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sábado, 14 de março de 2015

O lugar dos partidos nas manifestações - Lucas Berlanza


O lugar dos partidos nas manifestações
Lucas  Berlanza
Instituto Liberal (via Blog Libertatum, em 14/03/2015)

À medida que as aguardadas manifestações do dia 15 de março vão ficando mais próximas, os diferentes grupos de interesse prestam maior atenção aos movimentos que as organizam e compreendem a dimensão que elas podem atingir. A preocupação prévia do Planalto com a articulação dos protestos e a queda retumbante de popularidade da presidente apenas jogam tempero nesse cenário. Diante desse desenho, e do fato de a palavra “impeachment” estar presente como nunca antes, desde Collor, no dia-a-dia nacional, os partidos começam a acordar para a realidade.
Um tanto tarde. Quem mobiliza e desperta consciências para a necessidade de uma oposição legítima – não limitada a uma disputa rasteira por cargos, mas disposta a um verdadeiro confronto de princípios e projetos de país, o que não é para covardes hesitantes – são movimentos sociais, como o Movimento Brasil Livre, que recentemente entrevistamos para este blog, e que demonstram a origem espontânea de sua articulação, sem o incentivo direto ou o investimento de legendas ou de “medalhões” da política brasileira. As manifestações de 15 de março são obra desses movimentos, convidando abertamente a todos os cidadãos. Têm bandeira: a do Brasil. Isso quer dizer que são apartidárias, e assim deveriam permanecer, para que sejam capazes de passar o melhor recado à sociedade, bem como por uma questão de justiça com aqueles que de fato tiveram a iniciativa e as organizaram.
Nesta quarta-feira, o maior partido de oposição, o PSDB, divulgou nota oficial em que declara apoio aos eventos que prometem levar multidões pelas ruas de vários estados, apontando-os como “manifestações de indignação dos brasileiros diante da flagrante degradação moral e do desastre econômico-social promovidos pelo governo Dilma Rousseff”. Os tucanos sustentaram o princípio da liberdade de expressão, alfinetando os arroubos autoritários do petismo, e anunciaram que participarão dos aglomerados “através de seu militantes, simpatizantes e várias de suas lideranças”. Essa declaração acontece pouco depois de Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do país e grande símbolo “humano” do partido, ter dito que “não adianta nada tirar Dilma”, e Aloysio Nunes, que até então vinha demonstrando um espírito combativo incomum para os companheiros de tucanismo, dizer que não quer impeachment, pois prefere “ver a Dilma sangrar” – o que enxergamos como uma afirmação lamentável, afinal a sangria prolongada da presidente representa a continuidade do sofrimento atroz do povo brasileiro, diante da crise instalada. Ora, exigir o impeachment – ou a renúncia – de Dilma é o principal clamor dos manifestantes, conquanto não seja o único, já que a indignação é bastante mais geral e abrangente. Posicionamento similar foi adotado em 2005, diante do falso “herói popular dos trabalhadores” Lula da Silva – que na verdade se orgulha de não gostar de ler e nunca foi lá muito chegado a trabalho -, quando o PSDB preferiu vê-lo “sangrar”. Quem sangra hoje, depois do maior escândalo de corrupção da história das Repúblicas, é o Brasil. O apoio tímido e tardio do PSDB, que não pode ser meramente reprovado pelos amantes da democracia, também não pode ser aproveitado de maneira oportunista pelas lideranças tucanas. Escrevemos na intenção de fazer um apelo, defendendo um ponto de vista que acreditamos prudente: bandeiras, símbolos e slogans, apenas aqueles que são genericamente de interesse nacional.  Nada de propaganda partidária.
Não somos contra manifestações de partidos, de maneira nenhuma; apenas não é o propósito. Sabemos que o MBL não é tucano, o povo que vai às ruas não é necessariamente tucano, esta não é uma manifestação do PSDB. Isto é o que deve ficar claro – e, felizmente, a julgar pelas declarações dos políticos do partido, eles também compreendem essa realidade.
Por outro lado, caso ações efetivas contra o governo possam se concretizar, no âmbito de processos políticos, em especial o impeachment, podemos prever que a anuência de partidos e representantes políticos formais se fará necessária. Não será o caso, então, de encarar os fatos com ingenuidade; não precisamos louvar ou apreciar as lideranças que possivelmente estiverem então fazendo acontecer, mas devemos entender que os limites pragmáticos nos impõem a aceitação dos trâmites institucionais democráticos, tal como funcionam. Os diferentes podem agir conjuntamente, se tiverem um propósito em comum.
A surpresa da semana é que quem toma iniciativas concretas, no momento, não é o PSDB; o Partido Solidariedade, presidido por Paulinho da Força, foi o primeiro a formalizar uma campanha oficial pelo impeachment. O partido alega estar há alguns meses buscando pareceres jurídicos que embasem a ousada decisão, como o do renomado Ives Gandra Martins, e pretende promover uma coleta de assinaturas favoráveis. Além disso, o que é mais importante, a coluna de Reinaldo Azevedo na Veja informa que o Solidariedade está em diálogo a respeito dessa possibilidade com o bloco de partidos que se uniram a ele para a eleição da Câmara, especialmente os nada desprezíveis PSB, PPS e PV. AFolha de São Paulo acrescenta que Paulinho já teria conversado sobre essa intenção com Eduardo Cunha, presidente da Câmara, visivelmente descontente com o relacionamento com o Planalto. Para tomar medidas concretas, precisamos de agentes concretos. Para os fatos que podem estar por vir, os partidos e representantes terão seu lugar. No domingo, porém, que esse lugar seja dimensionado, restrito aos seus méritos e à sua conveniência. Que os que assim desejam, não marchem como militantes de alguma sigla; marchem tão somente  – o que já é muito – como patriotas.
Sobre o autor
Acadêmico de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, na UFRJ, e colunista do Instituto Liberal. Estagiou por dois anos na assessoria de imprensa da AGETRANSP-RJ. Sambista, escreveu sobre o Carnaval carioca para uma revista de cultura e entretenimento. Participante convidado ocasional de programas na Rádio Rio de Janeiro.
Matéria extraída do website do Instituto Liberal

A divisao da nacao: um missao dos companheiros - Guilherme Macalossi (IL)

Apenas transcrevendo, mas corresponde inteiramente ao que eu vinha escrevendo desde as manifestações de 2013 e novamente em 2014. Não terminei, mas bate em grande medida com o que está sintetizado aqui.
Paulo Roberto de Almeida

O Sintoma Kfouri
Por Guilherme Macalossi
Instituto Liberal, 12/03/2015

O PT, herdeiro tupiniquim do bolchevismo, tem apostado, desde muito tempo, numa divisão da sociedade brasileira. Quer impor arestas ideológicas por todos os lados. Apostou na guerra entre letrados e analfabetos, entre negros e brancos, entre a elite e os descamisados, e também até mesmo entre regiões inteiras.

Segundo a narrativa dessa gente, o petismo conquistou algo de concreto para alguns. Algo que só seria obtido enfrentando os outros. Outros que historicamente seriam responsáveis pelos privilégios, pelas prebendas, entre outras desgraças históricas que teriam nos levado a conjuntura de 2003, quando Lula chegou ao governo e o mundo se iluminou.

O modo como o PT revê a história do Brasil, passando a borracha no precedente, é um meio de cultivar o que eles precisam para predominar: a desunião geral. E quando falo de desunião, não me refiro a discordâncias naturais de uma sociedade livre, mas sim no fracionamento de sua unidade basilar por meio de disputas políticas estimuladas por grupelhos dirigidos. Como se fossemos amontoados de pessoas, cada qual tendo interesses diversos que só poderiam ser alcançados em coletivos pelo combate completo e contínuo daqueles que, de algum modo, representariam a negação dessas bandeiras. Ao longo do tempo, da mesma forma que semeou esses grupos, o partido soube se infiltrar em cada um deles. E da mídia e das universidades, onde sempre controlou penas e mentes, tratou de redigir, por meio de seus simpatizantes, uma narrativa que justificasse e desse a descrição dos fatos de acordo com as suas instruções.

Deu-se que o petismo perdeu sua capacidade de desenhar o cenário reivindicatório. Seus esbirros nos sindicatos, nos bandos de desordeiros sociais, nos diretórios de universidades, perderam força na exata medida em que a população notou que esses que se arvoravam representantes de demandas não passavam de cães amestrados, devidamente alimentados com ossos no formato de polpudas verbas estatais. Quem controla as massas não são mais os megafones treinados em diretórios de partido.

A raiva e a confusão consomem aqueles que até ondem se achavam donos das ruas. Dilma só pode aparecer protegida em distantes estúdios de TV ou em mercados uruguaios. Há um clima de revolta perene. Mesmo no Nordeste, onde o PT atacou com força, substituindo e controlando as oligarquias de outrora, a debandada de apoios é evidente.

É nesse contexto que o partido se vale se seus velhos instrumentos para recobrar a ofensiva. O sinal claro foi a declaração belicista e truculenta de Lula, que convocou seus pelegos e o “exército de Stédile” para a defesa do governo. A pancadaria rolou solta nas ruas do RJ. A milícia foi para cima dos indivíduos indignados e desorganizados que protestavam contra o ato hipócrita de “defesa da Petrobras”. É a pauleira subsidiada pelos tributos.

“Porrada para os fascistas”, diria o presidente do PT do RJ, que por esse declaração merecia uma medalha do Duce. Mas não só porradas no sentido físico. É preciso também dar pauladas na forma de injurias, de difamações, de demonizações, na tentativa de enquadrar setores inteiros da sociedade. E ai entram os soldados devidamente posicionados nos órgãos de imprensa. Muitos deles pagos, outros tantos voluntários.

Juca Kfouri sempre pareceu voluntário. Carrega consigo aquela aura de burguês envergonhado, com a qual redige textos eivados de autocrítica. Tanto é assim que em sua última coluna, aquela em que destila ódio contra os que considera odientos, não nega sua condição social. Ele é da escola de Marta Suplicy, aquela do burguês com consciência social que aponta e delata seus pares odientos. Muito mais que um esquerdista caviar, ele é o fidalgo que pensa compreender os desejos e vontades dos proletários.

O colega de Instituto Liberal, João Luiz Mauad, até escreveu uma portentosa “Carta Aberta” ao referido jornalista. Pretendeu, na melhor das intenções e com educação exagerada, refutar o seu, por assim dizer, pensamento. Perdeu tempo. Não há nada a ser refutado ali. Não há uma única ideia. Não há uma única teoria social com estofo. O que há é um conjunto de sintomas. Sintomas de anos de intoxicação mental que podem ser observados não apenas naquelas linhas. Kfouri não é um pensador do Brasil, muito menos um teórico social. Trata-se apenas de um replicador de preconceitos e mistificações devidamente fabricadas nos laboratórios de teorias do PT. A única diferença entre ele e os milicianos que desceram o cacete no RJ é o método de ação.

Dia 15 de Marco: um dia da dignidade nacional, contra os traficantes da verdade e os mentirosos da politica

O Brasil não é um país normal, disso sabemos. Quando mafiosos empolgam o Estado, algo muito grave aconteceu, e é isso que precisamos corrigir.
Simples assim. Somos contra os mafiosos do poder e no poder...
Paulo Roberto de Almeida

Micaram, Brasil afora, os atos, como dizem seus promotores, “em defesa da Petrobras”. Na verdade, tratava-se de uma tentativa de blindar a presidente Dilma, antecipadamente, do protesto de domingo. Os esquerdistas criaram transtornos nas cidades em que se manifestaram, mas, quase sempre, havia mais balões do que pessoas, mais bandeiras do que brasileiros, mais palavras de ordem do que ideias. E há um dado que é especialmente saboroso: a convocação do Partido dos Trabalhadores, da Central Única dos Trabalhadores e daqueles que se dizem trabalhadores do MST é feita para uma sexta-feira útil, dia em que, afinal, trabalhadores costumam estar trabalhando.

Mas não eles. Porque trabalhadores não são. Na maioria dos casos, são sindicalistas e apaniguados de aparelhos sindicais que vivem, isto sim, do trabalho alheio. Os que se dizem “defensores da Petrobras” são sanguessugas de quem realmente acorda cedo, pega no batente, tem uma família a alimentar.

Já a manifestação daqueles que  petistas, cutistas e emessetistas chamam “elite”; daqueles que petistas, cutistas e emessetistas chamam “coxinhas”; daqueles que petistas, cutistas e emessetistas chamam “direita golpista”, ah, essa será feita no domingo. Sabem por quê? Porque, para a larga maioria, esse é o único dia de descanso. Os coxinhas, os direitistas, como eles dizem, vivem do seu trabalho, não integram a aristocracia sindical, não vivem pendurados nas tetas do governo. Aqueles que as esquerdas estão hostilizando geram impostos, em vez de apenas consumi-los; geram riquezas, em vez de apenas querer dividi-las, constroem o Brasil, em vez de apenas querer destruí-lo com a sua militância truculenta.

Que país exótico este em que vivemos, não? Aqueles que se dizem de esquerda vivem de renda — sim, meus caros: viver do imposto sindical e da transferência de recursos públicos para ditos movimentos sociais é uma forma de rentismo. E o que o rentismo? É um dinheiro que cai nas mãos do beneficiado sem que, para tanto, ela tenha produzido um miserável parafuso ou mesmo uma miserável ideia. É o dinheiro que saiu dos bolsos de quem trabalha para os de quem não trabalha.

E aqueles que merecem a pecha de “elite”? Ah, esses trabalham muitas horas por dia. Com alguma frequência, buscam ter até mais de um emprego para tentar garantir algum conforto adicional e seus familiares. Vivemos a era em que os que trabalham são obrigados a prestar reverência a quem não trabalha. Vivemos a era em que os que metem a mão na massa são hostilizados por aqueles que vivem de fazer proselitismo. Vivemos numa espécie de nova escravidão, esta de caráter moral, em que o esforço é demonizado, o talento é desprezado, a qualidade é tida por reacionária, a eficiência é vista com maus olhos.

Por isso, a Petrobras está no chão. Por isso, o país tem juros de 12,75% ao ano; por isso, a inflação roça os 8%; por isso, o Brasil vive uma recessão. Os que hoje dirigem o Brasil desprezaram todas as ideias generosas e sensatas de administração responsável do dinheiro público. Não puseram o seu partido e os seus sindicatos a serviço da nação, mas a nação a serviço de seu partido e de seus sindicatos. O resultado é este que vemos: continuamos a ser um país rico com uma população, no mais das vezes, pobre: pobre de saúde, pobre de educação, pobre de segurança pública, pobre… de verdade!

É a direita, como eles dizem, que vai protestar no domingo? Não! Quem vai protestar no domingo são as pessoas direitas — sejam elas “de direita” ou não. É um ato contra um indivíduo chamado Dilma Rousseff? Não! É um ato contra a impunidade, contra a roubalheira, contra o cinismo, contra a trapaça eleitoral, contra a mistificação. Se essa pauta atinge o governante de turno, e se esse governante é uma governanta, então não há o que fazer.

Os que vão para as ruas estarão exercendo o Inciso IV do Artigo 5º da Constituição, o das cláusulas pétreas, imutáveis. Lá está escrito: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Todos nós sabemos o que nos custou essa carta de princípios, depois de 21 anos de ditadura. Infelizmente, em 1988, o PT se negou a homologá-la, num ato absurdo. Talvez por isso ignore agora os seus termos. Talvez por isso o próprio governo Dilma tenha negociado com black blocs, mas hostiliza quem tem a coragem de mostrar a cara.

A presidente Dilma exerce legítima e legalmente o seu mandato. Ninguém jamais contestou essa evidência. Mas o mesmo diploma que lhe garante essa legalidade e essa legitimidade assegura o direito à manifestação e o direito de apresentar petições ao poder público, inclusive o impeachment da presidente. Golpe é querer rasgar a Constituição em vez de aplicá-la. Há algum petista que negue esse fundamento? Pode vir aqui dizer que não é assim. Pode vir aqui tentar provar que isso que digo agride o regime democrático. Vamos ver com quais argumentos.

Querem saber? O verdadeiro protesto de trabalhadores é o que vai acontecer no domingo, já que trabalhadores trabalham. O verdadeiro ato em defesa da Petrobras será o de domingo, já que milhares de pessoas querem proteger a estatal da sanha dos quadrilheiros.

Não! Este não é um editorial de direita. Este é um editorial para pessoas direitas.


Um chefe de quadrilha sartreano: "O inferno sao os outros" (comosempre, escafedeu-se)

O homem é antes de tudo um covarde, mas também patife, mentiroso, sem caráter, e tudo o que mais vcs quiserem...
Paulo Roberto de Almeida

Lula foi Lula ao falar à PF e disse 

não saber de nada em caso de 

dinheiro clandestino

VEJA obteve a íntegra do depoimento prestado pelo 

ex-presidente em 9 de dezembro de 2014. Inquirido 

sobre “empréstimo” de 7 milhões de dólares ao PT, 

ele transferiu a responsabilidade por eventuais irregularidades

 a Delúbio Soares e João Vaccari

 Rodrigo Rangel

DEDO EM RISTE - Na Polícia Federal, Lula desempenhou o papel em que é craque: pôs as eventuais culpas nos companheiros Delúbio e Vaccari
Na sede da Polícia Federal, em Brasília, tudo foi planejado para oferecer ao visitante o conforto a que ele tem direito como ex-presidente da República e, principalmente, a mais absoluta discrição. Lula pediu, e foi atendido, para depor em um local reservado. Os policiais escolheram uma sala contígua ao gabinete do diretor-geral. Foi assim que, na terça-feira 9 de dezembro de 2014, Lula prestou seu depoimento. O ex-presidente, acompanhado de três advogados, entrou pela garagem do prédio e usou o elevador privativo do diretor para levá-lo ao 9º andar. Com a solenidade, o respeito e a deferência que merece um ex-mandatário da República, depois de várias tentativas em vão, a polícia finalmente conseguiu interrogar Lula sobre uma passagem ainda obscura do mais rumoroso caso de corrupção a estourar durante o seu governo, o mensalão.
Desde que deixou o governo, em 2010, pouca coisa se ouviu do ex-presidente sobre o escândalo. Seu principal ministro, seus amigos mais próximos, a cúpula de seu partido e muitos dos parlamentares que apoiavam seu governo foram condenados à prisão. Embora, em última instância, fosse o principal beneficiado pela compra de apoio parlamentar, o ex-presidente nunca foi acusado de nada. Em 2005, Lula se disse traído quando se revelou que o tesoureiro e amigo Delúbio Soares e José Dirceu, seu braço-direito, haviam montado uma rede clandestina de captação de dinheiro para subornar parlamentares e sustentar as campanhas políticas do PT. Preservado por todos os que sabiam de seu envolvimento direto no mensalão, Lula escapou do processo judicial. Ele passou todo o seu governo negando a existência do esquema. Quando desceu a rampa do Palácio do Planalto, porém, prometeu que contaria "a verdadeira história do mensalão". Diante dos policiais federais em Brasília, Lula voltou à versão que, oficialmente, sustentou.
VEJA teve acesso à integra do depoimento, um documento de valor histórico inestimável em que Lula, pela primeira vez, formaliza o que tem de importante a dizer sobre o caso: absolutamente nada. São quatro valiosas páginas que sintetizam a natureza do ex-presidente diante de uma situação embaraçosa - ele, como sempre, jura que não sabia de nada, que nunca se envolveu com os malfeitos de seu governo e, quando confrontado com os fatos, aponta o dedo para terceiros para salvar a própria pele. Durante pouco mais de uma hora, Lula driblou as 28 perguntas elaboradas previamente e lidas por um delegado convocado especialmente para a ocasião.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Dia 15 de Marco: 19 regras do bom manifestante (nao saia de casa sem reler)

Abaixo as 19 regras de boa conduta elaboradas pelos organizadores.
Eu apenas agregaria o seguinte: manifestantes pela democracia e pela transparência nos negócios públicos não se escondem atrás de lenços, máscaras ou capacetes. 
Se mascarados se juntarem ao seu grupo, diga-lhes parase descobrirem: se recusarem, poder ter certeza de que são provocadores. Denuncie-os, pois suas intenções são as piores possíveis.

1 – Bandeiras de partidos políticos e outras organizações ligadas aos mesmos não são bem-vindas.

2 – A marcha é do povo, e ninguém a utilizará para autopromoção.

3 – Se você vir qualquer movimento ou atitude suspeitos, utilize a melhor arma que tem para isso: seu celular. Filme tudo e entregue o arquivo para a organização do ato, a fim de que providências legais sejam tomadas.

4 – Se surgir qualquer foco de violência ou vandalismo contra o patrimônio público ou privado, todos deverão sentar-se até que os policiais que farão a escolta, fardados ou à paisana, capturem o meliante.

5 – Se houver provocações oriundas de qualquer grupo estranho ao ato, apenas ignore. Eles estão desesperados, pois tudo o que construíram está ruindo. Nós somos a ameaça aos seus interesses escusos. Somos o golpe de misericórdia contra o PT.

6 – Atenção às mensagens que serão enviadas do carro de som!

7 – Evite roupas vermelhas ou pretas. Elas lembram o PT e os black blocs. Não compareça ao evento com camisetas que façam alusão a partidos políticos.

8 – Verde e amarelo são as cores ideais para o dia de indignação. Pinte o rosto!

9 – Confeccione faixas e cartazes. Leve bandeiras do Brasil, nariz de palhaço, cornetas, apitos, faça barulho! Leve também balões azuis, amarelos e verdes. Vamos chamar atenção para nossa causa.

10 – Durante a marcha, fique atento às palavras de ordem que serão estimuladas pela organização! Nada de coros que não são pertinentes ao ato. Lembre-se: você está nas ruas para reivindicar direitos.

11 – A Polícia é nossa amiga. Gente ordeira e trabalhadora não teme aqueles que nos protegem. Eles estarão presentes para garantir que tudo corra bem. Não trate esses bravos servidores públicos de forma hostil.

12 – Convide amigos e vizinhos. Vá com sua família ao ato! Ensine seus filhos desde pequenos que política é algo bom e deve ter à frente pessoas de bem. Estimule-os a fazer parte da história e não apenas a vê-la passar. Um povo que luta por seus direitos e participa é respeitado por seu governo.

13 – Respeite os veículos que se aproximarem da marcha. Não bata nos vidros, tampouco na lataria dos carros. Não jogue lixo no chão. Recolha papéis e outros objetos e deposite em lixeiras. Somos civilizados.

14 – Permaneça no roteiro da marcha. A intenção é mostrar nossa força, não travar o trânsito.

15 – Se chover, vá mesmo assim! Leve seu guarda-chuva, mas não deixe de comparecer. Não somos feitos de açúcar. Temos força e raça! Nada impedirá nossa luta pelo Brasil que queremos!

16 – Caso alguém passe mal no evento, forneça ajuda e contate a organização.

17 – Qualquer crítica ou sugestão serão bem-recebidas por aqueles que organizam o ato.

18 – Leve água para se hidratar durante o percurso. Respeite crianças e idosos.

19-  Desejamos uma ótima marcha a todos!!

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Volto às minhas diretivas sobre os nossos objetivos:

1) Contra a corrupção: restaurar a moralidade nos negócios públicos;
2) Contra o Estado extorsivo: menos impostos, mais liberdades econômicas;
3) Contra todos os privilégios: políticos são cidadãos como quaisquer outros;
4) Contra a censura: todas as comunicações são livres, sem controle do Estado;
5) Contra todas as ditaduras: o Brasil defende a democracia e os direitos humanos.

Constituicao: esse Frankestein sempre na mesa de operacao - Emenda n. 85

Você sabia, caro leitor, que a nossa Constituição, tão novinha (completou recém 27 anos), já recebeu 85 emendas? Isso dá mais de 3 emendas por ano, o que permite calcular que quando ela tiver alcançado meio século de existência (que é a vida média ativa de uma pessoa normal), ela terá acumulado quase 160 emendas, o que permite dizer será um Frankestein praticamente refeito.
A última emenda segue abaixo, relativa à apropriação de recursos pelos mais ricos e inteligentes, contra os mais pobres e indefesos, que são os alunos do ensino público dos primeiros ciclos.
Todas essas emendas, na verdade, visam garantir direitos e vantagens para setores específicos, o que significa que a CF continuará colaborando para a concentração de renda no país...
Paulo Roberto de Almeida


Altera e adiciona dispositivos na Constituição Federal para atualizar o tratamento das atividades de ciência, tecnologia e inovação.
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:
Art. 1º A Constituição Federal passa a vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 23. ...................................................................................
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
..............................................................................................." (NR)
"Art. 24. ...................................................................................
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
." (NR)
"Art. 167. .................................................................................
§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder Executivo, sem necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo." (NR)
"Art. 200. .................................................................................
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação;
" (NR)
"Art. 213. ................................................................................
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder Público." (NR)  
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO"
"Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação. 
§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação. 
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, inclusive por meio do apoio às atividades de extensão tecnológica, e concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho.
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no caput , estimulará a articulação entre entes, tanto públicos quanto privados, nas diversas esferas de governo. 
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior das instituições públicas de ciência, tecnologia e inovação, com vistas à execução das atividades previstas no caput ." (NR)
"Art. 219. ..
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o fortalecimento da inovação nas empresas, bem como nos demais entes, públicos ou privados, a constituição e a manutenção de parques e polos tecnológicos e de demais ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores independentes e a criação, absorção, difusão e transferência de tecnologia." (NR)  
Art. 2º O Capítulo IV do Título VIII da Constituição Federal passa a vigorar acrescido dos seguintes arts. 219-A e 219-B:
"Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão firmar instrumentos de cooperação com órgãos e entidades públicos e com entidades privadas, inclusive para o compartilhamento de recursos humanos especializados e capacidade instalada, para a execução de projetos de pesquisa, de desenvolvimento científico e tecnológico e de inovação, mediante contrapartida financeira ou não financeira assumida pelo ente beneficiário, na forma da lei."
"Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) será organizado em regime de colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a promover o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação.
§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão concorrentemente sobre suas peculiaridades."
Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, em 26 de fevereiro de 2015.

Um discurso de formatura: um tratado de economia brasileira - Alexandre Schwartsman

Discursos de formatura costumam ser aborrecidamente enfadonhos, com perdão pela redundância. Não este aqui. Uma aula magna de economia e de história brasileira recente. Leiam e desfrutem. 

Discurso formatura FEA (11/março/2015)
Boa noite a todos, formandos, pais, e professores.

Quero, em primeiro lugar, agradecer o convite honroso para, mais uma vez, voltar à minha antiga casa. É sempre um prazer reencontrar pessoas e instituições que foram fundamentais para moldar nossa vida e dar um norte aos nossos caminhos e eu, ex-aluno, de graduação e mestrado, não posso esquecer o quanto a FEA foi importante para mim, seja do ponto de vista profissional, seja do ponto de vista pessoal.

Houve tempo que meu objetivo de vida era permanecer nesta casa, mas trilhei caminhos que me levaram a outros destinos, sem jamais, porém, perder o carinho ao lar.

Não é sobre isto, contudo, que pretendo falar esta noite.

Vivemos, como se sabe, tempos difíceis e, se cabe ainda à minha geração tentar solucionar os problemas que hoje enfrentamos, à nova geração – aqui representada pelas formandas e formandos – caberá um papel crescente para encaminhar o país a um futuro melhor.

Não é uma tarefa fácil. Se fosse, certamente estaríamos em situação mais confortável. Fomos capazes de resolver alguns dos problemas que atormentaram o Brasil durante décadas, mas certamente não (ainda – e aqui destaco ainda) de recolocar o país na rota do crescimento equilibrado e vigoroso. Às vezes foi vigoroso, outras (menos) foi equilibrado, mas raramente conseguimos esta combinação preciosa.

O que me dói é que estivemos, talvez, perto de consegui-lo. Há não muito tempo, menos de 10 anos, chegamos a ter uma economia que crescia, se não a taxas exuberantes, pelo menos em ritmo mais que confortável, absorvendo não só o crescimento da população, mas também gerando oportunidades para aqueles que permaneciam à margem do mercado de trabalho. O desemprego, portanto, caiu de forma segura, desempenhando papel central inclusive na melhora da distribuição de renda, ainda maior que as transferências de renda operadas pelo governo.

Ao mesmo tempo havia indicações de estabilidade. A inflação, flagelo de outras eras, fora posta sob controle; as contas externas, origens de tantas crises, não representavam ameaça; as contas públicas, por fim, se não se mostravam inteiramente equilibradas e ainda dependiam muito de uma carga tributária extraordinariamente elevada, eram consistentes com uma trajetória de redução persistente do endividamento do setor público.

Isto certamente não implica concluir que todos nossos problemas já tivessem sido endereçados. Pelo contrário, como digo há tempos, o Brasil é um país condenado à reforma e havia – como ainda há – questões a serem tratadas, que iam da complexidade do sistema tributário nacional ao crescimento ainda insuficiente da produtividade, da baixa exposição da economia à competição ao desempenho medíocre dos nossos alunos nos testes internacionais. 

Não, problemas não faltavam e, desconfio, nunca faltarão, mas, ao menos, havíamos atingido um estágio em que finalmente, superados os principais desafios à estabilidade, poderíamos nos dedicar a tratar de forma mais profunda questões de natureza mais “estrutural”, que, se bem encaminhadas, nos permitiriam crescer mais rapidamente de forma sustentada, com maior justiça.

Esta oportunidade, porém, foi desperdiçada.

Como sempre ocorre, não foi uma única medida que tirou a economia brasileira dos trilhos, mas um conjunto delas, ao longo de vários anos, erodindo lenta, porém, continuamente as conquistas anteriores.

Ainda assim, se tivesse que escolher um momento divisor de águas, seria uma reunião ocorrida há pouco menos de 10 anos. Nela discutiu-se a possibilidade de aprofundar os rumos do ajuste fiscal brasileiro por meio de um programa de longo prazo que, de forma muito resumida, propunha manter o crescimento das despesas correntes abaixo do ritmo de expansão do PIB, com o objetivo de reduzir o gasto corrente como proporção do produto e assim abrir espaço para aumento do investimento público, principalmente em infraestrutura, ou reduzir a carga tributária, ou reduzir mais rapidamente a dívida pública (ou ainda uma combinação destas três alternativas).

Esta proposta foi morta no nascedouro pela então ministra-chefe da Casa Civil que a classificou de “rudimentar”, não sem antes acrescentar que “despesa corrente é vida”. Como notei certa vez, se tivéssemos seguido esta “proposta rudimentar”, o gasto federal teria caído para cerca de 14% do PIB no ano passado; ao invés disto atingiu 20% do PIB, uma diferença de 6% do PIB, ou seja, algo como R$ 300 bilhões de reais por ano!

Não parece ser outro o motivo de termos o governo mais “gastão” da história recente do Brasil.

Grave, porém, como foi tal despropósito, tratou-se apenas do primeiro passo no sentido de desmontar um regime de política econômica que havia se provado particularmente bem-sucedido nos termos que expressei acima: crescimento sólido, inflação controlada, contas públicas e externas em ordem.

Aos poucos cada um destes elementos foi descartado e, pior, ao invés de nos aprofundarmos no sentido de tornar o país mais competitivo (e, portanto, mais produtivo), voltamos muitos passos atrás.

Assim, ainda que a economia brasileira permaneça mais aberta do que foi num passado remoto, houve medidas que a tornaram mais protegida da concorrência externa, de leis de conteúdo nacional (como no caso da indústria de petróleo, reproduzindo tentativas fracassadas, como a Lei de Informática dos anos 80) a velhas práticas de proteção tarifária.

Foram escolhidos – sabe-se lá por qual critério – “campeões nacionais”, que receberam enormes somas de dinheiro público que, de fato, não é dinheiro público, mas de todos nós, contribuintes, sem a transparência que se espera no trato deste tipo de recursos. O financiamento do Tesouro Nacional ao BNDES, o agente na escolha dos “campeões”, atingiu cerca de R$ 490 bilhões, equivalente a nada menos do que 9,5% do PIB.

Houve controle de preços, impedindo que os mecanismos de mercado funcionassem a contento, levando por conseqüência a graves distorções em setores-chave da economia, como o energético e o sucroalcooleiro.

Este retrocesso marcante nas relações entre o setor público e o privado implicou forte desaceleração do ritmo de produtividade, que caiu de algo próximo a 2% ao ano na segunda metade da década passada para menos de 1% ao ano no período mais recente.

As dificuldades que hoje enfrentamos – crescimento baixo, inflação elevada, déficits externos consideráveis, dívida pública crescente – são resultados diretos da inflexão de política econômica que – em retrospecto – parece ter começado já em 2005, ainda que tenha sido acelerada, sob o nome de Nova Matriz Macroeconômica, apenas no período mais recente, a partir de 2011.

É bom notar que não houve uma motivação estritamente econômica para a esta inflexão. Ainda que não extraordinário, o desempenho do país foi, como vimos, mais do que razoável em termos de crescimento, estabilidade e inclusão social.

A motivação parece ter sido política e ideológica. Havia – como ainda há – a crença que políticas econômicas que privilegiam o crescimento com estabilidade em detrimento da expansão a qualquer custo; que apontam para as limitações orçamentárias; que destacam o papel da poupança e dos mercados no crescimento econômico entre outras características, seriam fruto de um “pensamento conservador”, que daria preferência a “rentistas” sobre os “produtores”.

Seria possível, na visão destes economistas, romper os limites do possível. A demanda criaria sua própria oferta. O aumento de gastos – ao elevar o produto – geraria os recursos necessários ao seu financiamento. A intervenção do governo – sábio e benevolente – permitiria a superação de “falhas de mercado”, levando o país a novos patamares de desenvolvimento.

Pouco importa que tudo isto já tivesse sido tentado. Para economistas que se dizem fundamentalmente preocupados com a história, é notável a ignorância acerca dos resultados de políticas semelhantes aplicadas no passado: choro e ranger de dentes.

* * *

Economia é uma ciência humana. Como tal, não é melhor ou pior do que a Física, ou a Biologia; é apenas obrigada, por força de seu objeto, a empregar métodos distintos. 

A Física pode se basear em explicações causais: uma força aplicada sobre um corpo o faz mover; ou os meios diferentes em que a luz passa alteram sua velocidade. 

A Biologia pode se amparar em explicações funcionais: determinadas características de certa espécie se perpetuam porque aumentam as chances de cada indivíduo com estas características passar adiante os genes que as carregam.

Já a Economia, como ciência humana, não pode se amparar neste tipo de explicações. A ela cabe, assim como nas demais ciências sociais, se amparar na busca dos motivos que guiam a ação humana. A explicação adequada para este caso é a explicação intencional.

Neste sentido os economistas criaram uma ficção extraordinariamente poderosa. O “homem econômico”, um ser amoral, que busca, sem paixões, o máximo de satisfação, limitado apenas pela disponibilidade de recursos e pela tecnologia existente. 

Por mais que saibamos que seres humanos de carne e osso não se comportem exatamente da forma presumida para o “homem econômico” (podem, por exemplo, ser altruístas e morais, assim como provavelmente não são capazes de atingir os incríveis limites de racionalidade da nossa ficção), a verdade é que modelos que supõem que as pessoas se preocupam mais com seu próprio interesse e que são capazes de realizar feitos extraordinários de raciocínio para atingir seus objetivos têm se mostrado melhores no sentido de prever a ação econômica do que presunções acerca da bondade inata do ser humano.

Há custos, porém. Para lidar com esta ficção vocês foram expostos a técnicas razoavelmente sofisticadas, tanto no campo matemático quanto estatístico. Cálculo diferencial, álgebra linear, métodos de máxima verossimilhança, propriedades assintóticas de estimadores, otimização sujeita a restrições, etc. representam uma amostra modesta do tipo de tortura a que vocês foram submetidos, com maior ou menor grau de sucesso (e, posso dizer, vocês aprenderam muito mais do que eu aprendi na minha graduação).

Não é todo mundo que está disposto ou preparado para lidar com isto. Muito mais fácil é recitar meia dúzia de citações de economistas ilustres, mortos há mais de 60 anos, e tomar isto como verdades reveladas. O que Keynes disse, o que Marx disse viram critérios de verdade, mais do que a evidência empírica. Se o mundo não se comporta como estes sábios previram, tanto pior para o mundo.

Não é o caso de vocês.

Por mais que não haja respostas definitivas, a ciência que vocês aprenderam nestes últimos anos é um instrumento poderoso na busca de verdades, ainda que sejam “verdades provisórias”, válidas até nova evidência e novos desenvolvimentos teóricos se mostrem mais adequados para lidar com a realidade.

Posto de outra forma, Economia não é uma ciência que lhes dará certezas. Mas lhes oferece uma ferramenta adequada para explorar o mundo, formular hipóteses, testá-las contra a realidade e, com base nisto, formular políticas que possam endereçar nossos problemas. 

Não é um caminho fácil. As respostas não estão num livro empoeirado na biblioteca da FEA. As respostas virão como resultado da aplicação dos métodos que vocês aprenderam nestes anos. Posto de outra forma, Economia, mais que uma coleção de verdades, é um método para resolver problemas.

* * *

Concluo. 

A inflexão da política econômica observada nos últimos anos resulta da visão da Economia como a tal coleção de verdades proferidas pelos velhos mestres. Não foi a evidência empírica nem a abordagem científica que estavam por detrás da mudança de paradigma, mas crenças de caráter quase religioso. O resultado não poderia ser diferente: quem ignora a realidade sofre sério risco de ser por ela atropelado.

Não é, certamente, o que ocorrerá com vocês. Vocês começam agora suas carreiras, dotadas de todas as condições para alcançarem mais longe que minha geração alcançou. Em mais alguns anos será a vez de vocês tomarem o leme do país, seja em postos-chave no governo, seja no comando das principais empresas do setor privado.

Se cabe um conselho é: não esqueçam o que aprenderam. E aqui não me refiro a nenhum dogma em particular; mais que as conclusões, o que interessa é o método que vocês utilizam para alcançá-las. É um instrumental, repito, poderoso; não infalível, claro, mas, de certa forma passível de autocorreção. 


Respeitem o método; submetam-se à evidência empírica; e permaneçam céticos acerca de toda e qualquer conclusão. Assim irão muito além do que um dia pudemos sonhar.

Obrigado, parabéns, sucesso e boa sorte!

Dia 15 de marco: um dia que pode ir para a Historia: depende de voce...

Concordo, ratifico, apoio, elogio, integralmente este artigo do Glauco Fonseca.
Está tudo aí: todos nós, que temos um mínimo de dignidade, que pensamos no futuro da nação, de nossos filhos e netos, temos de levar adiante este combate.
Imagine se os alemães tivessem reagido, logo em março de 1933, quando Hitler começou suas leis celeradas e a implantar uma ditadura no país: milhões de alemães, de europeus, não teriam sido mortos, e a Alemanha não teria sido destruída.
Não imagino catástrofe igual para o Brasil, mas penso, sim, que temos gangsteres no poder, como os nazistas, como os fascistas, gente da mesma estirpe.
Já pensou então em como é importante sua mobilização no próximo domingo?
Pois é, eu que leio muita história já pensei nisso.
Movimente-se
Paulo Roberto de Almeida
Glauco Fonseca
Diário do Poder, 12/03/2015

Dilma mentiu, mente e mentirá sempre. Mentiu na campanha eleitoral, mentiu antes no dossiê contra Dona Ruth Cardoso e continuará mentindo, custe o que custar, a quem quer que seja. Deve ter mentido para maridos, para filha e mentirá para o neto. Dilma mente e eu detesto gente que mente compulsivamente, seja de que partido for.
Dilma acusou adversários de modo sórdido na campanha, disse que a comida sumiria da mesa do pobre caso ele votasse em Marina Silva, alegou que Aécio quebraria o país, como o PSDB teria feito já em outras ocasiões anteriores. Dilma aplicou sua régua pessoal a seus oponentes. Usou sua trena imunda para medir as estaturas alheias.
Dilma insiste em acobertar crimes e criminosos. Montou uma estrutura para abafar uma investigação que uma Presidente da República deveria ser a primeira interessada em desbaratar. Seu ministro da justiça, seu advogado-geral e seu procurador-geral (todos em letras minúsculas de modo proposital) são pessoas como ela, descompromissados com o que é certo, alienados com o que é direito e, se Dilma faz o diabo, essa gente está mancomunada com a coisa-ruim.
Dilma cometeu crimes eleitorais em profusão. Carros de som ameaçavam pessoas nas ruelas do agreste e do serão nordestinos, quando não pessoalmente, nas casas de brasileiros humildes, de brasileiros que necessitam dos programas de transferência de renda. Promoveu estelionato eleitoral, prometendo dar continuidade a programas sociais que ora descontinua, ampliar benefícios sociais que agora restringe e melhorar indicadores sociais e econômicos que se decompõem de podridão.
Dilma apoia Maduro, Castros, Kirschners, Morales e outros protótipos de ditadores latino americanos e africanos. Apoiou a tentativa de golpe de estado em Honduras, expulsou o Paraguai do Mercosul (os paraguaios vibram até hoje) e, como Lula, prefere a companhia de totalitários e sanguinários a democratas do mundo civilizado. E ao contrário do que seria o mínimo desejável, não lidera nada, não inspira nada, não realiza absolutamente nada para absolutamente ninguém em qualquer lugar.
Dilma não é líder política no Brasil. Não é uma pessoa modelar, que é importante para o povo buscar nela referenciais para suas vidas. Não é uma pessoa popular, não consegue se comunicar (a não ser quando mente) e possui uma agressividade improdutiva no olhar distante, típico de sociopatas “visionários”. Ela não terá fidelidade nem admiração nem de seu motorista no ocaso de sua vida política.
Dilma liquidou, acabou, detonou a maior empresa brasileira, a Petrobras, assim como desmontou, com Lula e a camarilha petista, as agências reguladoras, o BNDES, a Caixa, os Correios e o sistema Eletrobrás. Isto por enquanto. Ela foi ministra de minas e energia, presidente do conselho da Petrobras, presidente da república e delatores premiados declararam que ela e Lula sempre souberam dos desvios na estatal petroleira.
Dilma nega, mas quer a imprensa amordaçada, solapada, garroteada. Não é amiga da liberdade de expressão e da livre manifestação. Ela, seu “entourage” e seu partido não são, nunca foram e nunca serão democratas nem republicanos.
Agora compare tudo isto com uma Fiat Elba, reflita e vá pra rua dia 15 de março.

A frase da semana: o Titanic companheiro (mas ja', assim tao rapidamente?)

Essa é primorosa.
Quando se é um oportunista deslavado, e descarado, um sabujo de qualquer governo, mas que tem pelo menos essa qualidade de cheirar incêndio começando, ou iceberg aproximando, neste caso, parece que o cidadão em questão, de quem eu nunca apertaria a mão, acertou em cheio:

"Não quero ir para a suíte de luxo do Titanic. Prefiro ficar no escaler, de remo na mão", Romero Jucá, do PMDB, sobre ter sido sondado para ser o líder do governo no Senado.

Frase do dia O Antagonista,

EUA e Brasil: ser um pais de imigracao e' uma gloria; ser um pais de emigracao e' apenas um fracasso...

Os EUA ainda são um país de imigrantes, e por isso continuam a ser dinâmicos, flexíveis, inovadores, vanguardistas.
Ser um país que exporta seus filhos, seja por razões econômicas -- como fazem quase todos os ilegais brasileiros nos EUA -- seja por razões de trabalho decente e de segurança -- como fazem os quadros da classe média -- isso sim representa um fracasso para o país...
Desse ponto de vista, os EUA estão predestinados a ainda ser um país de futuro, e o Brasil uma nação fracassada...
Paulo Roberto de Almeida

LEADERS

Latinos in the United States - How to fire up America
The Economist, March 12, 2015

The rise of Latinos is a huge opportunity. The United States must not squander it

A SATIRICAL film in 2004, called “A Day Without a Mexican”, imagined Californians running scared after their cooks, nannies and gardeners had vanished. Set it in today’s America and it would be a more sobering drama. If 57m Hispanics were to disappear, public-school playgrounds would lose one child in four and employers from Alaska to Alabama would struggle to stay open. Imagine the scene by mid-century, when the Latino population is set to have doubled again.
Listen to some, and foreign scroungers threaten America, a soft-hearted country with a wide-open border. For almost two centuries after America was founded, more than 80% of its citizens were whites of European descent. Today, non-Hispanic whites have dropped below two-thirds of the population. They are on course to become a minority by 2044. At a recent gathering of Republicans with presidential ambitions, a former governor of Arkansas, Mike Huckabee, growled about “illegal people” rushing in “because they’ve heard that there is a bowl of food just across the border.”
Politicians are right that a demographic revolution is under way. But, as our special report this week shows, their panic about immigration and the national interest is misguided. America needs its Latinos. To prosper, it must not exclude them, but help them realise their potential.
A Hispanic attack
Those who whip up border fever are wrong on the facts. The southern frontier has never been harder to cross. Recent Hispanic population growth has mostly been driven by births, not fresh immigration. Even if the borders could somehow be sealed and every unauthorised migrant deported—which would be cruel and impossible—some 48m legally resident Hispanics would remain. Latino growth will not be stopped.
They are also wrong about demography. From Europe to north-east Asia, the 21st century risks being an age of old people, slow growth and sour, timid politics. Swelling armies of the elderly will fight to defend their pensions and other public services. Between now and mid-century, Germany’s median age will rise to 52. China’s population growth will flatten and then fall; its labour force is already shrinking. Not America’s. By 2050 its median age will be a sprightly 41 and its population will still be growing. Latinos will be a big part of that story.
The nativists fret that Hispanics will be a race apart, tied to homelands racked by corruption and crime. Early migrants from Europe, they note, built new lives an ocean away from their ancestral lands. Hispanics, by contrast, can maintain ties with relatives who stayed behind, thanks to cheap flights and Skype. This fear is wildly exaggerated. People can love two countries, just as loving your spouse does not mean you love your mother less. Nativists are distracting America from the real task, which is to make Hispanic integration a success.
An unprecedented test of social mobility looms. Today’s Latinos are poorer and worse-educated than the American average. As a vast (and mostly white) cohort of middle-class baby-boomers retires, America must educate the young Hispanics who will replace them, or the whole country will suffer. Some states understand what is at stake—and are passing laws to make college cheaper for children with good grades but the wrong legal status. Others are going backwards. Texas Republicans are debating whether to make college costlier for undocumented students—a baffling move in a state where, by 2050, Hispanic workers will outnumber whites three to one.
Politicians of both left and right will have to change their tune. For a start, they will have to stop treating Hispanics as almost a single-issue group—as either villains or victims of the immigration system. Almost 1m Latinos reach voting age each year. With every election, Hispanics will want to hear less about immigration and more about school reform, affordable health care and policies to help them get into the middle class.
Republicans have the most work ahead. The party has done a wretched job of making Latinos feel welcome, and suffered for it at the polls. Just 27% of Hispanics voted for Mitt Romney, the Republican presidential candidate in 2012, after he suggested that life should be made so miserable for migrants without legal papers that they “self-deport”. Yet Democrats have no reason to be smug. At present, most Latinos do not vote at all; as they grow more prosperous their votes will be up for grabs. Jeb Bush, a putative White House contender in 2016 who is married to a Latina, has wooed Latinos by saying that illegal migration is often an act of family “love”.
Since their votes cannot be taken for granted, Hispanics will become ever more influential. This is especially true of those who leave the Catholic church to become Protestants. This subset already outnumbers Jewish-Americans, and is that rare thing: a true swing electorate, backing Bill Clinton, George W. Bush and Barack Obama. America should welcome the competition: its sclerotic democracy needs swing voters.
Chilies in the mix
Anxious Americans should have more faith in their system. High-school-graduation rates are rising among Latinos; teenage pregnancy is falling. Inter-marriage between Hispanics and others is rising. The children and grandchildren of migrants are learning English—just like immigrants of the past. They are bringing something new, too. A distinctive, bilingual Hispanic American culture is blurring old distinctions between Mexican-Americans and other Latinos. That culture’s swaggering soft power can be felt across the Spanish-speaking world: just ask artists such as Romeo Santos, a bachata singer of Dominican-Puerto Rican stock, raised in the Bronx. His name is unknown to many Anglos, but he has sold out Yankee Stadium in New York (twice) and 50,000-seat stadiums from Mexico City to Buenos Aires. One of his hits, “Propuesta Indecente”, has been viewed on YouTube more than 600m times.
America has been granted an extraordinary stroke of luck: a big dose of youth and energy, just as its global competitors are greying. Making the most of this chance will take pragmatism and goodwill. Get it right, and a diverse, outward-facing America will have much to teach the world.