Mini-reflexão sobre o Impeachment e a Justiça Divina
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org; http://diplomatizzando.blogspot.com)
[Objetivo: debate sobre impeachment no Brasil; finalidade: visão histórica]
O que fariam Deus ou São Pedro, supostos controladores do ingresso no Paraíso, com dezenas de pedidos de ingresso naquela augusta última residência final por parte de indivíduos de reputação duvidosa, que talvez merecessem destino melhor, ou mais adequado em retribuição de seus crimes e malfeitos, junto aos domínios de Satanás?
Deixariam os caras esperando indefinidamente numa longa fila à entrada do Paraíso ou tomariam uma decisão imediata, à vista das fichas desses indivíduos de reputação duvidosa?
O mais justo, para todos — Deus, São Pedro e os candidatos ao Paraíso ou ao Inferno —, seria uma decisão imediata, para evitar aglomerações no caminho de tão importante recinto: liquide-se imediatamente a agonia de quem espera tão importante decisão.
Bolsonaro merece uma decisão quanto à centena de pedidos de impeachment contra seu desgoverno — que se aproxima do Genocídio, dependendo dos trabalhos da CPI do Juízo Final — e não viver agoniado, em face da indecisão de um mero porteiro dos escritórios onde realmente se decide a questão: o plenário da Câmara.
Olhando o retrospecto dos pedidos de impeachment na CD, o que temos é isto:
1) Getúlio Vargas, 1954: votado, recusado;
2) Jânio Quadros, 1961: renunciou antes de qualquer pedido, numa estratégia caolha, para retornar com poderes ampliados, à la De Gaulle; estratégia não funcionou;
3) João Goulart, 1963-64: foi derrubado por um golpe militar, antes que se decidisse pela manutenção das eleições de 1965, como previsto constitucionalmente; governadores e militares golpistas se assanharam ilegalmente, pois JK ameaçava voltar triunfalmente nas eleições;
4) Collor, 1992: o presidente não foi afastado porque seu tesoureiro, Paulo Cesar Farias, começou a roubar demais; foi porque ele não se entendia com o Parlamento, assim como ocorreu com Jânio e Goulart e ocorreria depois com Madame Pasadena, vulgo Dona Dilma (ou vice-versa);
5) FHC, 1995-2002: dezenas de pedidos de impeachment por parte do PT ficaram se acumulando nas gavetas dos presidentes da CD, por não cumprirem requisitos formais segundo a Lei do Impeachment, ao não se ter crimes tipificados constitucionalmente;
6) Lula, 2005, no Mensalão, uma sucessão de crimes contra o patrimônio público e a honra e a dignidade do cargo: FHC mandou desistir da ideia de impeachment, pois gostava de Lula (ainda gosta, e vai fazer campanha por ele em 2022);
7) Dona Dilma, 2015-16: se desentendeu com o Satanás Eduardo Cunha, não porque fosse corrupta, mas porque o PT falhou em protegê-lo na Comissão de “Ética” da CD, o que lhe foi insuportável e resolveu se vingar; Bolsonaro votou elogiando um torturador condenado;
8) Bolsonaro, 2021-22: os pedidos de impeachment se acumulam, e Deus mandou avisar que não é com ele; uma auxiliar de Deus no STF, pediu explicações sobre a fila dos pedidos;
9) Eleições 2022: serão realizadas na santa paz dos ritos constitucionais, ou perturbadas pela polarização ameaçadora, ou ainda, o incumbente atual será degolado por seus muitos crimes já verificados?
Oh Deus, oh céus: quem poderá nos salvar dessas dúvidas crueis? O Centrão? Os milicos? O Grande Capital? A Justiça Divina? O dedo de Satanás?
Talvez um astrólogo possa ajudar...
Pela especulação:
Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3892, 16 de abril de 2021