as dificuldades. O sentimento de plenitude foi-se incrementando com o passar do tempo, à medida em que avançava na minha preparação intelectual e obtinha alguns incipientes ganhos políticos.

Afortunadamente, consegui uma maravilhosa mulher que compartilhava de minha "loucura" pela Venezuela. Casamo-nos, tivemos três filhas e há pouco completamos 20 anos de um casamento estável, muito frutífero e cheio de amor. Este apoio foi fundamental para continuar meu caminho com perseverança e firmeza.
Quando o senhor Chávez chegou ao poder em 1998, eu já contava com 44 anos. Havia alcançado a maturidade política e intelectual suficiente para enfrentar com êxito seu projeto castro-comunista, como com efeito vim fazendo. Modéstia a parte, tenho sido tão exitoso em meu trabalho que não restou a Chávez outro remédio que me encarcerar, para tratar - sem conseguir - de frear minhas iniciativas.

Paradoxalmente, estes últimos doze anos, embora carregados de problemas, foram os mais felizes de minha vida, sem renegar os anos anteriores. Certamente me enche de tristeza ver meu país se destruindo, porém, em meio dessa tragédia, sou feliz porque não vivo para me satisfazer a mim mesmo, senão para fazer o bem à minha pátria, à minha família e aos meus amigos.

E justamente nisso consiste a verdadeira felicidade: em esquecer-se de si mesmo (ao fim e ao cabo somos seres mortais) e se entregar a uma causa transcendente, servindo aos demais e construindo o bem comum.

Com isso não quero censurar os prazeres que a vida proporciona, senão afirmar que estas diversões ganham outro sentido - mais humano e verdadeiro - quando estão orientadas segundo uma causa superior.

Atualmente só se percebem problemas. Existe um descontentamento e um desânimo generalizados e, pior ainda, o futuro parece truncado. Entretanto, visto desde uma perspectiva diferente, a Venezuela de hoje lhes dá oportunidade de assumir maiores desafios e responsabilidades, de se preocupar por assuntos transcendentes, de lutar por seu futuro, pelos de seus seres queridos, e pelo de todos os seus compatriotas. Enfim, lhes permite orientar sua vida para o conteúdo angelical de sua alma, em vez de dedicá-la a satisfazer a parte animal que jaz no corpo.

Comentava no início desta carta que a felicidade se consegue de maneira misteriosa. Exemplo disso é minha situação atual: supostamente eu deveria estar triste e ressentido porque me prenderam injustamente, acusando-me de um horrendo delito que não cometi e, entretanto, ocorre justamente o contrário. Nunca havia me sentido tão orgulhoso, tão útil à minha pátria e tão contente comigo mesmo, por ter atuado com patriotismo e com retidão. Sem dúvida, sou um homem feliz e plenamente realizado.

Essa - meus queridos jovens - é a lição que queria transmitir-lhes hoje. A felicidade se encontra quando a vida é orientada a um fim superior.

Sejam felizes, porém construindo o bem. Amem sem limite, porém de forma organizada. Respeitem e queiram bem aos seus parceiros, procurando o bem-estar deles mais do que o seu próprio. Riam às gargalhadas, porém ao mesmo tempo dediquem-se ao próximo. Estudem muito, mas não por obrigação, senão pelo prazer de aprender. Sejam valentes, mas não temerários. E, enfim, desfrutem a vida com alegria, mas também cumpram com a vocação que Deus pôs em seus corações.

Finalmente, quero enviar-lhes uma mensagem de esperança e otimismo. A triste situação política que o país vive é temporária. Logo se abrirão novos caminhos para os venezuelanos. Ponham sua fé em Deus e sua confiança na pátria que os viu nascer. Prometo-lhes um futuro melhor.

Queridos jovens, desde meu "irmão cárcere" lhes reitero: Não tenham medo! Ânimo, tenham esperança!

*Prisioneiro político
Presidente de UnoAmérica 
www.unoamerica.org
Presidente de Fuerza Solidaria 
www.fuerzasolidaria.org
Tradução: Graça Salgueiro
(Extraído do site Mídia sem Máscara)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cuba: uma ditadura ordinaria, proxima do final

Apenas a conivência de países "amigos" -- talvez como a Espanha de Zapatero e de Moratinos --, de alguns outros na região, bem como a política repressiva do regime, junto com o apoio maciço -- em termos de dinheiro, petróleo e outros recursos -- de algum outro regime espúrio na região -- que também pretenderia criar uma ditadura ao estilo cubano no país -- podem explicar, hoje, a sobrevivência de um regime tão abjeto, tão anacrônico, tão fora de qualquer realidade regional ou mesmo mundial minimamente aceitável, como a ditadura castrista em Cuba.
É até possível que todos esses apoios e, obviamente, a repressão policial, do tipo mais irracional possível, ainda garantam alguma sobrevivência a um regime claramente decadente, cuja razão de existência deixou há muito de existir e cuja legitimidade já não existe há muito tempo.
Apenas pessoas desprovidas de qualquer senso moral podem, hoje, sustentar um regime ditatorial como o cubano. Aqui mesmo no Brasil, pretensos intelectuais -- na verdade pessoas que há muito alugaram suas consciências para causas indefensáveis, como o totalitarismo cubano de corte stalinista-soviético -- ainda emprestam um abjeto apoio a esse regime condenado pela História e pela consciência moral da humanidade.
Abaixo, o depoimento de um cubano recentemente libertado, depois de sete anos nas prisões castristas.
Paulo Roberto de Almeida

Op-Ed Contributor
Out of Prison, Still Not Free
By RICARDO GONZÁLEZ ALFONSO
The New York Times, July 16, 2010

Madrid - I NEVER imagined I would be born at the age of 60, at an altitude of several thousand feet above the Atlantic. That isn’t gibberish; it’s what I felt when I was released from jail in Cuba and exiled to Spain last Monday.

My debut as a prisoner of conscience came early in 2003, a period subsequently characterized by the world’s press as the Black Spring. I was just one of 75 Cubans imprisoned for our belief that freedom is an achievable miracle and not a crime against the state.

They say prison is a school, and it’s true. I did my best to be a good student and kept back my tears. I succeeded so well that my prison companions still think me a brave man.

Within a few months I could find my way pretty well around the labyrinths of shipwrecked souls. I learned the secrets and legends of killers for hire, crimes of passion, traffickers in illicit powdery substances, would-be emigrants whose clandestine departures had been no secret to the state — even thieves who’d share their teaspoon of sugar on days of hunger.

Zoology was one class we had every day. I learned to live with rats, and even came, on certain nights of our tropical winter (which is winter, nevertheless) to stare at them with an urgency not unlike what people call appetite. I was a solitary friend to the deft spiders that sometimes freed me from the torturous buzzings and blood-shedding bites that accompanied my insomnia.

I became well versed in cosmic solitude and silence. I remember being in a cell no wider than a man with outstretched arms. I also grew familiar with fetid overcrowding and unceasing clamor. Months of unending darkness, months of eternal light.

I was only an auditor in certain courses, in which I learned that some prisoners were specializing in self-injury as a crude solution to their despair. I was witness to mutilated hands and other wounds as mortal or venial as sins. A man cut off his own penis and testicles in a desperate attempt to become a woman. Others, more radical and exhausted by perpetual existential tumult, turned to various methods of suicide, all of them extremely effective.

A large part of the program of study consisted in the defense of one’s rights. There was no theoretical option, only the very Cuban practice of the hunger strike. I carried one out for 16 days, until part of my will felt satisfied with my victory. That long and voluntary fast vindicated the enforced daily fast of imprisonment.

As in any school, there were periods of leisure. Packs of cigarettes were wagered on the outcome of chess matches, card games or soccer contests. I knew sellers and buyers of recreational drugs who were very good at evading or bribing both prison guards and informer inmates.

There was no lack of expertise in armed aggression. Pitiful, decaying knives that were nevertheless sharp-edged and skillfully wielded left trails of blood and rage behind them. (But I never signed up for that class.)

I’ve always had an aptitude for subjects that have to do with dreams, and I dreamed of my wife and children with such fervor that I know they felt my caresses as they lay asleep.

I was almost an exemplary student, and received only one failing grade: in hatred. Despite certain zones of memory, I bear no rancor against my jailers.

And now, after this senescent birth of mine, I’m contemplating the future with all the hope of the newly unveiled. Ever the optimist, I even dream of returning to a Cuba where freedom is not an impossible illusion. I know that, in the next 60 years, I won’t have to be reborn again.

Ricardo González Alfonso is a journalist. This article was translated by Esther Allen from the Spanish.

A version of this op-ed appeared in print on July 19, 2010, on page A21 of the New York edition.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Cuba: liberacao de prisioneiros politicos

Uma ditadura ordinária, em lugar de simplesmente liberar prisioneiros de conciência e simples opositores políticos -- algo que não existe em democracias -- os obriga a escolher o exílio, uma opção que pode não ser a mais conveniente para a família, mas que por vezes significa sair de um purgatório econômico e de um inferno político...
Mas ainda assim o governo faz chantagem com esses prisioneiros, como revela Paulo Paranaguá num chat com cubanos (mais abaixo).
Paulo Roberto de Almeida

Des prisonniers politiques regroupés à La Havane avant leur exil
Le Monde avec Reuters, 12.07.2010

Rassemblement des "Dames en blanc", collectif d'épouses et de proches de prisonniers politiques cubains, dimanche 11 juillet à La Havane.

Les autorités cubaines ont rassemblé, dimanche 11 juillet à La Havane, des prisonniers politiques et leurs familles dans le cadre de la libération graduelle de cinquante-deux dissidents négociée avec l'Eglise catholique, a annoncé Elizardo Sanchez, chef de la Commission cubaine pour les droits de l'homme. Ce premier groupe pourrait embarquer à bord d'un vol pour Madrid dès lundi. Aucune confirmation n'a pu être obtenue tant auprès du gouvernement que de l'Eglise.

Un premier groupe arrivera mardi à Madrid
Un premier groupe d'ex-prisonniers politiques cubains, libérés par le régime de La Havane, arrivera mardi par un vol régulier à Madrid, a indiqué lundi le ministère des affaires étrangères espagnol.

"Nous ne savons pas encore exactement combien" d'ex-détenus seront du voyage sur un total de 17 prisonniers libérés ces dernières heures par Cuba, a indiqué le ministère, précisant qu'ils devraient prendre un vol lundi en soirée depuis La Havane pour atterrir mardi dans la journée à Madrid.

Le clergé catholique cubain a annoncé samedi que dix-sept des cinquante-deux prisonniers concernés par l'accord seraient rapidement libérés, les autres devant attendre les prochains mois. Prisonniers et membres de leurs familles sont regroupés dans des lieux distincts. Les premiers doivent notamment accomplir toutes les formalités migratoires et les examens médicaux nécessaires à leur sortie du territoire, et ne devraient pas voir leurs proches avant leur embarquement vers l'exil.

LIBÉRATION HISTORIQUE
L'annonce de ces libérations, mercredi dernier, a été précédée d'une rencontre entre le président cubain, Raul Castro, et le cardinal Jaime Ortega, le 19 mai dernier. En visite à La Havane la semaine dernière, le chef de la diplomatie espagnole, Miguel Angel Moratinos, a accepté que les prisonniers gagnent l'Espagne s'ils souhaitent quitter l'île.

D'après Laura Pollan, qui préside le collectif des Damas de Blanco, "Dames en blanc", rassemblement d'épouses et de proches de prisonniers politiques, vingt-six d'entre eux au moins ont été invités à se rendre en Espagne et vingt ont accepté. On ignore, a-t-elle ajouté, si ceux qui ont exprimé l'intention de rester à Cuba seront libérés ou non.

Il s'agit de la plus importante libération de dissidents à Cuba depuis 1998, quand cent un prisonniers politiques avaient été graciés à l'occasion de la venue du pape Jean Paul II dans l'île. A l'issue de ce processus de libérations, Cuba devrait compter une centaine de prisonniers politiques, selon la dissidence.

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Cuba: "Les prisonniers politiques sont traités comme des otages"
Le Monde online, 12.07.2010

L'opposant cubain Guillermo Farinas a mis un terme jeudi 8 juillet à 135 jours de grève de la faim après l'annonce des libérations prochaines de 52 détenus politiques.

FC : Etes-vous d'accord avec Hector Palacios, cet ancien prisonnier politique pour qui la libération de 52 opposants constitue "l'avancée la plus sérieuse de ces cinquante dernières années" ?

La déclaration du dissident Palacios montre l'immense espoir suscité par l'annonce de la libération de 52 prisonniers politiques. Mais elle semble aussi un peu exagérée, ou du moins prématurée, puisque nous attendons toujours que ces libérations soient effectuées. Surtout, nous souhaiterions qu'elles ne soient pas des mesures d'exil forcé pour tous les prisonniers bénéficiaires.

Gé : Ces libérations marquent-elles un tournant ou sont-elles de la poudre aux yeux ?

Pour quelqu'un qui est en prison, en sortir n'est certainement pas de la poudre aux yeux… La plupart des prisonniers politiques dont il est question maintenant sont en prison depuis sept ans. D'autres, qu'il n'est pas question de libérer pour l'instant, sont détenus depuis bien plus longtemps.

Pour un régime qui criminalise l'opinion dissidente et toutes formes d'opposition, évidemment, reconnaître qu'il y a des prisonniers politiques est un geste qui n'est pas indifférent. Mais la forme que prennent ces élargissements, au bout d'une négociation laborieuse, a quelque chose de gênant.

On a l'impression que les prisonniers politiques sont des otages d'un régime, qu'on négocie selon les convenances diplomatiques ou médiatiques.

Loumi : Quels sont concrètement les changements à Cuba depuis que Raul Castro a succédé à Fidel ?

Il y a eu des changements dans le domaine socio-économique. Par exemple, les coiffeurs peuvent maintenant s'établir à leur propre compte au lieu d'être des fonctionnaires de l'Etat. Autre exemple : des terres non cultivées seraient remises à des paysans pour pallier les immenses carences de Cuba sur le plan alimentaire. Mais tout cela se fait à un rythme extrêmement lent, en contradiction avec les urgences qu'impose une crise économique et sociale sans solution en vue.

Julie : La population soutient-elle le régime castriste ?

Il est certain que le régime dispose de soutiens. Mais avec un parti unique, des médias complètement contrôlés par le pouvoir, l'impossibilité de débattre librement depuis un demi-siècle, il est difficile de savoir si ces soutiens-là sont vraiment librement consentis.

PM2 : La démocratie est-elle possible avec les Castro au pouvoir ?

Un régime de pouvoir personnel peut-il se réformer ? Il est difficile pour les deux frères Castro de contredire toute leur trajectoire. La difficulté du moment est là : comment changer tout en gardant en place la même équipe depuis un demi-siècle ?

pipol : A votre avis combien de temps le régime castriste peut-il encore tenir ?

Il est toujours difficile de faire des pronostics, avec des délais. Tous ceux qui ont annoncé la chute prochaine du régime depuis cinquante ans ont montré l'inanité de cet exercice.

Arno : Si ce n'est plus les Castro, qui alors ? Sait-on qui pourrait leur succéder ?

Raul Castro a accentué le caractère militaire du régime cubain. On peut estimer que ce sont les officiers supérieurs qui constituent aujourd'hui le premier cercle du pouvoir. Le Parti communiste, parti unique, est aujourd'hui une formation virtuelle, incapable de se réunir en congrès depuis une décennie. Et donc incapable de peser sur les événements, et même d'être un cadre de délibération sur les réformes nécessaires.

Il est donc difficile d'identifier des successeurs ou des héritiers possibles. Il faut se rappeler que le régime a systématiquement mis au placard tous les quadras ou quinquas qui apparaissaient dans le paysage et auxquels on attribuait des velléités réformatrices. Dans ces conditions, personne ne sort du bois.

Mag : Quel est le rôle des Etats-Unis dans l'évolution récente (durcissement ou assouplissement) du régime cubain ?

Obama a assoupli l'embargo américain. Il a autorisé l'envoi de sommes plus importantes de la part des familles cubaines résidant aux Etats-Unis à leurs proches dans l'île. Il favorise les voyages des Cubano-Américains vers Cuba. Au Congrès, la commission aux relations extérieures s'est déjà prononcée pour permettre à tous les Américains d'aller à Cuba.

Ce flux de touristes donnerait davantage d'oxygène à une économie qui en a bien besoin. Mais Washington attend de la part de La Havane des signes d'ouverture.

ITR : La levée (partielle) de l'embargo américain semble donc positive… Pourquoi ne pas l'avoir fait plus tôt ?

Parce qu'aux Etats-Unis, la ligne dure à l'égard de La Havane a encore ses partisans. De la même façon qu'à Cuba, le régime, et notamment ses secteurs les plus conservateurs, a toujours utilisé l'embargo comme le meilleur des alibis politiques.

Jean-Baptiste : Comment évolue l'opinion des Cubains exilés à Miami ou ailleurs ?

Obama a été soutenu par une majorité des électeurs d'origine cubaine de Floride, Etat qui a été décisif pour sa victoire électorale. Auparavant, ces Américains d'origine cubaine étaient nettement favorables aux républicains. L'exil historique, que les mauvaises langues appellent "exil hystérique", a longtemps pesé sur la politique de Washington. Cette politique répondait davantage à des considérations intérieures qu'à des considérations diplomatiques.

Mais le rajeunissement et la diversification de la communauté latino de Floride a changé la donne. Et aujourd'hui, à côté du lobby pro-embargo, il y a un immense et très actif lobby contre l'embargo, dans lequel on trouve les producteurs américains qui exportent des denrées alimentaires vers Cuba et, bien entendu, les voyagistes.

Pol : A votre avis, Cuba peut-il évoluer en douceur ? C'est-à-dire garder le "meilleur" (éducation, santé…) et gagner en liberté d'expression, en richesse par habitant, etc. Ou est-ce impossible ?

Je ne sais pas si on peut chiffrer le poids des partisans de la politique du pire. Mais je crois que la plupart des Cubains, aussi bien ceux qui habitent dans l'île que ceux de la diaspora, souhaitent une évolution pacifique, en douceur, sans "casse sociale".

jh : Vous semblez sceptique sur les libérations annoncées... Pourtant, il n'y aura jamais eu aussi peu de prisonniers politiques. Pourquoi ne pas faire crédit à Raul Castro de sa volonté de réformer le régime ?

Pour l'instant, l'annonce tarde beaucoup à se concrétiser, et les libérations ont l'air de s'accompagner d'une expatriation obligatoire pour les prisonniers libérés et leur famille. Le crédit d'un régime est fonction de son passé : cinquante ans, c'est beaucoup.

Virgin : L'Union européenne pèse-t-elle sur les évolutions du régime ?

Je crains que le poids de l'Europe à Cuba ne soit plutôt marginal. L'essentiel pour La Havane, ce sont les relations avec les Etats-Unis et avec l'Amérique latine.

Mag : Existe-t-il réellement un axe Caracas-La Havane, ou est-ce simplement une manœuvre de leadership régional du Vénézuélien Hugo Chavez ? Y a-t-il vraiment convergence entre les deux pays ?

Il y a une vraie alliance, ça, c'est sûr. Cuba en tire un bénéfice économique essentiel : sans le pétrole vénézuélien, l'économie cubaine s'effondre. Chavez en tire un bénéfice politique et idéologique indéniable. Mais les différences entre les trajectoires des deux directions politiques sont suffisamment importantes pour qu'on soit sceptique sur leurs réelles convergences.

pipol : Quels sont actuellement les plus grands soutiens extérieurs du régime ?

Les pays communistes ou ex-communistes comme la Russie ou la Chine ont relancé leurs liens avec Cuba. D'autres pays comme le Brésil investissent à Cuba et aident le gouvernement sur le plan diplomatique.

Je ne crois pas que ce soit pour autant forcément une aide au maintien du régime tel qu'il est. Je crois que la diversification des relations diplomatiques de La Havane contribue à augmenter ses marges de manœuvre et donc ses possibilités d'entreprendre des réformes.

Lima : Comment expliquer la longévité du régime castriste là où tant d'autres régimes similaires ont sombré ? C'est bien parce qu'il fonctionne en partie, non ?

Plus que l'adhésion politique, je crois qu'il faut prendre en compte la nature répressive du régime. Sans la peur, pour ne pas dire la terreur, répandue dès les premières années de l'arrivée de Fidel Castro au pouvoir, jamais il n'y aurait eu un tel contrôle social sur la population.

Cuba reste le seul régime autoritaire en Amérique latine, alors que les militaires se sont retirés du pouvoir dans les pays de la région. Le nouveau contexte régional, très éloigné de la guerre froide, favorise une évolution de Cuba qui rapprochera l'île des opinions prédominantes en Amérique latine.

Chat modéré par François Béguin

terça-feira, 25 de maio de 2010

Cuba: hipocrisia do Le Monde

Incrível Le Monde, que abaixa um pouco mais no meu conceito: como pedir um pouco mais de esforço aos "camaradas" cubanos em face do que assistimos?
O Le Monde sempre foi um jornal "progressista". Não se esperava que ele fosse amigo das piores ditaduras ainda existentes...

A Cuba, un espoir pour les prisonniers politiques
Editorial Le Monde, 25.05.2010

Le Cuba de Raul Castro n'est pas tout à fait celui de son frère, le "Comandante Fidel". Ce qui n'était jusqu'ici qu'une vague impression est en train de se vérifier. Cuba bouge - un peu. Le changement est modeste, sûrement fragile, mais indéniable.

Il porte sur un seul sujet, certes, mais c'est l'un des plus sensibles et les plus emblématiques de ce pays dirigé d'une main de fer depuis plus d'un demi-siècle : la situation des prisonniers politiques. Car, même si elle ne le reconnaît pas, la dictature castriste, qui n'en finit pas, embastille toujours ceux qui osent la critiquer, serait-ce par les moyens les plus légaux.

Un dialogue est amorcé entre le régime et l'Eglise catholique. Les "dames en blanc", les épouses et les proches des détenus politiques étaient malmenés par les nervis du régime lorsqu'elles manifestaient silencieusement le dimanche à La Havane. L'Eglise a obtenu qu'elles puissent reprendre leur marche sans être importunées.

Plus spectaculaire, l'archevêque de La Havane, Mgr Jaime Ortega, le même qui, dans les années 1960, était emprisonné par Fidel, a obtenu l'accord des autorités pour le transfert dans leur province d'origine des prisonniers politiques qui en étaient tenus éloignés, et l'hospitalisation des plus malades d'entre eux. Une nouvelle rencontre est prévue cette semaine, l'objectif étant, pour l'Eglise, d'obtenir la libération des quelque deux cents prisonniers politiques cubains.

Le cas le plus urgent est celui de Guillermo Farinas, un ancien militaire passé à la dissidence, qui observe une grève de la faim depuis 91 jours. S'il est toujours en vie - il a perdu une vingtaine de kilos depuis la fin février -, c'est parce qu'il a accepté d'être nourri par intraveineuse dans l'unité de soins intensifs de l'hôpital où il se trouve.

Pour mettre fin à son mouvement, il exigeait la libération des vingt-six prisonniers politiques les plus malades. Aujourd'hui, alors qu'un dialogue est amorcé par l'entremise de l'Eglise, il a réduit ses exigences à la libération d'une dizaine de prisonniers.

C'est le scénario le plus probable. Il aurait le mérite d'épargner la vie de Guillermo Farinas et, pour le régime, d'éviter une nouvelle vague de condamnations internationales, comme celle qui avait suivi, fin février, la mort d'un autre gréviste de la faim, Orlando Zapata Tamayo.

Pourquoi le régime cubain choisirait-il, dans cette affaire, le dialogue plutôt que la manière forte ? La situation économique de l'île n'est, certes, pas brillante. Le modèle socialiste est un échec. Cuba ne produit presque rien en dehors de ses médecins, des cigares et du rhum. Mais l'explication économique n'est pas totalement convaincante. La population est résignée et elle a connu bien pire lorsque l'URSS, qui tenait Cuba à bout de bras, s'est effondrée.

Y a-t-il autre chose ? Peut-être. L'affaire des prisonniers préfigurerait un début d'adaptation - on n'ose dire d'ouverture - du régime à l'après-guerre froide. Il faudrait d'autres signes. On aimerait y croire.
Camarades, encore un effort !

Article paru dans l'édition du 26.05.10