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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Qual foi o maior "erro" do PT no poder? - Paulo Roberto de Almeida


Um pequeno erro do PT no poder:
registro no Twitter

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: debate público; finalidade: externar opinião pessoal] 

Qual teria sido o maior erro do PT no poder?
Esta é a pergunta feita por um twiteiro não exatamente identificado (definido como sendo um “cidadão médio”), que postou a seguinte consulta via Twitter:
“Vou fazer aqui uma pergunta séria, contando com a honestidade intelectual e a reflexão crítica da galera dessa rede social, e gostaria de respostas sérias:
Na opinião de vocês, qual foi o maior ERRO que o PT, como governo, cometeu enquanto esteve na presidência do país?”

Respondi (PRA) o seguinte:
‪O maior “erro” – mas ele foi deliberado – do PT no poder foi ter adaptado o comportamento naturalmente corrupto e mafioso dos meios sindicais para o governo, tornando-se uma entidade criminosa empenhada em assaltar o Estado por todos os meios para perpetuar-se no poder. Era o seu lado bolchevique.

Essa foi a mini-resposta que postei apressadamente. Complemento agora, além dos poucos caracteres do Twitter:
Mas o PT só conseguiu chegar a uma etapa superior de roubalheira generalizada no sistema político brasileiro unindo a corrupção sistêmica dos meios sindicais com o know-how de métodos clandestinos profissionais transmitidos pelos serviços de inteligência de Cuba comunista aos guerrilheiros e opositores que transitaram pela ilha nos anos 1970. Foram esses neobolcheviques — guerrilheiros reciclados na luta “pacífica”, ainda clandestina — que, retornando ao Brasil na anistia e na redemocratização, elevaram a alturas inéditas a corrupção e deram consistência sistêmica à extração de $$ do Estado e dos grandes capitalistas. Foram eles que fizeram o salto dialético da passagem do “modo artesanal de produção de corrupção” — típico da classe política tradicional, o mero roubo de oportunidade — para o “modo Industrial de produção da corrupção”, típico de uma grande estrutura mafiosa (sem a “ética” da máfia), comprometida basicamente com a manutenção do monopólio do partido — convertido em organização criminosa — sobre o poder político, suas várias instituições e agências públicas, tudo em aliança com o grande capital.
Tudo absolutamente inédito no Brasil patrimonialista, que o PT converteu em uma espécie de patrimonialismo gangsterista.
Durou bastante tempo, e ainda não foi totalmente dissolvida essa estrutura sofisticada de corrupção, tanto porque ela serviu a um grande conjunto de partidos e caciques da política que também se refestelaram na criminalidade do PT. Uma grande e poderosa máquina devotada aos crimes políticos e aos crimes comuns.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/11/2019


domingo, 20 de setembro de 2015

A nave dos naufragos aumenta, assim como a solidao dos ladroes - Tito Costa

O ex-prefeito da cidade de S. Bernardo, e antigo protetor de Lula, lamenta os desvios do companheiro.
Devia ser mais explícito: devia dizer que o companheiro sancionou o maior roubo já ocorrido na história do Brasil, e um dos maiores do mundo, que o companheiro é um chefe de quadrilha e o principal animador de uma organização criminosa.
Simples assim, e assino embaixo.
Paulo Roberto de Almeida

"Meu amigo Lula, você perdeu a oportunidade..."
TITO COSTA
Folha de São Paulo, 20/09/2015

Carta aberta a Lula
Meu amigo Lula, você perdeu a oportunidade de se tornar o verdadeiro líder de um país ainda em busca de um caminho de prosperidade
Meu caro Lula, permito-me escrever-lhe publicamente diante da impossibilidade de nos falarmos em pessoa, com a franqueza dos tempos de nossos seguidos contatos –você na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos e eu prefeito de São Bernardo do Campo.
Não vou falar das greves que ocorreram de 1979 a 1981, que projetaram seu nome no Brasil e no exterior. Não quero lembrar os dias angustiantes da intervenção no sindicato pelo ministro do Trabalho, em março de 1979, e da violência que se seguiu com prisões, processos e a sua detenção pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social).
Todos esses fatos sempre foram acompanhados por mim juntamente ao senador Teotônio Vilela, a Ulysses Guimarães e a numerosos políticos do então MDB.
Na véspera da intervenção no sindicato, você ligou ao meu gabinete me pedindo ajuda para retirar estoques de alimentos ali guardados. Enviei caminhões da prefeitura para retirá-los, e o material foi depositado na igreja matriz da cidade.
Não falo das reuniões, madrugadas adentro, em meu apartamento em São Bernardo, com figuras expressivas do mundo político e também de outras esferas, como dom Cláudio Hummes, nosso amigo, então bispo de Santo André, hoje pessoa de confiança do papa Francisco, em Roma. Éramos todos preocupados com a sua sorte, a do sindicato e também a das nossas instituições em pleno regime militar.
Prefiro não falar dos dias em que o acolhi em minha chácara na pequena cidade de Torrinha, no interior de São Paulo, acobertando-o de perseguições do poder militar da época: você, Marisa, os filhos pequenos, vivendo horas de aflição e preocupantes expectativas.
Nem quero me lembrar das assembleias do sindicato, depois da intervenção no estádio de Vila Euclides, cedido pela Prefeitura de São Bernardo, fornecendo os aparatos possíveis de segurança.
Eram os primórdios de uma carreira vitoriosa como líder operário que chegou à Presidência da República por um partido político que prometia seriedade no manejo da coisa pública e logo decepcionou a todos pelos desvios de comportamento e por abusos na condução da máquina administrativa do Estado.
E aqui começa o seu desvio de uma carreira política que poderia tê-lo consagrado como autêntico líder para um país ainda em busca de desenvolvimento. Você deixou escapar das mãos a oportunidade histórica de liderar a implantação de urgentes mudanças estruturais na máquina do poder público.
Como bem lembrou Frei Betto, seu amigo e colaborador, você, liderando o Partido dos Trabalhadores, abandonou um projeto de Brasil para dedicar-se tão somente a um ambicioso e impatriótico projeto de poder, acomodando-se aos vícios da política tradicional.
Assim, seu partido –em seus alargados anos de governo, com indissimulada arrogância– optou por embrenhar-se na busca incessante, impatriótica e irresponsável do aparelhamento do Estado em favor de sua causa, que não é a do país.
Enganou-se você com a pretensão equivocada de implantar uma era de bonança artificial pela via perversa do paternalismo e do consumismo em favor das classes menos favorecidas, levando-as ao engano do qual agora se apercebem com natural desapontamento.
Por isso, meu caro Lula, segundo penso, você perdeu a oportunidade histórica de se tornar o verdadeiro líder de um país que ainda busca um caminho de prosperidade, igualdade e solidariedade para todos. Alguma coisa que poderia beirar a utopia, mas perfeitamente factível pelo poder político que você e seu partido detiveram por largo tempo.
Agora, perdido o ensejo de sua consagração como grande liderança de nossa história republicana recente, o operário-estadista, resta à população brasileira o desconsolo de esperar por uma era de dificuldades e incertezas.
Seu amigo, Tito Costa.

ANTONIO TITO COSTA, 92, advogado, foi prefeito de São Bernardo do Campo (1977-1983) pelo MDB/PMDB, quando teve atuação destacada nas greves de metalúrgicos no ABC paulista, durante os movimentos de oposição à ditadura militar. Foi também deputado federal constituinte (1987-1988)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Comunicado Petrobras e as ironias do destino: vai processar os responsaveis pelos prejuizos...

Recebo o seguinte comunicado da Petrobras:

Pedidos de ingresso como Assistente do Ministério Público Federal

Rio de Janeiro, 27 de abril de 2015 – Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras informa que protocolou em 24 de abril, pedidos de ingresso como Assistente do Ministério Público Federal nas 7 ações penais decorrentes da “Operação Lava Jato” nas quais a Companhia é vítima. Essas ações estão em curso na 13ª Vara Federal de Curitiba/PR.

Com essa medida, a Petrobras, que vem colaborando com as Autoridades Públicas, pretende atuar de forma mais incisiva na busca da reparação do seu prejuízo, visto que a sentença penal condenatória poderá garantir à Petrobras o pagamento de indenização pelos prejuízos oriundos dos delitos.

A Petrobras está tomando todas as medidas junto às autoridades brasileiras para reparar os danos sofridos em função dos atos ilícitos denunciados no âmbito da “Operação Lava Jato”.


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Bem, não querendo ensinar o Padre Nosso ao vigário, e acho que eles entendem mais de corrupção e roubalheira do que eu, que só leio pelos jornais o festival de horrores que virou aquela birosca, eu começaria sugerindo que eles processassem os principais responsáveis pelas perdas dos últimos dez ou doze anos, aqueles que, sem as suas:
(a) ordens
(b) ações
(c) omissões
(d) conivência e/ou 
(e) contribuições ativas

nada disso teria acontecido, uma vez que eles supostamente assinaram todos os papeis, deram todas as permissões, responderam pela companhia e pelos seus conselheiros no:
(a) desenho dos negócios
(b) elaboração dos estudos técnicos 
(c) análise dos relatórios de custo-benefício
(d) aprovação das decisões
(e) assinatura dos contratos
(f) ratificação e operacionalização dos negócios

e tudo isso, em todas as etapas e negociações, e acompanhamentos de obras magníficas como:
(a) Pasadena, TX
(b) Abreu e Lima, PE
(c) Comperj, RJ
(d) refinaria no Maranhão
(e) venda de campos na Nigéria
(f) etc., etc., etc., e muito mais...

Para tudo isso, e supondo-se que todas as opções acimas sejam válidas, sem descartar nenhuma, eu só vejo duas pessoas que participaram de todas as fases, de todos os negócios, de todas as grandes decisões, durante todo o tempo:

(a) presidente do Conselho de Administração
(b) presidente dessa porcaria em que se converteu a Petralhabras...

Acho que vocês concordarão comigo em que se é para acompanhar o caso junto ao Ministério Público Federal e buscar ressarcimento por todos os danos causados, ninguém melhor do que essas duas pessoas podem servir de síntese do magnum opus da corrupção petralha que vitimou a Petrobras (como vitimou outras agências públicos e em tudo mais que foi tocado pelos mafiosos).
Paulo Roberto de Almeida