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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Instituto General Villas Bôas (IGVB) foi inaugurado em Brasília (G1)

'Começo hoje a minha mais nova missão', diz general Villas Bôas sobre instituto para portadores de doenças raras

Instituto General Villas Bôas (IGVB) foi inaugurado nesta quarta (4), em Brasília. Ex-comandante do Exército sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença neuromotora de caráter degenerativo.

General Villas Bôas chega para inauguração do instituto que leva o nome dele, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1General Villas Bôas chega para inauguração do instituto que leva o nome dele, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1
General Villas Bôas chega para inauguração do instituto que leva o nome dele, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1 
O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército Brasileiro de 2015 a janeiro de 2019 e atual assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, inaugurou nesta quarta-feira (4) o instituto que leva o nome dele, em Brasília. O local, além de preservar a memória do militar durante o período no Exército, pretende apoiar pessoas com doenças raras, crônicas e com deficiência. 
Villas Bôas sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença neuromotora de caráter degenerativo (saiba mais abaixo). Segundo ele, o objetivo do instituto é "disseminar informações para o acesso às chamadas tecnologias assistivas, que ajudam a manter ativas as pessoas que têm doenças semelhantes". 
"Começo hoje a minha mais nova missão", disse o general.
Instituto General Villas Bôas vai ajudar pessoas com doenças raras 
Em entrevista exclusiva ao G1, por meio de perguntas respondidas com o auxílio de um computador adaptado, Villas Bôas contou que a ideia de criar o instituto foi uma forma de retribuir o conhecimento e as oportunidades que teve ao longo dos anos. 
"Identifiquei o potencial de uma entidade dessa natureza para canalizar e multiplicar o saber, no sentido de contribuir em um projeto maior, que beneficie as pessoas e engrandeça a nação”, explicou. 
Apresentador Luciano Huck e general Augusto Heleno durante inauguração do Instituto General Villas Bôas, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1Apresentador Luciano Huck e general Augusto Heleno durante inauguração do Instituto General Villas Bôas, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1
Apresentador Luciano Huck e general Augusto Heleno durante inauguração do Instituto General Villas Bôas, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1 
Na inauguração do Instituto General Villas Bôas (IGVB), pessoas conhecidas, como o apresentador Luciano Huck, o porta-voz da Presidência da República general Otávio Rêgo Barros, o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o ministro do STF Alexandre de Moraes. 
O ministro da Educação Abraham Weintraub e o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, além de políticos, militares, amigos e parentes que apoiaram a ideia estiveram na cerimônia, no começo da noite. 
Ministro Sérgio Moro cumprimenta ex-senadora Ana Amélia Lemos durante inauguração do Instituto General Villas Bôas, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1Ministro Sérgio Moro cumprimenta ex-senadora Ana Amélia Lemos durante inauguração do Instituto General Villas Bôas, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1
Ministro Sérgio Moro cumprimenta ex-senadora Ana Amélia Lemos durante inauguração do Instituto General Villas Bôas, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1 
"O Instituto nasce com o objetivo de trazer visibilidade às pessoas que têm algum tipo de limitação, estimulando o debate e contribuindo para o desenvolvimento e o amplo acesso a novas tecnologias e inovações que favoreçam o aumento da qualidade de vida e promovam a cidadania e a dignidade a essas pessoas", afirmou Villas Bôas.. 
"Vejo agora a possibilidade de colocar em prática ideias que me acompanharam por muito tempo."

Instituto General Villas Bôas 

Instituto General Villas Bôas (IGVB) foi inaugurado nesta quarta (4), em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1Instituto General Villas Bôas (IGVB) foi inaugurado nesta quarta (4), em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1
Instituto General Villas Bôas (IGVB) foi inaugurado nesta quarta (4), em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1 
Segundo o instituto, o trabalho na organização terá três linhas de ação: 
  • A primeira vai trabalhar com a preservação de ideias e trabalhos do General Villas Bôas como oficial do Exército Brasileiro;
  • A segunda vai promover debates e estudos sobre temas estratégicos para o país, como Amazônia, Defesa, Segurança;
  • A terceira tem como objetivo motivar pessoas com doenças raras, crônicas ou deficiências – e famílias – a se manterem produtivas, além de combater a desinformação a respeito do assunto. 
Pessoas fazem fila para cumprimentar o general Villas Bôas durante inauguração do instituto que leva o nome dele, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1Pessoas fazem fila para cumprimentar o general Villas Bôas durante inauguração do instituto que leva o nome dele, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1
Pessoas fazem fila para cumprimentar o general Villas Bôas durante inauguração do instituto que leva o nome dele, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1 

Doença tornada pública em 2017

Nascido em Cruz Alta (RS), Eduardo Dias da Costa Villas Bôas ingressou no Exército em 1967. Em janeiro de 2015, ele passou a comandar a corporação, nomeado pela então presidente Dilma Rousseff (PT). 
Em 2017, quando ainda era Comandante do Exército Brasileiro, o general informou, por meio de um vídeo publicado no YouTube, que tinha uma "doença neuromotora de caráter degenerativo". Segundo ele, a doença estava trazendo dificuldades para caminhar e, por isso, tinha passado a usar bengala. 
O general ficou no comando do exército até janeiro deste ano. Depois, passou a trabalhar como assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) . 
No começo de outubro, ele precisou fazer uma traqueostomia no Hospital das Forças Armadas (HFA), após dificuldades respiratórias. Villas Bôas ficou 10 dias internado e chegou a ser transferido para a UTI. 
O militar ganhou notoriedade no debate sobre segurança pública após a intervenção federal no Rio de Janeiro, quando homens das Forças Armadas reforçaram o policiamento no estado. 

*Sob a supervisão de Maria Helena Martinho
Leia mais notícias sobre a região no G1 DF.

Brasil-Argentina: a necessidade de entendimento no Mercosul - Paulo Roberto de Almeida

Um jornalista argentino, da agência Infobae, solicitou-me uma opinião sobre o possível impacto dos desentendimentos entre os presidentes do Brasil e da Argentina na questão do Mercosul. Respondi suas questões em português, e ele traduziu, resumindo, minhas respostas em espanhol, que transcrevo abaixo.


"Debido a las características de los procesos de integración entre Brasil y Argentina, las negociaciones y los avances, o retrocesos, siempre han dependido del buen entendimiento entre los mandatarios de los países. El Mercosur avanzó bastante bien hasta la confirmación en 1994 de su estructura institucional, con el Protocolo de Ouro Preto, que contaba con la presencia de los presidentes en las reuniones semestrales del Consejo del bloque. Aun cuando Argentina comenzó a enfrentar problemas con la Ley de Convertibilidad, la buena relación entre Carlos Menem y Fernando Henrique Cardoso permitió superar temporalmente las dificultades en el Mercosur. A pesar del colapso del régimen cambiario argentino y de la crisis que enfrentó el país entre 2001 y 2002, Brasil siempre buscó ayudar en los procesos de ajuste y en los acuerdos con el FMI".
 
"A partir de 2003, con Lula da Silva en Brasil y Néstor Kirchner en Argentina, se suponía que la adopción de medidas relativamente similares en ambos países podía representar para el Mercosur la entrada en una fase de coordinación real de las políticas macroeconómicas y sectoriales. Pero a causa de los desacuerdos entre los dos presidentes, que parecían competir por el prestigio en la región, los países tomaron caminos totalmente diferentes. Lula prefirió politizar indebidamente el Mercosur, creando nuevos organismos que no tenían nada que ver con la vocación original del acuerdo comercial de integración, y Kirchner se embarcó en una nueva ola nacionalista y proteccionista, a expensas de los compromisos adoptados en el marco del Mercosur. El bloque dejó de servir a su objetivo principal de ser una plataforma para la inserción global de las economías de los países miembros y se convirtió en un mercado egocéntrico, casi un avestruz".
"Con la llegada de Fernández y de Bolsonaro, que parecen estar en antípodas de pensamiento político, no hay condiciones para un diálogo directo sobre los problemas bilaterales ni sobre los desafíos que enfrenta el Mercosur para ser un bloque confiable en los nuevos acuerdos externos, que pueden ser prometedores en términos de inversiones y de creación de cadenas de valor. El liderazgo de los presidentes es esencial en un bloque cuya institucionalidad es muy precaria. No solo por la ausencia de supranacionalidad, sino también porque incluso las regulaciones decididas a nivel intergubernamental carecen a menudo de aplicación práctica en los países miembros".

"Ahora el Mercosur puede no ser estratégicamente relevante para Brasil a nivel macroeconómico, pero sigue siendo extremadamente importante a nivel microeconómico para decenas, cientos, miles de empresas de todos los tamaños y especializaciones, así como para el agronegocio en general. Genera miles de millones de dólares de comercio intrarregional y es responsable de cientos de miles de puestos de trabajo en todas las cadenas de producción. Una decisión de paralizar el Mercosur, o incluso de regresarlo a una simple zona de libre comercio, puede ser desastrosa para una enorme diversidad de intereses nacionales en todo el espacio económico intrarregional y extrarregional. Si ambos presidentes escuchan a sus diplomáticos, a sus asesores económicos más sensatos, pronto renunciarán a la loca idea de debilitar un proyecto de alianza económica entre los grandes socios del Cono Sur, y encontrarán formas de renovar el diálogo bilateral. Las empresas y los trabajadores de ambos países necesitan un buen entendimiento entre Brasil y Argentina".

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4-5/12/2019