O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 27 de junho de 2015

A mafia que tomou de assalto o Brasil - Reinaldo Azevedo

Apenas registrando para benefício da história. Eu nunca disse outra coisa: desde o início afirmei que estávamos sendo governados por uma máfia. Estou enganado?
Paulo Roberto de Almeida 

A economia vai mal. Muito mal. Mas a política está muito pior. É discutível se a crise econômica piora a política, mas é certo que a crise política piora a economia. É a fraqueza do governo que dá as cartas. Dilma não sabe o que dizer, o que fazer, o que anunciar. E, um ano e três meses depois de iniciada a operação Lava Jato — depois de muitos desacertos, ainda em curso, protagonizados também pela Procuradoria Geral da República, sob o comando de Rodrigo Janot, e pelo juiz Sérgio Moro —, eis que cai a máscara, eis que a verdade se desnuda: UMA VERDADEIRA MÁFIA TOMOU CONTA DO ESTADO BRASILEIRO. E ELA PRECISA SER TIRADA DE LÁ PELA LEI.

Vá à banca mais próxima e adquira um documento: a edição desta semana da revista VEJA. Em 12 páginas, você lerá, no detalhe, como atuou — atua ainda? — a máfia que tomou conta do Brasil e como se construiu o establishment político que nos governa. O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e ex-amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva, resolveu contar tudo. Ficou preso mais de cinco meses. Só fez o acordo de delação premiada depois de ter deixado a cadeia. ESTE BLOGUEIRO FALASTRÃO, COMO LULA ME CLASSIFICOU NO CONGRESSO DO PT, SENTE-SE, DE ALGUM MODO, VINGADO. Vingado também contra as hostes da desqualificação e do cretinismo da esquerda e da direita burra e desinformada. NÃO HÁ NEM NUNCA HOUVE CARTEL DE EMPREITEIRAS, COMO SEMPRE SUSTENTEI. O QUE SE CRIOU NO BRASIL FOI UMA ESTRUTURA MAFIOSA DE ACHAQUE.

É claro que as empreiteiras praticaram crimes também. Mas não o de formação de cartel. Insistir na tese do cartel CORRESPONDE A NEGAR A ESSÊNCIA DO MODELO QUE NOS GOVERNA.

O achaque
VEJA teve acesso ao conteúdo da delação premiada de Ricardo Pessoa, homologada pelo ministro Teori Zavascki. É demolidor. Segue, em azul, um trecho do que vai na revista:

Em cinco dias de depoimentos prestados em Brasília, Pessoa descreveu como financiou campanhas à margem da lei e distribuiu propinas. Ele disse que usou dinheiro do petrolão para bancar despesas de dezoito figuras coroadas da República. Foi com a verba desviada da estatal que a UTC doou dinheiro às campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2014. Foi com ela também que garantiu o repasse de 3,2 milhões de reais a José Dirceu, uma ajudinha providencial para que o mensaleiro pagasse suas despesas pessoais.

A UTC ascendeu ao panteão das grandes empreiteiras nacionais nos governos do PT. Ao Ministério Público, Pessoa fez questão de registrar que essa caminhada foi pavimentada com propinas. O empreiteiro delatou ao STF essas somas que entregou aos donos do poder, segundo ele, mediante achaques e chantagens. Relatou que teve três encontros em 2014 com Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma e atual ministro de Comunicação Social.

Nos encontros, disse, ironicamente, ter sido abordado “de maneira bastante elegante”. Contou ele: “O Edinho me disse: ‘Você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando”. A abordagem elegante lhe custou 10 milhões de reais, dados à campanha de Dilma. Um sservidor do Palácio chamado Manoel de Araújo Sobrinho acertou os detalhes dos pagamentos diretamente com

Documentos entregues pelo empresário mostram que foram feitos dois depósitos de 2,5 milhões de reais cada um, em 5 e 30 de agosto de 2014. Depois dos pagamentos, Sobrinho acertou com o empreiteiro o repasse de outros 5 milhões para o caixa eleitoral de Dilma. Pessoa entregou metade do valor pedido e se comprometeu a pagar a parcela restante depois das eleições. Só não cumpriu o prometido porque foi preso antes.
(…)

Retomo
Edinho, claro, nega. Será preciso agora saber quem é o tal Manoel Araújo Sobrinho, que tem de ser convocado pela CPI nas primeiras horas da segunda-feira. Ricardo Pessoa sempre foi considerado o homem-bomba do caso, muito especialmente por Lula e pelo Palácio do Planalto. Ele é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público como o coordenador do “Clube do Bilhão”. O nome é meio boboca, e duvido que tenha existido algo parecido. Mas é inegável que ele exercia uma espécie de liderança política entre os empresários.

Escrevi aqui umas quinhentas vezes que INSISTIR NA TESE DO CARTEL CORRESPONDIA A NEGAR A NATUREZA DO JOGO. Empresas, quando se cartelizam, fazem uma vítima do outro lado. Sim, as vítimas da roubalheira são os brasileiros, é inegável. Mas, do outro lado da negociação com as empreiteiras, estava a Petrobras, a contratadora única, que determinava os preços, e no comando da empresa, a máfia que tomou conta do governo e impunha as suas vontades.

Máfia cachaceira
Quando falo em máfia, não forço a mão nem recorro a uma figura de linguagem. Havia até senha secreta para entregar dinheiro aos petistas, segundo Ricardo Pessoa. As palavras, nem poderia ser diferente, referem-se, vamos dizer, ao universo alcoólico. Tudo compatível com um Poderoso Chefão chamado “Brahma”. Leiam esta passagem da reportagem, em que o empreiteiro conta como era entregue O DINHEIRO VIVO AO TESOUREIRO DA CAMPANHA DE LULA, EM 2006.

Segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, a UTC contribuiu com 2,4  milhões de reais em dinheiro vivo para a campanha à reeleição de Lula, numa operação combinada diretamente com José de Filippi Júnior, que era o tesoureiro da campanha e hoje trabalha como secretário de Saúde da cidade de São Paulo.

Para viabilizar a entrega do dinheiro e manter a ilegalidade em segredo, o empreiteiro amigo de Lula e o tesoureiro do presidente-candidato montaram uma operação clandestina digna dos enredos rocambolescos de filmes sobre a máfia. Pessoa contou aos procuradores que ele, o executivo da UTC Walmir Pinheiro e um emissário da confiança de ambos levavam pessoalmente os pacotes de dinheiro ao comitê da campanha presidencial de Lula. Para não chamar a atenção de outros petistas que trabalhavam no local, a entrega da encomenda era precedida de uma troca de senhas entre o pagador e o beneficiário.

Ao chegar com a grana, Pessoa dizia “tulipa”. Se ele ouvia como resposta a palavra “caneco”, seguia até a sala de Filippi Júnior. A escolha da senha e da contrassenha foi feita por Pessoa com emissários do tesoureiro da campanha de Lula numa choperia da Zona Sul de São Paulo. Antes de chegar ao comitê eleitoral, a verba desviada da Petrobras percorria um longo caminho. Os valores saíam de uma conta na Suíça do consórcio Quip, formado pelas empresas UTC, Iesa, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, que mantém contratos milionários com a Petrobras para a construção das plataformas P-53, P-55 e P-63.

Em nome do consórcio, a empresa suíça Quadrix enviava o dinheiro ao Brasil. A Quadrix também transferiu milhares de dólares para contas de operadores ligados ao PT. Pessoa entregou aos investigadores as planilhas com todas as movimentações realizadas na Suíça. Os pagamentos via caixa dois são a primeira prova de que o ex-presidente Lula foi beneficiado diretamente pelo petrolão.

Até agora, as autoridades tinham informações sobre as relações lucrativas do petista com grandes empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, mas nada comparável ao testemunho e aos dados apresentados pelo dono da UTC. Depois de deixar o governo, Lula foi contratado como palestrante por grandes empresas brasileiras. Documentos obtidos pela Polícia Federal mostram que ele recebeu cerca de 3,5 milhões de reais da Camargo Corrêa. Parte desse dinheiro foi contabilizada pela construtora como “doações” e “bônus eleitorais” pagos ao Instituto Lula. Conforme revelado por VEJA, a OAS também fez uma série de favores pessoais ao ex-presidente, incluindo a reforma e a construção de imóveis usados pela família dele. UTC, Camargo Corrêa e OAS estão juntas nessa parceria. De diferente entre elas, só as variações dos apelidos, das senhas e das contrassenhas. “Brahma”, “tulipa” e “caneco”, porém, convergem para um mesmo ponto.

Pixuleco
Leiam a reportagem da VEJA. Ao longo de 12 páginas, vocês vão constatar que o país foi literalmente assaltado por ladrões cínicos e debochados. João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro do PT que foi objeto de um desagravo feito pela Executiva Nacional do partido na quinta, depois de um encontro de Rui Falcão com Lula, chamava a propina de “pixuleco”. Segue um trecho.

O empreiteiro contou que conheceu Vaccari durante o primeiro governo Lula, mas foi só a partir de 2007 que a relação entre os dois se intensificou. Por orientação do então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, um dos presos da Operação Lava-Jato, Pessoa passou a tratar das questões financeiras da quadrilha diretamente com o tesoureiro. A simbiose entre corrupto e corruptor era perfeita, a ponto de o dono da UTC em suas declarações destacar o comportamento diligente do tesoureiro: “Bastava a empresa assinar um novo contrato com a Petrobras que o Vaccari aparecia para lembrar: ‘Como fica o nosso entendimento político?’”. A expressão “entendimento político”, é óbvio, significava pagamento de propina no dialeto da quadrilha. Aliás, propina não.

Vaccari, ao que parece, não gostava dessa palavra. Como eram dezenas de contratos e centenas as liberações de dinheiro, corrupto e corruptor se encontravam regularmente para os tais “entendimentos políticos”. João Vaccari era conhecido pelos comparsas como Moch, uma referência à sua inseparável mochila preta. Ele se tornou um assíduo frequentador da sede da UTC em São Paulo. Segundo os registros da própria empreiteira, para não chamar atenção, o tesoureiro buscava “as comissões” na empresa sempre nos sábados pela manhã.

Ele chegava com seu Santa Fé prata, pegava o elevador direto para a sala de Ricardo Pessoa, no 9º andar do prédio, falava amenidades por alguns minutos e depois partia para o que interessava. Para se proteger de microfones, rabiscava os valores e os porcentuais numa folha de papel e os mostrava ao interlocutor. O tesoureiro não gostava de mencionar a palavra propina, suborno, dinheiro ou algo que o valha. Por pudor, vergonha ou por mero despiste, ele buscava o “pixuleco”. Assim, a reunião terminava com a mochila do tesoureiro cheia de “pixulecos” de 50 e 100 reais. Mas, antes de sair, um último cuidado, segundo narrou Ricardo Pessoa: “Vaccari picotava a anotação e distribuía os pedaços em lixos diferentes”. Foi tudo filmado.

Retomo
Aí está apenas parte dos descalabros narrados por Ricardo Pessoa. E agora? Até havia pouco, parecia que o petrolão era fruto apenas de empresários malvados, reunidos em cartel, que decidiram se associar a três funcionários corruptos da Petrobras — tese de Dilma por exemplo — e a alguns parlamentares, a maioria de segunda linha, para roubar o país. Faltava o cérebro dessa operação, que sempre esteve no Poder Executivo.

Eis aí. Nunca houve cartel. Eu estava certo! O depoimento de Ricardo Pessoa — que não se deixou constranger pela prisão preventiva e que, tudo indica, confessou o que quis, não o que queriam ele confessasse — REVELA A REAL NATUREZA DO JOGO.

Ainda não terminei. Em outro post, vou chamar Rodrigo Janot e o juiz Sérgio Moro para um papinho sobre lógica elementar.

Corrupcao companheira: registro historico da roubalheira organizada

Apenas para deixar consignado como funciona o governo companheiro:

Empreiteiro lista 18 políticos na Lava-Jato e Dilma convoca reunião

Presidente da UCT diz que pagou R$ 62 milhões para campanhas com dinheiro da Petrobras. Para o caixa 2 ao PT, foram R$ 3,6 milhões. Ele entregou vários documentos aos investigadores, como planilha de pagamentos e agenda não apreendida pela PF



    

 postado em 26/06/2015 20:14

 Eduardo Militão , Enviado Especial

CURITIBA – As denúncias do presidente e acionista da UTC Engenharia, Ricardo Ribeiro Pessoa, provocaram reação imediata nesta noite de sexta-feira (26/6). A presidente Dilma Rousseff, cuja campanha é citada como alvo de pagamentos irregulares, convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto. Ao todo, foram R$ 62 milhões em pagamentos cuja origem era dinheiro desviado da Petrobras.

Só para o caixa 2 do PT, foram R$ 3,6 milhões. Pessoa firmou que pagou o valor para o partido entre 2010 e 2014. Os valores foram pagos aos então tesoureiros José de Filipi Júnior e João Vaccari Neto, presos na Operação Lava-Jato. Ele fez delação premiada em que apresentou documentos, planilhas e agenda pessoal não apreendida pela Polícia Federal para comprovar pagamentos ilegais a campanhas de 18 políticos, como Dilma e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor (PTB-AL), o senador Ciro Nongueira (PP-PI) e o ex-senador Gim Argello (PTB-DF).

Em delação premiada prestada a procuradores da Procuradoria Geral da República (PGR), Pessoa trouxe informações novas sobre a investigação que apura esquema de desvio de dinheiro na Petrobras, que foi vítima de um cartel de empreiteiras que combinava licitações, superfaturava obras e repassava propinas a políticos e funcionários da estatal. A delação foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) porque o empreiteiro fez acusações contra políticos com foro privilegiado, como ministros, deputados e senadores.

Segundo o Correio apurou com fontes com acesso à investigação, Pessoa prestou 27 depoimentos durante uma semana. Além das afirmações, apresentou documentos. Um deles é uma agenda pessoal, que não foi apreendida pela Polícia Federal. Os depoimentos foram tomados em Brasília, mas para evitar chamar a atenção, as oitivas não aconteciam na Procuradoria Geral da República, mas no Ministério Público Militar, de acordo com essa fonte. A quantidade de detalhes que trouxe chegou a atrapalhar o andamento da negociação do acordo.

De acordo com a a revista Veja, os pagamentos para 18 figuras políticas tinham origem nos contratos da empreiteira com a Petrobras. Lista divulgada pela publicação elenca a distribuição de R$ 62,75 milhões para políticos. O ex-presidente Collor foi quem mais recebeu dinheiro de contratos com da UTC com a petroleira: R$ 20 milhões. Em segundo lugar, ficou João Vaccari, que comandou as finanças do PT até ser preso na Lava-Jato: R$ 15 milhões.

A campanha de Dilma de 2014 recebeu R$ 7,5 milhões. A de Gim, R$ 5 milhões. Condenado no mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu ficou com R$ 3,4 milhões. O prefeito de São Paulo, R$ 2,6 milhões, pouco mais que os R$ 2,4 milhões da campanha de Lula em 2006. O ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante, R$ 250 mil.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, os pagamentos feitos pela UTC Engenharia ao PT sob forma de caixa dois incluíram repasses em 2010, 2011, 2012 e 2014 nas mãos de Filippi, totalizando R$ 750 mil. Para Vaccari, foram R$ 2,9 milhões divididos em parcelas em 2011, 2012 e 2013.

Negativa
Procurado, o PT não se manifestou até a publicação deste texto. Mas o ministro Aloízio Mercadante negou ter recebido doações irregulares da UTC Engenharia. “A empresa UTC, por ocasião da campanha ao governo do Estado de São Paulo, em 2010, fez uma única contribuição, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais, conforme demonstrado em minha prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral”, afirmou o ministro ontem, por meio de uma nota distribuída à imprensa. A doação foi feita em 27 de agosto de 2010.

A Constram, empresa do grupo da UCT, fez ainda outra doação, de mais R$ 250 mil, em 29 de julho de 2010. O ministro destacou que esse valor também foi informado à Justiça Eleitoral. “Desconheço o teor da delação premiada do senhor Ricardo Pessoa”, afirmou Mercadante.

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sexta-feira, 26 de junho de 2015

OECD and the global political economy, 1948 to present - conference, Zurich, 27-29 August 2015

Received from my list of Economic History:

Dear all,
We are happy to announce the program for the first historical conference on the OECD entitled “Warden of the West. The OECD and the global political economy, 1948 to present” that will take place 27-29 August 2015 at the University of Zürich. You will find enclosed the conference poster and final program (both are also available at www.OECDhistoryproject.net).
Registration: attendance is free and all interested are most welcome. However, for organization purposes, please contact us (matthias.schmelzer@unige.ch) if you plan to attend the conference!
Please distribute widely.
Best wishes,
Matthias Schmelzer
Paul Bairoch Institute of Economic History
University of Geneva
Pont d'Arve 40, CH-1205 Geneva
www.unige.ch/ses/ihise

WARDEN OF THE WEST: THE OECD AND THE GLOBAL POLITICAL ECONOMY, 1948 TO PRESENT 
UNIVERSITY OF ZURICH, 27–29 AUGUST 2015

CONFERENCE PANELS:
Thursday 27.08.2015
• Increasing output. The challenges of productivity and free trade
• From growth to crisis. Overseeing the capitalist economy

Friday 28.08.2015
• Beyond competition. Connections across the economic front of the Cold War
• Being a member of the Club. Membership, rules, and access
• Natural limits. Facing environmental and energy challenges
• Roundtable – Writing the history of the OEEC/OECD

Saturday 29.08.2015
• Human capital. Managing and adapting the workforce
• Contested development. The Rich Mans’ Club and the Global South

CONVENORS
Prof. Matthieu Leimgruber & Dr. Matthias Schmelzer - Forschungsstelle für Sozial- und Wirtschaftsgeschichte, University of Zurich, www.fsw.uzh.ch

CONFERENCE VENUE
Rämistrasse 74 (Law faculty building), room RAI-J-031

PROGRAM AND REGISTRATION
www.OECDhistoryproject.net

INTERNATIONAL CONFERENCE

THURSDAY 27.08.2015
13h30 Welcome & Introduction
13h45 Increasing output. The challenges of productivity and free trade
Comments: Jakob Tanner (Zurich)
• Carine Germond (Maastricht)
Sharing ideas, shaping policy. Agricultural experts and expertise in the OEEC/OECD, 1955-1992
• Ludovic Fulleringer (Geneva & EHESS Paris)
Ore, wood and coal. A new look at the OEEC productivity program during the 1950s
• Wolfram Kaiser (Portsmouth)
The OEEC/OECD and steel, 1948-1989

15h45 Coffee break

16h15 From growth to crisis. Overseeing the capitalist economy
Comments: Tobias Straumann (Zurich)
• Floriane Galeazzi (Rouen)
The OECD WP3 as a gatekeeper of the international payments system, 1961-1987
• Samuel Beroud (Geneva)
“Positive adjustments”: the emergence of supply-side economics in the OECD and G7, 1975-1983
• William Glenn Gray (Purdue, USA)
Peer pressure in Paris. OECD country exams in the radical 1970s

18h30 Food and drinks

FRIDAY 28.08.2015
9h00 Beyond competition. Connections across the economic front of the Cold War
Comments: Sandrine Kott (Geneva)
• Andrej Marković (Zurich) & Ivan Obadić (EUI Firenze)
The limits of non-alignment. Yugoslavia and the OEEC/OECD, 1955-1980
• Daniel Stinsky (Maastricht)
“Community of destiny”? The OEEC and the UN Economic Commission for Europe, 1947-1961

10h30 Coffee break

11h00 Being a member of the Club. Membership, rules, and access
Comments: Richard Woodward (Hull)
• Heinrich Hartmann (Basel)
Professor Tinbergen’s delicate mission. OECD expertise between policy making and public protest in Turkey in the 1960s
• Peter Carroll (Hobart, Australia)
Access, influence and policy learning in the 1960s and 1970s: Australian, Japanese and New Zealand membership of the OECD
• Magdaléna Hadjiisky (Strasbourg)
Exploration of a conversion. New Public Management at the OECD-PUMA, 1970s-1990s

13h00 Lunch

14h15 Natural limits. Facing environmental and energy challenges
Comments: Rüdiger Graf (ZZF Potsdam)
• Henning Türk (Duisburg-Essen)
Anticipations and reactions. The OECD, the IEA and the second oil crisis in 1979
• Iris Borowy (Aachen)
Addressing transfrontier pollution: The OECD Environment Committee in the 1970s
• Dominique Pestre (EHESS Paris)
The Economicization of the environment. The place of OECD, 1970-2010

16h15 Coffee break

16h45 Roundtable – Writing the history of the OEEC/OECD
• Vincent Gayon (Paris-Dauphine)
• William M. Hynes (OECD NAEC Program)
• Matthieu Leimgruber (Zurich)
• Richard Woodward (Hull)

19h30 Conference Dinner

SATURDAY 29.08.2015
9h00 Human capital. Managing and adapting the workforce
Comments: Matthias Schmelzer (Zurich)
• Emmanuel Comte (EUI Firenze) & Simone Paoli (Padua)
The OEEC/OECD in West European migration policies, from the Cold War to the North-South confrontation, 1947-1986
• Regula Bürgi (Luxemburg)
Planned education for the “free world”. The emerging role of the OEEC/OECD in education expertise, 1957-1972
• Rianne Mahon (Waterloo, Canada)
Articulating a feminist agenda Inside the OECD. The Working Party on the role of women in the economy, 1974-1998

11h00 Coffee break
 
11h30 Contested development. The Rich Mans’ Club and the Global South
Comments: Corinne Pernet (Basel)
• Patricia Hongler (Luzern)
The construction of a Western voice. OECD and UNCTAD in the 1960s and 1970s
• Kevin O’Sullivan (Galway)
Mobilizing for development. The OECD, NGOs and global governance, 1973-1988

13h00 Wrap up comments and lunch


WARDEN OF THE WEST: THE OECD AND THE GLOBAL POLITICAL ECONOMY, 1948 TO PRESENT

Economia brasileira: as coisas vao melhorar? NAAAAOOOO!!! - Itau Macroeconomica

A Semana em Revista - Desemprego volta a subir em maio
Pesquisa macroeconômica - Itaú, 26/07/2015

• Taxa de desemprego alcança 6,7% no mês
• Resultados fiscais fracos em maio
• Relatório de inflação indica que juros devem continuar a subir

Nova alta da taxa de desemprego em maio
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego atingiu 6,7% em maio, em linha com a nossa projeção e um pouco acima das expectativas de mercado (6,6%). Com ajuste sazonal, a taxa aumentou de 6,0% em abril para 6,3% em maio (Gráfico 1). A massa salarial real recuou 1,8% contra o mês anterior, demonstrando que o aumento de 0,3% de abril foi transitório. A contração da massa salarial reforça o cenário de enfraquecimento do consumo das famílias em 2015. À frente, esperamos que a taxa de desemprego continue em tendência de alta e termine o ano em 7,6%.

Resultados fiscais fracos em maio
Os dados fiscais de maio mostram dificuldades no lado da receita. A arrecadação federal foi de R$ 91,5 bilhões, resultado abaixo das expectativas e impactado pela fraqueza da atividade econômica. Com isso, o governo central teve um déficit primário de R$ 8,1 bilhões, o que representa um fraco resultado para o mês. Os dados do governo consolidado serão divulgados na semana que vem.

Câmara aprova medida de ajuste fiscal
A Câmara aprovou o projeto de lei que reduz a desoneração da folha de pagamentos, aumentando as alíquotas em 56 setores da economia. Esta medida é relevante para o resultado fiscal em 2016. Além desse projeto de lei, a Câmara aprovou a MP do salário mínimo e adicionou uma emenda que estende a regra de reajuste do salário mínimo para todos os aposentados. Esta medida, caso seja implementada, eleva os gastos da Previdência em torno de R$ 10 bilhões por ano. Ambas as medidas seguem para análise do Senado.

CMN eleva a TJLP e reduz a banda para meta de inflação em 2017
O Conselho Monetário Nacional (CMN) elevou em 0,5 p.p. a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que parametriza boa parte dos empréstimos do BNDES. A alta, a terceira este ano, faz parte do conjunto de ajustes econômicos propostos pela equipe econômica. Projetamos que a TJLP alcance 7% este ano e 8% no ano que vem (Gráfico 2). O Conselho também decidiu a meta de inflação para 2017, que foi mantida em 4,5%, mas o intervalo de tolerância foi reduzido de 2,0 p.p. para 1,5 p.p.

Relatório de Inflação: Missão quase, mas ainda não, cumprida
O Banco Central divulgou o Relatório de Inflação do segundo trimestre. As previsões apresentadas no cenário de referência (juros e câmbio constantes) mostram inflação em 4,8% no final de 2016 - um pouco menor do que o 4,9% do Relatório de Inflação do primeiro trimestre, mas ainda acima do centro da meta de 4,5%. O BCB salientou que os avanços na luta contra a inflação “ainda não se mostram suficientes". Isso indica que o ciclo de alta deve continuar na próxima reunião. Acreditamos que seja a última elevação de juros. O relatório de inflação reforça nosso cenário de uma última alta de 0,50 p.p. em julho.

Aprovação do governo volta a recuar
De acordo com pesquisa Datafolha conduzida entre os dias 17 e 18 de junho, a aprovação do governo caiu de 13% em abril para 10% neste mês (Gráfico 3). Este é o nível de aprovação mais baixo registrado desde setembro de 1992. A pesquisa também perguntou sobre as perspectivas econômicas dos entrevistados: cerca de 77% dos respondentes acreditam que a inflação deve subir, enquanto 73% esperam um aumento do desemprego.

Confiança e utilização da capacidade instalada na indústria voltam a cair em junho
Segundo a prévia da sondagem empresarial da FGV, o índice de confiança do empresário industrial recuou 4,7% em maio e atingiu 68,2 (Gráfico 4). Caso o resultado seja confirmado, será o menor nível da série histórica. A prévia do nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) também aponta recuo de 79 para 78,7, com ajuste sazonal. Os dados preliminares da sondagem sugerem queda da produção industrial no mês, o que poderá ser confirmado na semana que vem com a divulgação final.

Confiança do consumidor volta a recuar
A confiança do consumidor (calculado pela FGV) recuou 1,4% em junho na comparação com o mês anterior, após ajuste sazonal. O índice continua perto do mínimo histórico da série iniciada em 2005. O percentual de pessoas reportando que está difícil conseguir emprego aumentou de 82,2% em maio para 84,5% em junho, reforçando o cenário de enfraquecimento do mercado de trabalho.

Déficit em conta corrente menor do que esperado em maio
O déficit em conta corrente no mês de maio somou US$ 3,4 bilhões, bem abaixo da nossa projeção (US$ 5,0 bi) e do consenso do mercado (US$ 4,6 bi). Acumulado em 12 meses, o déficit recuou para US$ 95,7 bi (4,4% do PIB), o que reflete tanto o câmbio mais depreciado quanto a atividade em ritmo mais lento. Os principais destaques no mês foram, mais uma vez, as contas de viagens internacionais, transportes e remessas de lucros e dividendos. Do lado do financiamento, a situação permanece confortável, com o investimento direto no país cobrindo 87% do déficit em conta corrente. No entanto, houve arrefecimento nos fluxos de investimento em carteira e direto acumulados em 12 meses.

Caio Megale
Laura Pitta
Giulia Coelho
Pesquisa macroeconômica - Itaú
Ilan Goldfajn - Economista-Chefe

Governo mente sobre apoio na Venezuela - senador Ricardo Ferraco (Congresso em Foco)

Política
 
Governo mente sobre apoio na Venezuela, diz senador
Congresso em Foco, 23/06/2015 - as 13:00:00
Brasil - Ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) era o único peemedebista presente na comitiva de oito senadores que voltou ao Brasil após ser hostilizada durante frustrada tentativa de visitar políticos presos na Venezuela. Integrante de um dos principais partidos da base aliada, Ferraço faz coro à oposição e acusa o governo brasileiro de mentir sobre o tratamento dispensado aos parlamentares em Caracas. O senador afirma que o grupo foi abandonado pelas autoridades diplomáticas do Brasil na Venezuela e, em momento algum, foi informado de que não seria acompanhado por representantes do consulado. “Isso é uma brutal mentira”, rebateu Ferraço, nesta entrevista concedida ao Congresso em Foco.


Ele disse que Henrique Capriles, um dos líderes da oposição venezuelana ao governo Maduro, é a prova viva de que a diplomacia brasileira mentiu no episódio. Fundador do partido Primero Justicia e governador do Estado de Miranda, Capriles pediu desculpas aos senadores brasileiros e confirmou que havia uma agenda pré-definida com eles na Venezuela, contrariando versão divulgada por governistas como o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia. Marco Aurélio acusou os senadores de tentar fazer da visita frustrada um embate ideológico.

“Há a manifestação pública do Capriles nessa direção. O Capriles, inclusive, virá ao Brasil agora em agosto, e poderá falar. No fundo, no fundo, não desejaríamos qualquer tipo de privilégio da embaixada brasileira lá em Caracas. O que desejávamos era ter o apoio institucional que nos faltou. Não apenas o embaixador, como nenhum membro da chancelaria do Brasil na Venezuela nos acompanhou. Nenhum conselheiro, nenhum diplomata esteve conosco, de modo que as ações deliberadas pelo governo da Venezuela contaram com a conivência, lamentavelmente, do Itamaraty”, protestou Ferraço.

Coincidências

“Foi uma ação deliberada. As coincidências são extraordinárias. A primeira delas é que, quando os oficiais do avião da Força Aérea Brasileira desejaram fechar o avião para irem almoçar, os membros da polícia nacional bolivariana da Venezuela disseram a eles: ‘Não precisa fechar, não precisa almoçar, eles [senadores] logo estarão voltando’. Foram muitos os fatos que se seguiram para impedir que nós pudéssemos cumprir a agenda que havíamos estabelecido”, declarou o senador.

A comitiva pretendia visitar prisioneiros como o líder do partido de oposição Vontade Popular, Leopoldo López; o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma e o ex-prefeito de San Cristobal Daniel Ceballos. Entre outras acusações, eles estão presos por incitar a violência em protestos nacionais que paralisaram o país vizinho no início de 2014. Eles se queixam de não ter direito a ampla defesa. Preso desde fevereiro do ano passado, López está em greve de fome há quase um mês.

Segundo relatos ouvidos pelo Congresso em Foco de jornalistas brasileiros que estavam em Caracas, ficou evidente que o protesto foi armado propositadamente por simpatizantes de Maduro. O grupo, de acordo com esses profissionais, pretendia fazer os senadores voltarem ao país com agressões verbais e socos no veículo em que circulavam. Além disso, observam esses jornalistas, o bloqueio da pista foi seletivo. Figuras conhecidas que defendem o governo Maduro tiveram acesso livre. O deputado petista João Daniel (SE), que também estava em Caracas naquele dia, contestou a versão dos senadores. Segundo ele, um acidente é que impediu a passagem dos parlamentares.

Vídeo feito pelo líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), mostra homens esmurrando o micro-ônibus alugado pela Embaixada do Brasil e entoando palavras de ordem de apoio ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Houve relatos de que pedras foram atiradas no veículo, que transitou por poucos quilômetros, a partir do aeroporto de Caracas, até ser parado por um bloqueio na pista.

Ditadura?

Herdeiro político de Hugo Chávez (1954-2013), Maduro é visto como ditador também pela oposição brasileira e por organismos internacionais como a Human Rights Watch, a Anistia Internacional e a própria Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo Ferraço, houve omissão por parte do governo Dilma Rousseff e uma ação orquestrada, inclusive com a participação de brasileiros, para impedir o cumprimento da agenda dos senadores, que incluía uma visita à prisão militar de Ramo Verde, onde López, Ledezma e Ceballos estão presos.

O incidente provocou imediata reação no Congresso brasileiro e teve repercussões na própria Venezuela e por todo o mundo. Moções de repúdio foram aprovadas na Câmara e no Senado, onde autoridades diplomáticas darão explicações à Comissão de Relações Exteriores – colegiado presidido por Ferraço entre 2013 e 2014. Diversos parlamentares já defendem a exclusão do país vizinho no Mercosul, bloco comercial que reúne, além do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde 2012, Venezuela. Com críticas ao grupo de senadores da oposição, uma nova comissão do Senado tentará manter o diálogo bilateral. O Ministério das Relações Exteriores, por meio de nota, lamentou o episódio e pediu esclarecimentos ao governo Maduro “pelos canais diplomáticos” e “à luz das tradicionais relações de amizade entre os dois países”.

“Existem questionamentos muito vigorosos de que todos nós que somos parte do bloco temos obrigações, deveres e responsabilidades. E, se a Venezuela não está cumprindo com essas pré-condições – e cláusulas democráticas são premissas –, o Senado vai discutir caminhos para que ou a Venezuela reveja todo esse modelo que está levando o país para o buraco, ou de fato tenhamos que discutir o afastamento dela do Mercosul”, emendou o senador capixaba, para quem os indicadores socioeconômicos venezuelanos são os piores possíveis.

Confira a íntegra da entrevista:

Congresso em Foco – Há ditadura na Venezuela?

Ricardo Ferraço - O déficit de democrático na Venezuela me faz afirmar que o não funcionamento das instituições e a escalada do autoritarismo, que a falta de uma Justiça neutra e independente e que a ausência de liberdade de expressão me dão a conclusão de que, sim, a Venezuela está mergulhada em uma ditadura.

Houve uma ação orquestrada pelo governo venezuelano em relação à comitiva?

Foi uma ação deliberada. As coincidências são extraordinárias. A primeira delas é que, quando os oficiais do avião da Força Aérea Brasileira desejaram fechar o avião para irem almoçar, os membros da polícia nacional bolivariana da Venezuela disseram a eles: “Não precisa fechar, não precisa almoçar, eles [senadores] logo estarão voltando”. Foram muitos os fatos que se seguiram para impedir que nós pudéssemos cumprir a agenda que havíamos estabelecido.

E a versão de que os senhores sabiam que não receberiam acompanhamento do consulado brasileiro em território venezuelano? Também foi falado que não havia agenda definida com os presos políticos…

Isso é uma brutal mentira. Já foi desmentido. Já há a manifestação pública do Capriles nessa direção. O Capriles, inclusive, virá ao Brasil agora em agosto, e poderá falar. No fundo, no fundo, não desejaríamos qualquer tipo de privilégio da Embaixada Brasileira lá em Caracas. O que desejávamos é que pudéssemos ter o apoio institucional que nos faltou. Não apenas o embaixador, como nenhum membro da chancelaria do Brasil na Venezuela nos acompanhou. Nenhum conselheiro, nenhum diplomata esteve conosco, de modo que as ações deliberadas pelo governo da Venezuela contaram com a conivência, lamentavelmente, do Itamaraty.

O aparato de segurança era suficiente?

Era uma piada. Nós fomos levados para um corredor polonês. E, nesse corredor polonês – uma espécie de funil –, os manifestantes milicianos contratados estavam lá na hora em que chegamos, no dia em que chegamos. Os batedores que nos estavam acompanhando assistiam a tudo pacificamente.

Houve um acidente com um caminhão de farinha na pista em que os senhores tentavam se deslocar? O deputado João Daniel (PT-SE), que estava lá, disse que o automóvel estava atravessado na rodovia, de maneira a impedir o tráfego…

O que houve, na prática, foi que na exata hora em que nós chegamos havia um congestionamento monstruoso em toda a região metropolitana de Caracas. Para sairmos do aeroporto para chegar a Caracas, tínhamos que passar por três túneis. Exatamente no dia em que chegamos, na hora em que chegamos, eles [membros do governo venezuelano] resolveram fazer manutenção nesses túneis. Essa manutenção impediu o livre trânsito. E nesse mesmo dia, nessa mesma hora, eles afirmam que estavam recebendo um criminoso venezuelano que cometeu um assassinato na Colômbia. Esse dois fatos levaram a uma paralisia da região metropolitana de Caracas. E tudo isso, ao meu juízo, foi deliberado. Uma ação absolutamente orquestrada.

O fato de o escritor brasileiro Fernando Morais ter cumprido agenda na Venezuela, nesse mesmo dia, com um grupo de esquerdistas alinhados ao governo Maduro tem a ver com essa confusão toda?

É evidente. Isso foi organizado de modo a neutralizar a nossa visita, que era uma visita de solidariedade a presos políticos – uma outra coisa que reforça essa minha convicção de ditadura: que país democrático tem preso político? E sem direito a defesa? Que país democrático cassa mandato de parlamentar sem direito a contraditório, sem direito a defesa, como foi o caso da Corína [Machado, líder oposicionista], que foi cassada? Que democracia cassa o mandato o prefeito da capital [Caracas], acusando-o de golpismo sem fundamentação de provas? Enfim, a produção em série desses fatos é que confirma que estamos, de fato, diante de uma ditadura.

Mas não há um numeroso contingente populacional que apóia o governo Maduro?

Mas nas poucas ditaduras que existem no mundo há manifestações favoráveis. Em Cuba há manifestações favoráveis ao regime. Porque, na verdade, o que o ditador [Hugo] Chávez fez, e o que o atual faz? O Chávez governou em um momento de preços extraordinários do barril de petróleo. A Venezuela é um país que depende, fundamentalmente, da produção de petróleo. Nada produz além de petróleo, e importa 70% de seus alimentos. O Chávez e o Maduro se favoreceram desse modelo em que os preços do petróleo estavam lá em cima para se apropriar da PDVSA e financiar um conjunto de programas sociais que, no começo, foi importante. Houve, nos últimos anos, avanços sociais na Venezuela, mas esses avanços foram financiados por programas que não são sustentáveis. É como você…

O senhor parece falar do Brasil…

Evidentemente que sim, porque também no Brasil o governo da presidente Dilma, nos últimos anos, meio que desafiou a Lei da Gravidade, meio que quis fazer chover debaixo para cima, convivei com a inflação, não respeitou as regras de governança fiscal, e estamos mergulhados aí nessa crise. Há pouquíssimos meses tínhamos a presidente falando na expansão do ProUni [Universidade para Todos], na expansão do Fies [financiamento estudantil], do Pronatec [ensino técnico]. E hoje, na verdade, todos esses programas estão sofrendo recessão. Por quê? Porque por trás desse programas não tinha uma estrutura consistente de manutenção de sua sustentabilidade por anos a fio. Então a Venezuela, durante alguns anos, produziu ganhos e conquistas sociais que estão se dissipando. A Venezuela deve ter, se não me engano, a maior inflação do mundo. A então está calculada entre 80% e 120%. Com um dólar, compra-se 400 bolívares! A miséria e a pobreza avançam a olhos nus na Venezuela. Aquilo ali está se desmanchando, porque esses governos que preconizam essa coisa de socialismo do século 21 se estabelecem por meio da mentira, do populismo e da demagogia. Esses são princípios e valores que não se sustentam no tempo.

Mas é apenas isso o que está por trás da situação na Venezuela?

Não apenas isso. Evidentemente, esses programas sociais só com porta de entrada e sem porta de saída são uma forma de se manter a dependência das pessoas do modelo e do regime. Em algum período, por algum momento, dá-se o peixe, mas isso tem de ser um processo progressivo para você ir substituindo o peixe pela vara, para as pessoas irem pescar – até porque, eu percebo também, as pessoas não querem viver de favor. Esses programas sociais e assistencialistas, na prática, são formas modernas, e até mesmo sofisticadas, de se manter o povo administrado pelo estômago.

O que será feito a partir de agora? A intenção é mesmo a exclusão da Venezuela do Mercosul?

Existem questionamentos muito vigorosos de que todos nós que somos parte do bloco temos obrigações, deveres e responsabilidades. Da mesma forma que o Brasil tem deveres e responsabilidades, o Paraguai, o Uruguai, a Argentina e a Venezuela também têm que ter. E, se a Venezuela não está cumprindo com essas pré-condições – e cláusulas democráticas são premissas –, o Senado vai discutir caminhos para que ou a Venezuela reveja todo esse modelo que está levando o país para o buraco, ou de fato tenhamos que discutir o afastamento dela do Mercosul. Isso é uma regra comum aos nossos países – se a Venezuela puder violar, significa dizer que o Brasil pode, também? Significa dizer que os outros podem? A regra precisa valer para todos. Esse debate vai se acelerar na medida em que a escalada da violência, da truculência e do autoritarismo na Venezuela está chegando a níveis insuportáveis. E não somos nós que falamos. Primeiro, nós constatamos isso lá. Mas são organismos insuspeitos que acompanham essas regras democráticas. Tem Cruz Vermelha, Anistia Internacional, OEA [Organização dos Estados Americanos], a própria ONU [Organização das Nações Unidas], a Human Watch, que é uma instituição de presença global, que fez um capítulo específico sobre Venezuela, colocando um conjunto de coisas que eles estão vendo.

Há espaço, no Congresso, para a expulsão da Venezuela?

Não posso afirmar que haja espaço para expulsão, mas ambiente para debater o tema já está posto, está colocado, formado. É preciso ver que o juízo de valor os senadores vão formar. Mas não dá para a gente assistir a tudo isso como se nada estivesse acontecendo.

O senhor foi presidente da Comissão de Relações Exteriores e integrou a comitiva que foi impedida de cumprir a missão oficial. No dia seguinte à tentativa frustrada, uma nova comitiva, com viés de esquerda, foi criada para visitar a Venezuela – na justificativa de criação do colegiado, senadores dizem que desfarão o atrito que teria sido provocado pela primeira comissão. Como o senhor reage a isso?

Meu desejo é que essa comitiva possa ser bem sucedida na sua missão. O que não tem cabimento é uma missão formada por simpatizantes do regime [venezuelano] sem bem recebida e uma missão que não é simpatizante ser mal recebida, como nós fomos. Isso não tem cabimento, é preciso haver respeito institucional.

Como a CRE procederá daqui em diante, no que diz respeito às futuras convocações?

Já esteve aqui a Maria Corína; já estiveram aqui as esposas do Antonio López, do Ledezma… O que está na pauta, na quinta-feira [25], é a deliberação para convocação do chanceler [DelcyRodriguez] e do embaixador [Ruy Pereira], para que a gente possa discutir não apenas as questões relacionadas a essa nossa missão e a omissão do Itamaraty em nos dar apoio institucional. O Itamaraty, efetivamente, nos entregou à própria sorte. Mas vamos discutir até mesmo as questões relacionadas à escalada do autoritarismo.

Há quem diga que os senhores fizeram uma espécie de intervenção na soberania nacional da Venezuela. Como o senhor responde a isso?

Isso é uma coisa absolutamente descabida. A nossa missão – e, agora, eu sou informado que o Parlamento Europeu está constituindo uma missão para visitar a Venezuela. É óbvio que não se trata de intervenção, até porque nossa Constituição define que nossa política externa será movida e presidida pela autodeterminação dos povos. Agora, na medida em que somos membros do mesmo bloco, e à medida que há, nesse bloco, algumas premissas e pré-condições como cláusulas democráticas, temos a obrigação e a responsabilidade de fiscalizar o cumprimento desse acordo. Por que o estamos fazendo? Porque o governo brasileiro tem sido omisso e tem silenciado diante das atrocidades que temos percebidos. E a Unasul [União de Nações Sul-Americanas], que poderia atuar nessa direção, se transformou em uma instituição absolutamente parcial.

Questiona-se, também, por que os senhores não vão visitar Guantánamo. Lá também é América…

É uma boa ideia. Esse tema pode ser discutido, sim, na Comissão de Relações Exteriores. Acho que faz sentido, sim, que a gente possa ampliar esse nosso protagonismo para que não pareça que estamos agindo seletivamente. Acho que a prisão de Guantánamo merece, sim, e acho que com essa sua pergunta eu vou fazer um requerimento na Comissão de Relações Exteriores visando fazer uma visita a Guantánamo. Não pode haver dois pesos e duas medidas.

O senador Aécio Neves está usando o episódio eleitoralmente, em um momento de fragilidade da presidenta Dilma Rousseff, como também o têm acusado?

Acho que não. O senador Aécio Neves está no exercício do seu mandato. Como senador da República, tem manifestado toda a preocupação com o futuro do Mercosul. E a nossa obrigação, como senadores, é fiscalizar o cumprimento das cláusulas constitutivas do Mercosul.

O historicismo e a dinamica apocaliptica: Karl Popper e M.H. Simonsen - Eugenio Gudin (1973)

O historicismo e a dinâmica apocalíptica: Karl Popper e M.H. Simonsen

*Eugênio Gudin Filho, 7/12/1973


Ao tempo (no princípio do século) em que eu alisava os bancos da Escola Politécnica, havia dias tendências distintas pelas quais os estudantes de matemática e engenharia, de um lado, e os estudantes de direito, de outro, abordavam os problemas de ciências sociais. Os politécnicos só davam valor aos problemas passíveis de solução pela matemática (de que seu espírito estava imbuído), ao passo que os futuros bacharéis procuravam abordá-los pelos princípios jurídicos. Caso característico era (e talvez ainda seja) o da economia política. Os estudantes da Politécnica a tratavam com desdém pela ausência de métodos matemáticos (a que hoje se recorre como auxiliares ou como alternativas precisas e sintéticas da linguagem corrente), enquanto os futuros bacharéis se inclinavam para tratá-la como matéria paraliterária. 

Ambas as orientações eram deformativas: uma, porque as ciências sociais não são ciências exatas; outra, porque também não são paraliterárias.

Dos grupos de tendência matemática (econometria à parte) há os que, por deformação espiritual ou por carência de capacidade crítica, recorrem à extrapolação e à futurologia, como no caso do Hudson Institute.

Mas esses profetas do futuro só tinham como plataforma de partida os dados da história, sobre os quais extrapolavam usando funções, lineares ou homogêneas. Daí sua subordinação ao historicismo.

Eu tinha um amigo inglês que freqüentemente me dizia: “When things come back to normal” (quando as coisas voltarem à normalidade), a que eu retrucava que “as coisas nunca voltavam”; evoluem. A história não é repetitiva. E aí é que está a dificuldade de saber como e para onde evolui.

A crítica mais arrasadora que conheço do historicismo é o de Karl Popper na Pobreza do historicismo (título que parafraseia a Pobreza da filosofia, de Marx, o qual por sua vez ironizava a Filosofia da pobreza, de Proudhon).

Popper discerne bem a origem do historicismo no fato de que aqueles que vivem em um certo período da história inclinam-se erradamente a acreditar que as regularidades que observam em torno de si são leis sociais de caráter universal, válidas para todas as sociedades.

Sempre tive para mim que a regularidade dos ciclos de prosperidade e depressão é uma construction de l’esprit. Como também nunca confiei nos planejamentos quantitativos do futuro (que a Deus pertence) a que se dedicam economistas menos ocupados de um período econômico (ano, qüinqüênio, etc), fixando parâmetros de 10%, digamos, para a taxa de progressão do PNB, ou 12% para a taxa de inflação em 1973, ou o dia de São Sebastião para a inauguração da Ponte Rio - Niterói ou ainda o mês de setembro de 1971 (!) para a inauguração do horário de 5 horas (!) no percurso Rio -São Paulo da Central do Brasil...

Muitos devem ter sido os pecados que cometi quando Ministro da Fazenda. Mas asseguro que nenhum foi por falta de cumprimento de promessa, ou - melhor ainda – por ter prometido qualquer coisa. Sempre acreditei em procurar informar o público das intenções e dos planos gerais da administração. Nunca em prometer resultados quantitativos em prazos determinados.

Na Teoria do Crescimento Econômico, em vias de publicação, Mário Henrique Simonsen aborda de início, com extraordinária lucidez (o que para o autor é usual), a dinâmica apocalíptica pelo problema do determinismo histórico: “O prestígio desses modelos é psicologicamente compreensível: as angústias da humanidade provêm do desconhecimento do futuro, e as construções deterministas são as únicas que se propõem a revelar a evolução dos fatos sem a intromissão de condicionais. Um bom profeta deve possuir suficiente coragem de afirmar e isso recomenda que seus vaticínios sejam enquadrados numa moldura de determinismo histórico”.

Entre as construções econômicas de maior glamour cita o autor: a teoria clássica inglesa da evolução para o estado estacionário, a previsão marxista da derrocada do capitalismo por suas contradições internas, e a projeção estagnacionista da decadência do sistema pelas próprias condições da abundância.

A história foi suficientemente caprichosa, escreve Simonsen, para ir desmentindo, uma a uma, essas construções. Com a vantagem de terem provocado os cientistas sociais a descortinar a defesa contra os vaticínios catastróficos.

Nenhum dos construtores da dinâmica apocalíptica, como Malthus ou Marx, conseguiu até hoje acertar em suas previsões.

Nas páginas que se seguem desse primeiro capitulo vão-se sucessivamente esboroando, a golpes de racionalidade e de lucidez, os mitos da lei dos rendimentos decrescentes no caminha malthusiano para a miséria, a lei férrea dos salários conduzindo ao nível de subsistência, o determinismo histórico de Marx, a inexorabilidade da luta de classes, a famosa mais-valia, a ruptura violenta do sistema pela revolução do proletariado e por fim a tendência para a depressão que se inspira no modelo keynesiano.

Felizmente para a humanidade, remata Simonsen, os rendimentos decrescentes do fator trabalho e o desmoronamento do capitalismo foram contornados pela acumulação do capital e pelo progresso tecnológico.


*Eugênio Gudin Filho (Rio de Janeiro, 12 de julho de 1886 - Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1986) foi um economista brasileiro, ministro da Fazenda entre setembro de 1954 e abril de 1955, durante o governo de Café Filho.

Formado em Engenharia Civil em 1905 pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, passou a interessar-se por Economia na década de 1920. Entre 1924 e 1926, publicou seus primeiros artigos sobre Economia em O Jornal, do Rio de Janeiro.

Em 1944, o então ministro da Educação, Gustavo Capanema, designou Gudin para redigir o Projeto de Lei que institucionalizou o curso de Economia no Brasil. Nesse mesmo ano, foi escolhido delegado brasileiro na Conferência Monetária Internacional, em Bretton Woods, nos Estados Unidos, que decidiu pela criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird)

Durante os sete meses em que foi ministro da Fazenda (1954-1955), promoveu uma política de estabilização econômica baseada no corte das despesas públicas e na contenção da expansão monetária e do crédito, o que provocou a crise de setores da indústria. Sua passagem pela pasta foi marcada, ainda, pelo decreto da Instrução 113, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos estrangeiros no país, e que seria largamente utilizada no governo de Juscelino Kubitschek. Foi por determinação sua também que o imposto de renda sobre os salários passou a ser descontado na fonte.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Economia brasileira ainda nao piorou tudo o que vai piorar - Adolfo Sachsida

Não é o profeta do apocalipse, mas um economista sensato e eu concordo inteiramente com ele: o pior ainda está por vir...
Aguardem...
Paulo Roberto de Almeida 

O que nos espera no segundo semestre?

Adolfo Sachsida
Blog, 25/06/2015

Por algum motivo que desconheço alguns analistas tem dito que o segundo semestre de 2015 será de recuperação. Então, apenas para deixar claro: o segundo semestre de 2015 será pior do que o primeiro.

Tal como tenho alertado há muito tempo, 2015 será o ano do ajuste. E, repito, o ajuste severo se dará no segundo semestre. A queda na produção e o aumento no desemprego se farão mais evidentes no final do ano.

Tenho visto técnicos do governo, e analistas da imprensa, reclamarem de que o Congresso Nacional não tem ajudado no esforço de ajuste fiscal. ERRADO! Quem não tem ajudado no ajuste fiscal é Dilma e a equipe econômica. Levy diz que 2015 é apenas uma “ressaca”, outros ministros dizem que o ajuste é temporário, Dilma estimula a população a consumir mais... bom quando o próprio governo minimiza a crise, exatamente por que o Congresso deveria se preocupar?

A equipe econômica e Dilma deveriam ser honestos. Deveriam reconhecer a magnitude da crise, as enormes dificuldades que nos esperam, deixar claro o tamanho monumental do sacrifício que deverá ser feito para corrigir os erros econômicos passados. Quando fizerem isso, quando admitirem que estamos a beira do caos econômico, então poderemos cobrar mais seriedade no ajuste fiscal por parte do Congresso. Mas se o próprio governo é o primeiro a dizer que a crise é apenas uma “ressaca”, exatamente por que o Congresso deveria adotar medidas drásticas?

Se preparem, o segundo semestre de 2015 será bem pior do que o primeiro. O ajuste mal começou, e com a postura atual do governo ele tem tudo para piorar ainda mais. Vou dar um exemplo: a indexação do salário mínimo é uma bomba que vai explodir as contas públicas ano que vem. O que o governo tem feito para desarmá-la? Cada R$ 1 real de aumento no salário mínimo impacta as contas públicas em aproximadamente R$ 300 milhões/ano. Um aumento de R$ 80 reais no salário mínimo ano que vem será o tiro de misericórdia nas contas públicas.

O Fim do Brasil nao e' o fim da historia - Felipe Miranda

Reflexões de um analista econômico:

O Fim do Brasil não é o fim da história
Felipe Miranda, 25/06/2015

Nietzsche não era O Anticristo. Fukuyama não imaginava que navegávamos em linha reta reta e, subitamente, atingíamos o penhasco, acabando com tudo. Ainda assim, escreveu o bestseller Fim da História, de repercussão mundial.

Ao leitor literal, o título pode soar absurdo. A história não pode terminar. Aos críticos de Francis Fukuyama, porém, deve-se ao menos perguntar, cerca de 25 anos depois, se há uma antítese material à tese da democracia liberal. Na dialética hegeliana, a história caminha pelo conflito perene entre tese e antítese, do qual emerge uma síntese. Esta, por sua vez, transforma-se, no período seguinte, novamente em tese, a que se opõe uma nova antítese. E o ciclo vai se repetindo, definindo o curso das coisas.

Se não há oposição efetiva à democracia liberal, não temos antítese a opor-se à tese. Não há dialética e interrompe-se o ciclo hegeliano. Aqueles com capacidade de enxergar uma metáfora entendem o argumento de Francis Fukuyama, independentemente de concordar ou não com ele.

Eu nunca acreditei que o Brasil iria acabar. Que fique claro: tampouco estou, arrogantemente, comparando minha tese às duas supracitadas. Sei da minha insignificância. Os exemplos de Nietzsche e Fukuyama remetem apenas à necessidade de identificar uma metáfora.

O Fim do Brasil não era somente uma postura crítica ao ensaio nacional desenvolvimentista adotado desde 2009/10, muito menos a defesa de uma postura niilista. Sequer representava, mesmo do ponto de vista hegeliano, o fim da história - aqui, Joaquim Levy é a antítese ortodoxa à tese da nova matriz econômica.

Meu argumento era de que aquele Brasil nascido em 1994 e marcado pela estabilização da economia, cuja adolescência acaba em 1999 a partir do tripé de Armínio Fraga, das privatizações, do prestígio às agências reguladoras, da lei de responsabilidade fiscal ou, em resumo, o País que caminhava na direção das instituições políticas e econômicas inclusivas morria com a nova matriz econômica.

O expansionismo fiscal, a permissividade com a inflação, a modicidade tarifária, a eleição de campeões nacionais, a concessão de subsídios discricionários, o aumento de salários acima da produtividade, o incremento de participação de bancos públicos e outras questões parecidas apontavam justamente na direção de instituições extrativistas.

O resultado só poderia ser baixo crescimento econômico, queda da produtividade, preços em alta, déficit em conta corrente insustentável e contas públicas desequilibradas.

Isso exigiria um ajuste, tanto na gestão da política econômica quanto no preço dos ativos financeiros brasileiros. Daí derivava toda uma tese de investimentos, pautada em aumento dos preços de risco, desvalorização cambial e queda das ações.

Não havia criticismo infundado ou defesa do niilismo. Do Fim do Brasil, emergia uma proposta pragmática a cada um dos leitores: esteja defensivo e mantenha apostas anticíclicas. Esse seria o caminho para ganhar dinheiro.

Considerando o crescimento de 0,1% em 2014, o prognóstico de recuo de 2% em 2015, a expectativa de estabilidade em 2016 e a perspectiva de crescimento em torno de 2% em 2017, entraríamos em 2018, em linhas gerais, com o mesmo PIB daquele mostrado em 2013, com recuo substancial da renda per capita. E, então, cumprimos metade do devaneio de 10 anos de recessão.
(...)

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Jesuitas na China - artigo de Carmen Licia Palazzo

Carmen Licia Palazzo (Centro Universitario de Brasilia - UniCEUB, History) just uploaded a paper on Academia.edu:

Jesuits: Favored Agents of Image Transfer from China to Europe, 16th to 18th Centuries

by Carmen Licia Palazzo

This article deals with the Jesuits’ role in the communication of informations about the Chinese Empire to Europe between the sixteenth and eighteenth centuries. These informations were an essential part of the Wester imaginary about East Asia. The Jesuits’ writings circulated among the European ...

Thanks,
The Academia.edu Team

Wikileaks: Mon Dieu! Que vous etes perfides, les americains: ecouter les amis...

Ninguém está ao abrigo, sobretudo os comedores de baguettes, de escargots e de cuisses de grenouilles...
Oh ciel, qui pourra les arrêter?
Paulo Roberto de Almeida

French President Francois Hollande sharply criticized the United States over revelations that the National Security Agency (NSA) spied on him and past French presidents.
 Foreign Policy daily, June 24 2015

News of the alleged surveillance spilled out of six documents published on Tuesday evening by WikiLeaks in conjunction with Libération, a left-leaning newspaper, and the investigative website Mediapart. The documents allege that the United States spied on the internal conversations and deliberations of Hollande, as well as former presidents Nicolas Sarkozy and Jacques Chirac. The matters discussed include an appointment to the United Nations, the Middle East peace process, and the euro crisis. They also include telephone numbers listed by the NSA as being top intercept targets in France.

While the accuracy of the documents remains unconfirmed, WikiLeaks attests to their authenticity. The group has yet to say how it obtained the documents, but says that there is more to come.

"These are unacceptable facts that have already led to clarifications between the United States and France," Hollande’s office said after the country's top ministers and defense chiefs met to discuss the documents. "France will not tolerate any acts that compromise its security and the safeguarding of its interests."

Foreign Minister Laurent Fabius has also summoned the U.S. Ambassador Jane D. Hartley to meet with him. The French government will also send an intelligence official to the United States to be briefed on the NSA’s operations in Paris. In response, the Obama administration said that it does not currently spy on Hollande and will not in the future, but did not deny that Washington had done so in the past.

Venezuela-China: socialismo do seculo 19 e capitalismo do seculo 21, negocios esquizofrenicos (Reuters)

Assim são os negócios entre o maior capitalismo do século 21 e o único socialismo do século 19 que teima em existir nesse país surrealista que é a Venezuela bolivariana: os chineses fazem acordos, tanto estatais quanto envolvendo empresas privadas chinesas, os bolivarianos aceitam porque são incompetentes para fazer qualquer coisa, depois os chineses exportam seus produtos, os bolivarianos não conseguem sequer montar fábricas na China, e pagam em petróleo que os chineses descontam dos enormes empréstimos concedidos. São os únicos que escapam da penúria de dólares da Venezuela -- a despeito das enormes receitas em divisas com o petróleo -- que também atinge empresas brasileiras.
Paulo Roberto de Almeida 

Chinese firms do brisk business in Venezuela despite idle factories
BY BRIAN ELLSWORTH AND CORINA PONS
Reuters, June 24, 2015

Five years after Chinese home appliance maker Haier agreed to build a $912 million factory in Venezuela, its washing machines and refrigerators are almost the only ones available in the country's department stores.
Those appliances, however, are not made in Venezuela.
They are instead imported from Haier factories in China and paid for through an oil-for-loans deal dating from 2007 under which China lends cash and is repaid in crude and fuel.
The cost of leaving Haier's facility idle is primarily borne by Venezuela's socialist government, because its construction was bankrolled with $800 million borrowed from China.
While most foreign firms are being battered by Venezuela's currency controls and product shortages, Chinese companies like Haier are doing brisk business thanks to cooperation deals that give them privileged access to the OPEC nation's economy but leave business risks in the government's hands.
The Chinese loans - some $50 billion since 2007 - have shored up Venezuelan finances at a time when low oil prices have prompted default concerns and effectively shut the country out of global capital markets.
But Venezuela is struggling to make good on promises that Chinese financing would spur new industries and reduce its century-old dependence on the oil industry.
China, on the other hand, has won a steady supply of oil for its economy and lucrative contracts for its companies to export goods to Venezuela, sometimes in the shadow of China-backed factories meant to produce those very goods locally, a Reuters review of dozens of official Venezuelan documents found.
Bus-maker Yutong sold $353 million worth of buses upon agreeing in 2013 to help build a factory, which today consists of a patch of cleared land dotted with construction equipment.
Heavy machinery firm XCMG closed an export order of $745 million after agreeing in 2011 to help build a local facility, the location of which has not been determined.
Venezuelan state oil company PDVSA bought dozens of drilling rigs from China despite having built a rig production facility through a joint venture with a subsidiary of Chinese oil giant CNPC. The facility is not producing rigs, according to workers.
Late socialist leader Hugo Chavez, who negotiated the deals with China saying they would foster a vibrant manufacturing sector, predicted the Haier factory an hour outside Caracas near the town of San Francisco de Yare would start up in 2012.
"We're going to build a factory with the support of China, the support of Haier, to make home appliances," Chavez beamed in a 2011 television broadcast featuring Yare's traditional 'dancing devils'. "Right now we're bringing them in, but soon we will be making all of that here."
At the entrance to the Haier compound, the only visible activity on a recent visit was of workers milling around below a gate embossed with Chinese characters.

CAPTIVE MARKET
Haier secured a supply agreement for 3 million home appliances, also financed by the oil-for-loans program, which had generated $1 billion in revenue as of 2014, according to foreign ministry documents seen by Reuters. It is not clear how much cash, if any, Haier put into the facility.
"While Haier's cooperation in the country started through projects to sell household appliances, this has developed into a deeper commitment to serve our Venezuelan customers," Haier said in an emailed statement, noting test operations began in 2012.
"Production lines are now readied ... once the related facilities are put in place, mass production in the industrial park will start."
Venezuelan officials say opposition criticism of the China relationship is meant to undermine President Nicolas Maduro, who was elected in 2013 after his mentor Chavez died from cancer.
They note that joint ventures with device-makers Huawei and ZTE and cloud computing giant Inspur have assembled millions of cell phones and laptops in Venezuela.
Though the operations benefited for years from a steady supply of dollars - a crucial benefit at a time of strict currency controls - production dropped at all three in 2014 for lack of hard currency.
XCMG declined to comment. The other companies, along with Venezuela's industries ministry, did not respond to questions. Securities filings to China's stock exchanges generally make little more than fleeting references, if any, to Venezuela.
Still, the China deals ensure supplies of manufactured goods that are otherwise scarce.
Chinese cars are given away or sold cheap by state agencies to soldiers and civil servants, helping satiate a starved market. Haier appliances have been widely distributed through a government program called My Well-Equipped House and now fill shelves of private retailers.
"My refrigerator broke and there are no spare parts to fix it, so I came to get one of these Chinese ones," said retiree Ivonne Teran, 59, standing in line outside a Caracas store filled with Haier fridges - the only brand available.
The alliance began in 2007 as Venezuela sought new sources of financing and China wanted to secure steady crude supplies. Both wanted to reduce U.S. influence in Latin America.
They created the Joint Chinese Venezuelan Fund, which has received $30 billion, and the $20 billion Large Volume and Long Term Fund. Venezuela in 2014 shipped 630,000 barrels per day of oil and fuel under agreements with China, part of which went toward servicing loans, according to PDVSA's 2014 annual report.
China has recovered more than half of what it has lent. In contrast, outstanding foreign bonds issued by Venezuela and PDVSA total $69 billion.
"The scale of China-Venezuela practical cooperation is very large ... The sectors are broad and the results are very good," Chinese Foreign Ministry spokesman Lu Kang told reporters.

BUILD FACTORIES, IMPORT PRODUCTS
Venezuelan ministries or state-run firms typically tap the funds to build power plants, dredge waterways, or revamp sugar mills, using Chinese equipment and advisors, according to documents detailing some 200 projects being financed in 2014.
Reuters' review found that, under the bilateral arrangement, nine Venezuelan ventures were formally created in which Chinese firms own equity stakes. These include a food production company, the Haier and Yutong plants, three device assembly plants, and three oil industry ventures.
Venezuela does not publish comprehensive lists of Chinese-funded projects or their completion status.
An important benefit for some Chinese firms is bypassing currency controls, which regulate access to dollars for imports or remittance of profits to foreign headquarters.
Venezuela has slashed dollar sales as oil revenue dried up and steadily devalued the bolivar currency, creating billions of dollars in losses for multinationals and crimping auto assembly as the likes of Ford Motor Co and General Motors struggle to import parts.
But China's Chery Automobile Co Ltd receives only dollars for parts sold to an assembly facility that is majority owned by Venezuela's government, according to a Chinese national who worked at the Venezuela venture.
That facility brought in more parts as measured by weight than GM and Ford combined during the first 11 months of 2014, according to a Reuters analysis of import data, despite having less than half of those companies' combined assembly capacity in Venezuela.
Chery has also benefited from exports of cars manufactured in China, billing $140 million in 2013 alone in operations financed through the bilateral arrangement. Chery did not answer questions. GM and Ford declined to comment.
Venezuelan officials say Chinese funds come with fewer strings attached than those provided by multilateral lenders such as the IMF or the World Bank.
"Nobody comes here to put conditions on our revolutionary government as to what we should or shouldn't do with the resources," said Planning Minister Ricardo Menendez, who heads the China-Venezuela commission, in an interview.
He called Chinese funding a vote of confidence that will help Venezuela produce more of its own goods.
That does not appear to be the case of drilling rig producer ICTV, majority owned by PDVSA with a 15 percent stake held by China Petroleum Technology & Development Corporation, a division of China National Petroleum Company.
ICTV opened in 2009 with plans to assemble rigs from imported parts and later to manufacture them from scratch.
After investing $150 million, ICTV assembled a combined total of 13 rigs in 2010 and 2011, according to PDVSA reports. But in 2011 and 2012, PDVSA purchased 86 fully assembled rigs from China.
ICTV workers, who filed a complaint with the national comptroller's office alleging corruption, say the plant produces replacement parts but no rigs, for lack of materials.
CTPDC and PDVSA did not respond to questions.

(Additional reporting by Jake Spring, Aizhu Chen and Michael Martina in Beijing, Sue-Lin Wong in Shanghai, M.B. Pell in New York, Cesar Montes in San Felipe, and Maria de los Angeles Ramirez in Puerto Ordaz; Editing by Andrew Cawthorne and Kieran Murray)