O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 8 de setembro de 2013

Brasil companheiro despenca no ranking de competitividade

Infraestrutura

Em um ano, Brasil cai de 48º para 56º lugar em ranking de competitividade

Veja.com, 06/09/2013

A queda brusca é justificada pela falta de infraestrutura básica, o pessimismo do empresariado e a deterioração macroeconômica

A presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de posse do Ministro de Estado das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado
Cenário ruim: infraestrutura não melhora e aumenta o pessimismo do empresariado (Ueslei Marcelino/Reuters)
País apresentou resultados decepcionantes em 11 dos 12 pilares avaliados
A falta de infraestrutura básica, o pessimismo do empresariado e a deterioração macroeconômica estão entre os fatores que levaram o Brasil a cair, de 2012 para 2013, da 48ª para a 56ª posição entre os 148 países analisados no Relatório Global de Competitividade, editado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF). O documento, feito em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral (FDC) e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), foi divulgado nesta terça-feira e, com o resultado, o Brasil volta à posição de 2009.
O coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral e responsável pela análise dos dados brasileiros do ranking, Carlos Arruda, destaca dois pontos para a queda do Brasil na lista. "O primeiro é absoluto, como o pessimismo demonstrado pelos empresários. O segundo é relativo, como a melhora no quadro inflacionário entre 2012 e 2013, mas que foi menor que a de outros países", disse. "Ou seja, mesmo onde avançou marginalmente, o Brasil perdeu porque outros melhoraram", completou Arruda.
Criado na década de 1980, o relatório combina dados estatísticos nacionais e internacionais com os resultados de uma pesquisa de opinião com executivos. No Brasil, foram 2 mil entrevistados. O estudo avalia as condições oferecidas por um país para que as empresas nele operantes tenham sucesso no contexto nacional e internacional, promovam o crescimento sustentável e a melhoria nas condições de vida de sua população.
É o segundo resultado negativo em rankings de competitividade para o Brasil neste ano. Em outro levantamento, divulgado em maio pelo International Institute for Management Development (IMD), também em parceria com a Fundação Dom Cabral, o país ficou em 51º lugar entre 60 países avaliados.
A Suíça liderou a lista das economias mais competitivas pelo quinto ano seguido e, em 2013, foi seguida por Cingapura e Finlândia, assim como no levantamento anterior. Alemanha e Estados Unidos completam os cinco primeiros postos. Dos cinco países dos Brics, a China (29ª) está na frente, seguida pela África do Sul (53ª), Brasil (56ª), Índia (60ª) e Rússia (64ª). No grupo, somente a Rússia melhorou a posição no ranking, subindo três colocações. O Brasil teve a queda mais brusca, África do Sul e Índia caíram uma posição e a China manteve a colocação de 2012.
Na América Latina, o Brasil ficou atrás, do Chile - que, na 34ª posição, lidera o ranking regional -, do Panamá (40ª), da Costa Rica (54ª) e do México (55ª). A Argentina foi o país do hemisfério Sul que teve a maior queda, de dez posições, para 104ª. A Venezuela caiu para a posição 134º. Segundo o relatório, os dois países apresentam um quadro crítico em seus fatores institucionais e macroeconômicos.
Setorialmente, o Brasil apresentou resultados decepcionantes em onze dos doze pilares para o desenvolvimento avaliados, principalmente no item "Eficiência do Mercado de Bens", onde recuou dezenove posições, para a 123ª. Esse item avalia, por exemplo, questões regulatórias, como o impacto alfandegário na exportação de bens e tarifas no comércio internacional. "Nas questões regulatórias, que é a avaliação dos empresários, o Brasil ficou em 139º lugar em 148 países; nas tarifas internacionais, um dado estatístico, está em 126º lugar", explicou Arruda.
O melhor desempenho do Brasil nos itens avaliados e o único onde o país não perdeu posições é o "Tamanho do Mercado", ficando em nono lugar. No entanto, segundo Arruda, o dado positivo é ofuscado pelos outros indicadores. "Em todos os dados de infraestrutura básica, como estradas e portos, o Brasil está entre os piores do mundo".
(com Estadão Conteúdo)

David Landes, historiador econômico (1924-2013)

David S. Landes, Historian and Author, Is Dead at 89
The New York Times, 8/09/2013

David S. Landes, a distinguished Harvard scholar of economic history, saw tidal movements in the rise of seemingly small things. He suggested that the development of eyeglasses made precision tools possible. Maybe, he said, using chopsticks helped Asian workers gain the manual dexterity needed to make microprocessors.

David S. Landes in 2002.
In his 482-page “Revolution in Time: Clocks and the Making of the Modern World” (1983), Professor Landes, who died last month at 89, examined the growth of the industrial age through the history of timepieces, tracing their origin to medieval European monasteries; monks, he wrote, needed something to tell them when to gather for a regular round of group prayer.
To Professor Landes, the development of timepieces — more than steamships — drove the industrial age by molding the very culture of capitalism. Factory owners, for example, awarded watches to punctual workers, while workers bought watches to make sure they were not being misused by the factory clock.
Professor Landes was preoccupied by the importance of culture in shaping economic and social progress or stagnation. His most influential work, “The Wealth and Poverty of Nations: Why Some Are So Rich and Some So Poor” (1998), answered the question posed in its title (a play on that of Adam Smith’s classic work) by pointing to the importance of the Protestant work ethic and European attitudes toward science and technology.
Mitt Romney, the Republican presidential nominee in 2012, acknowledged Professor Landes as an influence. “There are superior cultures and ours is one of them,” Mr. Romney wrote in his 2010 book, “No Apology: The Case for American Greatness.” “As David Landes observed, ‘Culture makes all the difference.’ ”
Professor Landes’s views lay behind a controversial remark Mr. Romney made in July 2012 at a campaign fund-raiser in Jerusalem. In a speech in which he mentioned “The Wealth and Poverty of Nations,” Mr. Romney suggested that a superior culture explains why Israelis are more economically successful than Palestinians. Palestinians called the remark racist and criticized Mr. Romney for not acknowledging the trade restrictions that Israel has imposed on them.
But in a joint statement issued to The Boston Globe, Professor Landes and his son, Richard, a historian at Boston University, expressed support for Mr. Romney and approved of his remarks about Israeli culture.
The statement also sought to pay Palestinians a compliment by lauding their culture and praising their economic success in comparison with that of other Arab peoples. “Much of that comes from their close association with the Zionists,” the statement said of Palestinians.
Professor Landes was often lumped with the branch of academia and politics known as neoconservativism, partly for his praise of the European model of development over those of other cultures. But his positions were not always predictable.
He split from conservative economists by questioning their view that free trade is always good for development. And even though he thought colonialism was not to blame for the stagnation of former colonies in Africa, Latin America and elsewhere, he compared Columbus’s atrocities against indigenous people in the New World to Hitler’s Holocaust.
Richard Landes said that his father died on Aug. 17 in Haverford, Pa., where he lived, and that his health had failed since his wife, the former Sonia Tarnopol, died in April. Besides his son, survivors include two daughters, Jane Foster and Alison Fiekowsky; eight grandchildren; and nine great-grandchildren.
David Saul Landes was born on April 29, 1924, on the kitchen table of his parents’ home in the Seagate neighborhood of Coney Island in Brooklyn. His father, Harry, was a real estate investor.
As a youth, David built an immense vocabulary by religiously reading the dictionary. He skipped four grades on his way to the City College of New York, from which he graduated in 1942. The next year he earned a master’s degree in history from Harvard and was drafted into the Army.
As it happened, he had been taking mail-order courses in cryptanalysis, and so he was assigned to the Signal Corps. He worked on deciphering Japanese messages about the atomic bombs dropped on Japan. He later worked on a history of German preparations for the invasion of Normandy.
After being honorably discharged, he returned to Harvard to work on his doctorate. His dissertation became his first book, “Bankers and Pashas: International Finance and Economic Imperialism in Egypt.” He received his Ph.D. in history from Harvard in 1953.
He also pursued his studies at Columbia University and taught there from 1952 to 1958. While there, he was a member of the Society of Fellows, which supported interdisciplinary studies, and in 1957-58 he was a fellow at the Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences at Stanford University. He then joined the faculty at the University of California, Berkeley, where he was a professor of history and economics until 1964.
That year he wrote a letter to The New York Times criticizing the protests known as the free speech movement, which he called “the most serious assault on academic freedom in America since the McCarthy era.”
He joined Harvard in 1964 as a professor of history and went on to hold appointments in political science and economics as well. Since 1987 he had been a senior fellow of Harvard’s Society of Fellows, which was created as an alternative to the Ph.D. degree for exceptionally qualified candidates. At his retirement, in 1996, he was Coolidge Professor of History and an emeritus professor of economics.
In more than a half-dozen books and scores of articles, Professor Landes’s writing was often as light as his subjects were heavy. Reviewing his 2006 book, “Dynasties: Fortunes and Misfortunes of the World’s Great Family Businesses,” for The Times of London, Christopher Silvester described the writing as pithy, thoughtful and sprightly. The book offers 13 sketches of tycoons, including Henry Ford, John D. Rockefeller and Armand Peugeot.
In one scene Nathan Rothschild, of the legendary financial family, is hard at work at his desk in London. A peer of the realm is brought in. Rothschild, intent on his ledgers, invites him to take a seat. Offended, the visitor blusters about his high standing. “Take two seats,” Rothschild says.

sábado, 7 de setembro de 2013

Reflexoes ao leu: sobre a dia da Independencia - Paulo Roberto de Almeida

Reflexões ao léu: sobre a dia da Independência

Paulo Roberto de Almeida

Não consigo me lembrar de um dia da Independência no qual o Brasil tenha amanhecido tão dividido e tão temeroso. O medo se espalhou em todas as partes, indistintamente: os poderosos de plantão manifestam temor em relação a possíveis manifestações da massa contra eles, nos desfiles e discursos patrióticos (tanto que os dois chefes do poder legislativo, minúsculas, sequer compareceram ao ato oficial presidido pela chefe de Estado); temor também da população em geral, de que vândalos e outros arruaceiros promovessem violência nessa ocasião, colocando em risco a vida ou a integridade física de inocentes, sobretudo mulheres e crianças; temor, talvez, dos oportunistas de sempre, dos aproveitadores e mentirosos contumazes, de que o castelo de cartas fantasioso que vêm construindo na última década possa ser derrocado a partir de manifestações especificamente dirigidas contra eles, responsáveis que são pelo descalabro registrado no país nos dias que correm; enfim, temor em todas as partes, menos, provavelmente, da parte dos vândalos e arruaceiros, talvez os anarquistas idiotas e niilistas inconscientes, que se aproveitam desse clima para tirar algum proveito material, ou simplesmente pelo prazer de destruir as instituições burguesas e o sistema capitalista. Temores cruzados, múltiplos, autoalimentados e retroalimentados.
De fato, não consigo me lembrar de um Sete de Setembro como este; talvez durante as ditaduras que vivemos, na era Vargas e durante o regime militar, esse clima de temor e de divisão do país, mesmo contrabalançado por fortes doses de publicidade governamental, algo do ambiente atual pairasse sobre os encontros e manifestações oficiais em torno da data da independência do país. Eu que não sou nada patriota – e teria palavras fortes contra o patriotismo rastaquera exibido por muitos – e menos ainda ufanista das nossas coisas, por considerar-me um simples indivíduo, se possível universal, não vejo precedentes para o clima atual de divisão e de perplexidade no país. Gostaria de ter um simples fator explicativo para esse ambiente de temores recíprocos, mas não acho apenas um, mas vários, múltiplos, talvez dificilmente identificáveis e menos ainda obstáveis com base em alguma ação cirúrgica numa direção determinada. Não existe, e não creio que consigamos identificar todas as causas do malaise atual e encontrar respostas adequadas para vencer esse estado no futuro previsível. Sinto muito: gostaria de ser mais otimista, neste texto reflexivo, mas simplesmente não consigo.
O que é a independência de um país? No sentido estrito, liberar-se de mestres estrangeiros e estabelecer o seu próprio sistema de governo, se possível democrático, aberto a todos os cidadãos – alguns continuam súditos daquilo que um historiador, aliás marxista, chamou de “ideologia do colonialismo” – e propenso a facilitar a todos eles as condições pelas quais cada um sai em busca de sua felicidade pessoal, exercendo seus talentos, mobilizando seu gênio criativo, empregando seu tempo em criar prosperidade individual, ou simplesmente se colocando ao serviço de alguma outra causa – ou emprego – que lhe dispense faculdades de empreendedorismo, mas que lhe garanta, da mesma forma, um meio de vida adequado e satisfatório.
Toda independência se concentra, numa primeira etapa, na criação de um Estado, geralmente nacional – em alguns casos multinacional, ou compósito – que passa então a representar os cidadãos em face dos outros Estados da comunidade internacional e assume os encargos da defesa externa, da segurança doméstica, das grandes obras coletivas – infraestrutura de grande porte, por exemplo – e também se desempenha na criação de um ambiente aberto ao exercício dos talentos individuais, que passarão, por sua vez, a cuidar da produção, do abastecimento, da oferta de bens e serviços (inclusive coletivos) dos mais variados tipos, segundo regras de transparência e de abertura total ¡a competição de todos aqueles que pretendem se lançar em atividades econômicas privadas. Estes são os deveres primários de todo e qualquer Estado, aos quais talvez se pudesse acrescentar tarefas de “equalização de oportunidades sociais”, consistindo em geral no provimento da educação fundamental em bases universais – obrigatórias, pelo menos nos ciclos elementares – e de condições sanitárias mínimas, para que todos possam ser resguardados das epidemias e das endemias mais comuns que atingem a raça humana. Creio que este é, sumariamente, o sentido da independência de um povo.
O Estado brasileiro no plural, o que emergiu da independência, os que se lhe seguiram nas várias mudanças de sistemas e de regimes políticos que tivemos ao longo dos quase dois séculos que nos separam da separação da metrópole, e o Estado atual, que convive com uma democracia de fachada e de baixa qualidade – dificilmente cumpriu as tarefas acima, e talvez venha até sendo o responsável pela erosão atual de algumas instituições já criadas e cuja eficácia e proficiência estão sendo nitidamente diminuídas na sua forma e na sua substância. Não é difícil reconhecer isso na situação de insegurança que atinge todos os cidadãos honestos, nas péssimas condições da infraestrutura – sobretudo comunicações e energia – e nos serviços coletivos que supostamente estariam a cargo do Estado, notadamente saúde e educação.
Mesmo aquela larga fração da população que se beneficiou, nas últimas décadas, com generosas políticas distributivas, se ressente da má qualidade dos serviços coletivos e da insegurança geral que atinge a todos, especialmente os mais humildes. Pode-se até argumentar que, no contexto mais amplo da América Latina, ou em confronto com outros continentes – como a África, por exemplo – ainda mais atingidos pela erosão de ineficiência estatal que atinge quase todos os Estados contemporâneos, o Brasil não é dos piores exemplos de deterioração de qualidade de sua governança, anda que isto não sirva de consolo, pois existem alguns outros exemplos que demonstram que é possível, sim, atingir patamares mais elevados de prosperidade de bem estar.
O Estado brasileiro falhou, portanto, embora essa conversa de Estado seja muito enganosa. O Estado é uma entidade impessoal, quase abstrata em suas manifestações concretas, a não ser quando encarnado por governos reais, liderados por determinados homens, como indivíduos ou grupos (partidos e suas coalizões), que dão um sentido específico à ação do Estado. Os responsáveis pela má situação de um país, de uma nação devem, assim, ser apontados, devidamente: são as lideranças que falham, são as elites incompetentes, algumas até criminosas, que não cumprem o mandato em prol da prosperidade e da felicidade individual que todo povo imagina estar elaborando no momento de sua independência.
Como as comunidades humanas são sempre complexas e diversificadas, o mandato é primeiramente negociados através de um contrato coletivo – a Constituição – que deveria resumir os grandes objetivos nacionais e definir, de maneira ampla, os meios e mecanismos para que eles possam ser atingidos. Um povo, como o nosso, que já teve sete constituições, e oito moedas, não pode considerar especialmente bem dotado de qualidades “constitucionais”, ou de simples educação política (na verdade de educação, tout court). Examinando a nossa Constituição – que foi objeto de uma análise sistemática de minha parte recentemente: “A Constituição brasileira contra o Brasil”, em fase de publicação – pode-se constatar como ela é totalmente inadequada para cumprir o mandato que esbocei anteriormente. Ela pretende atribuir ao Estado uma série inacreditável de tarefas que este simplesmente não consegue cumprir, nos limites (parcos) de nossa riqueza nacional: pretenderam criar um oásis de felicidade nacional antes de dispormos de recursos suficientes.
Por outro lado, os governantes de plantão, vários, mas especialmente os atuais, são singularmente incompetentes para mudar esse estado de coisas: eles estão apenas interessados em se perpetuar no poder, e vão utilizar-se de todos os meios para tentar conseguir esse objetivo monopólico (o que aliás combina bem com o espírito autoritário, quando não totalitário, de vários dos integrantes do partido no poder). Não creio que a situação mude de maneira significativa no futuro imediato. Minhas previsões, já externadas em diversos trabalhos publicados, é a de que o Brasil foi conduzido a um impasse de baixo crescimento, e de malversação do Estado, o que torna difícil lograr grandes progressos sociais e políticos no curto e médio prazo. Outros povos enfrentaram decadências semelhantes ou similares: não estamos fazendo nada de extraordinário, ao recuarmos um pouco, ou talvez muito, bem mais no plano mental, na verdade, do que no plano propriamente material.
Desculpo-me por ser pessimista no dia da Independência, mas estou tentando ser apenas realista. Repito: nunca encontrei o país tão temeroso, e tão dividido num dia da Pátria. Pode ser temporário, ou passageiro, mas a sensação que tenho é a de certo desalento na população, ao ver que a situação não caminha para o melhor, sobretudo no âmbito estatal, justamente. Quando vemos quadrilheiros sendo saudados como salvadores do povo e heróis da pátria, é porque perdemos o sentido da realidade; quando vemos mentirosos declarados se perpetuando é porque perdemos nossa capacidade de indignação, e de reação. Quando vemos tantos medíocres encarregados do Estado, é porque os homens de valor se desinteressaram da coisa pública.
A responsabilidade maior está com a elite, não todas as elites – porque existem elites de diversos tipos, algumas até mafiosas – mas com as elites vinculadas ao mundo produtivo, os criadores de riqueza e supostamente os financiadores de alguns bandidos que os representam no poder. São estes que deveriam empreender as tarefas de regeneração do país, mas que no momento estão muito ocupados tentando extrair mais algumas vantagens do Estado (que recursos que lhes foram previamente extorquidos, por sinal). Se eles não assumem sua responsabilidade, não teremos condições de superar o estado atual (que não é apenas de letargia, mas de recuo visível em várias areas). Por isso venho defendendo a ideia de uma fronda empresarial, uma conquista do Estado pelos empreendedores, os únicos interessados (ao que parece) na prosperidade geral do país num sentido economicamente racional, previsível, aberto e competitivo.
Acontecerá isto? Não tenho certeza, mas gostaria de acreditar...
Bom dia da independência a todos...


Paulo Roberto de Almeida

Hartford, 2511: 7 de Setembro de 2013, 4 p.

Quadrilheiros e seus servicais juridicos tentam de tudo...

...para escapar das grades.
Comentário de um leitor deste blog:
De maneira sutil (e ardil), o min. Teori abriu a porta para mudar o julgamento. Ainda acredito q não vão mudar a pena do Genuíno e Zé Dirceu com medo das "ruas".
Ao contrario do Toffoli, Teori é extremamente preparado. Peguei ao vivo o final do julgamento, quando o Teori opinou por retificar os votos, apoiando-se em suposto contrasenso da decisão tomada naqueles embargos específicos, em momento de rara paralisia, o Joaquim Barbosa nada disse, se fosse o Toffoli ou Lewandovisc (esse nome não gravei a escrita, mas é por ai) ele teria descarregado sua ira, como faz comumente. Ali a briga é mais complicada.
E seguir acompanhando essa novela. 


Disse tudo. 
Paulo Roberto de Almeida

PGR em exercício vê 'absurdo' em novos recursos no mensalãoHelenita Acioli disse que o processo no STF 'já deveria ter acabado'. STF retoma nesta semana debate sobre se aceita embargos infringentes.
A procuradora-geral da República em exercício, Helenita Acioli, disse neste sábado (7), após o desfile do 7 de Setembro, que será "absurdo" se o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar novos recursos para os condenados no processo do mensalão.
O Supremo já concluiu a análise dos primeiros recursos apresentados, os embargos de declaração, e agora precisa decidir se cabem os embargos infringentes e se permitirá a apresentação de novos embargos de declaração antes de determinar as prisões dos condenados.
Dos 25 considerados culpados, 11 foram condenados em regime fechado (em presídio de segurança média ou máxima), 9 no regime semiaberto (quando se pode deixar o presídio para trabalhar), dois no aberto (que ainda podem ter pena convertida em prestação de serviço ou prisão domiciliar) e três tiveram penas convertidas.
"Acho absurdo [aceitar novos embargos]. Inclusive quando um processo começa na primeira instância, na segunda instância, e até no STJ [Superior Tribunal de Justiça], já vi casos em que se aplicam multas. A lei prevê multa para quem faz embargos protelatórios", afirmou Helenita Acioli.
Para a procuradora, o processo do mensalão "já deveria ter acabado". "Só espero que esse caso não se prolongue por mais alguns meses ou até ano. [...] A questão é o julgamento chegar ao final, e está difícil esse julgamento finalizar."
Helenita Acioli completou que estuda pedir o trânsito em julgado do processo, ou seja, pedir para que o Supremo não aceite novos recursos e decretar o fim da ação, o que possibilitaria o cumprimento das prisões dos condenados. "Vamos aguardar para ver como as coisas se comportam. O Ministério Público espera primeiro pelos votos dos ministros sobre os embargos infringentes", destacou.
A procuradora em exercício, que ficará no cargo até que o próximo procurador - Rodrigo Janot - tome posse, ressaltou que os condenados do processo do mensalão tiveram, ao longo da ação penal, respeitadas todas as garantias.
"Tivemos todas as garantias nesse processo. Nunca tivemos um julgamento com tantas garantias. Os réus não podem protestar. Tivemos garantia do contraditório. Foi um julgamento justo", completou Helenita.

The Economist: feliz 170. aniversario; e continue assim que esta'; muitobem

Uma revista "velhinha"? Talvez.
Nem tudo o que é velho é ruim, eu inclusive (bem, mas eu considero ter eternos 19 anos).
O fato é que já fiz muita pesquisa histórica na The Economist, que eu acessava diretamente nas estantes da biblioteca do Instituto de Sociologia da Universidade de Bruxelas, onde eu passava longas horas no início dos anos 1970.
Fui consultar, por exemplo, como a revista tinha tratado do surgimento da República no Brasil, em 1889. Decepcionante: uma notinha ridícula mais de um mês depois do golpe dos militares.
Não seja, por isso: fui assinante irregular durante muitos anos (inclusive no Brasil, onde uma assinatura é bem cara), e sou um leitor regular, assíduo e constante, desde longos anos.
Sem hesitação eu a proclamo a melhor revista do mundo em todas as categorias que me interessam, que são as das humanidades em geral e da política econômica em particular.
Ponto, deixemos agora a revista se explicar ela mesma.
Well, happy birthday! Vou renovar minha assinatura...
Paulo Roberto de Almeida


Is The Economist left- or right-wing?


Editor’s note: This week, to mark the 170th anniversary of the appearance of the first issue of The Economist on September 2nd 1843, this blog will answer some of the more frequently asked questions about The Economist itself.
SOME readers, particularly those used to the left-right split in most democratic legislatures, are bamboozled by The Economist’s political stance. We like free enterprise and tend to favour deregulation and privatisation. But we also like gay marriage, want tolegalise drugs and disapprove of monarchy. So is the newspaper right-wing or left-wing?
Neither, is the answer. The Economist was founded in 1843 by James Wilson, a British businessman who objected to heavy import duties on foreign corn. Mr Wilson and his friends in the Anti-Corn Law League were classical liberals in the tradition of Adam Smith and, later, the likes of John Stuart Mill and William Ewart Gladstone. This intellectual ancestry has guided the newspaper's instincts ever since: it opposes all undue curtailment of an individual’s economic or personal freedom. But like its founders, it is not dogmatic. Where there is a liberal case for government to do something, The Economistwill air it. Early in its life, its writers were keen supporters of the income tax, for example. Since then it has backed causes like universal health care and gun control. But its starting point is that government should only remove power and wealth from individuals when it has an excellent reason to do so.
The concepts of right- and left-wing predate The Economist's foundation by half a century. They first referred to seating arrangements in the National Assembly in Paris during the French Revolution. Monarchists sat on the right, revolutionaries on the left. To this day, the phrases distinguish conservatives from egalitarians. But they do a poor job of explaining The Economist’s liberalism, which reconciles the left’s impatience at an unsatisfactory status quo with the right’s scepticism about grandiose redistributive schemes. So although its credo and its history are as rich as that of any reactionary or revolutionary, The Economist has no permanent address on the left-right scale. In most countries, the political divide is conservative-egalitarian, not liberal-illiberal. So it has no party allegiance, either. When it covers elections, it gives its endorsement to the candidate or party most likely to pursue classically liberal policies. It has thrown its weight behind politicians on the right, like Margaret Thatcher, and on the left, like Barack ObamaIt is often drawn to centrist politicians and parties who appear to combine the best of both sides, such as Tony Blair, whose combination of social and economic liberalism persuaded it to endorse him at the 2001 and the 2005 elections (though it criticised his government’s infringements of civil liberties).
When The Economist opines on new ideas and policies, it does so on the basis of their merits, not of who supports or opposes them. Last October, for example, it outlined a programme of reforms to combat inequality. Some, like attacking monopolies and targeting public spending on the poor and the young, had a leftish hue. Others, like raising retirement ages and introducing more choice in education, were more rightish. The result, "True Progressivism"was a blend of the two: neither right nor left, but all the better for it, and coming instead from what we like to call the radical centre. 
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The Economist explains itself

Why does The Economist call itself a newspaper?

Editor’s note: This week, to mark the 170th anniversary of the appearance of the first issue of The Economist on September 2nd 1843, this blog will answer some of the more frequently asked questions about The Economist itself.
UNLIKE other weekly news magazines, The Economist refers to itself as a newspaper, and as “this newspaper” in its leaders (see, for example, the leaders on Syria and theFederal Reserve in the current issue). Why?
In August 1843 when James Wilson, a Scottish hatmaker, published the prospectus forThe Economist, a new periodical he planned to launch, he described it as “a weekly paper, to be published every Saturday”. The first issue, which appeared on September 2nd, described itself as a “political, commercial, agricultural, and free-trade journal” on its masthead (we used Oxford commas in those days). To modern eyes the 19th-century black-and-white incarnation of The Economist is clearly a newspaper, and it looked very similar until the middle of the 20th century. The red logo appeared for the first time in 1959, the first colour cover in 1971, and it was only in 2001 that full colour was introduced on all inside pages. By the time the transformation from newspaper to magazine format had been completed, the habit of referring to ourselves as “this newspaper” had stuck.
The Economist, moreover, still considers itself more of a newspaper than a magazine in spirit. Its aim is to be a comprehensive weekly newspaper for the world. If you are stranded on a desert island and can have only one periodical air-dropped to you to keep up with world news, our hope is that you would choose The Economist. That goal is arguably more in keeping with the approach of a newspaper than a magazine. The latter term derives from the French word for storehouse and implies a more specific publication devoted to a particular topic, rather than coverage of current affairs. Indeed, The Economist is produced on a newspaper rather than a magazine schedule. Just as a Sunday newspaper will cover news up to and including Saturday, events that happen on Thursday may be covered in the edition of The Economist that appears on newsstands on Fridays.
Just as people still talk of “dialling” phone numbers (even though phones no longer have dials) and CC (carbon copy) e-mails, some expressions outlive changes in technology. If the day ever comes when this newspaper is no longer published in paper form, but instead delivered digitally, it seems likely that it will still be calling itself “this newspaper”.
Clarification: This post was amended on September 2nd to reflect the fact, pointed out by a former executive editor, that The Economist's production schedule is more like that of a newspaper than a magazine.
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How does The Economist choose what to cover?

Editor’s note: This week, to mark the 170th anniversary of the appearance of the first issue of The Economist on September 2nd 1843, this blog will answer some of the more frequently asked questions about The Economist itself.
EVERY week a new issue of The Economist appears on news-stands (both actual and digital) and lands on doormats around the world. Each issue typically contains 70 or 80 stories, from the leaders to the obituary. Some provide reporting and analysis of that week's news; others examine longer-term trends. How does The Economist decide what to cover each week?
The process is both bottom-up and top-down. It begins on Friday morning. Just as readers are opening the latest issue, we begin the process of planning the next one. The editors in charge of the "front half" (the Britain, United States and the foreign department), the "back half" (the Business, Finance and Science sections) and the Books section (which is not classified as one of the two "halves") discuss with their writers what they have planned for the following week, and draw up rough story lists. The highlights of these lists are read out at a meeting in the editor-in-chief's office, which all editorial staff can attend, and provisional candidates for the following week's cover and leaders are identified. The main editorial meeting happens on Monday morning, again in the editor's office. Compared with the Friday meeting, this one can be quite a squeeze, with many attendees standing, perching on window sills or sitting on the floor. Section editors read out their story lists, traditionally starting with the obituary, and the editor resolves any overlaps or conflicts between sections.
The main business of the Monday meeting, and the most entertaining part for both participants and visitors, is the discussion of the leaders. Usually there is room in each issue for five or six leaders, but ten or more may be proposed. So there is an element of gladiatorial combat as each leader is proposed and debated in turn, and the journalists discuss what The Economist's position should be. At the end of the meeting the editor announces which leaders will be included in that week's issue, and which will go on the cover. In cases where there was not a clear consensus on what line the leader should take, the editor issues his ruling. The story list then issued on Monday afternoon is necessarily still provisional. At a smaller meeting on Wednesday morning, held once again in the editor's office, section editors explain how they have modified their story lists in response to news. At this point the leader list and cover choice may also be revised. Section editors then have to produce a reasonably final set of pages by Wednesday night. But everything can still be revised on Thursday morning before the pages close, shortly before noon. The London bombings on July 7th 2005, for example, took place on a Thursday morning, so a new leader was written and the cover changed.
The cover is not always news-driven, however; it may be pegged to a pre-planned special report or briefing, for example. In general we strive to produce a mixture of thematic and news-driven covers. Each section of the newspaper usually contains a similar mixture: reporting and analysis of the week's news, accompanied by trendspotting articles, data-driven pieces and "jolly boxes" (also known in Economist-speak as "canapés"). These days, of course, the web allows us to respond to news more quickly and provide additional items (blogs, video and debates) to complement the weekly edition. Yet even though the web has enabled us to expand our output, The Economist does not try to cover everything, but instead acts as a filter for our readers. Our aim is to select the topics that are most important or otherwise noteworthy and to provide a distinctive perspective on them, bundled up into a compact weekly package that you can actually get to the end of.
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(Continua outro dia...)

Judeus iranianos? Sim, existem - Washington Post


A brief video introduction to Iran’s Jewish community (yes, really!)


When Iranian President Hassan Rouhani and Foreign Minister Javad Zarif sent out tweets this week wishing “all Jews” a happy Rosh Hashanah, particularly the ones in Iran, it was big news for a few reasons.
First off, they were tweeting, though Twitter is officially banned in the country. Second, this is the first time in 10 years that an Iranian leader has reached out to the country’s thousands of Jews, since then-President Mohammed Khatami visited a Tehran synagogue in 2003. Third, although Jews and Israel are obviously far from synonymous, previous Iranian president Mahmoud Ahmadinejad frequently conflated and maligned both, so it’s certainly possible to see this as at least rolling back that anti-Israeli rhetoric.
And then there’s the other reason the tweets got so much attention: It seemed to take some people by surprise that, yes, Iran has Jews, maybe as many as 20,000 or 25,000. There’s not a whole lot written about them, but they seem to be much better off than many Americans might assume, given the anti-Semitic rhetoric from not just Ahmadinejad but many hard-line Iranians during the annual Quds Day event in Tehran.
The above video is a brief introduction to what’s left of Iran’s Jewish community (most of them left after the 1979 revolution), how they got there and how they’re doing. For a bit more on life for Iranian Jews under Ahmadinejad, read this 2009 column by the New York Times’ Roger Cohen.
Max Fisher
Max Fisher is the Post's foreign affairs blogger. He has a master's degree in security studies from Johns Hopkins University. Sign up for hisdaily newsletter here. Also, follow him on Twitter or Facebook.