O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

1597) Os dez livros liberais mais importantes da decada

Uma lista feita, obviamente, por liberais.
Enviada pelo Diogo Costa, do Ordem Livre.

Quais dos livros publicados nos anos 2000 foram os mais importantes para a compreensão e a promoção da liberdade? Fizemos esta pergunta a 22 pensadores liberais, pedindo a cada um que listasse 5 livros em ordem de preferência. As diversas respostas convergiram para a lista que você confere a seguir.

10) O espetáculo do crescimento: aventuras e desventuras dos economistas na incessante busca pela prosperidade nos trópicos
Autor William Easterly
Editora Ediouro
Ano 2004
Numa época em que o combate à pobreza se tornou espetáculo, O espetáculo de crescimento se destaca pela sua análise lúcida e realista o desenvolvimento econômico. William Easterly, economista do Banco Mundial quando da publicação do livro, combinou exemplos de seus anos de experiência com a compreensão teórica, não de um "desenvolvimentista", mas de um economista que estuda o desenvolvimento aplicando um dos conceitos mais básicos da ciência: a importância dos incentivos. O estilo informal permitiu ao livro alcançar ampla audiência, e fomentou na grande imprensa um saudável cinismo sobre o altruísmo burocrático de instituições como BIRD e FMI.

9)Elements of Justice
Autor David Schmidtz
Editora Cambridge University
Ano 2006
A teoria da justiça está no cerne do pensamento libertário, mas isso não significa que haja somente uma abordagem para o tema. Elements of Justice rompe com a tradição monística dos libertários mais proeminentes, e procura entender "o que é de cada um" como um trabalho cartográfico. No mapa da justiça de David Schmidtz, a necessidade, o mérito, a igualdade e a reciprocidade imprimem seus traços sem o privilégio da exclusividade. Com uma impressionante capacidade de aprofundar múltiplos insights em pouco espaço, Schmidtz consegue em poucas páginas provocar cortes profundos em Rawls, Nozick e, com sutileza, propor alguma originalidade na forma como pensamos a justiça, sem perder o respeito de seus pares. Professor de um dos mais renomados departamentos de filosofia política do mundo, Schmidtz é a prova de que a filosofia política libertária não é incompatível com o prestígio acadêmico.

8) The White Man's Burden: Why the West's Efforts to Aid the Rest Have Done So Much Ill and So Little Good
Autor William Easterly
Editora Penguin
Ano 2007
É compreensível que William Easterly tenha sido o único autor a emplacar dois títulos nesta lista. Ao ser lançado em 2006, The White Man's Burden conseguiu provocar um impacto ainda maior do que seu predecessor. Apesar de muitos economistas considerarem O Espetáculo do Crescimento um trabalho mais sofisticado, The White Man's Burden é mais instigante. O livro entrou na lista de melhores do ano do Financial Times e da The Economist, e provocou reações por toda a indústria da filantropia, de Bill Gates (que disse não gostar do livro) até Amartya Sen (autor de uma resenha positiva para a Foreign Affairs). Sempre provocador, Easterly pergunta por que, apesar de gastar mais de 2 trilhões de dólares no século XX com auxílio externo, o Ocidente não conseguiu impedir que crianças africanas morram de malária por não terem acesso a remédios de 12 centavos e a redes de 4 dólares. Talvez porque o Ocidente esteja mais preocupado em gastar rios de dinheiro para aliviar um sentimento de culpa do que em efetivamente erradicar a pobreza.

7) From Mutual Aid to the Welfare State: Fraternal Societies and Social Services, 1890-1967
Autor David Beito
Editora The University of North Carolina
Ano 2000
O advento do welfare state, o "estado de bem-estar social", não criou redes de auxílio ex nihilo. Na verdade, o estado-providência apenas substituiu redes voluntárias e solidárias de assistência social por uma estrutura burocrática uniformizada e menos eficiente. David Beito conta em From Mutual Aid to The Welfare State uma história ignorada da natural demanda humana por providência material. Numa época em que o estado-providência se faz cada vez mais presente (e avança a passos largos nos Estados Unidos), o trabalho de Beito é de extrema importância para demostrar que a política não é o único (nem sequer o melhor) meio de atender às demandas sociais.

6) In Defense of Global Capitalism (Till Varlds Kapitalismens Forsvar)
Autor Johan Norberg
Editora Cato Institute
Ano 2003
O livro mais sistemático a refutar as alegações e ataques do movimento antiglobalização virou ele próprio um fenômeno global. Depois de se tornar bestseller na Suécia em 2001, a obra de Johan Norberg foi traduzida para o inglês em 2003 e a seguir para mais 13 idiomas. O livro acabou servindo de base para o documentário Globalization is Good, produzido pelo Channel 4 britânico e apresentado pelo próprio Norberg. A popularidade de sua argumentação decorre da postura de um autor jovem que não se esconde atrás de obscurantismo teórico. Norberg vai atrás das falácias anticapitalistas e as derrota uma de cada vez, com fatos e com ciência. Seus argumentos são tão francos e claros como o título de In Defense of Global Capitalism.

5) The Bourgeois Virtues: Ethics for an Age of Commerce
Autor Deirdre McCloskey
Editora University of Chicago
Ano 2007
The Bourgeois Virtues é certamente o projeto acadêmico liberal mais ambicioso da década. McCloskey não quer apenas argumentar que a economia de mercado nos tornou pessoas mais eficientes. Ela quer defender que a economia de mercado nos tornou pessoas melhores, mais virtuosas — e fazer essa defesa em um tomo de mais de 600 páginas (supostamente o primeiro em uma série de 4 volumes) perante um público-alvo condicionado a atirar pedras ao som da palavra burguesia. McCloskey balanceia seu esforço hercúleo com um estilo ensaístico, conversacional, sem jamais perder a erudição. O escopo de seu trabalho dificilmente encontra paralelos entre economistas liberais, vivos ou mortos. Ao promover a esperança, a fé, o amor, a justiça, a coragem, a temperança e a prudência, nenhum outro livro desta década consegue com mais sucesso defender a tese de que o mercado não apenas permite ao homem ganhar o mundo, como também pode ajudá-lo a não perder a alma.

4) Justice and its Surroundings
Autor Anthony de Jasay
Editora Liberty Fund
Ano 2002
Versão online
Nenhum outro anarco-liberal faz uso dos instrumentos da escolha racional com a originalidade e a sofisticação de De Jasay. De sua exposição sobre a desnecessidade do Estado para prover a ordem social, passando pelas críticas ao socialismo, até seu ataque fulminante aos teóricos de justiça contemporâneos, De Jasay consegue, nos ensaios que compõem Justice and its Surroundings, produzir um trabalho acadêmico sem par nesta década. Sua linguagem, às vezes técnica, às vezes jocosa, exige do leitor atenção e familiaridade com temas de ciência política e teoria dos jogos para ser propriamente digerida. Mas a recompensa para aquele que tem ambos é o acesso a uma das mentes mais férteis e menos convencionais da literatura liberal contemporânea.

3) The Myth of the Rational Voter: Why Democracies Choose Bad Policies
Autor Bryan Caplan
Editora Princeton University
Ano 2008
O insight central do livro de Bryan Caplan é audaz e contraintuitivo: a racionalidade de nossas ações tem um custo, e a estrutura de incentivos da democracia faz com que esse custo seja alto demais para os eleitores. Em vez de se orientarem racionalmente na esfera política, os eleitores costumam ser guiados pelos efeitos colaterais de suas crenças políticas, como o socialista que se crê santificado ao repetir um slogan, ou o nacionalista que sente alívio ao tomar o imigrante por bode expiatório. O impacto do livro de Caplan pode ser sentido por todo o mundo intelectual. Serviu de tema para segmentos de programas televisivos e até para uma edição inteira da Critical Review, além de ser resenhado por publicações como The Economist e The New Yorker. Uma das mais importantes contribuições econômicas para a ciência política nos últimos anos, nenhum outro livro da década foi mais emblemático da Escola de Virgínia do que The Myth of the Rational Voter.

2) Radicals for Capitalism: A Freewheeling History of the Modern American Libertarian Movement
Autor Brian Doherty
Editora Public Affairs
Ano 2008
A primeira década do novo século marca o fim de uma era na tradição da literatura liberal. Desde os anos 1920, com o lançamento de Socialismo de Mises, a corrente libertária vem pontuando cada década com um marco na tradição liberal. Os anos 1930 tiveram Our Enemy, the State de Nock; os 1940 tiveram O caminho da servidão de Hayek; os 1950, Quem é John Galt? de Ayn Rand; os 1960, Capitalismo e liberdade de Friedman; os 1970, Anarquia, estado e utopia de Nozick; os 1980, A ética da liberdade de Rothbard; e os 1990 fecharam o século com O livro negro do comunismo. Seria possível, ainda, montar uma lista de similar envergadura citando apenas obras aqui omitidas. Órfãos de seus principais heróis intelectuais - o último, Milton Friedman, faleceu em 2006 – os liberais do século XXI se descobriram com a responsabilidade de alimentar a tocha da liberdade com novo combustível intelectual. Para esse empreendimento, Radicals for Capitalism é indispensável. Não há outra introdução ao pensamento libertário mais completa para aqueles que preferem entender ideias abstratas através de uma narrativa histórica. Ao resgatar toda a tradição libertária com uma abrangência jamais feita, Brian Doherty permite aos liberais do novo século escreverem suas primeiras páginas conscientes do lugar que ocupam no contexto da tradição liberal.

1) O mistério do capital: por que o capitalismo dá certo nos países desenvolvidos e fracassa no resto do mundo
Autor Hernando de Soto
Editora Record
Ano 2001
O século XXI pode ser o século em que a miséria será erradicada da humanidade. Para aqueles que querem assumir o dever de fazer dessa promessa uma realidade, O mistério do capital é leitura obrigatória. Seu trabalho pioneiro fez de Hernando de Soto um dos economistas mais famosos do mundo, assim como alvo de atentados terroristas por parte dos maoístas peruanos. De Soto revolucionou o debate do desenvolvimento e teve o raro privilégio de atestar o sucesso da aplicação de suas ideias. Os desenvolvimentistas do século XX, que, chocados com a desigualdade entre ricos e pobres, se dedicaram a traçar esquemas redistributivos e burocráticos, conseguiram pouco mais do que inflar o poder político, incentivar a corrupção, obstruir a formação do estado de direito, e perpetuar a miséria. A alternativa oferecida por De Soto é mais realista. Ciente de que os países desenvolvidos não foram criados desenvolvidos nem seguiram programas de ajuda externa, o economista peruano coordenou uma série de investigações empíricas para identificar o que impede o terceiro mundo de atingir o mesmo nível de desenvolvimento. Sua descoberta é que os custos institucionais impostos por governos de todo o mundo são o principal obstáculo para a redução da pobreza. Em todo o mundo em desenvolvimento, as dificuldades à formalização de comércio, trabalho, contratos e propriedade exclui uma parcela da sociedade humana da participação no mercado. A propriedade imobiliária é o caso mais emblemático. O fato de os estados não reconhecerem os direitos de propriedade de milhões de pessoas aos imóveis que elas de fato possuem impede que elas capitalizem bens que somam quase 10 bilhões de dólares. É a livre iniciativa que vem tornando a miséria cada vez mais uma exceção no mundo desenvolvido, e é a falta de livre iniciativa que aprisiona milhões de pessoas numa condição de pobreza, revela O mistério do capital.


Esta lista, que começa com um livro sobre desenvolvimento, termina como um livro sobre desenvolvimento. Para um século em que o bem-estar humano pode se tornar universal, nada mais oportuno.

Participaram da votação para os 10 livros liberais mais relevantes da década:
Alberto Mingardi, diretor geral do Istituto Bruno Leoni.
Alejandro Chafuen, presidente da Atlas Economic Research Foundation.
Alex Tabarrok, economista da George Mason University.
André Azevedo Alves, diretor de Causa Liberal.
Bryan Caplan, economista da George Mason University.
Daniel Klein, economista da George Mason University.
David Boaz, vice-presidente executivo do Cato Institute.
Diogo Costa, coordenador do OrdemLivre.org.
Emmanuel Martin, diretor do UnMondeLibre.org.
Fred Smith, presidente do Competitive Enterprise Institute.
Jason Kuznicki, research fellow do Cato Institute.
Joey Coon, diretor de programas estudantis do Cato Institute.
Juan Carlos Hidalgo, coordenador de projetos para a América Latina do Cato Institute.
Jude Blanchette, gerente institucional para a Ásia da Atlas Economic Research Foundation.
Khalil Ahmad, diretor de Alternate Solutions Institute.
Leonard Liggio, vice-presidente acadêmico da Atlas Economic Research Foundation.
Marius Gustavson, gerente de projeto do Civita.
Martin Agerup, colunista, presidente da academia dinamarquesa de estudos futuros.
Matt Zwolinski, professor de filosofia na University of California, San Diego.
Peter Boettke, economista da George Mason University.
Tom Palmer, vice-presidente de programas internacionais da Atlas Economic Research Foundation.
Will Wilkinson, editor de Cato Unbound.

1596) Cuba e Coreia do Norte: duas economias socialistas que resistem...

...para maior infelicidade de seus respectivos povos.
Temos um pouco mais de informações sobre Cuba porque ela está mais perto, e existem muitos cubanos exilados. A Coréia do Norte é um caso diferente: um gulag muito pior do que aquele soviético.
Abaixo, uma matéria sobre a situação cubana, mas apenas pelo lado material. As misérias morais, o totalitarismo, a censura, os abusos, esses são de graça...

Cuba admite que la crisis le ahoga
MAURICIO VICENT | La Habana
El País, 21/12/2009

El Gobierno reconoce que las predicciones para 2010 son mucho peores de lo que se esperaba.- Raúl Castro acusa a Obama de tener un doble juego hacia la isla

Cuba se asfixia. Necesita aire. La falta de productividad y la ineficiencia de la economía, unida a una gravísima crisis de liquidez por la escasez de divisas, han puesto contra la pared al Gobierno de Raúl Castro, que prepara un severo plan de ajuste para evitar una quiebra financiera. El presidente cubano encabezó ayer una importante reunión del Parlamento para discutir el plan económico de 2010, un año que ?se admite ya abiertamente? estará marcado por las tensiones económicas extremas y el recorte de los gastos sociales.

Castro aseguró que, en medio de la crisis, es más necesario que nunca regresar a los planes quinquenales y al método de la "planificación", que ahora se convierte en "una necesidad vital para excluir los riesgos de la improvisación". Dijo que ya se trabaja en "la proyección 2011-2015". En las actuales condiciones, afirmó, se "privilegiarán" aquellas actividades que generan ingresos y sustituyen importaciones, así como la producción de alimentos.
El presidente cubano también se refirió en extenso al diferendo con EE UU, y acusó al Gobierno de Barack Obama de tener un doble juego hacia Cuba. "A pesar de la enorme campaña propagandística desplegada para confundir al mundo acerca de una aparente disposición de dar un giro en el diferendo bilateral (...), lo cierto es que se mantienen intactos los instrumentos de la política de agresión a Cuba y el Gobierno de Estados Unidos no renuncia a destruir la Revolución y generar un cambio de nuestro régimen económico y social".

Según Castro, "en las últimas semanas" se han "multiplicado los esfuerzos" de la nueva Administración "con ese propósito". "Crece el aliento a la subversión abierta y encubierta contra Cuba", dijo. El mandatario mencionó la reciente detención en la isla de un estadounidense que repartía computadoras y teléfonos móviles a "agrupaciones de la sociedad civil" para subvertir el orden.

Pese a las denuncias, tendió una rama de olivo a su enemigo y ratificó "la sincera voluntad de Cuba de solucionar definitivamente el diferendo con EE UU, a partir de un diálogo respetuoso".

Antes de Castro, el ministro de Economía, Marino Murillo, documentó la gravedad de la crisis económica al presentar el informe sobre el plan de la economía nacional y los presupuestos de cara al año próximo.

El crecimiento del PIB en 2009, previsto al inicio del año en un 6%, finalmente fue del 1,4%. El funcionario admitió que uno de los problemas más asfixiantes para la economía es la "marcada desaceleración de los flujos de divisas", que ha llevado al país a incumplir compromisos financieros y a encontrar muchas "dificultades para acceder a fuentes de financiamiento".

Murillo no mencionó directamente la situación de medio centenar de empresarios extranjeros a quienes los bancos cubanos retienen sus depósitos. Cálculos extraoficiales cifran en más de 600 millones de dólares (420 millones de euros) los fondos extranjeros que no se pueden transferir debido a la falta de liquidez, y no se adivina una solución a medio plazo. "Los compromisos financieros existentes determinan que la situación sea muy tensa", admitió a los diputados. Castro dijo después que "se ha reducido en más de un tercio las retenciones de pagos acumuladas desde el exterior" y afirmó que se honrarán los compromisos adquiridos.

El ministro cubano de Economía trazó un panorama más negro que gris de la crisis: en relación a 2008, este año las inversiones disminuyeron un 16%, mientras que las exportaciones decrecieron un 22% y las importaciones un 37,4%, una cifra descomunal que trae a la memoria de los cubanos infaustos recuerdos. Otros datos reveladores son que el sector industrial decreció un 2% y que la productividad del trabajo, ya de por sí escasa en Cuba, cayó un 1,1%.

La situación se vio agravada en 2009 por varios factores: la crisis financiera internacional, el embargo estadounidense y las secuelas de los huracanes, que provocaron pérdidas por 10.000 millones de dólares, en primer lugar. Además, en el periodo bajaron los precios del níquel, principal producto cubano de exportación, y descendieron los ingresos por concepto de turismo y de servicios ofrecidos a Venezuela. En resumen, una ruina....

"Y se prevé que las condiciones externas continuarán siendo muy difíciles en 2010", dijo Murillo. El plan para hacer frente a la situación se basa en un severo plan de ajuste, que incluye un control exhaustivo de los gastos, "concentrar las inversiones en aquellas áreas que aportan divisas en el corto plazo y sustituyan importaciones", disminuir los inventarios y "dar prioridad" a las producciones que generan exportaciones, y finalmente "reducir los gastos sociales" hasta niveles compatibles con las posibilidades de la economía.

En un país como Cuba, hablar de que es imprescindible "reducir los gastos sociales" tiene una lectura muy clara. No se han especificado medidas concretas, pero se especula con la posibilidad del próximo anuncio de un paquete de restricciones que hará más difícil la vida de los cubanos. Por dónde irán los tiros, todo el mundo se lo imagina. Murillo afirmó que el problema de la baja productividad se debía esencialmente al "subempleo y las plantillas infladas" y que el Gobierno deberá tomar medidas.

Las reformas planearon desde la sombra en el discurso de clausura de Castro. El presidente cubano dijo ser consciente de la inquietud de la población sobre la insuficiente "velocidad y profundidad de los cambios" que hay que introducir en la economía. Cuba va a actualizar su modelo económico pero, enfatizó, sin "improvisación" ni "apresuramientos".

UNA SITUACIÓN COMPLICADA
-La economía echa el freno. En 2009, el Gobierno tuvo que reducir dos veces la meta de crecimiento de la economía: del 6% inicial, se rebajó al 2,5% y, antes de terminar el año, el pronóstico se redujo a alrededor del 1,7%. Finalmente, el ministro de Economía, Marino Murillo, dijo ayer que el crecimiento de la economía llegará sólo al 1,4%.

-Falta de liquidez. Este problema, que siempre ha sido la espada de Damocles de la economía cubana, es ahora asfixiante. Las exportaciones han caído un 22% y las importaciones se han reducido un 37,4% con relación a 2008. El desabastecimiento en las tiendas de divisas es general. Hay recortes en el consumo eléctrico para evitar los apagones. Algunas empresas han cerrado. Muchos empresarios extranjeros no pueden transferir el dinero que tienen depositado en sus cuentas en bancos cubanos porque no hay fondos.

-Medidas de ahorro. El Gobierno ha comenzado a eliminar subsidios y gratuidades sociales. Las restricciones en 2010 serán mayores y se pide a la gente que se apriete el cinturón. Entre otras medidas, el Gobierno ha empezado a eliminar los comedores obreros. Algunos alimentos han salido de la libreta de racionamiento. En las tiendas y centros laborales del Estado se prohíbe usar el aire acondicionado durante gran parte de la jornada, y las empresas que no aportan divisas a la economía han sido cerradas.

-Mal estado de la vivienda. De los 3,5 millones de viviendas que hay en Cuba, la mitad se encuentra en estado regular o malo. La situación empeoró notablemente el año pasado, cuando los tres huracanes que arrasaron la isla provocaron derrumbes y daños en cerca de 600.000 viviendas, un 15% de las existentes.

1595) Depois do fracasso de Copenhagen, o Consenso de Copenhagen...

...mas não algo que tenha a ver, de perto ou de longe, com a paranóia do aquecimento global e a esquizofrenia das medidas mitigadoras (que vão custar bilhões e não vão resolver o problema).
Refiro-me a prioridades verdadeiras e relevantes, que foram condensadas neste esforço conduzido pelo ambientalista cético Bjorn Lomborg.
O que segue abaixo foi retirado da Wikipedia (não é perfeito, mas dá para ter uma ideia do que se trata).

Copenhagen Consensus
Wikipedia (21.12.2009)

The Copenhagen Consensus is an effort by Bjorn Lomborg's Environmental Assessment Institute to develop a prioritized list of solutions to the world's great challenges, such as diseases, malnutrition, sanitation, and climate. It has been criticized on the grounds that the process has been put to "dishonest uses", in order to bolster Lomborg's attacks on the Kyoto agreement [1]. Others have praised the project as demonstrating that "It's time for the Europeans, especially, to admit that, on the critical question of global welfare, George Bush has got it right"[2]. The individual parts of the process dealing with topics other than climate (such as AIDS and access to water) have been more generally welcomed.

A Lomborg-directed Copenhagen Consensus Center has since been created.

Contents
1 History
2 Sponsors
3 Panel of Experts
4 Challenge Paper authors
5 "Opponents"
6 Contact information
7 Other SourceWatch resources
7.1 External links

History
In early March 2004, Lomborg held a media briefing in London announcing the conference. "The world faces a number of serious problems such as pollution, hunger and disease. Which problem should be addressed first? There are 800 million people starving, 2.5 billion people lacking sewerage, and billions affected by climate change. We all wish that there were money enough to solve all problems. But our means are limited. Therefore policy-makers prioritize every day, but not always on the best basis. Copenhagen Consensus will provide a framework to allow us to make better prioritizations," Lomborg wrote in a media statement.

On April 7, Lomborg, Jagdish Bhagwati, the Washington correspondent for The Economist, Dominic Ziegler, and the U.S. marketing director for Cambridge University Press, Sloane Lederer, held a U.S. launch at the National Press Club in Washington, D.C.[3]

Due to take place over May 24-28 2004 - with the support of The Economist magazine - it will take the form of a meeting of a selection of nine eminent, generally right-wing economists, all of whom are from wealthy, industrialised countries. These economists will consider a set of ten "challenge papers" on subjects such as education and climate change, and prioritise economic solutions to these problems. The ten challenge papers will be published as a collection by Cambridge University Press, which published the English language version of Lomborg's The Sceptical Environmentalist.

The experts will discuss ten problems selected by Lomborg and the panel: climate change, communicable diseases, conflicts, education, financial instability, governance and corruption, malnutrition and hunger, migration, sanitation and water, and subsidies and trade barriers. According to an editorial in The Economist the issues selected were selected by the panel from a list developed by Lomborg's institute which in turn were selected "from aims identified in various contexts by the United Nations and other international bodies." [4]

Since the conference was first announced, five of the seven board members of the EAI have resigned: two for personal reasons, and three in protest at the conference, which they say goes far beyond the EAI's original remit by considering subjects such as financial instability, corrupt governance and infectious diseases. [5], [6]

The exercise has been strongly criticised by NGOs such as Oxfam for drawing attention away from the existing consensus built up over several years and codified in the United Nations Millennium Development Goals.

It has also attracted criticism for an approach which tries to define development goals without involving any representatives from developing countries.

Finally, it has been questioned if a panel of exclusively free-market thinkers, several of whom have published views sceptical of the Kyoto consensus, can produce what is supposedly a neutral output on the issue.

As Australian economist and blogger, John Quiggin, wrote: "What can we say about this list? The Nobel prizewinners are obviously eminent, but they're not the names that spring to the front of my mind when I think about a question like setting global priorities for development and the environment. Heckman is a micro-econometrician, Smith is an experimenter, focusing on micro issues, and Fogel and North are economic historians (North's ideas are relevant to the big-picture issues of growth and development, so he's a partial exception, but only a partial one)," he wrote.

"The problem becomes clearer when I consider the names of those Nobelists who would be obvious candidates, including Kenneth Arrow, Joseph Stiglitz, James Mirrlees, Robert Solow and Amartya Sen. All of these economists have made extensive contributions to the theory of economic growth and development, and all have been keenly interested in environmental issues. Unfortunately for Lomborg, though, all except Mirrlees are strong supporters of action to mitigate global warming. Having looked at the absentees, I look back at the list of inclusions and note that the one thing they have in common is that they are all generally regarded as right-wing," he wrote. [7].

More recently, the conference approach has been amended to include a number of "opponents" [8]. It is not quite clear what these people are "opposing": the opponents on the issue of climate change, Robert Mendelsohn and Alan Manne, have both produced research which happens to support Lomborg's own views on global warming. Mendelsohn, for example, has said that "for the world as a whole, the benefits [of global warming] are offsetting the damages" [9], and Manne has produced a study with the Electric Power Research Institute which claim that the costs of the Kyoto protocol will be unecessarily high: waiting 20 years to start reductions would lower the cost of emissions reductions by 40 percent, he claims [10].

At the March press conference the deputy editor of The Economist, Clive Crook, was keen to hustle what he hoped would be the international significane of the event. "We hope that the meeting in Copenhagen will have global implications both academically and politically. Copenhagen Consensus is an outstanding, visionary idea and deserves global coverage," he wrote in a media statement. [11]

Lomborg told BBC Online that his expectation was that the conference would provide direction on funding priorities. "The world faces a series of serious problems such as pollution, hunger and disease. Which problem should be addressed first? … We all wish there was enough money to solve every problem. But there is a limit to how much money we have. Therefore politicians prioritise every day, but not always on the best basis. Copenhagen Consensus will provide a framework to allow us to prioritise sensibly," he told BBC Online. [12]

However, Lomborg has made abundantly clear that allocating resources to combatting climate change would be at a cost of what he points to as more important issues such as access to clean drinking water. [13]

"I'm not saying that this [climate change] is a question of me saying, "oh, it's going to be a little problem", I'm saying all of the models have looked at, what will be the costs and benefits. We should do something else. We can actually do a lot more good elsewhere," Lomborg said in one interview. [14]

(The argument expressed by economists such as John Quiggin, that Kyoto will achieve both the reduction of emissions and the movement of capital to poorer countries, is not set to be considered during the exercise.)

In an editorial explaining the purpose of the conference, even The Economist itself seems resigned to the outcomes being ignored because of the narrowness of the panel. "And if the Copenhagen panel of experts does manage, despite these difficulties, to reach some kind of substantive agreement, there is little reason to suppose that politicians or the wider public will go along with a consensus reached among a group of economists, a tribe renowned in the wider world for its desiccated view of human welfare," The Economist wrote.

The Economist rather bizarrely - and with a touch of arrogance - foreshadows that if the conference outcomes are ignored it will simply confirm the superiority of the panel's intellectual analysis over the populist tendencies of the public and decision makers. "... The fact remains that governments already have very large aid budgets, which they apportion somehow among competing demands -- doubtless paying more attention to the fluctuating pressures of press and television than any consistent or coherent method of analysis. Implicitly, their decisions already reflect underlying estimates of costs and benefits, but the process is arbitrary and closed to inspection. Even if the Copenhagen Consensus project does no more than force that fact to be acknowledged, it will have been worth the trouble," the Economist forlornly concludes. [15]

Results Global Crises, Global Solutions (ISBN 0521606144) is a book presenting the first conclusions of the Copenhagen Consensus, edited by Bjørn Lomborg, published in 2004 by the Cambridge University Press.

The 17 different options were ranked in this order: 1. Control of HIV/AIDS 2. Providing micro nutrients 3. Trade liberalisation 4. Control of malaria 5. Development of new agricultural technologies 6. Small-scale water technology for livelihoods 7. Community-managed water supply and sanitation 8. Research on water productivity in food production 9. Lowering the cost of starting a new business 10. Lowering barriers to migration for skilled workers 11. Improving infant and child nutrition 12. Reducing the prevalence of low birth weight 13. Scaled-up basic health services 14. Guest worker programmes for the unskilled 15. Optimal carbon tax 16. The Kyoto Protocol 17. Value-at-risk carbon tax

More information about these results can be obtained at the Consensus' website.

Sponsors
According to the conference website the sponsors are

The Tuborg Foundation and The Carlsberg Bequest to the Memory of Brewer I.C. Jacobsen with 1,1 million Danish Kroner
The Ministry of the Environment with 2 million Danish Kroner.
The Economist magazine [16]
Panel of Experts
Jagdish Bhagwati
Robert W. Fogel
Bruno Frey
James Heckman
Justin Yifu Lin
Douglass North
Thomas Schelling
Vernon L. Smith
Nancy Stokey

Challenge Paper authors
Professor Kym Anderson - Subsidies and Trade Barriers
Professor Jere Behrman - Malnutrition and Hunger
Senior Fellow, Dr. William R. Cline - Climate Change
Professor Paul Collier - Conflicts
Professor Barry Eichengreen - Financial Instability
Professor W. Michael Hanemann - Sanitation and Water
Professor Phillip L. Martin - Population: Migration
Professor Anne Mills - Communicable Diseases
Lecturer, Dr. Lant Pritchett - Education
Professor Susan Rose-Ackerman - Government and Corruption

"Opponents"
Robert Mendelsohn, Edwin Weyerhaeuser Davis Professor, Professor of Economics, and Professor in the School of Management.
Alan Manne professor emeritus of operations research at Stanford University.
Jacques van der Gaag Professor of Development Economics, University of Amsterdam, Dean of the Department of Economics and Econometrics.
Michael Intriligator Professor of Economics, Political Science and Policy Studies, University of California, Los Angeles and Senior Fellow, Milken Institute;
Tony Addison Professor, Deputy Director, Project Director, Senior Research Fellow, World Institute for Development Economics Research (WIDER) of the United Nations University (UNU)
Paul Schultz Malcolm K. Brachman Professor of Economics, Department of Economics, Yale University.
Ludger Woessmann Dr. Head of Department, Research Department "Human Capital and Structural Change", ifo Institute of Economic Research at the Ludwig-Maximilians-Universität.
Charles Wyplosz Professor of Economics, and Director of the International Centre for Money and Banking Studies, Graduate Institute of International Economics, Geneva.
Peter Blair Henry Associate Professor of Economics in the Graduate School of Business, Stanford University.
Jens Andvig Senior Researcher, Dr. philos (Ph.D) in Economics, University of Oslo
Jean Cartier-Bresson Professor of Economics, Université de Versailles Saint-Quentin en Yvelines, France.
Peter Svedberg Professor of Development Economics, The Institute for International Economic Studies.
Simon Appleton Dr., Senior Lecturer in Economics, School of Economics, University of Nottingham.
Mark Rosenzweig, Mohamed Kamal Professor of Public Policy, at Kennedy School, Harvard.
Roger Böhning, Director, Programme on Promoting the Declaration on Fundamental Principles and Rights at Work, International Labour office, Geneva.
John Boland, J.J. Hermans Professor of Chemistry
Jan Pronk, Professor Theory and Practice of International Development, Institute of Social Studies. Former Minister for Development Cooperation, The Netherlands and Special Envoy Secretary General United Nations for the World Summit on Sustainable Development.
Arvind Panagaryia, Professor of Economics at Columbia University [17]

Contact information
Director Bjorn Lomborg
Ph 45 7226 5800
Project Manager Henrik Meyer
Phone: 45 7226 5820
Web: http://www.copenhagenconsensus.com

Other Source
Watch resources

Bjorn Lomborg
Copenhagen Consensus Center
Climate change
Climate change sceptics

External links
Ten problems for the world - but which one to fix first?, Editorial, The Scotsman, 1 June, 2004.
Bjorn Lomborg, "Copenhagen Consensus - Prioritizing the world's problems", Media Release, March 5, 2004.
"A modest undertaking", Editorial, The Economist, March 4, 2004.
Copenhagen Consensus 2004, "US launch of Copenhagen Consensus, Media Release, April 2, 2004.
Vanessa Houlder and Clare MacCarthy, Danish writer cleared of 'scientific dishonesty', Financial Times, December 17, 2003
Mass exodus from Lomborg Institute, Copenhagen Post, 28 November, 2003.
Geoff Dyer, Economists to rank aid effectiveness, Financial Times, Mar 05, 2004.
Mark Kinver, "'Eco-myths are a gun to the head', BBC News Online, February 27, 2004.
Alex Kirby, "Setting the world's priorities", BBC News Online, March 5, 2004.
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John Quiggin, An Unbalanced Panel? (blog entry about Copenhagen Consensus panel), March 07, 2004.
John Quiggin, Thought for Thursday (blog entry about Lomborg's argument that water aid is better than Kyoto), October 09, 2003
John Quiggin, The cost of doing nothing, Australian Financial Review, 11 April, 2002.
Bjorn Lomborg, "Time for the climate doomsters to face reality", The Times, May 11, 2004.
John Quiggan, "Copenhagen Con?", Crooked Timber, May 24, 2004.
Sebastian Mallaby, "Arts of Development ", Washington Post, May 24, 2004.
Jeffrey D. Sachs, "Seeking a global solution", Nature, Volume 430, August 12 2004, pages 725 -726. (Sub req'd).
Bjorn Lomborg, "Need for economists to set global priorities", Nature, Volume 431, September 2, 2004, page 17. (Sub req'd).
Tom Burke, "This is neither scepticism nor science - just nonsense: Why is Bjorn Lomborg's work on climate change taken seriously?", The Guardian (UK), October 23, 2004. 'Cost-benefit analysis can help you choose different routes to a goal you have agreed, but it cannot help you choose goals. For that we have politics.'
John Quiggin "Copenhagen: conned again", Crooked Timber, December 13, 2004.
Hans Martin Seip and Pål Prestrud, "Climate Measures Bad Investments? Hardly ", GNet, undated, accessed December 2004.
John Quiggin, "Copenhagen review", John Quiggin (blog) , January 21, 2005. (Another version of this article was published in theAustralian Financial Review on the same day as "A curious consensus" but is available to subcribers only).
"Hotting up (The debate over global warming is getting rancorous)", The Economist, February 4, 2005 .

1594) Lincoln Gordon: antecipando sobre a homenagem...

Gostaria de escrever um texto sobre o Embaixador Lincoln Gordon, que acaba de morrer (vide meu post n. 1592) Morte do Embaixador Lincoln Gordon) e a quem conheci em Washington, cultivando uma amizade intelectual que foi infelizmente muito curta para que eu pudesse sorver um pouco de sua experiência de vida e conhecimento prático que ele adquiriu em suas andanças pelo mundo e estudos dirigidos.
Enquanto esse texto não vem, relaciono aqui os dois únicos textos que fiz em torno de um de seus livros (embora tenha consultado um ou dois mais). Se trata, simplesmente da resenha da edição original do livro que ele dedicou ao Brasil e, depois, a Introdução à edição brasileira desse mesmo livro (mas mais completo, como expliquei no post anterior) que se baseou na resenha.
Os interessados podem clicar em alguns dos links, e o que não funcionar ou faltar, podem me pedir (pelo número).
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Paulo Roberto de Almeida

788. “Mr. Gordon e o Brazil”, Washington, 3 mai. 2001, 5 p. Resenha do livro de Lincoln Gordon: Brazil’s Second Chance: En Route toward the First World (Washington, D.C.: Brookings Institution Press, 2001). Publicado na Revista Eletrônica de História do Brasil, Dep. de História e Arquivo Histórico da Universidade Federal de Juiz de Fora, v. 4, n. 2, jul/dez. 2000. (http://www.rehb.ufjf.br/anteriores/v4n2/v4n2.htm); na Via Mundi, Boletim de análise do estado da arte em relações internacionais (Brasília: Dept. de Relações Internacionais da UnB; n. 4, abr/jun. 2001, p. 20-21, ISSN 1518-1227; http://www.relnet.com.br/cgi-bin/WebObjects/RelNet.woa/1/wr?wodata=-2227215904368902003); na Conjuntura Política (Belo Horizonte: UFMG, boletim eletrônico do Dep. de Ciência Política, n. 26, jun. de 2001); em versão abreviada no O Estado de São Paulo (Domingo, 10.06.01, Caderno 2: Cultura); na Revista Brasileira de Política Internacional (a. 44, n. 1, 2001, pp. 179-181); e no site Parlata (22 de abr. de 2004; http://www.parlata.com.br/parlata_indica_interna.asp?seq=23). Relação de Publicados ns. 265, 270, 271, 272, 273 e 472.

894. “Mr. Gordon e o Brazil”, Washington, 22 abr. 2002, 8 p. Apresentação à edição brasileira do livro de Lincoln Gordon: Brazil’s Second Chance: En Route toward the First World (Washington, D.C.: Brookings Institution Press, 2001, xviii+243 p.; ISBN 0-8157-0032-6); A Segunda Chance do Brasil: a caminho do Primeiro Mundo (São Paulo: Editora Senac, 2002). Relação de Publicados n. 384.

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Gostaria de acrescentar este link para a entrevista que ele concedeu ao Programa Roda Viva, quando veio ao Brasil lançar o seu livro:

Lincoln Gordon
Programa Roda Viva, TV Cultura de São Paulo
02/12/2002

O embaixador americano, que viveu o golpe militar de 1964, fala sobre sua atuação no Brasil e sobre o envolvimento dos EUA com a política da América Latina

Paulo Markun: Boa noite! Ele representava o governo dos Estados Unidos no Brasil, na época do golpe militar de 1964. Viveu de perto a crise política brasileira daquele momento, bem como as turbulências que também ocorreram em outros países latino-americanos nos anos 1960. Quase quarenta anos depois está de volta com um livro onde reúne os seus estudos sobre a trajetória política, econômica e social do Brasil e as suas idéias sobre o nosso futuro. No centro do Roda Viva esta noite, o economista e escritor Lincoln Gordon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil entre 1961 e 1966.
(ver no link acima)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

1593) Preparando o balanco de final de ano (mas esperem um pouco)

Sim, como muitos de nós, também quero saber o que fiz de bom (ou de mal, e de mau) neste ano que se termina, uma espécie de balanço pessoal, que também deve incluir alguma programação para 2010. Mas, ainda não é o momento, inclusive porque o ano ainda não acabou e eu ainda tenho um ou dois trabalhos mais "sérios" para terminar.
Mas, já estou preparando o meu balanço, passavelmente crítico, sobretudo lamentando o fato de não ter podido terminar o livro que eu me tinha prometido escrever neste ano: um segundo volume à minha história da diplomacia econômica no Brasil (e que muitos colegas e pesquisadores já me vêm cobrando há alguns anos; calma, calma, ça viendra).
No momento preciso apenas colocar meus papéis em ordem (uma tarefa interminável), arrumar os livros que começam a cair nas três mesas do escritório (e que segundo Carmen Lícia estão atraindo traças, mas não sei se isso é verdade, ou se ela apenas diz para me aterrorizar), compatibilizar meus dois ou três computadores (vai lá saber quantos são), para colocar em ordem e organizar os arquivos eletrônicos, e, finalmente (aí sim), sentar e fazer o balanço de final de ano.
Como não sei exatamente onde vou estar no dia 31 de dezembro, e se vou ter, ou não, acesso a internet, já vou preparar este texto antecipadamente, para só numerá-lo, comme il faut, como o último do ano e fechar a lista dos trabalhos de 2009.
Por enquanto, curioso para saber o que eu escrevi nessa categoria um ano antes, fui buscar meu balanço de final de ano, e encontrei, claro, em dois blogs em posts de 31.12.2008. Para refrescar a memória (e também escrever algo de diferente) resolvi transcrever aqui meu balanço de um ano atrás.
OK, segue o texto de 31.12.2008, prometendo fazer melhor desta vez (promessas quase nunca são cumpridas, mas a gente pelo menos tenta, se não nada acontece, a não ser a compulsão moral). O objetivo de repostá-lo (ugh) é apenas para me lembrar de escrever um outro quando chegar a hora...
Paulo Roberto de Almeida (21.12.2009)

Quarta-feira, Dezembro 31, 2008
Blog DiplomataZ
11) Um balanço de final de ano, com alguma explicação para tal...

Pouco tenho freqüentado este blog, sei disso, que foi foi feito, digamos assim, para reflexões pessoais, algo que ocorre quando temos tempo e lazer de sentar e pensar no que foi feito e no que ainda resta a fazer.
Como tenho estado envolvido, talvez demais, com trabalhos "práticos", acabo deixando esse tipo de atividade intelectual de lado.
Bem, fim de ano é o tempo dos balanços e das reflexões. Portanto, cabe agora este trabalho que segue abaixo.

Um balanço de final de ano, com alguma explicação para tal...
Paulo Roberto de Almeida
Em 31 de dezembro de 2008

A cada final, ou começo, de ano, somos todos tentados a empreender uma espécie de balanço do ano que se passou e a estabelecer algum tipo de planejamento, ou agenda de trabalho, para o ano que se inicia. Isto é próprio desta época, pois a maior parte das pessoas e empresas segue o calendário anual, gregoriano no caso de nossas sociedades ocidentais, para fins de balanço periódico, para contabilidade (e eventual distribuição de lucros), para estoque patrimonial, levantamento de ativos em caixa, ou seja lá o que for.
No que me concerne, não tenho dividendos a distribuir, nem saldos a contabilizar, ou dívidas a pagar – a não ser a rotação normal dos cartões de crédito – e muito menos teria contas a prestar a alguém, a não ser à minha família e minha própria consciência. Sou um ser livre, tanto quanto permitido pela minha condição de funcionário público, de professor universitário e de colaborador voluntário, regular ou ocasional, para uns tantos pasquins eletrônicos que insistem em me ter como escritor anarco-literário. Mas, essa “prestação de contas” eu posso fazer se desejar, pois ninguém irá me cobrar nada se não o fizer. Esta condição que exibimos, de pessoas livres em sociedades livres, é algo relativamente novo na história da humanidade, tendo se consolidado apenas a partir do Iluminismo europeu e do constitucionalismo contemporâneo, sendo ainda desconhecida em determinadas sociedades (felizmente, cada vez em menor número).
A rigor, só posso empreender um balanço de meus trabalhos escritos, pois esta é, talvez, a parte mais visível de minha atividade pessoal, a que mais me engaja, me cativa e me atrai, em sua simplicidade aparente. Toda a minha vida consciente – não sei bem quando começou – tenho sido um observador da realidade, como qualquer outro ser humano, aliás. Toda a minha vida “literária” – que começa na tardia idade de sete anos – tenho sido um leitor compulsivo, um devorador de todo e qualquer papel manuscrito ou impresso, de todo e qualquer livro ou periódico, assim como um espectador menos fiel dos meios de comunicação audiovisuais. Toda a minha vida de “escrevinhador” – creio que a condição se aplica, mas não sei bem quando ela começou – tenho sido um gastador intensivo de lápis, caneta, papel e, desde alguns anos, um produtor compulsivo de bits and bytes, que é como todo mundo, agora – com exceção dos “conservadores” – se manifesta e se expressa para o mundo e para si mesmo.
Pois bem, e o que diria este balanço da minha produção intelectual em 2008? OK, vejamos as contas, agora. Estou fechando este ano de 2008 justamente com este texto, que leva o número 1969. Constatando que comecei este ano que agora termina com o trabalho 1848, isto perfaz, segundo uma aritmética elementar, exatamente 121 trabalhos – em todas as categorias, isto é, ensaios, resenhas, capítulos de livros, ou livros inteiros – o que pode ser visto de diversas formas. Isto representa um trabalho a cada três dias, aproximadamente, não considerando o volume, ou seja, o número de páginas de cada um dos textos (pode ser uma única página, para algum esquema de trabalho, a várias dezenas, ou mesmo mais de uma centena, para outros trabalhos) e o total. Esse tipo de contabilidade “produtivista” eu posso fazer depois, quando tiver tempo e disposição para tanto. Por enquanto, fiquemos num balanço qualitativo, ou em uma explicação.
O que importa mais, neste momento, seria a questão de saber para que serve tudo isto, ou seja, qual o sentido da minha produção aparentemente exagerada? Não sei dizer, sinceramente, apenas confirmo que tenho especial prazer em ler e escrever. Ainda hoje terminei a leitura de um livro – A Splendid Exchange: How Trade Shaped the World, de William J. Bernstein – e, por essas maravilhas dos meios de comunicação modernos, troquei quatro ou cinco mensagens eletrônicas com o autor, um financial theorist and historian (segundo a informação da orelha), que vive em North Bend, estado do Oregon (USA). Escrevi-lhe a propósito de uma simples nota de rodapé que me pareceu bizarra, e daí tive que buscar o meu Marx na prateleira para confirmar aquilo que eu imaginava: a citação do Miséria da Filosofia só se aplicava por causa de uma exigência de Engels para a edição alemã do livro, sendo que a referência original era um simples discurso de Marx na Associação Democrática de Bruxelas, em janeiro de 1848 (acho que o meu marxismo ainda anda afiado, se me permitem os saudosistas...).
Sim, mas qual é o sentido de tudo isto, volto a questionar? Continuo sem saber responder adequadamente, apenas sugerindo que se trata de uma “segunda natureza”, um vício incurável – mas não transmissível, imagino – que me leva a passar a maior parte do meu tempo livre – variável segundo as circunstâncias e obrigações outras – nos atos da leitura, da reflexão e da escrita. And what for?, para qual objetivo, pergunto?
Em primeiro lugar, para minha própria ilustração e satisfação intelectual, suponho, ainda que tal vício possa ser doentio, alerto os possíveis incautos. Quem possui esta gentle madness, esta loucura benigna da leitura e da escrita não pode ser totalmente normal, imagino, mas tampouco é o caso de internação e tratamento compulsório, pois se supõe que pessoas assim não venham a causar grandes males à humanidade, ao contrário. No meu caso, sou totalmente inofensivo, pois costumo ficar no meu canto, aliás vários cantos – o que compreende livrarias, bibliotecas, bares, restaurantes, carro, cama e outros ambientes –, quando estou lendo alguma coisa, o que quer dizer o tempo todo. Quando não estou lendo, estou anotando, ou escrevendo, a mão ou no computador, invariavelmente. Ou seja, trata-se de uma insanidade leve, não nociva aos demais, a não ser aos que se irritam com este meu alheamento temporário, o que pode compreender colegas de trabalho, família, cachorro e até o trânsito, circunstancialmente (sim, de vez em quando leio enquanto estou dirigindo, mas tomando o devido cuidado, claro).
Em segundo lugar, para ilustração dos outros, de colegas, amigos, alunos, curiosos e até desconhecidos, suponho, posto que meus trabalhos são todos divulgados em meios públicos (bem, nem todos). Ao lado desta loucura da leitura e da escrita, tenho o hábito reincidente de ensinar, ainda que esta não seja a minha principal condição profissional. Acontece que, voluntariamente ou expressamente a convite, tenho assumido atividades docentes, à margem ou simultaneamente à minha profissão oficial, atualmente – devo dizer, desde 30 anos – de diplomata. Assim, leio para mim e para os outros, o que quer dizer que coloco no papel o que aprendo nos livros e outros textos publicados. Mas o que explica essa mania de ler e publicar um pouco de tudo, volto a perguntar?
A razão é muito simples: venho de uma família muito modesta, de pais que sequer chegaram a terminar o ensino primário; se tratava, portanto, de um lar onde os livros não abundavam, ao contrário. Meu primeiro contato com os livros se deu numa biblioteca infantil, que por uma dessas felicidades infinitas ocorria de existir próximo à casa de minha infância. Freqüentei-a antes de aprender a ler e continuei freqüentando-a enquanto pude, até meus anos de curso médio, em São Paulo. Devo, provavelmente, a esta biblioteca – Biblioteca Pública Infantil Anne Frank, do bairro do Itaim-Bibi, que se registre – tudo o que sou atualmente, ou quase tudo. Talvez nem tanto a ela, pois outro poderia ser o instrumento desta minha loucura pela palavra impressa, mas certamente à minha própria compulsão (que não considero inata) pela leitura e pela escrita. Sou capaz de lembrar títulos e capas de vários livros que li na Anne Frank, inclusive um chamado, justamente, A Palavra Escrita, do crítico literário Wilson Martins. Tenho de passar lá um dia, para ver se consigo fazer uma lista completa de minhas leituras de infância.
Depois de adquirido esse vício incurável (pelo menos para mim), passei a ler em toda e qualquer circunstância, adquirindo também o hábito de fazer anotações dessas minhas leituras. Mais tarde, quando se fixou em mim a consciência absolutamente fiel e verdadeira de que tudo o que sou devo à leitura e à reflexão crítica – pois poucos eram os outros meios para minha elevação social, a partir do meio em que vivia – passei a ter também o desejo, não tão secreto, de interessar outros por essa mesma loucura gentil. Sempre recomendei livros e sempre presenteei pessoas com livros. Sim, me arrependo amargamente de também ter emprestado livros a quem não merecia, pois sou capaz de lembrar, ocasionalmente, de um ou outro livro perdido com esses depositários infiéis. (Curioso que, tendo feito tantos cadernos de anotações de livros, eu nunca tenha feito um para anotar meus empréstimos a terceiros, o que sempre lamento quando vou buscar um livro que não encontro em minhas estantes abarrotadas.)
Bem, continuando nossa história de balanço. Em terceiro lugar, minhas leituras e meus escritos servem, sobretudo, a dois objetivos maiores. Por um lado, me permitem fixar uma espécie de síntese do que vou aprendendo e consolidando como conhecimento útil. Por outro, os escritos me permitem transmitir a outros aquilo que aprendi, não por exibicionismo pueril, mas por imaginar – talvez ingenuamente – que os outros também estejam interessados em se enriquecer intelectualmente e em ampliar seu domínio sobre o mundo. Sempre estou supondo que os homens (e as mulheres, obviamente) sejam seres racionais, e que eles estejam motivados em dar um significado maior a suas vidas, que não o simples ato de trabalhar, satisfazer necessidades básicas e depois se aplastar frente à TV para repousar. Provavelmente não é bem assim, mas nunca desisto de meus intentos sorrateiros de – sem qualquer pretensão megalomaníaca – contribuir para a “elevação espiritual da humanidade” (com perdão pelo chavão já gasto). Como eu me fiz dessa forma, fico imaginando que as outras pessoas também aspirem aos mesmos nobres objetivos (aqui, sem qualquer pieguice).
Em todo caso, tenho para mim que sempre devemos trabalhar para deixar um mundo melhor do que aquele que encontramos ao nascer. O mundo hoje é certamente melhor do que aquele que meus pais conheceram e o que eu mesmo encontrei em minha infância. Lamento, sinceramente, que os jovens da minha condição, atualmente, não disponham mais da mesma escola de qualidade que foi a minha, no sistema público do final dos anos 1950 e início dos 60. Com todas as suas deficiências, essa escola pública me permitiu, com o complemento de minhas leituras em biblioteca – e certamente muito esforço individual, no estudo auto-assumido –, ingressar, exclusivamente pelo mérito, em uma universidade de qualidade, o que imagino seja virtualmente impossível a um jovem de condição modesta, em nossos dias. Outro de meus objetivos, através dos meus escritos e aulas, é, portanto, tentar devolver à sociedade aquilo que dela recebi, em meu tempo, através dos meios públicos de ensino e formação literária. Tento fazer a minha parte, justamente por meio da divulgação pública de meus trabalhos e leituras.

Voilà: creio que meu balanço e a minha explicação agora estão feitos, e posso, assim, encerrar o ano com este trabalho de avaliação pessoal e de “prestação de contas”, em primeiro lugar para mim mesmo. Não precisava, mas é também uma forma de olhar para trás e constatar o muito que já foi feito, e o muito que ainda resta a fazer.
Sim, pelo lado do planejamento, vejamos o que eu poderia me fixar como agenda auto-assumida de trabalhos. Bem, no pipeline imediato de trabalhos prometidos e até agora inconclusos – e que passam, assim, para a lista de working files de 2009 – estão um ensaio sobre o regionalismo sul-americano (em francês) e algumas resenhas curtas para o boletim da Associação dos Diplomatas (onde assumi a seção “Prata da Casa”), além de uma ou outra resenha prometida a amigos e conhecidos (editores graciosos). Depois disso, vou me fechar um pouco, pois pretendo terminar o segundo volume de minha história da diplomacia econômica no e do Brasil, que deveria estar concluído há muito tempo (mas sempre vamos postergando “grandes obras”, e assumido “pequenas”, ou mais fáceis). Depois? Bem, ainda tem o terceiro volume, mas isto pode ficar para depois, bem depois (ainda planejo mais uns vinte livros nos próximos vinte anos...).

Finalmente, gostaria de agradecer, formal e expressamente, a todos os amigos, colegas de trabalho, familiares, conhecidos e correspondentes desconhecidos, com quem tenho interagido utilmente (por vezes até inutilmente) no período recente, e que me têm abastecido de livros, notícias, informações úteis ou bizarras, que me alimentam no esforço de reflexão e na preparação de meus trabalhos. Espero, da mesma forma, ter sido útil a tantos colegas e amigos, e aproveito para desejar a todos um ótimo 2009. Até o próximo encontro, neste mesmo local e momento do ano.
Felicidades a todos!

Brasília, 1969: 31 de dezembro de 2008.
Postado por Paulo R. de Almeida às Quarta-feira, Dezembro 31, 2008

1592) Morte do embaixador Lincoln Gordon

Lincoln Gordon Dies at 96; Educator and Ambassador to Brazil
The New York Times, 21 December 2009

Lincoln Gordon, a diplomat, educator and political economist who was the American ambassador to Brazil in the Kennedy and Johnson administrations and the president of Johns Hopkins University in the late 1960s, died on Saturday at an assisted-living home near Washington. He was 96.

Dr. Gordon died at Collington Episcopal Life Care in Mitchellville, Md., where he had lived for the past two years, his son Robert said. He had been a Washington resident for many years and was still an active associate of the Brookings Institution there.

A scholarly, pipe-smoking economist who earned a doctorate at Oxford and was a Harvard professor for many years, Dr. Gordon was posted to Paris and London as an administrator of the Marshall Plan for European recovery after World War II. He served as the United States envoy to Brazil from 1961 to 1966 and was the president of Johns Hopkins from 1967 to 1971.

He was the author of books on government, the economy, energy and national security, foreign policy in Europe and Latin America, and Brazil's emergence from military dictatorships to partnership with the nations of North and South America. He also wrote many articles on North Atlantic Treaty Organization strategies, the integration of Europe and the Alliance for Progress in Latin America.

In a career split between academic appointments and government service, Dr. Gordon, a Democrat, taught business and international affairs at Harvard, served on the War Production Board during World War II and was later a consultant to the United Nations Atomic Energy Commission, a White House economics adviser and the assistant secretary of state for inter-American affairs.

Abraham Lincoln Gordon, who never used his first name, was born on Sept. 10, 1913, in New York to Bernard and Dorothy Lerner Gordon. His father was a lawyer and his mother moderated youth forums broadcast by NBC and for The New York Times on WQXR. He attended Ethical Culture schools, graduated with high honors from Harvard in 1933 and earned his doctorate as a Rhodes scholar in 1936.

In 1937, he married the former Allison Wright. She died in 1987. Besides his son Robert, of New Haven, he is survived by two daughters, Sally Gordon of Los Angeles and Amy Gordon of Gill, Mass.; another son, Hugh, of Ardmore, Pa.; seven grandchildren; and two great-grandchildren.

After the election of President John F. Kennedy in 1960, Dr. Gordon served on a task force that developed the Alliance for Progress, the program that provided aid intended to dissuade Latin America from revolution and socialism. Dr. Gordon took up the ambassadorship in Brazil in 1961 at a time of high inflation and just as a left-wing president, Joao Goulart, took office.

President Goulart was deposed in a right-wing military coup in 1964. Accusations that Dr. Gordon, his staff and the Central Intelligence Agency had been involved in the coup were repeatedly denied.

But in 1976, nearly a decade after stepping down as ambassador, Dr. Gordon acknowledged that the Johnson administration had been prepared to intervene militarily to prevent a leftist takeover of the government.

After returning from Brazil in 1967, Dr. Gordon, in addition to his State Department role, coordinated aid to Latin America through the Alliance for Progress. When he stepped down a year later to accept the Johns Hopkins presidency, President Lyndon B. Johnson praised his service as ''a rare combination of experience and scholarship, idealism and practical judgment.''

Dr. Gordon's four years at Johns Hopkins were dogged by deteriorating finances, faculty complaints over pay and academic priorities, and students rebellious over the ''relevance'' of their educations. He resigned in 1971.

From 1972 to 1975, Dr. Gordon was a fellow of the Woodrow Wilson International Center for Scholars at the Smithsonian Institution.

Later in the 1970s, he was associated with Resources for the Future, a research and policy organization in Washington, and since 1984 had been an economist with Brookings, which studies domestic and foreign policy issues.

His books include ''A New Deal for Latin America'' (1963), ''Growth Policies and the International Order'' (1979), ''Energy Strategies for Developing Nations'' (1981), ''Eroding Empire: Western Relations with Eastern Europe'' (1987) and ''Brazil's Second Chance'' (2001).

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Nota pessoal PRA:
Convivi com o Embaixador Lincoln Gordon durante todo o meu período em Washington, o "embaixador do golpe militar", como muitos o chamavam.
Independentemente dessa caracterização, que na verdade expressa apenas nossas próprias divisões políticas -- ainda não colmatadas, quase 50 anos após as crises políticas que desembocaram no movimento militar de 1964 --, eu o achava especialmente lúcido, ativo e muito simpático, sempre presente em todo e qualquer seminário que tratasse do Brasil.
Almoçamos muitas vezes juntos e aprendi a conhecê-lo.
Insisti muitas vezes para que ele terminasse suas memórias e ainda possuo em meu computador o esquema dessas memórias, quase seculares, como seria de se esperar. Ele me prometia terminar, mas acho que nunca o fez. Esperou demais.
Encaminhei-lhe mais de um pesquisador brasileiro, interessado nos eventos de 1961-64, quando sua vida profissional e a vida política do Brasil de então se cruzaram irremediavelmente. Muitos historiadores brasileiros o consideravam (e ainda o consideram) o principal "complotador" do golpe militar de 1964, o que é absolutamente ridículo. Não cabe negar que os EUA se interessavam ativamente pela política brasileira, e certamente não permitiriam, com sua habitual arrogância imperial, que aqui surgisse não uma nova Cuba, mas uma nova China comunista (pelas dimensões e importância do Brasil).
Gordon, que era um reformista sincero, um progressista do New Deal, quase um tecnocrata estatizante (como foi em grande medida toda aquela geração intervencionista, passavelmente keynesiana, e crente nas virtudes das políticas públicas para corrigir "erros de mercado"), ficou conhecido, assim, como um "embaixador do golpe", quando o golpe foi dado pelos militares brasileiros, sob o olhar vigilante do grande irmão americano. Era natural, nas circunstâncias da época.

Quando ele terminou seu livro "Brazil's Second Chance", eu lhe disse, sinceramemte, que achava o livro incompleto, que ele precisava tratar de sua participação, dos EUA queria dizer, no golpe de 1964 com maior grau de detalhe.
Ele então voltou à pesquisa, recolheu mais documentos confidenciais liberados pelo DOS e CIA na Biblioteca Benson da Universidade do Texas, tratando especificamente do envolvimento americano com o golpe, e publicou uma separata, um capítulo complementar ao seu livro editado.
Esse capítulo suplementar fez parte integral do livro em sua edição barsileira, que eu fiz traduzir e editar pela Senac.
Na introdução eu comparava Mr. Gordon ao personagem Mister Slang, de um dos livros de Monteiro Lobato. A capa da edição brasileira pode ser vista em meu site, neste link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/55GordonBook.html
Quem quiser ler a introdução basta me pedir que eu mando.

Eu teria gostado muito de ter lido as memórias de Mister Gordon. Infelizmente, creio que isso não será possível, mas ele deve ter deixado muitos papéis, que provavelmente serão encaminhados aos National Archives, e lá ficarão à disposição dos pesquisadores.

Good bye, Mister Gordon, vou escrever um pequeno texto em sua homenagem: um americano honesto, honrado, grande scholar, que defendeu os interesses de seu país e soube ser simpático à causa reformista e progressista no Brasil, infelizmente envolvido no turbilhão de nossas crises políticas e incompreendido como verdadeiro amigo do Brasil. A história lhe fará justiça...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 21.12.2009

1591) Novo Livro PRA: O Moderno Principe (Maquiavel revisitado)


Capa sobre tela de de Santi di Tito (ca. 1560-1600); © Archivo Iconografico, Corbis.

Tenho o prazer de informar sobre a publicação de meu mais recente livro:

O Moderno Príncipe
Maquiavel revisitado

Paulo Roberto de Almeida
Doutor em ciências sociais. Mestre em economia internacional. Diplomata.
(Rio de Janeiro: Freitas Bastos, edição eletrônica, 2009, 191 p.; ISBN: 978-85-99960-99-8)

Link para aquisição online: http://freitasbas.lojatemporaria.com/o-moderno-principe.html
R$ 12,00

Apresentação:
Se, por alguma fortuna histórica, Maquiavel retornasse, hoje, ao nosso convívio, com as suas virtudes de pensador prático, quase meio milênio depois de redigida sua obra mais famosa, como reescreveria ele o seu manual “hiper-realista” de governança política? Seriam os Estados modernos muito diversos dos principados do final da Idade Média?
Este Maquiavel revisitado, voltado para a política contemporânea, dialoga com o genial pensador florentino, segue seus passos naquelas “recomendações” que continuam aparentemente válidas para a política atual, mas não hesita em oferecer novas respostas para velhos problemas de administração dos homens.

Sumário:

Prefácio
Dedicatória

1. Dos regimes políticos: os democráticos e os outros
2. Das velhas oligarquias e do Estado de direito
3. Da variedade de Estados capitalistas
4. Do governo pelos homens e do governo pelas leis
5. Da transição política nos regimes democráticos
6. Da conquista do poder: a liderança política
7. Da eficácia do comando e da manutenção do poder
8. Da ilegitimidade política: da demagogia e da força
9. Das repúblicas democráticas e sua base econômica
10. Das forças armadas e das alianças militares
11. Do Estado laico e da força das religiões
12. Da profissionalização das forças militares
13. Dos gastos com defesa e da soberania política
14. Da preparação estratégica do líder político
15. Do exercício da autoridade
16. Da administração econômica da prosperidade
17. Do uso da força em política
18. Da mentira e da sinceridade em política
19. Da dissimulação como forma de arte
20. Da dissuasão e da defesa do Estado
21. Da construção da imagem: verdade e propaganda
22. Dos ministros e secretários de Estado
23. Dos aduladores e dos verdadeiros conselheiros
24. Da arte pouco nobre de arruinar um Estado
25. Do acaso e da necessidade em política
26. Da defesa do Estado contra os novos bárbaros

Carta a Niccolò Machiavelli
Recomendações de leituras

Todos os livros do autor

1590) Banco de imagens sobre o Brasil, Unesco-Library of Congress


Title: The Special Features of French Antarctica, Otherwise Called America, and of Several Lands and Islands Discovered in Our Time

Description: André Thevet (1516/17-92) was a Franciscan friar who traveled widely and, through his writings, helped to establish cosmographie--as geography was called at the time--as a science in 16th-century France. After making trips to Africa and the Middle East in the 1540s, he was appointed chaplain to the expedition of Nicolas Durand de Villegagnon, which set out from Le Havre in May 1555 to establish a colony in Brazil. The expedition landed near present-day Rio de Janeiro in November of the same year. In January 1556, Thevet fell ill and left Brazil for France. The following year, he published this account of his voyage. The work was highly popular and led to his appointment as royal cosmographer. Thevet’s account includes descriptions of the coast of Africa, the Canary Islands, and Madagascar, all of which he visited on the way to Brazil, as well as of Florida and Canada, which he may have visited on his return trip. His descriptions of the native peoples he encountered and their customs and beliefs, as well as of the plants and animals he saw, are written in a plain, factual style. The work is illustrated with woodcuts, many of which are highly inaccurate, but which nonetheless influenced works by later travelers such as Theodore de Bry.

Creator: Thevet, André (1502-1590)
Printer: Plantin, Christophe (Around 1520-1589)
Date Created: 1558
Publication Information: Chez les heritiers de Maurice de la Porte, Paris
Language: French
Title in Original Language: Les singvlaritez de la France antarctiqve, avtrement nommée Amerique: & de plusieurs terres & isles decouuertes de nostre temps.
Time: 1500 AD - 1699 AD
Topic: America ; Brazil, French colony, 1555-1567 ; Discovery and exploration ; Thevet, André, 1502-1590
Book, Physical Description: 8 page leaves, 163 numbered leaves, 2 illustrated pages; 16 centimeters
Institution: Library of Congress
External Resource: http://hdl.loc.gov/loc.wdl/dlc.271

Digital World Library: a UNESCO’s gift for humankind
Free access: http://www.wdl.org

The link for the Brazilian section is:
http://www.wdl.org/en/search/gallery?ql=eng&a=-8000&b=2009&c=BR&r=LatinAmericaCaribbean

Na verdade, a maior parte das imagens pertence à Library of Congress.

1589) Doze bilhoes de dolares para Chavez "investir"

Abaixo, matéria em torno de comunicado do Banco Central da Venezuela, pela qual se lê que o BCV acaba de passar 12 bilhões de dólares (vocês leram bem: 12 bilhões) ao controle do Executivo (ou seja, do próprio Chávez), para que este possa usar a título de "reservas excedentárias" (haja excedente).
Acho que poucos Executivos no mundo, mesmo em países ricos, dispõem com tanta facilidade de 12 bilhões de dólares a título de "excedente"...
Isso é que é riqueza! Ou não?
Paulo Roberto de Almeida

Reservas internacionales venezolanas aumentan a 34.614 millones de dólares
Agencias, 19/12/09

Caracas, dic 19 - Las reservas internacionales de Venezuela subieron a 34.614 millones de dólares el jueves, lo que representa un incremento de 34 millones de dólares respecto a la semana anterior, informó este viernes el Banco Central (BCV).

De ese total, 33.784 millones de dólares se encuentran depositados en el BCV y 830 millones en el Fondo de Estabilización Macroeconómica (FEM), mecanismo creado para contrarrestar riesgos mayores en la economía.

Las reservas internacionales de Venezuela cerraron en 42.054 millones de dólares en 2008, según cifras del Banco Central.

En enero, el BCV transfirió unos 12.000 millones de dólares a un fondo especial que administra el Ejecutivo por concepto de "reservas excedentarias". De acuerdo con la reforma de una ley aprobada recientemente, el BCV podrá realizar esas transferencias de manera semestral y no anual, como sucedía hasta ahora.

1588) Conflito Venezuela-Colombia: a visao chavista

Obviamente não existe um conflito Venezuela-Colômbia, mas o primeiro país se esforça por criá-lo, sob diferentes pretextos. As bases colombianas que serão usadas para abrigar soldados dos EUA que fazem parte do processo de qualificação do exército colombiano na lista contra a narco-guerrilha constituem, claramente, um excelente pretexto para o presidente da Venezuela Hugo Chávez agitar o perigo de guerra entre os dois países, ou melhor, da agressão americana contra a sua revolução, uma análise que é partilhada por muitoa observadores acadêmicos aqui mesmo no Brasil, que se referem a essa possibilidade como uma proxy war dos EUA contra a Venezuela (mais precisamente contra Chávez).
Seja lá como for, abaixo uma matéria do jornal La Jornada com a visão chavista desse problema. Não a considero isenta, mas vale a transcrição, para saber quais são os argumentos de uma das partes.
Não preciso dizer que essa visão encontra muitos seguidores no Brasi...
Paulo Roberto de Almeida

EUA, tras la tensión bélica entre Venezuela y Colombia
La Jornada, Lunes 21 de diciembre de 2009

Más temprano que tarde, como había sido advertido por múltiples voces en el continente, la cesión por parte de Colombia de bases militares a Estados Unidos ha desembocado en una escalada de tensiones bélicas en Sudamérica. Mientras que el gobierno que encabeza Álvaro Uribe Vélez anunció el despliegue de siete brigadas (más de mil soldados) en su frontera con Venezuela, el mandatario de este país, Hugo Chávez, denunció que Washington realiza vuelos de espionaje militar sobre el territorio venezolano mediante aviones no tripulados que despegan de aeródromos colombianos, y anunció que su país se prepara para defenderse de una eventual agresión armada lanzada desde el país vecino.

Una buena parte de los medios internacionales ha puesto la mira en las recientes adquisiciones venezolanas de armamento como supuesto detonador de una escalada bélica regional, pero han omitido algunos datos fundamentales: la República Bolivariana realizó tales compras bajo la presión de amenazas de agresión no muy veladas por el anterior gobierno de Estados Unidos, y que Colombia protagoniza, también, un proceso armamentista con el pretexto de combatir a las organizaciones guerrilleras que actúan en su territorio.

Por otra parte, el empeño de las autoridades de Bogotá en desoír las advertencias formuladas por diversos gobiernos de la región –entre ellos los de Argentina y Brasil– sobre los peligros de entregar siete bases militares al Pentágono, parece formar parte de un plan deliberado para agudizar las tensiones en la región y para internacionalizar los conflictos internos que afectan a Colombia. Un antecedente inequívoco, en este sentido, fue la sangrienta incursión ordenada por Uribe Vélez contra un campamento de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) en territorio ecuatoriano, lanzada el primero de marzo del año pasado, ataque en el que murieron el jefe guerrillero Raúl Reyes y otros integrantes de esa organización armada, y en el que los militares colombianos asesinaron a cuatro estudiantes mexicanos e hirieron a una connacional más, Lucía Morett.

Hasta ahora, el presidente colombiano había venido provocando incidentes fronterizos y diferendos con sus vecinos, y los había utilizado con el propósito de aumentar sus índices de popularidad. La cesión de bases a fuerzas militares de Washington, en cambio, no puede explicarse sino como el uncimiento programado de Colombia a una política estadunidense de hostigamiento contra Venezuela, Bolivia y Ecuador, países cuyos gobiernos se han enfrentado a los tradicionales afanes injerencistas de Estados Unidos en el subcontinente.

Una consideración que no debe pasarse por alto es que, a pesar de las buenas intenciones hacia Latinoamérica manifestadas por Barack Obama como candidato presidencial y en sus primeros meses como mandatario, el alineamiento de Washington con los golpistas que tomaron por asalto el poder en Honduras en junio pasado mostró de manera fehaciente las limitaciones de las promesas de la nueva administración estadunidense y exhibieron que el ocupante de la Casa Blanca no puede o no quiere enfrentarse a la continuidad de los designios necolonialistas dictados por los aparatos políticos de Washington y por el complejo militar, industrial y financiero de la superpotencia.

Hoy día, Washington sólo cuenta en Sudamérica con el alineamiento incondicional de los gobiernos colombiano y peruano, y con base en los antecedentes históricos y los patrones seguidos por más de un siglo, es previsible que busque atizar un conflicto regional con el propósito de hacerse de nuevas alianzas –o complicidades– en la zona. Tal es el telón de fondo de las tensiones entre Colombia y Venezuela. Corresponde a los otros estados de América Latina demandar a Uribe Vélez que ponga fin a la presencia militar estadunidense en territorio colombiano, porque es el detonador y el combustible principal de una escalada que podría llegar a extremos indeseables.

1587) Um papa controverso: Eugenio Pacelli e os judeus na IIGM


Photo datée de 1955 du pape Pie XII.
Benoît XVI ravive la polémique sur le rôle de Pie XII durant la Shoah
LEMONDE.FR avec AFP, 21.12.09

Le pape Benoît XVI a rouvert une polémique, samedi 19 décembre, en proclamant "vénérable" le pape Pie XII, ce qui poursuit le processus de béatification de son prédécesseur. Elu pape le 2 mars 1939, Pie XII, Eugenio Pacelli de son vrai nom, est resté dans l'histoire comme le pape de la seconde guerre mondiale. Son attitude durant la Shoah suscite encore de nombreuses controverses. La communauté juive du monde entier a vivement réagi.
Le Consistoire central de France a exprimé dimanche soir sa "stupéfaction". Son président, Joël Mergui, juge dans un communiqué cette décision "des plus surprenantes au vu de l'attitude pour le moins troublante du pape Pie XII durant la seconde guerre mondiale et particulièrement son silence officiel alors que six millions de juifs étaient victimes de la Shoah durant son pontificat". "Afin de clarifier le débat quant à la position et au rôle exact du pape Pie XII", le Consistoire demande, comme l'a fait Israël dimanche, "l'ouverture publique des archives du Vatican à ce sujet avant tout processus d'élévation du pape Pie XII".

"Le processus de béatification ne nous regarde pas, c'est une question qui ne concerne que l'Eglise catholique. Quant au rôle de Pie XII, c'est aux historiens de l'évaluer et c'est pourquoi nous demandons l'ouverture des archives du Vatican durant la guerre", argumente le porte-parole des affaires étrangères israélien, Yigal Palmor. Les archives du Vatican devraient être disponibles au plus tôt en 2013. Les historiens continuent de fouiller le sujet, l'allemand Hubert Wolf s'est déjà penché sur des archives inédites.

BENOÎT XVI A PRIS LA DÉFENSE DE PIE XII

"Compte tenu du silence de Pie XII pendant et après la Shoah, je ne veux pas croire que les catholiques voient en Pie XII un exemple de moralité pour l'humanité, estime pour sa part le grand rabbin de France, Gilles Bernheim. J'espère que l'Eglise renoncera à ce projet de béatification et qu'elle fera ainsi honneur à son message et à ses valeurs." Selon le président du Conseil représentatif des institutions juives de France (CRIF), Richard Prasquier, interrogé par La Croix, cette décision de l'Eglise catholique est "prématurée" et témoigne d'une "négligence" du Vatican.

Samedi, la première réaction est venue d'Allemagne. Stephan Kramer, secrétaire général du Conseil central des juifs d'Allemagne, a estimé que Benoît XVI "réécrit l'histoire". Quant à la communauté juive de Rome, elle a exprimé une position "critique", demandant, elle aussi, l'accès aux archives vaticanes de l'époque et rappelant le départ en 1943 d'un train de déportés juifs vers Auschwitz "dans le silence de Pie XII".

Pie XII a été accusé dès la fin des années 1960 d'avoir eu une attitude passive face à l'Holocauste, ce qui a ralenti son processus de béatification amorcé en 1967. Mais depuis qu'il est devenu pape en 2005, l'Allemand Joseph Ratzinger, adolescent sous le nazisme, a pris sa défense à plusieurs reprises. Benoît XVI, s'appuyant sur des témoignages et archives (encore secrètes) est convaincu que Pie XII a sauvé de nombreux juifs en Europe, cachés dans des institutions religieuses, et qu'il se taisait pour ne pas aggraver leur sort.

Sur le même sujet
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Christian R.
21.12.09 | 14h44
Ne confondons pas : que le chef de l'Eglise catholique romaine veuille honorer post-mortem des dignitaires catholiques romains est le moindre de ses droits, mais en revanche n'engage que l'Eglise catholique romaine. Les non-catholiques romains ont le droit d'appeler ces gens, canonisés ou non, comme elles le veulent. Notre appréciation sur l'activité politique de ces deux papes nous intéresse en ce que le Pape est une personnalité politique importante et un chef d'état.

michel.r
21.12.09 | 14h20
Il faudrait peut être comparer des papes comparables, ce qui est loin d'être le cas à des époques comparables qui ne le furent pas du tout. Le reste n'est que du vent politique.

Révoltant
21.12.09 | 14h13
Le "non rôle" de Pie XII pendant la Shoah pose effectivement question. Mais on oublie que Pie XII fut par ailleurs un soutien extrèmement fervent à Pétain, à Franco, à Mgr Tiso, à Pavelic, et qu'il s'est jamais vraiment fâché avec Mussolini. La dessus, il n'y a même pas débat, ce sont des faits avérés. Imaginons un seul instant Pétain au Panthéon ? C'est pourtant, en béatifiant Pie XII, ce que Monsieur Ratzinger s'apprête à faire... en quelque sorte. Ca veut tout dire non ?

PIERRE T.
21.12.09 | 14h08
Pour obtenir ce concordat malgré l'opposition de plusieurs évêques allemands il a sacrifié le "Zentrum", parti catholique d'opposition. Il était parfaitement au courant de la Shoah et n'a rien dit, ni fait. Le Juif était déicide ! Il a couvert le massacre des croates musulmans par les Oustachis, menés entre autres par un moine catholique. C'est accablant, mais l'Eglise ne veut rien reconnaître, elle se disqualifie définitivement en sanctifiant ce bonhomme. "Mit brennender Sorge" est de Pie XI !

PIERRE T.
21.12.09 | 14h03
Je vois que peu de gens ont lu le livre du journaliste britannique John Cornwell dont le titre est le "Pape et Hitler". Il s'agit là d'un réquisitoire sans appel contre Pacelli, travail basé sur les archives du Vatican et celles du 3ème Reich. L'on voit ici l'obsession maladive qu'il a eue d'obtenir coûte que coûte un concordat avec Hitler. Puis il s'est fait avoir comme un bleu quand ce dernier a interdit les mvts de jeunesse chrétienne. Son autre obsession était l'antibolchévisme.

Bertrand J.
21.12.09 | 14h02
L'Eglise n'a pas à rougir de son action de résistance face au nazisme.Par milliers des enfants et adultes juifs ont été accueillis et cachés dans les institutions catholiques.Nombreux sont les prêtres ou les simples croyants qui ont été déportés.Pie XII aurait certainement pu en faire plus,mais il y a loin entre sa prudence excessive et une complicité,même passive,avec les bourreaux et leur idéologie.Bien sûr le débat est trop beau pour éviter que les anticathos ne s'en saississent aveuglément!

ETIENNE V.
21.12.09 | 13h59
Pie XII a multiplié les démarches pour sauver la vie de nombreux juifs. C'est un fait attesté. C'est sa prudence qui est mise en cause. Fallait-il que le chef du petit Etat du Vatican risque une parole contre la puissance nazie? C'était un choix,et là le recul historique nous montre une erreur d'appréciation, et impose un arrêt du processus en cours...Notons que les mêmes qui exigent acutellement une parole de l'Eglise de Pie XII, la dénient le plus souvent à Benoit 16 aujourd'hui...

Oomu
21.12.09 | 13h40
le manquement moral de l'Eglise, c'est son silence absolu même après la guerre. - La réécriture de l'histoire devient trop facile du coup. Oui peut être, et peut être pas, le Pape n'a pas eu l'autorité morale de dire où était le mal. En tout cas, le christianisme échoua lamentablement en Allemagne dans les années 30 puis 40. Aucun dignitaire de l'Eglise de cette période ne peut être sanctifié. mais ce n'est pas le propos de la béatification : ce n'est que l'équivalent de médailles.

Jack LEGAULOIS
21.12.09 | 13h35
Que BEN 16 ouvre les archives et nous pourrons nous faire une idée de la qualité supposée de ce pape fort décrié ... C'est simple , facile ... , mais le gain est incertain !

Ph
21.12.09 | 13h23
Ce qui choque dans cette affaire, c'est de choisir d'associer dans ce processus de béatification, JP II et Pie XII. Je ne suis pas croyant, mais j'avais beaucoup de respect pour JP II, un homme de conviction, hors du commun, extrèmement courageux. Franchement, peut-on en dire autant de Pie XII ?

DOMINIQUE M.
21.12.09 | 13h23
Il semble que seul le porte-parole des affaires étrangères israélien ait une opinion sensée.

Clovis
21.12.09 | 13h17
Il est vrai que nombreux sont les couvents, monastères, presbytères ou même archevêchés comme celui de Toulouse qui cachaient des milliers de juifs. Comment alors imaginer que le Vatican, qui condamne le nazisme depuis l'encyclique Mit brennender Sorge de 1937, n'était pas au courant et ne préfère pas la résistance passive tandis que des milliers de prêtres sont internés à cette époque dans des camps de concentration ?

LUC d.
21.12.09 | 13h02
Il faut attendre le dernier paragraphe de l'article pour deviner que les réactions qui le précèdent ne sont peut-être pas l'exact reflet de ce qui s'est réellement passé. Il existe d'autres témoignages, publics, en aprticulier sous la plume d'au moins un rabbin italien, de ce qu'a été l'action -et non pas la réaction - de Pie XII pendant la guerre.

Bruno S.
21.12.09 | 12h46
Adolescent sous le nazisme ? Ou membre des jeunesses hitlériennes ? Et... non, pas comme tous les Allemands de son âge. Ca méritait d'être précisé. Quant au silence de Pie XII ou à son action secrète... Imaginez le poids d'un pape qui aurait condamné publiquement. Il aurait risqué sa vie ? Peut-être, mais un pape est là pour ça. Finir en martyr de la foi, c'est son job s'il le faut.

1586) Politica externa brasileira: um editorial contra

Jogando dinheiro fora
Editorial O Estado de S. Paulo, Segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Só a generosidade excessiva do governo do PT, fruto da ambição de seu chefe de tornar-se um líder regional a qualquer preço, pode explicar, mas não justificar, a concordância do Brasil em pagar mais US$ 1,2 bilhão pelo gás que compra da Bolívia.

Desde que, em 2006, decretou a nacionalização do setor de gás natural e colocou em risco o fornecimento regular, o governo bolivariano de Evo Morales vem pressionando o Brasil para pagar cada vez mais pelo produto. O governo Lula aceitou a pressão e, em 2007, assinou a Ata de Brasília, por meio da qual se comprometia a pagar mais pelas frações líquidas - propano, butano e gasolina natural - do gás da Bolívia. Trata-se de um mero jogo de palavras, pois o gás continuará sendo o de sempre, já que a Bolívia não tem condições de separar as frações. Por isso, a Petrobrás não aceitava pagar mais. Mas a resistência da Petrobrás chegou ao fim na semana passada, com a decisão de assinar, com a estatal boliviana YPFB, um termo aditivo ao contrato de importação de gás - cuja vigência se estenderá até 2019 - que assegura à Bolívia o pagamento adicional de cerca de US$ 100 milhões por ano com efeito retroativo a 2007.

Para a Bolívia é uma ótima notícia, pois o dinheiro extra vem no momento em que suas contas externas começam a registrar dificuldades em razão da baixa demanda de gás, do qual o Brasil é o grande comprador, e da queda da cotação do produto.

Pior para o Brasil. Ao aceitar pagar mais pelo mesmo produto, o governo Lula admite e reforça sua condição de refém da política de gás natural que o governo de Evo Morales lhe impôs. E faz isso num momento em que, afinal, o Brasil vai adquirindo as condições para livrar-se, de uma vez por todas, da dependência das idiossincrasias e da chantagem político-econômica de Morales.

Um dos efeitos da crise mundial sobre a produção industrial do Brasil foi a queda da demanda de gás natural. Além disso, as condições climáticas muito favoráveis reduziram a utilização do combustível para a geração de energia elétrica. De uma média de 59 milhões de m³/dia em 2008, o consumo da gás natural no Brasil caiu para cerca de 45 milhões de m³ em 2009.

Há cerca de quatro meses, o Brasil registrou a maior sobra de gás natural de sua história. No total, deixaram de chegar ao mercado 20,4 milhões de m³/dia, em média, volume comparável ao que o Brasil compra da Bolívia. Parte desse gás é retirada dos poços de petróleo, mas, não tendo como ser transportados para os centros de consumo, 8,7 milhões de m³ são queimados na atmosfera; outros 11,7 milhões de m³ são reinjetados nos poços, por falta de demanda ou de infraestrutura para transporte.

Do lado da produção e do transporte, o Brasil vai obtendo as condições para se tornar inteiramente autossuficiente em gás natural, mesmo que o mercado se reaqueça. Elaborado logo após a nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos, o Plano de Antecipação da Oferta de Gás Natural começa a apresentar resultados positivos. Em 2010 entrará em operação o gasoduto da Petrobrás que ligará a Bacia de Santos aos principais centros consumidores. Também em 2010 deverá entrar em operação o último grande projeto de produção de gás na Bacia de Santos, que injetará até 15 milhões de m³/dia na malha brasileira de gasodutos.

Por imposição contratual, o Brasil precisa pagar à Bolívia pelo menos o equivalente a 21 milhões de m³/dia. A Bolívia pode fornecer até 31 milhões de m³ diários. A resistência da área técnica da Petrobrás em aumentar o valor pago à Bolívia deve-se ao fato de que, por não haver uma explicação convincente para o aumento - visto que o produto comprado continuará o mesmo -, o termo aditivo acertado com a YPFB seja vetado pelo Tribunal de Contas da União. Afinal, aceitar um aumento nessas circunstâncias é jogar dinheiro fora.

Nas atuais condições do mercado, dificilmente a Petrobrás conseguirá repassar esse aumento para os consumidores. Nesse caso, perderão seus acionistas, milhares de brasileiros que investem sua poupança na empresa, e o próprio governo.

1585) Politica externa brasileira: uma materia a favor

Só para contrariar
Sergio Leo
Valor Econômico, Segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

São tantos e tão violentos os ataques à política externa do governo que vale a pena buscar um meio termo entre os louvores que a diplomacia de Luiz Inácio Lula da Silva recebe no exterior e a litania dos que, oscilando do terror ao deboche, atribuem todas as ações do governo a um psicótico antiamericanismo entranhado nos assessores do presidente da República. Assentada em bases reais, a crítica à política externa corre, porém, risco de desmoralizar-se pelo exagero: recentemente, um conceituado articulista criticou o aumento do preço do gás da Bolívia, argumentando que a decisão era uma rendição do governo brasileiro a... Hugo Chávez, presidente da Venezuela.

Explica-se a lembrança disparatada do venezuelano, embora Chávez, personagem singular, tenha visto reduzir sua influência na América Latina. O governo brasileiro optou por não só manter boas relações com o venezuelano, como o incentiva com elogios frequentes, lembrando sempre que ele é resultado da falência - real - das elites políticas da Venezuela.

E essa política até dá bons resultados; a voz do bolivariano, ainda que frequente, tem sido ouvida com menos ênfase nos conflitos sul-americanos que envolvem o Brasil. Após bravatas iniciais, saiu do palco durante a crise de Honduras e hoje, quando até conservadores entre os presidentes eleitos no continente declaram ter Lula como paradigma, soa exótico lembrar que há pouco se especulava sobre uma perda de liderança regional para eloquente venezuelano. Aumentam exponencialmente as oportunidades de negócios para empresários brasileiros, que ocupam espaços tomados da Colômbia, antigo provedor preferencial dos venezuelanos.

Se, por um lado, os críticos da política externa não conseguem compreender como o Brasil tem se beneficiado do personalismo do chefe de Estado venezuelano, a visão política de Chávez, que imagina estar à frente de uma revolução de alcance continental - se não mundial - tem traços autoritários e centralizadores que ainda não receberam uma resposta adequada.

Curiosamente, aqueles que criticaram, na semana passada, a entrada da Venezuela no Mercosul, deixaram passar em branco um atentado à democracia cometido naquela mesma semana, quando Chávez ameaçou, em cadeia de TV, e a polícia venezuelana prendeu, uma juíza, Maria Lourdes Afiúni. O crime: ela, exercendo suas atribuições no Judiciário, deu habeas corpus a um empresário desafeto de Chávez, acusado de corrupção, preso preventivamente há quase três anos, sem julgamento. O Itamaraty tem evitado pronunciar-se sobre o caso, que é preocupante, e constrange os aliados de Chávez no Brasil.

A discussão sobre a política externa é capturada pelo debate político interno, no qual interessa aos opositores de Lula caracterizar o governo atual como nefasto aos verdadeiros interesses do país e ideologicamente atado aos projetos messiânicos de poder de governantes vizinhos. É uma descrição equivocada. Há simpatia evidente nos palácios do Planalto e do Itamaraty por governantes como Chávez, o boliviano Evo Morales, o paraguaio Fernando Lugo, e até os autoritários peronistas da linha Kirchner na Argentina. Mas a história da relação com esses governantes mostra que a retórica idealista do governo costuma dar lugar à atuação realista - no sentido que realismo tem nas relações internacionais, de uso dos recursos do poder do país para assegurar a posição crescentemente hegemônica no continente.

Descartada a guerra ou a pressão militar, que não fazem parte do leque de opções brasileiro desde a Guerra do Paraguai, o pragmatismo e a diplomacia têm sido usados quando estão em jogo interesses brasileiros na região. Quando os bolivianos nacionalizaram o gás, ameaçando o abastecimento de São Paulo, Brasília comandou negociações que incluíram ameaças (concretizadas) de corte de investimentos da Petrobras, e asseguraram o fornecimento, com preços bem abaixo dos patamares internacionais para o consumidor brasileiro. Quando o Equador, com quem o Brasil tem escassas relações econômicas, ameaçou calote em linhas do BNDES, o Brasil anunciou represálias e suspendeu todos os programas de cooperação e investimentos programados para país, deixando o presidente Rafael Correa explicar-se com os equatorianos - enquanto continua a pagar as dívidas ao Brasil.

Alguns críticos da política externa parecem não se dar conta do gigantesco peso do Brasil para as economias vizinhas, e a ameaça que o país representa na competição regional por investimentos externos, com seu populoso mercado consumidor, estabilidade jurídica e diversificada estrutura financeira e industrial. O Brasil não precisa gritar que o país merece respeito; isso é evidente, e é exatamente o que motiva um calado ressentimento contra a potência brasileira, em alguns palácios governamentais da América hispânica.

Foi o governo Fernando Henrique Cardoso, não o de Lula, quem tornou o Brasil dependente do gás da Bolívia, movido pela convicção de que é do interesse brasileiro viabilizar economicamente os países vizinhos. Após a nacionalização, o governo buscou alternativas e reduziu o consumo do gás boliviano, que, prevê a Petrobras, terá menos da metade da importância que tem hoje, daqui a três anos.

Estranhamente, nos balanços sobre os resultados da política externa que têm surgido ultimamente, sumiu o Paraguai. O ano de 2009 começou sob forte pressão paraguaia para uma renegociação do tratado de Itaipu, promessa de campanha do presidente Fernando Lugo e demanda estridente de forças políticas locais. O Itamaraty fez uma negociação que abre caminho suave para um futuro inevitável de menor dependência da energia de Itaipu - e menor vulnerabilidade aos apagões na usina, como o que escureceu o Brasil em novembro - e satisfez os paraguaios com promessas de maior flexibilidade e um reajuste que tem peso quase desprezível sobre a economia brasileira.

Foi tão bem sucedida a negociação que Paraguai e Itaipu, pelo menos por enquanto, saíram do radar dos especialistas em política externa. Voltaremos ao tema após o recesso de Natal.

1584) Fraude e falsidade na ciencia: a proposito do "climategate"

Fraude e falsidade
JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA AZEVEDO
Folha de São Paulo, Domingo, 20 de dezembro de 2009

Vários e-mails trocados entre integrantes do IPCC indicam a manipulação de dados para ocultar a queda de temperatura na Terra

O LIVRO "Betrayers of the Truth - Fraud and Deceit in the Halls of Science" ("Traidores da Verdade - Fraude e Falsidade nos Umbrais da Ciência"), de W. Broad e N. Wade, analisa casos de fraude e falsidade na comunidade científica e como elas permanecem não detectadas durante anos.
Ptolomeu, por exemplo, considerado o maior astrônomo da Antiguidade, não teria feito observações astronômicas, mas adaptado para a cidade de Alexandria as feitas por Hiparco na ilha de Rodes, o que gerou distorções identificáveis. O caso Ptolomeu é analisado em detalhes no livro de R. Newton, "The Crime of Claudius Ptolemy", e por J. Rawlins, no "Journal of the History of Astronomy".
Falsidades cometidas por Galileu, Newton, Dalton, Mendel, J. Bernoulli -que tomou de seu filho a equação que leva o seu nome- e outros são analisadas por Broad e Wade.
Essas observações vêm a propósito da divulgação ("climategate") pela internet de 1.079 e-mails e 79 documentos dos computadores do Centro de Pesquisas Climáticas da Universidade East Anglia (CRU, na sigla em inglês), órgão de referência mundial sobre o clima. Vários e-mails trocados entre integrantes do IPCC indicam a manipulação de dados para ocultar a queda de temperatura na Terra.
Paul Chesser, correspondente do Heartland Institute, revelou que M. Mann -que fraudou dados sobre o clima dos últimos mil anos para levar à crença de que há o aquecimento global antropogênico- recebeu US$ 6 milhões por seus artigos e projeções.
Mann está sob investigação pela Universidade Estadual da Pensilvânia.
P. Jones, diretor do CRU, afastou-se ou foi afastado do cargo e há suspeita de ter recebido dinheiro para fraudar dados. E o Senado dos EUA, por iniciativa do senador J. Inhofe, abriu investigação sobre o "climategate", que ele considera ser a maior fraude científica dos tempos modernos.
A leitura de vários e-mails robustece a antiga suspeita de que há fraude na manipulação de dados do CRU, que sempre se recusou a revelá-los, contrariando procedimento salutar e usual da comunidade científica.
Até agora, nada disso foi objeto de consideração na reunião em Copenhague, que parece cuidar mais de pancadarias e passeatas, na melhor tradição da juventude nazista, como lembrou o visconde Monckton.
Parece que não há previsão sobre as conclusões da reunião, dita científica, e que a fantástica soma de US$ 300 bilhões/ano pleiteada para "combater o aquecimento" ficará aquém disso.
I. Plimer é um respeitado geólogo da Universidade de Adelaide, Austrália, editor e coautor da "Encyclopedia of Geology", um trabalho de fôlego com cinco volumes, 2.750 páginas e 320 colaboradores.
Plimer publicou recentemente o livro "Heaven and Earth: Global Warming - the Missing Science" ("Céu e Terra: Aquecimento Global - a Ciência que Falta"), com 2.311 referências científicas que convalidam o que diz o livro, que é uma crítica fundamentada ao IPCC e às projeções feitas por computador, que não têm valor porque a ciência do clima não existe.
O IPCC não consegue explicar o que ocorreu nos últimos mil anos nem por que, no final da última glaciação, o Norte dos EUA, acima do paralelo de Washington, a Europa e a Ásia estavam sob camada de geleiras cuja espessura variava de 2 km a 5 km.
Esse gelo derreteu, o nível dos oceanos subiu 130 m e atingiu o nível atual. Nessa ocasião -e em nenhuma Era Glacial anterior- houve CO2 "antropogênico" para derreter geleiras. Sobre isso o IPCC nada diz.
O livro de Plimer é leitura recomendada a todos os que se interessam pelos aspectos científicos do clima e procuram saber o que há por trás dessa algaravia global, que consome bilhões de dólares, faz reuniões pseudocientíficas e nunca chega a nenhum resultado.
A maior ameaça à humanidade não é o aquecimento antropogênico. Afinal, a Terra está esfriando e se aproxima de um novo período glacial -isso é comprovado por vários fatores, incluindo a inexistência de manchas solares, que desapareceram há quase um ano. O que a ameaça a humanidade é a intromissão, na vida das pessoas e das nações, de órgãos sem mandato eletivo e de grupos econômicos, além da ONU. Eles querem nos governar e determinar às nações o que podem fazer, quanto podem crescer e consumir e se podem ser livres e independentes.

JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA AZEVEDO , 77, é doutor em física pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA). Foi reitor da Universidade de Brasília (1976 a 1985).