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sexta-feira, 20 de março de 2015

Sauvas freireanas a caminho da extincao? Hummm, nao sei, mas vamos tentar...

Nos anos 1920, Monteiro Lobato, que lutava contra a "natureza" -- ah, essa madrasta... -- na sua fazenda de Taubaté, e que até abandonou a agricultura para se tornar definitivamente urbano e jornalista, dizia o seguinte:
"Ou o Brasil acaba com as saúvas, ou a saúva acaba com o Brasil".
Claro, nessa época, o Brasil era essencialmente agrícola, e tinha uma agricultura super-hiper atrasada, ainda com aquele Jeca Tatu capinando a roça, com a sua enxada, e tentando se livrar da saúva e do bicho do pé.
Pois bem, o Brasil se livrou das saúvas. Êpa; não o Brasil, só a agricultura.
As saúvas estão belas, ricas, fortes, mais pujantes do que nunca.
Elas se mudaram todas para o MEC e para as faculdades de Pedagogia, e sobrevivem e se disseminam, com esse estupor da desinteligência nacional que é o método Paulo Freire, que não é um método, apenas um panfleto rastaquera, vagabundo e idiota, que está acabando com a educação brasileira.
Pois eu digo: ou o Brasil acaba com as saúvas freireanas, ou vai acabar. A educação já está perdida, e vai demorar décadas para melhorar.
Abaixo, alguém me lembrou uma antiga postagem que vale a pensa relembrar...
Paulo Roberto de Almeida

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Paulo Freire e a miseria educacional brasileira: subsidios para um debate

Como o assunto foi aqui levantado, por um interlocutor curioso, e como eu sou curioso o suficiente para pesquisar, e também para indagar, recebi duas contribuições a respeito, que coloco à disposição dos interessados.
Paulo Roberto de Almeida
Vale a pena ler o que é o método Paulo Freire
Blog Tomatadas, maio 2014
Embora muito se fale sobre o dito "Método Paulo Freire" de ensino, a opinião pública sabe bem pouco sobre no que isso consiste. Em grande parte, tal situação se dá pelo fato de que Paulo Freire e os propagandistas desse método não se preocuparam muito em explicá-lo, restringindo-se quase o tempo todo à denúncia da dita "educação bancária" e à repetição do mantra "educar é um ato político". 
Nesse contexto, não deixa de ser proveitoso ler o livrinho O que é método Paulo Freire, de Carlos Rodrigues Brandão. O autor é um discípulo de Freire que participou das primeiras experiências de aplicação desse método, em 1961, no interior do Nordeste. A proposta do livro é explicar tais experiências passo a passo, tendo em vista que "[...] em alguns livros de Paulo Freire e de outros educadores, são poucas as páginas sobre o método e, não raro, elas estão escondidas em algum 'anexo'" (Brandão, 1984, p. 14). Na seção final do livro, o autor explicita que, em realidade, as reflexões metodológicas ocupam um lugar pequeno na obra freiriana: "quem voltar aos livros que Paulo Freire escreveu vai notar que, de propósito, falei muito do que ele fala pouco e pouco do que ele fala muito" (Idem, p. 111).
Ora, essas citações já evidenciam que, como dizem os críticos de Freire, esse autor e seus seguidores não se preocupam muito com a educação em si mesma, e sim em fazer da educação um instrumento de luta política contra o capitalismo. E o livro de Brandão, precisamente por se concentrar na descrição do método, acaba por fornecer elementos que corroboram as críticas lançadas contra as propostas freirianas. Neste texto, vou destacar apenas a crítica relativa à falta de originalidade do tal método.
Como era e como ficou 
O historiador David Vieira sugere, com base numa boa revisão bibliográfica, que os procedimentos que compõem o dito "Método Paulo Freire" eram empregados na alfabetização de adultos, já em 1915, pelo missionário Frank Charles Laubach (1884-1970). Ao ser enviado numa missão religiosa para as Filipinas, Laubach precisava elaborar uma escrita para a língua maranao e, ao mesmo tempo, alfabetizar as pessoas nessa língua para que pudessem estudar a bíblia. Assim, ele "[...] adaptou um antigo método de ensino norte-americano, de reconhecimento das palavras escritas por meio de retratos de objetos familiares do dia-a-dia da vida do aluno, para ensinar a leitura da nova língua escrita. A letra inicial do nome do objeto recebia uma ênfase especial, de modo que o aluno passava a reconhecê-la em outras situações, passando então a juntar as letras e a formar palavras".
Ora, o trabalho de alfabetização realizado por Freire e seus seguidores consistia basicamente nos seguintes passos - embora Brandão repita várias vezes que o método era modificado a cada vez que o empregavam:
    eles faziam uma pesquisa sobre o cotidiano dos alunos para selecionar os "temas geradores" e as "palavras geradoras"
    usavam desenhos e fotos para estimular discussões em grupo sobre esses temas (por exemplo, os problemas de habitação, alimentação e outros na favela onde os alunos moravam)
    apresentavam uma palavra geradora, como "favela", "tijolo" ou "salário", por meio de um slide
    em seguida, eram apresentados slides com as "famílias fonêmicas" de cada sílaba (no caso de "favela", começava-se mostrando "fa - fe - fi - fo - fu", depois "va - ve - vi - vo - vu", etc.)
    posteriormente, os alunos eram estimulados a criar palavras combinando todas as sílabas dispostas numa "Ficha de Descoberta", isto é, num quadro com todas as famílias fonêmicas relacionadas à palavra geradora (Brandão, 1984, p. 70-72).
Qual é a originalidade disso em relação ao que Laubach e outros já faziam desde muitas décadas? Brandão não se detém em discutir o que haveria de original no trabalho realizado com Freire, mas, ao tratar dos critérios empregados para a seleção das palavras geradoras, explica o seguinte:
Ora, no Método Paulo Freire entra um critério que, se não é novo, apareceu repensado. [...] aqui, as palavras não são só um instrumento de leitura da língua; são também instrumentos de releitura coletiva da realidade social onde a língua existe, e existem os homens que a falam e as relações entre os homens. Portanto, as palavras precisam servir para as duas leituras e os seus critérios de escolha são três, dois deles usuais em outros métodos, o outro, novo e renovador:
1º) a riqueza fonêmica da palavra geradora;
2º) as dificuldades fonéticas da língua;
3º) a densidade pragmática do sentido (Idem, p. 30-31).
A novidade do tal método estaria na forma de aplicar o terceiro critério, portanto, já que os dois primeiros, referentes à sintaxe e à semântica, foram importados de outros métodos e aplicados basicamente do mesmo modo. E no que consiste a inovadora maneira freiriana de aplicar o critério pragmático? Brandão esclarece que este diz respeito ao "[...] maior ou menor teor de conscientização que a palavra traz em potencial, ou conjunto de reações socioculturais que a palavra gera na pessoa ou grupo que a utiliza" (Idem, p. 31).
Nesse sentido, Brandão acaba reconhecendo que os elementos propriamente técnicos do tal "Método Paulo Freire" foram herdados de outros que já existiam, e que a grande novidade estava em selecionar as palavras que fossem mais úteis para direcionar as discussões em grupo de modo tal a "conscientizar" os alunos, sendo que "conscientização" deve ser entendida como sinônimo de "compreensão de mundo" (Idem, p. 39 – itálicos no original).
Falando com franqueza, não parece lícito atribuir a Paulo Freire a invenção de um método de ensino que leva seu nome se ele se serviu de métodos já existentes e apenas mudou a forma de aplicar um dos critérios de seleção de palavras geradoras de maneira a combinar o trabalho de alfabetização de adultos com doutrinação ideológica de esquerda! E isso considerando especialmente que o critério pragmático, ao contrário dos dois primeiros (que são totalmente importados), não tem nenhuma relação direta com as operações cognitivas que constituem o ato de ler. Não admira que Freire falasse tão pouco de método em seus livros...
Diálogo enviesado
É claro que alguém poderia objetar que, embora Brandão admita que as palavras geradoras são selecionadas propositalmente pelo seu potencial de uso como instrumentos de "conscientização", não há como predeterminar o resultado das discussões feitas com os alunos, o que invalidaria ou ao menos relativizaria a crítica de que se estaria fazendo doutrinação ideológica disfarçada de diálogo. Contudo, eu expliquei no texto Paulo Freire e a "educação bancária" ideologizada como funcionam de fato essas discussões em grupo: o professor freiriano apresenta uma única via para explicar as situações relatadas pelos alunos, que é a ideologia em que ele acredita. Assim, o aluno é deixado na ignorância sobre a existência de pesquisas que explicam as situações de pobreza, desigualdade, problemas urbanos e ambientais, entre outros, fora do universo teórico e ideológico do professor!
Em suma, é muito forçado dizer que existe um "Método Paulo Freire" de ensino, pois o que esse autor fez foi apenas transformar métodos de alfabetização bastante antigos num processo de doutrinação ideológica que se dá por meio de diálogos nos quais o aluno, deixado na ignorância de explicações alternativas e mais sofisticadas, não tem poder nem espaço para contestar os "novos saberes" que lhe são apresentados.
Paulo Freire: pobreza intelectual, dogmatismo e amor assassino 
Quando o jornalista José Maria e Silva publicou uma crítica contundente ao mal chamado "Método Paulo Freire", na Gazeta do Povo, esse jornal publicou também textos de freirianos para apresentar o famoso "outro lado da questão" - muito embora os freirianos não proponham apresentar visões de mundo diferentes aos seus alunos, conforme se vê pela leitura de Pedagogia do oprimido (Freire, 1987). 
Mas o que chama a atenção nessas respostas é que os seguidores de Freire, na verdade, não respondem! Primeiro, eles usam o argumento de autoridade, dizendo que Freire é o patrono da educação brasileira e que trabalhou nesta e naquela instituição de prestígio. Depois, repetem a velha cantilena de que o método de ensino que leva o nome dele teria tido resultados impressionantes, ignorando o fato de os críticos desse método, como Silva, alegarem que os resultados efetivos ficaram muito aquém da propaganda. Por fim, citam uma ou duas passagens da obra de Freire sobre a educação ser um "ato político" e sobre a importância de tornar o estudante "sujeito de si mesmo". E param por aí! Em nenhum momento eles procuram formular uma resposta específica para as críticas elaboradas contra o, vá lá, "pensamento" de Paulo Freire. Repetem a velha fórmula de propaganda do tal método como se esta já contivesse resposta para qualquer crítica, e está feito. 
  
Por que fogem do debate? Em parte, é claro, para tirar proveito do fato de que a imagem de Paulo Freire como grande educador e suposto inventor de um revolucionário método de alfabetização de adultos já está fortemente entranhada entre os professores e na opinião pública. Mas a razão oculta está no fato de que qualquer tentativa séria de defender as ideias freirianas implica ter de admitir que estas não têm nenhuma base científica e nem mesmo racional!
Em vez de ciência, fé ideológica
A melhor maneira de constatar isso é ler a obra freiriana, como os livros Pedagogia do oprimido e Pedagogia da autonomia, ambos já citados neste blog, que se caracterizam por um simplismo de ideias constrangedor. Mas quem quiser ganhar tempo e ir direto a um trabalho freiriano que deixa essa falta de fundamentação bem explícita pode recorrer ao livrinho O que é método Paulo Freire, comentado no post anterior. Após descrever os procedimentos que compõem o método de alfabetização de adultos aplicado por Freire e seus seguidores já em 1961, o autor, Carlos Rodrigues Brandão, escreve o seguinte:  
Às vezes é muito difícil falar sobre as ideias que deram origem ao Método Paulo Freire, porque elas são muito simples e algumas pessoas precisam complicá-las.
Na verdade Paulo Freire não tem sequer uma teoria pedagógica definitiva. Ele tem um afeto e a sua prática. Por isso fica difícil teorizar a seu respeito, sem viver a prática que é o sentido desse afeto. Por isso é fácil compreender o que ele tem falado e escrito, quando se parte da vivência da prática do compromisso que tem sido, mais do que sua teoria, a sua crença (Brandão, 1984, p. 102).
O que se vê nessa passagem da conclusão do livrinho é o reconhecimento de que Paulo Freire e seus seguidores não têm como justificar a suposta eficácia do tal método, já que os seus escritos consistem apenas em ideias simples embaladas por palavras atraentes, como "afeto". Nesse sentido, Brandão fornece a melhor comprovação da pertinência das críticas lançadas contra a pobreza intelectual de Paulo Freire. 
De fato, José Maria e Silva, no artigo citado, afirma que Pedagogia do oprimido não passa de um panfleto político e de um "manual de autoajuda marxista" exatamente por causa da pobreza das ideias ali expostas. De modo similar, Sol Stern afirma que essa obra nem ao menos pode ser considerada um trabalho sobre educação, já que ignora todos os temas importantes nessa área do conhecimento ao longo do século XX, tais como avaliações, padrão de ensino, currículo escolar, o papel dos pais na educação, entre outros, e se perde em "platitudes marxistas". E Brandão, ao reconhecer que não há mesmo nenhuma teoria ou argumento racional que fundamente esse ou qualquer outro trabalho de Freire, vê-se forçado a desqualificar críticas como essas da seguinte forma:
Como discutir com os termos complicados da ciência um educador cuja ideia-chave é o amor? 
Procure, leitor, folhear de alma limpa os escritos dele. Aos olhos ferozes dos tecnocratas do poder e da educação, pode ser que tudo aquilo não passe de uma espécie de poesia pedagógica, tão edificante quanto inviável. E aos seus olhos? (Brandão, 1984, p. 103).
Trata-se aí de uma óbvia desqualificação intelectual daqueles que acusam o simplismo dos escritos freirianos mediante a estratégia de associar os críticos ao rótulo odioso de "tecnocratas do poder e da educação". E, pior ainda, Brandão procura manipular as emoções de seus leitores ao enfeitar sua exposição com palavras bonitas, como "amor", e pedir-lhes que folheiem a obra de Freire com "alma limpa", pois assim dá a entender que uma obra edificada sobre o "amor" só pode ser compreendida por quem deixar a razão de lado e se entregar a uma apreciação igualmente emocional do que está lendo! 
As ideias de Paulo Freire são simplistas e dogmáticas, já que não têm justificativa racional, e só podem ser admiradas por quem não leu seus escritos ou por aqueles que leram esse material imbuídos das mesmas ideologias superficiais do autor e do seu mesmo ideal de fazer da educação um instrumento de doutrinação a serviço do socialismo. A quem duvidar disso, proponho que aprecie, de "alma limpa", a seguinte passagem de Pedagogia do oprimido, também citada por Silva, na qual o amoroso Paulo Freire elogia os fuzilamentos praticados pela revolução cubana.
A revolução é biófila, é criadora de vida, ainda que, para criá-la, seja obrigada a deter vidas que proíbem a vida (Freire, 1987, localização 99).
Postagens relacionadas
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BRANDÃO, C. R. O que é método Paulo Freire. 7. ed., São Paulo: Brasiliense (Coleção Primeiros Passos, v. 38), 1984.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed., Rio de Janeiro: Paz & Terra, (Coleção O Mundo, Hoje, v. 21), 198

quinta-feira, 20 de março de 2014

Educacao no Brasil: nao tem nenhum risco de melhorar - Editorial Estadao

Como sempre digo, sou relativamente pessimista quanto à economia brasileira: creio que continuaremos crescendo a taxas medícores, fruto de um Estado extorsivo, de uma poupança pífia, de constrangimentos burocráticos e regulatórios que só permitem uma taxa de investimentos extremamente reduzida, incompatível, portanto, com uma taxa mais vigorosa de crescimento.
Mas, no que se refere à educação, em todos os níveis, sou ABSOLUTMENTE pessimista, e digo mais: não só não existe nenhum risco de melhorar, como vamos continuar piorando indefinidamente, pois os erros acumulados, e os equívocos que ainda vão ser feitos, são muito grandes, e prometedores, de mais mediocridade, de mais rebaixamento de padrões, de mais deterioração na (má) qualidade do ensino.
Além das "saúvas freireanas" que infestam o MEC e os cursos de pedagogia, todas homenageando o nosso maior idiota nacional, e patrono da (des)educação brasileira, temos todas as bobagens cometidas pelos companheiros nesses doze anos de idiotice aplicada, e o comportamento nocivo das máfias sindicais de professores, que não estão interessados em mérito, apenas em isonomia bem remunereada.
Repito: não existe nenhum risco de melhorar. Só vai piorar...
Pobres crianças, pobre Brasil...
Paulo Roberto de Almeida

A greve do professorado

20 de março de 2014 | 2h 08

Editorial O Estado de S.Paulo
Um mês depois do início do ano letivo, os professores das redes estaduais e municipais de ensino fundamental e servidores técnico-administrativos da área de educação pública declararam uma greve nacional de três dias, com o objetivo de "chamar a atenção" para suas reivindicações. Eles pedem melhores condições de trabalho, reestruturação da carreira, jornada de 30 horas semanais, cumprimento da lei do piso salarial, concessão de auxílio-alimentação, aumento de matrículas em cursos noturnos, votação imediata do Plano Nacional de Educação, destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação pública e investimento dos royalties de petróleo na valorização de suas categorias.
A adesão dos professores à suspensão das atividades didáticas, iniciada na segunda-feira, variou conforme os Estados. Em alguns, a greve se limitou às capitais. Em outros, ela atingiu escolas do interior. Os problemas causados, no entanto, foram os mesmos de sempre. Os alunos ficaram sem aulas e o cronograma das aulas foi desrespeitado, pondo em risco o planejamento de 2014 - ano em que o calendário escolar já prevê vários feriados, por causa dos jogos da Copa.
Em 2013, as greves de professores afetaram mais de 1,5 milhão de alunos da rede pública de ensino fundamental. Foi um ano marcado por longas paralisações, com destaque para o Rio de Janeiro, que teve 56 dias de greve, e Mato Grosso, com 52.
Algumas reivindicações são antigas e procedentes. É o caso do piso salarial nacional do magistério público. Apesar de a lei que o instituiu ter entrado em vigor em julho de 2008, até hoje - quase seis anos depois - vários Estados continuam descumprindo-a, alegando que não dispõem de recursos próprios e que não recebem repasses federais suficientes para arcar com os gastos de custeio de suas redes escolares.
É também o caso do Plano Nacional de Educação, que estabelece metas e estratégias para melhorar o ensino no País. Apesar de ter sido elaborado para vigorar entre 2011 e 2020, o governo só o enviou para o Congresso nos últimos 15 dias de 201o.
Além desse atraso, o Plano ficou parado em algumas comissões técnicas. Quando tramitou, foi desfigurado no Senado, atendendo a interesses paroquiais da base governista e eleitoreiros da presidente Dilma Rousseff. Como não há previsão de votação, o Plano corre o risco de ser aprovado quando seu prazo de validade já estiver praticamente no fim.
Outros pleitos dos professores e dos servidores técnico-administrativos, contudo, são demagógicos. É esse o caso, por exemplo, da reivindicação de "gestão democrática" de escolas públicas - pretensão que, se acolhida, liquidaria com o princípio do mérito no ambiente escolar. É o caso, também, do pedido de aumento dos investimentos em educação pública, com a destinação de 10% do PIB e dos royalties do petróleo. Há vários anos o Brasil já investe no setor porcentuais próximos ou equivalentes dos destinados pelos países desenvolvidos para seus sistemas de ensino. E, como mostram estudos e levantamentos de conceituados organismos multilaterais, o problema da educação - principalmente a falta de qualidade da rede pública de ensino básico - decorre de incompetência administrativa e falta de empenho das autoridades, e não de escassez de recursos.
Independentemente da procedência ou do caráter demagógicos das reivindicações, a greve também tem um componente político, decorrente das mudanças ocorridas nas entidades sindicais do professorado e dos servidores técnico-administrativos da área de educação. Durante décadas, elas estiveram próximas da CUT e do PT. Mas, nos últimos anos, algumas se vincularam a pequenos partidos de extrema esquerda, como o PSOL e o PSTU.
A recorrência das paralisações de professores e servidores é o resultado de uma equação cujos elementos são conhecidos: inépcia administrativa, interesses corporativos e oportunismo eleiçoeiro. Quem perde com isso são os estudantes, como sempre.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O triunfo de Paulo Freire no aumento do analfabetismo: ou o Brasil acaba com as sauvas, ou...

Nos tempos botocudos de Monteiro Lobato, quando o Jeca Tatu morria de doença do pé, ele dizia, a propósito da nossa única "indústria"  produtiva, a agricultura: "Ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil", indicando estar nos famintos insetos o principal mal da principal, única, e atrasada atividade econômica brasileira.
Pois bem: o Brasil acabou com as saúvas, ou melhor, modernizou a agricultura, adotou defensivos e métodos para a produção acrescida no setor primário, sendo hoje um campeão mundial, absoluta e relativamente, na produção agrícola competitiva, isto é, em condições de mercado, sem subsídios e sem proteção (a que existe são para as saúvas do MDA, o ministério do MST, que vive sugando recursos públicos sem produzir nada).

Mas as saúvas não morreram: elas estão vivinhas da silva, fortes e cada vez mais prósperas, desde que se mudaram todas para o MEC, desde os anos 1960, aliás, quando uma outra praga, muito mais poderosa, se instalou no Brasil para nunca mais largar e nunca mais ser combatida, aliás, até promovida pelos ignorantes que fazem de líderes deste país do nunca antes: refiro-me à pedagogia do oprimido, essa idiotice absoluta de um dos grandes idiotas da nação, Paulo Freire.
Todas as saúvas freireanas campeiam soltas nas faculdades de pedagogia e dominação a educação brasileira, do pré-primário ao pós-doc. São elas que estão enterrando o Brasil no abismo da ignorância, da estupidez, da burrice consumada. São elas as responsáveis por esse quadro lamentável refletido no editorial do Estadão.
Paulo Roberto de Almeida

Editorial de O Estado de S.Paulo, 1/10/2-13

Depois da universalização das matrículas no ensino fundamental, que foi uma das principais conquistas do país das décadas de 1990 e 2000, era de esperar uma significativa melhoria na qualidade das escolas nos últimos anos. Mas, em vez do desenvolvimento natural rumo a uma educação básica mais eficiente, capaz de assegurar ao país a formação de capital humano de que necessita para poder crescer e passar para níveis mais sofisticados de produção, o Brasil está retrocedendo.

Essa é uma das mais importantes ─ e preocupantes ─ conclusões que podem ser extraídas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012, divulgada pelo IBGE. A pesquisa é realizada desde 1967 e traz informações sobre população, migração, trabalho, rendimento e domicílios, além de educação. A partir de 2004, ela passou a cobrir todo o país. Para realizar a Pnad de 2012, os técnicos do IBGE consultaram 147 mil domicílios.
Segundo os indicadores da Pnad na área de educação, o analfabetismo ─ que vinha em queda constante desde 1998 ─ voltou a crescer no ano passado. Os técnicos do IBGE identificaram 13,163 milhões de pessoas que não sabiam ler nem escrever ─ o equivalente a 8,7% da população com 15 anos ou mais. Em 2011, o número de analfabetos era de 12,866 milhões. Em termos absolutos, o aumento foi de 297 mil analfabetos e se concentrou no Nordeste ─ especialmente nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Bahia e Alagoas. A taxa de analfabetismo na região passou de 16,9%, em 2011, para 17,4%, em 2012. O Nordeste concentra 54% do total de analfabetos do País. Ou seja, um em cada dois analfabetos é nordestino.
No Centro-Oeste, a taxa de analfabetismo passou de 6,3%, em 2011, para 6,7%, em 2012. Na Região Norte, ela foi de 10%, no ano passado. As menores taxas foram registradas nas regiões mais desenvolvidas. No Sul, a taxa de analfabetismo foi de 4,4% da população com 15 anos ou mais. No Sudeste, ela chegou a 4,8%. Santa Catarina é o Estado com a menor taxa de analfabetismo do País, com 3,1%.
Os números da Pnad também mostram como o analfabetismo incide sobre a população mais velha. Entre os que têm 60 anos ou mais de idade, 24,4% não sabem ler ou escrever. Na faixa dos 49 aos 59 anos, a proporção é de 9,8% do total. Já na faixa dos 30 aos 39 anos, 5,1% são analfabetos. As menores taxas ─ de 2,8% e 1,2% ─ estão nas faixas de 25 a 29 anos e de 15 a 19 anos, respectivamente.
Os técnicos do IBGE também constataram uma melhora na taxa de analfabetismo funcional, que passou de 20,4%, em 2011, para 18,3%, em 2012 ─ uma queda de 2,1 pontos porcentuais. Em termos absolutos, isso significa que o país tinha no ano passado 27,8 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade com menos de 4 anos de escolaridade ─ um número muito alto de brasileiros incapazes de ler e compreender um simples manual de instrução de equipamentos. O levantamento do IBGE mostra ainda que 11,9% da população com 25 anos ou mais de idade não tinha qualquer instrução ou tem menos de um ano de estudo. Em 2011, a proporção era de 15,1%.

Os números da Pnad mostram, no entanto, que, em vez de aumentar o número de pessoas preparadas para enfrentar o ambiente competitivo de um mercado de trabalho cada vez mais sofisticado em termos tecnológicos, a educação brasileira está no caminho inverso. E, com isso, o Brasil permanece com um importante segmento da população à margem do processo econômico, por falta de instrução, o que agrava a desigualdade. Esse é o atestado do fracasso da política educacional adotada nos últimos anos. Ela agitou bandeiras politicamente vistosas, como a adoção do sistema de cotas raciais, a democratização do ensino superior e a criação de universidades. Mas revelou-se incapaz de alfabetizar e preparar milhões de brasileiros para o mercado de trabalho, negando-lhes com isso as condições para que possam se emancipar econômica e socialmente.

quinta-feira, 29 de março de 2012

O MEC confirma a pior das expectativas: sao as sauvas freireanas...


Sim, eu sei, eu escrevo coisas horriveis sobre o MEC, mas nenhuma que não tenha alguma justificativa nos fatos, e nos processos, que contemplo, à distância, como um espectador interessado no triste espetáculo da educação brasileira, uma tragédia anunciada muitos anos atrás, e que vai se prolongar pelo futuro indefinível vários anos à frente, para maior desgraça do Brasil.
Abaixo, transcrevo o que escrevi algumas meses atras, a propósito da posse do novo (des)ministro da Educação (talvez com "e" minúsculo seria melhor), aproveitando um editorial do Estadão, postado logo em seguida. Acho que preciso ratificar, e para pior, o que escrevi abaixo. E por que isso?
Bam, acaba de ser nomeado para uma das secretarias do MEC um militante da causa dos companheiros que sequer conseguiu terminar um curso superior (não importa qual), desde 21 anos que se inscreveu pela primeira vez numa universidade federal.
O fidelíssimo companheiro das causas justas deve ter ficado fazendo política companheira durante esse tempo todo, e agora é premiado com um cargo para a qual a competência técnica deveria primar, mas isso é o que menos importa para a política companheiro não é verdade?
No lugar da competência e da expertise, o que temos é a fidelidade companheira, sabuja, disciplinada, a todos os propósitos do gramscianismo anacrônico, na perfeita linha do comitê central (na mais pura tradição bolchevique, claro).
Aliás, o fato de que tenha sido designado um companheiro para uma secretaria do MEC, em lugar de um acadêmico competente, está de pleno acordo com a fraude que já presidiu à nomeação de seu chefe como primeiro ministro de Ciência e Tecnologia do atual governo, atual ministro da (des)educação, e que montou uma banca expressamente dedicada a atribuir-lhe, ao arrepio das mais elementares regras da moralidade acadêmica, uma titulação doutoral que desonra a UniCamp e todos os que participaram dessa verdadeira farsa (com perdão pela contradição nos termos, mas ela se aplica, cada vez que tratamos desse tipo de "coisa").
Creio que isso confirma que estamos afundando cada vez mais em matéria de educação. Com vocês, um post anterior, que merece upgrade e lifting, para empregar uma língua odiada pelos companheiros.
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Paulo Roberto de Almeida

sábado, 18 de fevereiro de 2012
MEC: um antro de sauvas freireanas e de "perdidos no espaço"

Acho que este editorial do Estadão, transcrito abaixo, peca por condescendência.
O novo ministro da Educação não é o novo regente do MEC, no máximo um ocupante desocupado, e um passageiro de ocasião, sem qualquer noção do que deve ser feito, e como deve ser feito.
O MEC, hoje, é uma montanha dessas fofas, construídas pelas formigas, neste caso uma espécie particular, as saúvas.
Lembram-se de Monteiro Lobato, aquele que dizia, 90 anos atrás, que "ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil"?
Pois bem, as saúvas não acabaram com o Brasil, pois a agricultura se modernizou e liquidou as malvadas.
Mas poucos sabem que as saúvas -- uma nova espécie, resistente -- se mudaram todas, de mala e cuia, se ouso dizer, para o MEC, e lá proliferaram de modo extraordinário; essas são mais duras de serem extirpadas: são as saúvas freireanas, ou seja, aquelas pedagogas -- e pedagogos também, pois idiotas é um adjetivo que não tem gênero -- que seguem o besteirol do supremo mestre idiota de todas as bobagens pedagógicas que fomos capazes de oferecer ao mundo desde os anos 1960, Paulo Freire, e que hoje ainda continua infernizando a vida de alunos, de mestres, de pais, de todo o Brasil.
Pois eu digo que, ou o Brasil acaba com as saúvas freireanas, ou elas vão acabar com o Brasil, como já estão acabando, há muito tempo, e prometem continuar fazendo estragos pelas próximas gerações, se deixarmos. Acho que vamos deixar...
Sou moderadamente pessimista quanto à economia brasileira, como sempre digo: acho que vamos continuar crescendo a taxas medíocres, graças à despoupança estatal e a todo o custo Brasil, que hoje se resume numa única palavra: o Estado. Sim é o Estado que se tornou um obstrutor do crescimento no Brasil, como constata qualquer um que tenha dois neurônios para observar a realidade brasileira.
Mas, sou ABSOLUTAMENTE pessimista quanto aos destinos da educação brasileira: acho que ela não só vai continuar ruim, péssima, horrivel, como vai piorar muito mais, tendente ao horripilante! A mediocridade tende a se instalar em todos os níveis, do kindergarten à pós-graduação.
Não digam que eu não avisei...
Paulo Roberto de Almeida 

O novo regente do MEC
Editorial O Estado de S.Paulo, 16 de fevereiro de 2012 

Desde que assumiu o Ministério da Educação (MEC), há três semanas, o ministro Aloysio Mercadante já deu várias entrevistas sobre as reformas que pretende promover numa das mais estratégicas áreas da máquina federal. Nessas entrevistas, ele falou muito e deixou claro que não tem projeto de gestão definido nem critérios técnicos para justificar a fixação de prioridades.

O novo ministro prometeu mudar a metodologia do Enem, adotando critérios mais rigorosos para a correção da prova. Disse que a escola não está "interessante" e que concederá bônus para as que alfabetizarem os alunos até os 8 anos. Também defendeu o uso de tecnologia digital pela rede pública de ensino fundamental e afirmou que o "arranjo social da sala de aula" e o quadro negro são do século 18, os professores são do século 20 e os alunos do século 21. "Nós, professores, somos analógicos e imigrantes digitais. Os alunos são nativos digitais. Não queremos um apartheid digital, como tivemos um apartheid educacional no passado."
Além disso, declarou-se favorável à aplicação de uma prova nacional de docentes, que definiu como instrumento de motivação dos professores que trabalham em redes municipais de ensino com baixo desempenho e em áreas de risco. Contudo, foi evasivo sobre o futuro do Plano Nacional de Educação (PNE), que está parado no Congresso há mais de um ano. A prova nacional é prevista pelo PNE, que estabelece diretrizes do setor para a década de 2010. Quanto a metas, o ministro disse que compartilha "a forma de ver" da presidente Dilma Rousseff. "Ela diz que sempre precisamos estabelecer metas como quem lida com arco e flecha: mira um pouco mais acima para acertar o alvo" (sic).
Questionado sobre as fontes de financiamento do setor educacional e sobre a reivindicação de associações de docentes, que pedem a elevação do investimento público em ensino para 10% do Produto Interno Bruto, Mercadante lembrou que o dinheiro poderá vir do pré-sal. "O que nós temos de novo para poder dar um salto é o pré-sal. Os royalties são para você preparar a economia pós-petróleo. Porque o pré-sal é uma energia não renovável. As futuras gerações não terão acesso. O que podemos fazer era vincular pelo menos 30% dos recursos do pré-sal para educação, ciência e tecnologia e fazer um grande pacto de que pelo menos durante uma década a prioridade vai ser investir em educação" (a citação do ministro da Educação é textual, segundo a versão do jornal O Globo da entrevista).
Com declarações vagas como essas, o novo ministro da Educação mostrou não ter o preparo necessário para o exercício do cargo, deixando os especialistas em pedagogia perplexos. Segundo eles, o País - que hoje tem cerca de 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola e padrões de ensino muito ruins - não pode esperar pelos dividendos da exploração do pré-sal para melhorar a qualidade de seu sistema educacional. Em outras palavras, condicionar o aumento do financiamento da educação ao pré-sal é apenas uma forma de furtar-se a uma definição sobre a questão fundamental do aumento dos investimentos de que o setor educacional tanto necessita. Por enquanto, eles deverão permanecer como hoje - ou seja, muito abaixo dos padrões necessários a uma economia competitiva e capaz de ocupar espaços cada vez maiores no mercado mundial.
Na realidade, a ideia de condicionar qualquer fonte de recursos para a educação ao pré-sal é absurda - a começar pelo fato de que os primeiros lucros da exploração desse tipo de petróleo demorarão décadas para aparecer. Até lá, se o Executivo não financiar com recursos próprios projetos de melhoria do ensino fundamental e do ensino médio, o Brasil terá perdido pelo menos uma geração. Além disso, Mercadante parece não compreender - o que demonstra surpreendente despreparo - que se o governo não começar a preparar desde já as crianças em idade pré-escolar, elas não terão a formação necessária para aprender matemática e ciências, os requisitos básicos de uma mão de obra capaz de trabalhar na exploração do pré sal e nos projetos de inovação científica e tecnológica inerentes àquele projeto.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

MEC: um antro de sauvas freireanas e de "perdidos no espaço"

Acho que este editorial do Estadão, transcrito abaixo, peca por condescendência.
O novo ministro da Educação não é o novo regente do MEC, no máximo um ocupante desocupado, e um passageiro de ocasião, sem qualquer noção do que deve ser feito, e como deve ser feito.
O MEC, hoje, é uma montanha dessas fofas, construídas pelas formigas, neste caso uma espécie particular, as saúvas.
Lembram-se de Monteiro Lobato, aquele que dizia, 90 anos atrás, que "ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil"?
Pois bem, as saúvas não acabaram com o Brasil, pois a agricultura se modernizou e liquidou as malvadas.
Mas poucos sabem que as saúvas -- uma nova espécie, resistente -- se mudaram todas, de mala e cuia, se ouso dizer, para o MEC, e lá proliferaram de modo extraordinário; essas são mais duras de serem extirpadas: são as saúvas freireanas, ou seja, aquelas pedagogas -- e pedagogos também, pois idiotas é um adjetivo que não tem gênero -- que seguem o besteirol do supremo mestre idiota de todas as bobagens pedagógicas que fomos capazes de oferecer ao mundo desde os anos 1960, Paulo Freire, e que hoje ainda continua infernizando a vida de alunos, de mestres, de pais, de todo o Brasil.
Pois eu digo que, ou o Brasil acaba com as saúvas freireanas, ou elas vão acabar com o Brasil, como já estão acabando, há muito tempo, e prometem continuar fazendo estragos pelas próximas gerações, se deixarmos. Acho que vamos deixar...
Sou moderadamente pessimista quanto à economia brasileira, como sempre digo: acho que vamos continuar crescendo a taxas medíocres, graças à despoupança estatal e a todo o custo Brasil, que hoje se resume numa única palavra: o Estado. Sim é o Estado que se tornou um obstrutor do crescimento no Brasil, como constata qualquer um que tenha dois neurônios para observar a realidade brasileira.
Mas, sou ABSOLUTAMENTE pessimista quanto aos destinos da educação brasileira: acho que ela não só vai continuar ruim, péssima, horrivel, como vai piorar muito mais, tendente ao horripilante! A mediocridade tende a se instalar em todos os níveis, do kindergarten à pós-graduação.
Não digam que eu não avisei...
Paulo Roberto de Almeida 

O novo regente do MEC

Editorial O Estado de S.Paulo, 16 de fevereiro de 2012 

Desde que assumiu o Ministério da Educação (MEC), há três semanas, o ministro Aloysio Mercadante já deu várias entrevistas sobre as reformas que pretende promover numa das mais estratégicas áreas da máquina federal. Nessas entrevistas, ele falou muito e deixou claro que não tem projeto de gestão definido nem critérios técnicos para justificar a fixação de prioridades.
O novo ministro prometeu mudar a metodologia do Enem, adotando critérios mais rigorosos para a correção da prova. Disse que a escola não está "interessante" e que concederá bônus para as que alfabetizarem os alunos até os 8 anos. Também defendeu o uso de tecnologia digital pela rede pública de ensino fundamental e afirmou que o "arranjo social da sala de aula" e o quadro negro são do século 18, os professores são do século 20 e os alunos do século 21. "Nós, professores, somos analógicos e imigrantes digitais. Os alunos são nativos digitais. Não queremos um apartheid digital, como tivemos um apartheid educacional no passado."
Além disso, declarou-se favorável à aplicação de uma prova nacional de docentes, que definiu como instrumento de motivação dos professores que trabalham em redes municipais de ensino com baixo desempenho e em áreas de risco. Contudo, foi evasivo sobre o futuro do Plano Nacional de Educação (PNE), que está parado no Congresso há mais de um ano. A prova nacional é prevista pelo PNE, que estabelece diretrizes do setor para a década de 2010. Quanto a metas, o ministro disse que compartilha "a forma de ver" da presidente Dilma Rousseff. "Ela diz que sempre precisamos estabelecer metas como quem lida com arco e flecha: mira um pouco mais acima para acertar o alvo" (sic).
Questionado sobre as fontes de financiamento do setor educacional e sobre a reivindicação de associações de docentes, que pedem a elevação do investimento público em ensino para 10% do Produto Interno Bruto, Mercadante lembrou que o dinheiro poderá vir do pré-sal. "O que nós temos de novo para poder dar um salto é o pré-sal. Os royalties são para você preparar a economia pós-petróleo. Porque o pré-sal é uma energia não renovável. As futuras gerações não terão acesso. O que podemos fazer era vincular pelo menos 30% dos recursos do pré-sal para educação, ciência e tecnologia e fazer um grande pacto de que pelo menos durante uma década a prioridade vai ser investir em educação" (a citação do ministro da Educação é textual, segundo a versão do jornal O Globo da entrevista).
Com declarações vagas como essas, o novo ministro da Educação mostrou não ter o preparo necessário para o exercício do cargo, deixando os especialistas em pedagogia perplexos. Segundo eles, o País - que hoje tem cerca de 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola e padrões de ensino muito ruins - não pode esperar pelos dividendos da exploração do pré-sal para melhorar a qualidade de seu sistema educacional. Em outras palavras, condicionar o aumento do financiamento da educação ao pré-sal é apenas uma forma de furtar-se a uma definição sobre a questão fundamental do aumento dos investimentos de que o setor educacional tanto necessita. Por enquanto, eles deverão permanecer como hoje - ou seja, muito abaixo dos padrões necessários a uma economia competitiva e capaz de ocupar espaços cada vez maiores no mercado mundial.
Na realidade, a ideia de condicionar qualquer fonte de recursos para a educação ao pré-sal é absurda - a começar pelo fato de que os primeiros lucros da exploração desse tipo de petróleo demorarão décadas para aparecer. Até lá, se o Executivo não financiar com recursos próprios projetos de melhoria do ensino fundamental e do ensino médio, o Brasil terá perdido pelo menos uma geração. Além disso, Mercadante parece não compreender - o que demonstra surpreendente despreparo - que se o governo não começar a preparar desde já as crianças em idade pré-escolar, elas não terão a formação necessária para aprender matemática e ciências, os requisitos básicos de uma mão de obra capaz de trabalhar na exploração do pré sal e nos projetos de inovação científica e tecnológica inerentes àquele projeto.