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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Celso Furtado: uma homenagem - 1996

Estudos Avançados

Print version ISSN 0103-4014On-line version ISSN 1806-9592

Estud. av. vol.11 no.29 São Paulo Jan./Apr. 1997

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40141997000100010  

DOSSIÊ NORDESTE I

 

Celso Furtado: uma homenagem

 

 

Gérard Destanne de Bernis

 

 

O QUE ESTAVA ESCRITO já em 1950 haveria de se concretizar um dia. O senhor trabalhava na CEPAL quando entrou no universo de Pierre Mendes France e, desse relacionamento, logo nasceu uma estima recíproca. A Universidade que leva o nome de Mendes France não o acolheria, então, na qualidade de um de seus grandes veteranos; posteriormente, porém, o senhor uniu-se a ela e, melhor ainda, na qualidade de um Mestre para nós todos, de um amigo! Se associo essas duas palavras é porque o senhor é dessas pessoas para quem é impossível ser um verdadeiro Mestre sem ser um grande amigo. Assim, estamos hoje reunidos. Pressinto que suas palavras serão sobre Mendès France; as minhas, entretanto, serão a seu respeito.

Faço-o, evidentemente, em nome de meus colegas que, respeitando a tradição das antigas tribos, designaram o mais velho dentre todos eles para lhe dizer que daqui a pouco sentiremos grande honra, mais ainda, imenso prazer quando lhe forem entregues as insígnias que o tornarão um de nossos colegas, no mais alto nível que uma Universidade pode conceber.

Doutor em Direito em 1944 e técnico em finanças do governo brasileiro, o senhor vem a Paris para aprofundar seus estudos de economia e é portador de uma carta. Ainda não conhece seu destinatário embora, por uma dessas artimanhas que a história aprecia, ele tenha permanecido longo tempo em seu país antes de se incorporar às Forças Francesas Livres que se preparavam para libertar a África. Foi uma temporada que ele jamais esqueceu, e, melhor ainda, lhe despertou essa paixão pela economia internacional e pelo desenvolvimento, a mesma que já era a sua, e o trouxe a Paris para estudar. O senhor entrega-lhe a carta, segue os seus cursos, descobre esse Mestre inesquecível que foi Maurice Byé, o qual também o descobre. Como fez com outros, sugere-lhe que escreva uma tese. Será L'économie coloniale brésilienne, já caracterizada pelo recurso à história para compreender a realidade presente, método que define todo o seu trabalho posterior. O senhor enxerga em Maurice Byé o que ele é, um verdadeiro professor, e tornam-se amigos. Enquanto viveu, ele lhe manifestou uma amizade que se tornaria afeição, e cada vez mais admirativa, disse-me várias vezes; era um sentimento recíproco, disse-me o senhor várias vezes.

Doutor em ciências econômicas, Cambridge o convida, e como o seu desejo é percorrer o mundo para compreendê-lo – o que fará 15 anos depois em outras circunstâncias –, o senhor para lá se dirige. Como Fellow do King's College, trabalha com Kaldor e Joan Robinson. Já em 1949, de volta ao seu país, Raul Prebisch o contata de imediato, melhor dizendo, o mobiliza. O encontro ocorre na CEPAL, a mais conhecida, porque a mais ativa, sobretudo a mais inovadora das comissões econômicas das Nações Unidas, na qual o seu cargo será de diretor da Divisão de Desenvolvimento Econômico. A dupla Raúl Prebisch-Celso Furtado tem um objetivo: transformar a Terra, fazer com que ela se torne enfim capaz de alimentar e humanizar todos os seus habitantes sem qualquer discriminação, e permitir que eles se realizem. Isso passava por uma análise, e deixo Prebisch explicar o trabalho de ambos: "Buscávamos compreender a natureza, as causas e a dinâmica das desigualdades internacionais, estudávamos algumas de suas manifestações, as diferenças de elasticidades e a tendência à deterioração dos termos do intercâmbio para as exportações de produtos primários que a industrialização ou outras medidas políticas podiam modificar. Procurando uma explicação para esses fenômenos, assinalamos o fato de que os países latino-americanos pertenciam a um sistema de relações econômicas internacionais a que chamávamos de Centro-Periferia (...). Favorecidos por suas posições e por seu avanço tecnológico, os países industrializados organizavam um sistema global em interesse próprio. Os países que produziam e exportavam matérias-primas estavam então ligados ao Centro por seus recursos naturais. Isso condicionava a estrutura e a dinâmica de cada país (...). Da mesma maneira, o sistema de relações internacionais acentuava o grau em que as riquezas da Periferia eram aspiradas  (siphoned off) pelo Centro".

Tomei o texto de Prebisch para não citar todos os outros em que o senhor desenvolve essa análise, mas também porque quando a Encyclopaedia Universalis, em seu volume 18 da primeira edição de 1968, refere-se à CEPAL, leio que "o economista brasileiro Celso Furtado foi por vários anos um dos especialistas mais destacados da Comissão à qual insuflou a um só tempo um dinamismo inegável e uma orientação de estudos duradoura."

A sua equipe, à qual devemos tantos ensinamentos, deu-nos uma lição que tentamos preservar em Grenoble: foram a história e a economia internacional que lhe permitiram compreender o presente da América Latina, sua terra natal. O senhor não raciocina em termos de dependência, e lamento que uma recente Histoire des pensées economiques haja deformado seu pensamento a esse ponto, mas, tal como Perroux, em termos de dominação, ou, para ser ainda mais preciso, de uma  dupla dominação, a externa apoiando-se na interna, inicialmente reforçando-a para melhor fundar seu poder. Como Perroux, o senhor afirma que o subdesenvolvimento, produto da dominação exercida por outros, não é uma fase, mas uma situação histórica, um fenômeno estrutural.

O senhor é um teórico do desenvolvimento, porém necessita agir concretamente. Troca a CEPAL pela direção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico do Brasil. Mas não se esquece de suas raízes profundas, que estão no Nordeste, longe do Rio, de São Paulo e dos negócios, uma região agrícola, difícil, pobre, com uma renda média que é um terço da renda do resto do país, sendo ali mais duro do que em outras partes o jogo dessa dupla dominação.

A estagnação e muitas vezes a regressão não são recentes: o produto per capita diminui desde cerca de fins do primeiro século da colonização (1650), sendo acompanhado pela longa desagregação da economia açucareira na faixa litorânea e pelo isolamento do sertão, que o breve surto da produção algodoeira por ocasião da guerra de Secessão dos Estados Unidos não chega a compensar. Enquanto o Centro-Sul promove seu crescimento a partir de 1850 em torno da expansão cafeeira, das vagas de imigração e das primeiras indústrias de transformação, a renda per capita do Nordeste continua a diminuir em cerca de 0,6% ao ano. Mais ainda, as desigualdades não cessarão de aumentar com o início da industrialização: a contribuição do Nordeste ao PNB, que era da ordem de 30% em 1939, já não passa de 11% em 1959. Mais ainda, desde o fim da guerra, por diversos meios o poder público subtraiu durante mais de dez anos uma renda estimada em US$ 25 milhões por ano do Nordeste exportador em benefício do Centro-Sul.

Não estou inventando nada. Trata-se de uma síntese do que o senhor explicou ao meu amigo Jean Marie Martin, quando teve a gentileza de recebê-lo em Recife, em 1963. Lamentável coincidência, ele está neste exato momento em seu país, e encarregou-me de lhe transmitir seu pesar por estar ausente a este evento. Mas é isso também o que o senhor escreve em A operação Nordeste, em 1959, e desenvolve, no mesmo ano, na Formação econômica do Brasil, o livro que o torna conhecido no mundo inteiro por suas seis traduções, sendo que a francesa é a antepenúltima, só em 1972... e em A pré-revolução brasileira, publicada na França em 1964. Voltarei ao assunto.

No Banco de Desenvolvimento, o senhor insiste em cuidar prioritariamente do Nordeste. Torna-se o chefe da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste, conhecida no resto do mundo por sua sigla – SUDENE – e, simultaneamente, por algum tempo, é ministro do Planejamento de Goulart, ao ser o Ministério criado por sua iniciativa. O ano de 1959 é histórico: Castro derruba o regime de Batista e tudo parece possível; começa-se mesmo a pensar que um mundo novo poderia nascer. Eu teria, assim como meus colegas, grande satisfação em ver Albert Hirschmann ao seu lado nesta cerimônia de homenagem e amizade respeitosa: os dois juntos iriam nos contar as conversas que tiveram quando ele foi visitá-lo na SUDENE. Ele diz algo a respeito em seus Development projects observed, de 1967. Não foi o único a se interessar por seu trabalho. Sirius, a quem por vezes chamávamos de Beuve-Méry, pede-lhe para visitar a SUDENE. De volta, redige um artigo, um desses longos artigos documentados que hoje já não se escrevem, para explicar como o senhor trabalhava, como encontrava os camponeses ajudando-os a se organizar numa verdadeira força social, para desespero da burguesia latifundiária que não lhe perdoará tal prática de mobilização social. Afirmar que ele se entusiasmou é pouco! E nós mesmos, na pequena equipe de Grenoble, às vezes com Maurice Byé quando estava presente, acompanhávamos atentamente o que a SUDENE fazia. Nessa época, iríamos constatar que a estratégia de industrialização ia sendo abandonada no México, apesar das promessas oferecidas pelas novas tecnologias siderúrgicas, provavelmente porque foi esquecida a mobilização da massa camponesa. Então, veja bem, o Brasil era para nós, nesta Universidade honrada por sua presença, o modelo de uma política de desenvolvimento que se apoiava na população para realizar, num só projeto, tanto a industrialização quanto a reforma agrária, os dois pilares indissociáveis, embora cada um deva ser organizado segundo sua especificidade.

Dirigir a SUDENE era, obviamente, conscientizar – que maravilhoso termo latino-americano! -; não se tratava de conceber planos abstratos, mas de trabalhar em todas as direções ao mesmo tempo, pois o desenvolvimento é global ou não existe. Os documentos da SUDENE, no mais das vezes sucintos, mas densos, precisos, voluntaristas, falam por si só: em 1961, o senhor expõe as bases da política de desenvolvimento do Nordeste, e começa pela água e pela irrigação, isto é, pela agricultura, a primeira base; em 1962, menciona um Plano Diretor com suas modalidades de execução, abordando o problema da expansão e da modernização das indústrias existentes na região, a segunda base a ser valorizada, e define as importações indispensáveis de novos equipamentos; em 1963, um documento conciso (35 páginas, se não me engano), anuncia o último Plano Diretor da SUDENE que eu conheço.

Creio que esse plano é bem mais do que o último de minha lista: seria o último da verdadeira SUDENE. Aqui não é o lugar para nos interrogarmos sobre as razões do golpe de Estado. Talvez não estivesse totalmente desvinculado do temor das potências dominantes externas de verem o país escapar à sua dependência, graças a uma política de desenvolvimento; talvez as forças dominantes internas tivessem medo de perder o controle de um povo que ia construindo novas estruturas socio-econômicas; talvez fosse também uma reação do grande país liberal do Norte, às voltas com dificuldades econômicas crescentes e com o declínio de sua taxa de lucro. O senhor nos dará algumas respostas amanhã, num ambiente mais adequado à análise econômica.

Professor Furtado, serei discreto sobre os acontecimentos de 1964. O senhor suportou demasiado seus efeitos diretos e sofreu demasiado para que sejam evocados sem magoá-lo. Os militares destróem tudo, arrancam a alma da SUDENE, que era em grande parte o senhor mesmo, e a do Brasil. Pretendendo hipocritamente conservar a instituição para manter as aparências, submetem por longo tempo o seu país à dominação sem limites do grande país do Norte, que se diz liberal, aniquilam 20 anos de esforços coerentes, sujeitam o seu povo a uma junta militar que substituirá a democracia pela violência: sim, o senhor tinha razão quando na CEPAL vinculava dominação externa e dominação interna. Mas quero lhe dizer com pudor, embora claramente e com profundo respeito por sua pessoa e seus próximos, que nós todos aqui consideramos que só o honra ter sido privado de seus direitos políticos por servir a seu povo. E se esta noite vestimos as becas acadêmicas, não imagine um fútil disfarce ou um prazer de retornar a um passado esquecido, menos ainda a preocupação em imitar as grandes cerimônias teatrais e formais, e, a fortiori, uma mascarada, mas o desejo que sentimos de expressar-lhe, pelo aspecto solene conferido ao encontro, nossa emoção ao acolhermos esta noite um colega, um sábio, um homem que dedicou sua atuação ao desenvolvimento de seu povo, que foi punido por sua ação e pela lucidez de sua análise. Compreenda também que ao recebê-lo esta noite lembramo-nos com emoção de tudo o que o seu povo sofreu, de todos as marcas que conserva, de todo o atraso que acumulou em seu desenvolvimento. Mas não tenha receio, não é por estarmos assim vestidos esta noite que não iremos participar das manifestações populares quando for necessário.

Foi essa a homenagem que lhe prestaram Maurice Byé e Maurice Duverger quando o convidaram a voltar a Paris, tão logo souberam o que lhe acontecia. Este gesto muito os honra. No entanto, de início o senhor retorna por alguns meses à CEPAL, e depois será professor visitante em Yale. Recebe convites de todos os lados, mas decide que sua base será na França, em Paris, onde o encontramos uma parte do ano. O senhor já não se circunscreve às faculdades de ciências econômicas. Foi o seu método histórico, e não o fato de ele falar português, que o fez encontrar Braudel, seduzido por seu grande livro Formação econômica do Brasil, que será traduzido no mundo inteiro. Um se identifica facilmente com o outro: ele descobre na sua obra os modelos sucessivos que fizeram o Brasil de hoje: o açúcar, o ouro, o café; as fases da formação do Brasil estão ligadas às suas transformações estruturais, dando origem à sua industrialização. Um e outro são historiadores com uma clara consciência do peso das estruturas.

 

 

Deve-se ver nisso a revanche da história, que não se limita às artimanhas? Homem de pesquisa na CEPAL, homem de ação eficaz e batalhador, êi-lo, o economista itinerante do desenvolvimento, o professor mundialmente conhecido, reconhecido, escutado, que fala e escreve com todo o peso de sua experiência. Não lhe dão um momento de descanso. O senhor é demasiado conhecido em toda parte, é notória a sua capacidade de se interessar por tudo o que toca o desenvolvimento dos povos e todos os aspectos de suas vidas. As revistas dedicadas ao desenvolvimento querem-no em seus Conselhos, as instituições internacionais pedem a sua ajuda – a Universidade das Nações Unidas, o Committee for Development Planning, a South Commission e, mais recentemente, a Comissão Mundial de Cultura e Desenvolvimento, sem esquecer, num campo que lhe é novo, a Comissão Internacional de Bioética da UNESCO, na qual o senhor encontra colegas das ciências sociais e econômicas, mas também juristas – afinal, trata-se de um doutor em Direito – e biólogos com quem desenvolve um diálogo pluridisciplinar. Agora, o seu interesse volta-se para a biologia genética.

E mesmo assumindo essas missões, o construtor que o senhor será sempre continua a escrever sobre o Brasil e o desenvolvimento, sobre a dialética do pensamento e da ação, sobre os espaços de desenvolvimento, mas também, mais recentemente, por estar atento a qualquer mudança que adquire importância, sobre o desemprego, a exclusão, e ainda a crise da economia mundial e seus aspectos monetários e financeiros. Seus livros sempre foram traduzidos em inúmeras línguas, em todos os países da Europa, do Oeste e do Leste, do Norte e do Sul, assim como nos dois hemisférios o senhor é conhecido, sem esquecer, é claro, Cuba, Japão ou China, e até mesmo a Pérsia, com essa tradução em farsique, permita-me dizer, lhe valeu em troca uma caixa de pistaches...

Em 1985 o seu país reencontra as estruturas democráticas, mas era quase um outro país, de tal forma se transformara nesses 21 anos, em especial devido ao impacto das novas tecnologias e da forte penetração do capital estrangeiro. Aliás, é o que se passa no mundo todo, conseqüência da crise que se prolonga e dela ninguém sabe como, nem quando, nem sequer se sairemos, não se podendo excluir o risco de degradação generalizada da qual vemos tantos sinais, a menos que ela nos conduza a formas inteiramente novas de atividade econômica e de relações sociais.

A Nova República precisa do senhor, mas a transição se faz sob controle, e o senhor se situa demasiado à esquerda para que lhe seja entregue um ministério econômico. Aceita ser embaixador junto à Comunidade Econômica Européia, considerando que é um bom lugar para estudar melhor a economia mundial. Finalmente – terá sido em resposta ao seu Cultura e desenvolvimento em época de crise, de 1984, não sei! – propõem-lhe ser ministro de Estado da Cultura: o país teria trocado o objetivo de seu desenvolvimento pelo de sua cultura? É um cargo que lhe traz inegável satisfação, é uma oportunidade de reencontrar o povo do Brasil por um certo aspecto de sua vida. O senhor organiza em Paris a Exposição de Arte Popular Brasileira e, mais ainda, preocupa-se em salvar a cultura do país, descobrindo também a atração que ela exerce sobre os brasileiros. Que belo coroamento para uma vida a serviço de seu povo!

Ministro do Planejamento, ministro da Cultura, talvez não seja nem seu país nem o senhor que mudou, mas o Brasil entendeu o estado de suas reflexões sobre o desenvolvimento e a cultura antes mesmo que nos fossem reveladas naquela belíssima VI Conferência François Perroux que o senhor proferiu no College de France a 15 de junho de 1994. São, pois, as suas palavras que concluirão este ato com o qual meus colegas me encarregaram de recebê-lo na sua Universidade Pierre Mendes France: "O estudo do desenvolvimento tem como tema central a invenção cultural, em particular a morfogênese social, embora até o momento essa temática permaneça praticamente inexplorada. Por que uma sociedade apresenta em determinado período de sua história uma grande capacidade criativa? Eis algo que nos escapa. Menos ainda sabemos por que a criatividade orienta-se numa direção precisa (...). A rigor, só se pode falar de desenvolvimento quando o homem dedica seu potencial criativo à descoberta de si mesmo, enriquecendo seu universo de valores. O desenvolvimento só é real quando a acumulação material leva à criação de valores adotados por importantes segmentos da coletividade (...). Ao colocar no primeiro plano a visão sistêmica das decisões econômicas, cuja ordenação insuficiente seria a causa primária do subemprego dos fatores, lorde Keynes restabelecera a primazia do político sobre o econômico."

Meu pronunciamento foi longo demais, ainda que tenha sido abominavelmente breve, perdoem-me uma e outra inconveniência. Uma palavra a mais. Além de tudo o que eu disse, ocorre que diversas universidades o fizeram Doutor Honoris Causa. Mas permita-me dizer que nós, de Grenoble, nos felicitamos imensamente por sermos a primeira a fazê-lo fora do mundo de expressão portuguesa.

 

 

Saudação proferida pelo professor de economia Gérard Destanne De Bernis em 23 de outubro de 1996, quando o professor Celso Furtado recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Pierre Mendes France, de Grenoble, França.

Mont Pelerin Society : the book from the 2020 meeting

From the Past to the Future: Ideas and Actions for a Free Society | The Mont Pelerin Society

edited by John B. Taylor
Friday, February 28, 2020

In this collection leading scholars and practitioners discuss ideas about freedom and how to take the ideas into action today. The discussions took place at a January 2020 meeting of the Mont Pelerin Society which was founded in 1947 for the “preservation and improvement of the free society.” Today, challenges to the free society are again mounting and threatening economic growth and rising prosperity. We hear calls for a return to socialism, for restrictions on trade, for regulations on firms and individuals that go well beyond cost-benefit calculations.

The theme, From the Past to the Future: Ideas and Actions for a Free Society, comes in three parts:

  • The Past as Prologue to the Future, which reviews early years of the Mont Pelerin Society when threats to freedom were initially overcome, and recent years of reversal and staying the course.
  • Ideas for a Free Society, which delves into the rule of law, restraints on government, and dealing with socialist-like forces that lead to regulation of price, quantity, and quality of what is produced.
  • Actions for a Free Society, which looks for ways to bring ideas into action featuring practical experience in global communications, in central and local governments, and in the private sector.

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TABLE OF CONTENTS

PART 1. PAST AS PROLOGUE TO THE FUTURE

An Opening Conversation 

Chapter One: Why Choose Economic Freedom?by George P. Shultz and John B. Taylor

Free to Choose: 1980 to 2020 and the Network 

Chapter Two: Introduction to Free to Choose 1980 to 2020 and the Networkby Robert Chatfield
Chapter Three: Milton, Rose, Me and Poetry, by Robert Chitester

Removing Obstacles on the Road to Economic Freedom: 1947 to 1980 

Chapter Four: Removing Obstacles on the Road to Economic Freedom, by Eamonn Butler
Chapter Five: Milton Friedman: The Early Yearsby Jennifer Burns
Chapter Six: Mont Pelerin 1947, by Bruce Caldwell
Chapter Seven: The Road Not Taken of “Nuovo liberalismo,” by Alberto Mingardi

Spread of Free-Market Ideas in the 1980s

Chapter Eight: The Reception of Free to Choose and the Problem of Tacit Presuppositions of Political Economy, by Peter Boettke
Chapter Nine: The Spread of Free-Market Ideas in the 1980s (With a Nod to the Late 1970s), by David Henderson
Chapter Ten: Ideas of Freedom and Their Role in Active Policymaking, by Condoleezza Rice

Lessons Learned from History for the Future of Freedom

Chapter Eleven: Assaults on Freedom and Citizenship, by Victor Davis Hanson
Chapter Twelve: Fed Chair Agonistes, by Amity Shlaes
Chapter Thirteen: Keynes v Hayek: The Four Buts…, by Robert Skidelsky


PART 2. IDEAS FOR A FREE SOCIETY

The Role of Law as Protector of Liberty

Chapter Fourteen: Capitalism, Socialism and Nationalism: Lessons from History, by Niall Ferguson
Chapter Fifteen: Magna Carta, The Rule of Law, and the Limits On Government, by Jesús Fernández-Villaverde
Chapter Sixteen: The Commerce Clause, the Takings Clause, and Due Process, by Douglas Ginsburg

How to Deal with the Reemergence of Socialism

Chapter Seventeen: The Rise and Fall of Environmental Socialism: Smashing the Watermelon, by Jeff Bennett
Chapter Eighteen: Understanding the Left., by John Cochrane
Chapter Nineteen: Economic Systems Between Socialism and Liberalism and the New Threats of Neo-Interventionism, by Lars Peder Nordbakken

Measures of Economic Freedom

Chapter Twenty: Economic Freedom Matters & Charts, by Anthony Kim
Chapter Twenty-One: Economic Freedom: Objective, Transparent Measurement, by Fred McMahon
Chapter Twenty-Two: The World Bank’s Doing Business Indicators, by Valeria Perotti

Restraining Expansions of Government

Chapter Twenty-Three: Common Sense Approach to Addressing America’s Entitlement Challenge, by John Cogan
Chapter Twenty-Four: Key Milestones in Regulation, by Susan Dudley
Chapter Twenty-Five: A Quest for Fiscal Rules, by Lars Feld


PART 3. ACTIONS FOR A FREE SOCIETY

Taking Ideas to Action around the World

Chapter Twenty-Six: Turning Freedom into Action: Some Reflections on Reforming Higher Education, by Ayaan Hirsi Ali
Chapter Twenty-Seven: Culture and the Free Society, by Samuel Gregg
Chapter Twenty-Eight: Taking Ideas to Action Around the World, by Bridgett Wagner

What Happened in Chile?

Introduction
Chapter Twenty-Nine: Presentation I, by Axel Kaiser
Chapter Thirty: Presentation II, by Ernesto Silva
Chapter Thirty-One: Presentation III, by Arnold Harberger

Taking Ideas to Action: Making the Case for Freedom

Chapter Thirty-Two: Restoring Liberty for American Indians, by Terry Anderson
Chapter Thirty-Three: The Effect of Economic Freedom on Labor Market Efficiency and Performance, by Lee Ohanian
Chapter Thirty-Four: Making the Case for Liberty, by Russell Roberts

Taking Ideas to Action in Central Governments

Chapter Thirty-Five: Brexit: Taking a Good Idea into Action, by Jamie Borwick
Chapter Thirty-Six: Taking Ideas to Action in Central Governments—The US Case, by Tyler Goodspeed
Chapter Thirty-Seven: Ideas and Actions for a Free Society, by Ruth Richardson

Taking Ideas to Action in the Private Sector
Chapter Thirty-Eight: Public Policy, Private Actor, by Dominique Lazanski
Chapter Thirty-Nine: Libertarianism is Dysfunctional but Liberty is Great, by Joe Lonsdale
Chapter Forty: The False Promise of Medicare for All, by Sally Pipes

A Closing Conversation

Chapter Forty-One: China, Globalization, Capitalism, Silicon Valley, Political Correctness, and Exceptionalism, by Peter Thiel and Peter Robinson

Availabke at the Hoover Institution website

Trabalhos Publicados, Janeiro-Julho 2020 - Paulo Roberto de Almeida

TRABALHOS PUBLICADOS, 25

2020: Do n. 1.336 ao n. 1.xxx

Google Scholar: http://scholar.google.com/citations?user=OhRky2MAAAAJ

 

Paulo Roberto de Almeida

Atualizada em 3 de agosto de 2020

 

 

1336. “Entrevista ao Livres sobre o conflito EUA-Irã”, Brasília, 7 janeiro 2020. Disponível no Livres (link: https://www.youtube.com/watch?v=ky2S90hbVds&feature=youtu.be); divulgado em 14/01/2020.

 

1337. “A trajetória do comunismo no Brasil”, Apresentação no IHG-DF, em 11/12/2019, sobre “O movimento comunista internacional e seu impacto no Brasil”, gravada em vídeo, em companhia de Hugo Studart (autor de livros sobre a guerrilha do Araguaia), de Gustavo Bezerra (autor: O Livro Negro do Comunismo no Brasil), e de meu livro: Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas da era contemporânea (Brasília: Edição de autor, 2019, 304 p.), disponível no YouTube (16 de jan. de 2020; link: https://youtu.be/LueQRy9yzxI; duração: 2h50mns). Apresentação em PP, em 24 slides, disponível na plataforma Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/337824903_O_Movimento_comunista_internacional_e_seu_impacto_no_Brasil;DOI: 10.13140/RG.2.2.15046.63047) e na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41219238/O_Movimento_comunista_internacional_e_seu_impacto_no_Brasil_2019_). Relação de Originais n. 3545.

 

1338. “Entrevista sobre a diplomacia brasileira e as relações internacionais”, Brasília, 18 janeiro 2020, audiocast de 1h30. Divulgado como “Diplomacia à brasileira: uma análise de Tapa da Mão Invisível” no #SoundCloud (18/01/2020; link: https://soundcloud.com/tapa-da-mao-invisivel/episodio-066-diplomacia-a-brasileira-uma-analise); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/01/entrevista-sobre-diplomacia-brasileira.html). Relação de Originais n. 3567.

 

1339. “Crise no mundo. E o Brasil, como fica?”, Brasília, 10 março 2020, entrevista concedida ao jornalista Mano Ferreira, do Livres, sobre os temas das crises internacionais (Covid-19, petróleo), do baixo crescimento brasileiro e das relações Brasil-Estados Unidos, a propósito da visita de Bolsonaro a Trump, na Flórida. Transmitida no canal YouTube do Livres (10/03/2020; link: https://youtu.be/KxhuWasxKmk ; https://www.youtube.com/watch?v=KxhuWasxKmk&feature=youtu.be); reproduzido no blog Diplomatizzando (11/03/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/crise-no-mundo-e-o-brasil-como-fica.html). Relação de Originais n. 3593.

 

1340. “Como Ernesto, o idiota, se tornou chanceler, por Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 3 abril 2020, entrevista gravada em vídeo com o jornalista Luís Nassif, no Jornal GGN (link: https://jornalggn.com.br/video/como-ernesto-o-idiota-se-tornou-chanceler-por-paulo-roberto-de-almeida/). Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/como-ernesto-o-idiota-se-tornou.html) e no Facebook (link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/3130312803698815?__cft__[0]=AZVJ5PeWXTRnk6KHwOEcQ2wKTKAa2cBYrizwW-8Oh-LlYmLr-shZdcyrS6tae_9MEjgULV4IiplY7DgHgi7Kah9wSAl_NA6hf_w5XPX3xKWvfMeqRRblh0FsZAY0jvj76DY&__tn__=%2CO%2CP-R) e no Twitter (link: https://twitter.com/PauloAlmeida53/status/1246488386485063681).

 

1341. “Governo persegue conselheiro do Livres”, Brasília, 6 abril 2020, entrevista gravada em vídeo com o jornalista Mano Ferreira do Livres, no You Tube, em companhia do deputado Marcelo Calero (link: https://www.youtube.com/watch?v=33XiJPIEmKs&feature=youtu.be).

 

1342. “Entrevista com o diplomata Paulo Roberto de Almeida”, Gazeta do Povo, jornalista Gustavo Nogy (11/04/2020; link: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/gustavo-nogy/entrevista-com-o-diplomata-paulo-roberto-de-almeida/). Divulgada no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/a-diplomacia-brasileira-em-tempos-de.html) e na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42705673/A_diplomacia_brasileira_em_tempos_de_olavo-bolsonarismo_um_ponto_fora_da_curva_-_Entrevista_com_o_diplomata_Paulo_Roberto_de_Almeida_2020_). Relação de originais n. 3629 (“A diplomacia brasileira em tempos de olavo-bolsonarismo: um ponto fora da curva”). Trecho republicado no blog Diplomatizzando (16/04/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/o-brasil-tem-politica-externa-nao-o.html) e em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42758613/Brasil_NAO_tem_Politica_Externa_-_Gazeta_do_Povo_11_04_2020_).

 

1343. “O quadro global das questões energéticas: o Brasil e o mundo”, Brasília, 16 janeiro 2018, 25 p. Contribuição a livro organizado por Alexandre Hage. Publicado in: José Alexandre Altahyde Hage (org.): Política energética no Brasil: sua participação no desenvolvimento e no relacionamento internacional(Curitiba: Editora Appris, 2020, 370 p.; ISBN: 978-85-473-4201-2; ISBN digital: 978-85-473-4202-9), pp. 13-40; disponível no site da Editora (link: https://www.editoraappris.com.br/produto/3756-poltica-energtica-no-brasil-sua-participao-no-desenvolvimento-e-no-relacionamento-internacional). Apresentação no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/trabalho-mais-recente-publicado-energia.html) e na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42781220/O_quadro_global_das_questoes_energeticas_o_Brasil_e_o_mundo_2020_). Relação de Originais n. 3229.

 

1344. “‘Fazer diplomacia pelo Twitter é errado’, diz embaixador”, Brasília, 20 abril 2020, 10 p. Entrevista gravada com o jornalista José Fucs, do jornal O Estado de S. Paulo, publicada em versão reduzida no jornal impresso (link: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,fazer-diplomacia-pelo-twitter-e-errado-diz-embaixador,70003275120); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/diplomacia-por-tweets-entrevista.html); versão resumida publicada no jornal impresso divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/fazer-diplomacia-e-expor-divergencias.html); Divulgado via plataforma Academia.edu (21/04/2020: link: https://www.academia.edu/42813689/Errado_fazer_diplomacia_pelo_Twitter_Entrevista_Paulo_R_Almeida_OESP_).Relação de Originais n. 3642. 

 

1345. “A diplomacia brasileira na corda bamba, sem qualquer equilíbrio”. Publicado no Estado da Arte, O Estado de S. Paulo (20/04/2020; link: https://estadodaarte.estadao.com.br/diplomacia-brasileira-corda-bamba/); divulgada no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/a-diplomacia-brasileira-na-corda-bamba.html) e na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42813977/A_diplomacia_brasileira_na_corda_bamba_sem_qualquer_equilibrio_2020_).Relação de Originais n. 3637.

 

1346. “Política externa e diplomacia brasileira no século XXI: 37 questões em pauta – Entrevista com o Embaixador Paulo Roberto de Almeida”, na revista Interfaces Brasil/Canadá (Florianópolis/Pelotas/São Paulo; publicação da Associação Brasileira de Estudos Canadenses (ABECAN), v. 20, n. 1, 2020, p. ; ISSN eletrônico: 1984-5677; ISSN impresso: 1519-0994; DOI: HTTP://DX.DOI.ORG/10.15210/INTERFACES.V20I0; link: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/interfaces/issue/view/956). Relação de Originais n. 3620. 

 

1347. “O Brasil e o abolicionismo tardio, nunca completado”, O Veterano (Rio de Janeiro: periódico semanal estudantil da FGV EPGE; 13/05/2020; link: https://medium.com/o-veterano/coluna-o-brasil-e-o-abolicionismo-tardio-nunca-completado-paulo-roberto-de-almeida-b0807425fd32). Relação de Originais n. 3667.

 

1348. “O mundo pós-pandemia: Rubens Ricupero, Paulo Roberto de Almeida e Sandra Rios”, YouTube (25/05/2020; link: https://www.youtube.com/watch?v=wLGFUPWDAoY), com duas inserções adicionais (https://www.eusoulivres.org/noticias/somos-o-homem-doente-da-america-latina-diz-paulo-roberto-de-almeida/ e https://www.eusoulivres.org/noticias/eu-desejaria-um-sistema-para-detectar-pandemias-como-se-detecta-um-incendio-numa-floresta-diz-rubens-ricupero-em-live-do-livres/). Disponibilizado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/o-mundo-pos-pandemia-debate-no-livres.html), com informação sobre os trabalhos 3670: “O mundo pós-pandemia: contextos políticos e tendências internacionais” e 3680: “O mundo pós-pandemia: resumo para o programa do Livres” e trabalhos adicionais. 

 

1349. O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 225 p.), anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/06/o-itamaraty-num-labirinto-de-sombras.html). Publicado em 11/06/2020 (204 p.; 1302 KB; ASIN: B08B17X5C1; ISBN: 978-65-00-05968-7; disponível no link: https://www.amazon.com/-/pt/dp/B08B17X5C1/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=ÅMÅŽÕÑ&dchild=1&keywords=O+Itamaraty+num+labirinto+de+sombras&qid=1591845003&s=digital-text&sr=1-1). Relação de Originais n. 3687.

 

1350. “A Arte de Pensar em Público: os intelectuais do Itamaraty”, entrevista online, conduzida pelo professor Daniel Peres (Departamento de Filosofia-UFBA), no quadro do programa “A Arte de Pensar em Público” (18/06/2020; 1h:24:42; link: https://www.youtube.com/watch?v=BYCn69ZILXY).

 

1351. “As Constituições contra o Brasil (Paulo Roberto de Almeida)”, Brasília, 18/06/2020. Rodrigo Marinho entrevista o diplomata de carreira, historiador das relações internacionais, estudioso da economia política e autor e organizador de diversos livros, Paulo Roberto de Almeida, que nos conta um pouco a respeito da história das constituições do Brasil e como elas construíram o nosso país. Paulo Roberto também mostra como a atual constituição de 1988 é arcaica e responsável por atrasar o nosso desenvolvimento político e econômico. (Podcast do Instituto Mises; link: https://www.mises.org.br/FileUp.aspx?id=664; link para download do podcast em mp3: https://www.mises.org.br/FileUpDownload.aspx?f=664)

 

1352. “O patrimonialismo estatal e os novos bárbaros”, Brasília, 17 junho 2020, 4 p. Notas sobre a evolução do patrimonialismo no Brasil, e sua nova configuração estatal, com referência especial ao Itamaraty. Publicado no Estado da Arte, O Estado de S. Paulo (19/06/2020; link: https://t.co/0pf41nF0sr?amp=1 e https://estadodaarte.estadao.com.br/patrimonialismo-novos-barbaros-paulo-almeida/). Reproduzido no site do Livres (25/06/2020; link: https://www.eusoulivres.org/artigos/o-patrimonialismo-estatal-e-os-novos-barbaros/). Relação de Originais n. 3698.

 

1353. “O Brasil no mundo: o que virá depois [do coronavírus]?”, Brasília, 20/06/2020. Debate online organizado em formato webinar pela Fundação Astrojildo Pereira, com a coordenação de Arlindo Fernandes e a participação do historiador Alberto Aggio, do engenheiro e economista Paulo Ferraccioli e do diplomata Paulo Roberto de Almeida (1:50hs; link: https://www.facebook.com/watch/?v=555183868698520).

 

1354. O Mercosul e o regionalismo latino-americano: ensaios selecionados, 1989-2020, Edição Kindle, 453 p.; 1567 KB; ASIN: B08BNHJRQ4; ISBN: 978-65-00-05970-0; disponível neste link da Amazon: https://www.amazon.com/Mercosul-regionalismo-latino-americano-selecionados-Portuguese-ebook/dp/B08BNHJRQ4/ref=sr_1_1?dchild=1&keywords=Mercosul&qid=1593305045&s=digital-text&sr=1-1); Sumário e Prefácio e índice detalhado divulgados no blog Diplomatizzando (23/06/2020; links: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/06/o-mercosul-e-o-regionalismo-latino.html) e https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/06/o-mercosul-e-o-regionalismo-latino_23.html)Relação de Originais n. 3702.

 

1355. A ordem econômica mundial e a América Latina: ensaios sobre dois séculos de história econômica, Brasília, 1 julho 2020, 308 p. Livro com textos de história econômica. Sumário no blog Diplomatizzando (link: https://www.academia.edu/43494964/A_ordem_economica_mundial_e_a_America_Latina_ensaios_sobre_dois_seculos_de_historia_economica_2020_). Publicado em Edição Kindle, 363 p.; 2029 KB; ASIN: B08CCFDVM2; ISBN: 978-65-00-05967-0; disponível neste link da Amazon: https://www.amazon.com.br/ordem-econ%C3%B4mica-mundial-Am%C3%A9rica-Latina-ebook/dp/B08CCFDVM2/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=I6QXH0T8I6L4&dchild=1&keywords=paulo+roberto+de+almeida&qid=1593992634&s=digital-text&sprefix=Paulo+Rob%2Caps%2C288&sr=1-1). Relação de Originais n. 3706.

 

1356. « Débat : Entreprises d’infrastructure et pouvoirs publics au Brésil », Entreprises et Histoire (Paris : n. 99, juin 2020, p. 137-144 ; ISSN : 2100-9864 ; link: entrepriseshistoire.ehess.fr). Postado, sob o título “Agences publiques et infrastructure: deux grandes questions au Brésil » no blog Diplomatizzando (23/02/202; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/02/agences-publiques-et-infrastructure.html). Relação de Originais n. 3583.

 

1357. Um contrarianista na academia: ensaios céticos em torno da cultura universitária, Brasília, 10-14 março 2020, 363 p. Apresentação sumária no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/meu-proximo-livro-um-contrarianista-na.html); Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42265476/Um_contrarianista_na_academia_ensaios_c%C3%A9ticos_em_torno_da_cultura_universit%C3%A1ria); Edição Kindle (ASIN: B08668WQGL; ISBN: 978-65-00-06751-4; US$ 2,95, ou R$ 15,00; disponível no site da Amazon, link: https://www.amazon.com/-/pt/dp/B08668WQGL/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&keywords=Paulo+Roberto+de+Almeida&qid=1584737696&s=digital-text&sr=1-1). Relação de Originais n. 3592. 

 

1358. “Se vencer nos EUA, Biden nem prestará atenção no Brasil, diz embaixador”, Entrevista concedida ao jornalista Chico Alves, do UOL Notícias. Publicado em 17/07/2020 (link: https://noticias.uol.com.br/colunas/chico-alves/2020/07/17/se-vencer-nos-eua-biden-nem-prestara-atencao-no-brasil-diz-embaixador.htm); reproduzido no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/07/se-vencer-nos-eua-biden-nem-prestara.html). Relação de Originais n. 3718.

 

1359. 

 

 

Em nome de quem? João de "deus" e Bolsonaro: dois fenômenos extremamente graves - Rita Almeida

O texto é longo, mas recomendo MUITO a leitura. Nos ajuda a entender o que está acontecendo e até como reagir.
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EM NOME DE QUEM?
 
Depois de ter que digerir muita angústia, raiva, nojo e tristeza, consegui terminar de assistir ao documentário “Em nome de Deus”, produzido pela Globoplay. Trata-se de uma série, em 6 capítulos, que revela a história de João Teixeira de Faria, desde o seu surgimento como líder espírita, até sua transformação em João de Deus, seguida de sua condenação e prisão por abuso sexual em 2018. O líder espírita fundou, em 1976, a “Casa de Dom Inácio de Loyola” e, desde então, se destacou fazendo curas e cirurgias espirituais de toda espécie, se consolidando assim como o maior médium brasileiro da atualidade. Localizada em Abadiânia, Goiás, “a Casa” recebia semanalmente milhares de pessoas de várias partes do Brasil avese do mundo, muitas delas desenganadas pela medicina tradicional, em busca de curas e milagres. Nos seus mais de 40 anos de trabalho religioso, João de Deus conquistou respeito, admiração e fama, inclusive, internacional. Um “homem santo”, à prova de qualquer suspeita. 
 
Mas em 2018, no programa Conversa com Bial, da Rede Globo, a holandesa Zahira Lieneke Mous deu uma entrevista denunciando João de Deus por abuso sexual durante uma “consulta espiritual”. Depois da repercussão da entrevista, centenas de mulheres também decidiram se pronunciar, acusando o médium de abuso e estupro. Algumas delas, inclusive, já haviam denunciado o médium anteriormente, pelos mesmos crimes, inclusive por tentativa de assassinato, mas foram desacreditadas na época. Dentre as vítimas está a própria filha de João Teixeira, abusada desde os 10 anos de idade. As investigações de abuso acabaram por abrir caminhos para desmontar diversas facetas criminosas que sustentavam João de Deus e “a Casa”, envolvendo armas, muito dinheiro e uma espécie de rede miliciana de poder. 
 
O documentário é indigesto por motivos óbvios, em especial pelos depoimentos fortes, carregados de sofrimento, vergonha e revolta, das mulheres que toparam falar sobre as violências sofridas, regadas com medo e silêncio. A série se ocupa de traçar o perfil de abusador serial do médium, um predador compulsivo de mulheres, que se aproveitava da fragilidade e da confiança das mesmas, de seu suposto poder divino e de seu poder político na região de Abadiânia, para impor suas vontades sexuais. Deste modo, a obra jornalística cumpre, principalmente, a função de dar lugar à palavra das mulheres silenciadas e fazer cair um mito.  
 
Entretanto, o documentário nos leva a outras questões importantes, especialmente nesses tempos de hoje. Como e por que milhares e milhares de pessoas se deixaram enganar por mais de 40 anos, pela “santidade” de João de Deus? O que faz as pessoas depositarem sua fé e se entregarem de modo tão subserviente, abnegado e sem crítica a essas espécies de líderes charlatões e cretinos? Sim, porque João de Deus não está sozinho e nem é raro. Tanto na religião quanto no campo da política, invariavelmente, despontam esses líderes de massa que tiram proveito perverso de sua posição, parasitando e violentando seu rebanho, para exercício de poder e gozo próprios. 
 
Mas, é importante compreender que alguém só alcança esse nível de poder porque conta com a conivência, a participação e a autorização de muitas pessoas. O tamanho da capacidade de sugestão e de domínio de um líder é diretamente proporcional à quantidade de pessoas, de instâncias e instituições que o autorizam. Pensando deste modo, dizer que João de Deus é um criminoso-canalha-perverso que se aproveitou de sua condição para parasitar suas vítimas não é suficiente para explicar o fenômeno. É preciso também considerar que aquela massa de fiéis desejava um João de Deus para servir; desejava um homem poderoso e santo, para o qual poderiam entregar seu desamparo e seu sofrimento. João de Deus chegou aonde chegou porque contou com o apoio, a conivência e o silêncio de muita gente e por muito tempo.
 
No século XVI Étienne de La Boétie escreveu o Discurso da Servidão Voluntária; uma ode à liberdade. As questões levantadas pelo jovem pensador eram: Como pode apenas um homem subjugar milhões? O que faz com que as massas se curvem a um único tirano? Para La Boétie, elas não o fazem por serem forçadas ou constrangidas, já que são muito mais fortes que seu líder; elas o fazem voluntariamente. Elas desejam sacrificar sua liberdade alienando-a ao tirano, e escolhem essa opção por serem educadas para tal, já que o ser humano seria naturalmente livre. 
 
Freud trabalhou o mesmo tema, mas de uma forma um pouco diferente. Para Freud, os sujeitos se submetem voluntariamente a líderes, mesmo os mais perversos e tirânicos, mas por ser esse o recurso humano mais primário para lidar com o desamparo. Para a psicanálise, a fragilidade e imaturidade biológica do ser humano o obrigam a ingressar no mundo numa condição de total alienação a um outro ser, aquele que cumpre as funções de maternagem. A função-mãe seria nosso primeiro “tirano”, tirania sem a qual não sobreviveríamos. Portanto, a alienação e a submissão são nossa passagem de entrada na cultura, é ao longo da vida e do processo educativo que vamos nos separando desse Outro primordial, e criando condições de liberdade. Todavia, em situações de desamparo e fragilidade, ficamos suscetíveis a uma espécie de regressão que busca encontrar na submissão a certas lideranças (políticas ou religiosas) aquela condição originária de alienação, um lugar psiquicamente mais confortável para lidar com afetos, como angústia e medo.
 
Mas é muito importante que se entenda que essa escolha de alienação, submissão e subserviência é uma escolha voluntária, como dirá La Boétie. Entretanto, na compreensão freudiana não se trata de um voluntarismo racional e consciente. Na medida em que existe o inconsciente, e o eu de um sujeito não é “senhor em sua própria casa”, esse voluntarismo ocorre à revelia do comando da razão. São esses mecanismos inconscientes a matéria-prima e o alvo de líderes messiânicos e tirânicos. O fato é que figuras como João de Deus não se explicam apenas pelo seu carisma e falta de caráter; elas só existem porque há centenas de milhares de pessoas dispostas a autorizá-las e desejosas em acreditar nelas e suas soluções milagrosas. 
 
A psicologia fascista
 
Cheguei até aqui para dizer que o documentário “Em Nome de Deus” é uma obra importante também para compreendermos o Bolsonarismo e sua estrutura psicológica fascista. Diferente de outros presidentes que tivemos, Bolsonaro não é um fenômeno da política democrática republicana, apesar de ter chegado ao poder pelo voto. Dois anos depois de sua posse, fica cada vez claro que o que ainda sustenta Bolsonaro no poder tem a ver com o que chamamos “psicologia das massas”. Bolsonaro já quebrou todas as pontes políticas possíveis, com partidos, com aliados políticos, com as instituições democráticas, com instâncias internacionais e com a imprensa. Tal como João de Deus, Bolsonaro só se mantém na presidência porque foi capaz de encarnar um tirano messiânico milagreiro, que tanto agrada as massas desalentadas e amedrontadas. Graças ao mecanismo psíquico regressivo próprio de relações do tipo fascista, Bolsonaro pode até mesmo violentar, vilipendiar e subjugar seu povo, e ainda assim, mantê-lo fiel e obediente, aguardando o milagre. Uma foto recente de Bolsonaro diante de seus seguidores mais fervorosos, levantando com as duas mãos uma caixa de cloroquina, é emblemática para ilustrar esse fato. É o Messias oferecendo a salvação para seu povo assolado por uma pandemia de escala mundial, que já matou 87 mil brasileiros. Tal como acontecia com os frequentadores da Casa Santo Inácio de Loyola, os adeptos do Bolsonarismo já abandonaram a ciência, deixaram de escutar as orientações da medicina tradicional — talvez porque elas não são capazes mesmo de oferecer o milagre que tanto desejam. O Bolsonarismo é capaz de fazer com que essa Nação siga suportando o absurdo de estar, há cerca de 3 meses, sem Ministro da Saúde, ou seja, sem nenhuma estratégia política racional a nível nacional. Mas Bolsonaro oferece o milagre da cloroquina, e isso basta para manter o transe coletivo da massa.
 
Hipnose coletiva
 
Freud considerava a hipnose como um fenômeno que ocorre entre duas pessoas. Entretanto, em se tratando de psicologia de massas, ele afirma que o líder é capaz de coletivizar esse encantamento hipnótico. Foi isso que permitiu que Hitler garantisse o consentimento da sociedade alemã para assassinar de forma intencional, premeditada e racional, 40 milhões de judeus. 
 
“Em Nome de Deus” mostra os frequentadores “da Casa” embalados numa espécie de transe hipnótico coletivo, se submetendo a todo tipo de intervenção. Sob a vista de todos, e sem nenhum cuidado especializado, os fiéis são cortados, perfurados e costurados. Já em ambientes restritos aconteciam os abusos e estupros denunciados pelas mulheres. No relato delas também fica evidente um tipo de submissão hipnótica. Demoravam a se dar conta do abuso, e quando isso acontecia, usavam a negação como mecanismo de defesa. Talvez uma recusa em enxergar a verdade insuportável, de que foram abusadas, de que o mito que tanto endeusavam não existia, e de que o milagre que esperavam não viria. 
 
Parte do Brasil está sob a onda hipnótica fascista do Bolsonarismo, e outra parte está refém dessa massa irracional, tentando descobrir o que fazer para acordá-la. Já faz tempo que entendemos que não existe argumento racional capaz de tirá-la desse transe. Também já está evidente que o comando hipnótico está sendo feito, preponderantemente, pelas redes sociais, em especial pelo Whatsapp, com a ajuda dos robôs. A pesquisadora e antropóloga Rosana Pinheiro Machado escreveu no dia 21 de julho, para o The Intercept Brasil, sobre o último monitoramento realizado por sua equipe. Eles analisaram 2.513 grupos de WhatsApp bolsonaristas, 93.886 usuários e mais de 5 milhões de mensagens conspiracionistas sobre o coronavírus compartilhadas desde fevereiro. A constatação é de que eles continuam a todo vapor, fabricando as verdades que interessam à manutenção do governo. Ela afirma ainda que acabar com o “gabinete do ódio” não é suficiente para quebrar essa rede, já que ela é muito mais autônoma, horizontal, autofinanciada do que se imagina.
 
Theodor Adorno escreve, em 1951, sobre a propaganda fascista de Hitler. Ele afirma que os alemães não acreditavam realmente que os judeus eram o demônio, mas toparam participar dessa encenação, pois assim eles puderam, autorizados uns pelos outros, extravasar seus ímpetos pulsionais primitivos, sem terem que assumir que estavam revogando o pacto civilizatório. É exatamente esse caráter fictício da psicologia de grupo que torna as multidões fascistas tão impiedosas e inalcançáveis. “Se elas parassem para refletir por um segundo, toda a encenação se despedaçaria e elas entrariam em pânico”, diria Adorno.
 
A verdade difícil de escutar é que nem João de Deus e nem Bolsonaro subjugam e abusam do seu povo Em Nome de Deus; eles o fazem em nome do seu próprio povo. Eles são o que são porque há muitos que querem que seja assim, e sabemos que não há argumento suficientemente forte para mostrar a verdade a quem não deseja enxergá-la, mesmo que isso signifique arriscar-se à morte. Essas pessoas preferem a morte real à morte subjetiva, o que aconteceria caso tivessem que admitir que estavam vivendo uma mentira. 
 
Há uma cena no documentário que ilustra muito bem o parágrafo acima. Nela Bial entrevista o ator Marcos Frota, um dos seguidores, amigos e assistentes de João de Deus. Frota está nitidamente desconfortável, tentando elaborar as informações que levaram João de Deus para a prisão, e em dado momento, repete em sequência, por cerca de 10 vezes, a seguinte frase: “Não sou eu quem cura, quem cura é Deus” (frase que era dita pelo médium). Ao terminar a repetição, com o olhar absorto, como se recitasse uma profissão de fé, o ator diz: “Não pode haver hipocrisia numa frase como essa... E Deus é um mistério tão grande!” Frota diz isso como quem prefere acreditar que Deus poderia ter autorizado todas aquelas atrocidades, do que admitir que, por 20 anos, se deixou enganar por uma mentira. 
 
Como quebrar o encanto das massas?
 
Na Alemanha nazista a massa só despertou com a derrocada na guerra e a morte de Hitler. Houve os que preferiram se matar ou se deixar matar, a enxergar o que haviam feito com os judeus, tudo em nome de Deus e da Pátria. 
 
O documentário talvez nos dê algumas pistas importantes de como quebrar esse encanto. Primeiramente, é fundamental que o líder seja retirado de cena. Sem ele, a estrutura se desmonta. E para derrubar o líder, não há outro caminho que não seja denunciá-lo. Nesse ponto a imprensa é peça chave. Mas a melhor denúncia, a mais efetiva, é aquela feita por quem já esteve do lado de lá, por quem já experimentou daquele torpor hipnótico. Por isso, temos que sim, dar voz aos decepcionados, acolher seus discursos, não para perdoá-los ou coisa parecida (não é disso que se trata aqui), mas para possibilitar que muitos outros se identifiquem a esse novo discurso, e participem dessa nova coletividade: a dos “Bolsonaristas reabilitados”. 

João de Deus agiu por 40 anos sem ter sua imagem arranhada, e a entrevista de uma só mulher despertou mais de 500 outras, em alguns meses, desmontando seu império. É preciso entender que ninguém vai abandonar a massa Bolsonarista para ficar sozinho; essas pessoas vão precisar de acolhida em uma nova coletividade. Elas vão precisar fazer parte de uma outra coisa. Também vai ser necessário ganhar a guerra, que no nosso caso, é virtual, e segundo a antropóloga Rosana Pinheiro Machado, eles estão nos vencendo por W.O.
 
Adorno dizia que o grito de guerra nazista "desperte, Alemanha!" escondia precisamente o seu contrário. Não consigo deixar de pensar no nosso lema de 2013, “O gigante acordou!” que, ao que parece, serviu também a esse propósito de nos botar pra dormir. 
 
Só espero que ainda haja tempo de acordarmos.

Rita Almeida

domingo, 2 de agosto de 2020

How Fascism Works - a book by Jason Stanley (Random)

How Fascism Works

The Politics of Us and Them

Jason Stanley

(Random House, 2018)
(sumário e referência ao Brasil ao final)

 “A vital read for a nation under Trump.”­—The Guardian

 
“No single book is as relevant to the present moment.”—Claudia Rankine, author of Citizen

“One of the defining books of the decade.”—Elizabeth Hinton, author of From the War on Poverty to the War on Crime

NEW YORK TIMES BOOK REVIEW EDITORS’ CHOICE • Fascist politics are running rampant in America today—and spreading around the world. A Yale philosopher identifies the ten pillars of fascist politics, and charts their horrifying rise and deep history.


As the child of refugees of World War II Europe and a renowned philosopher and scholar of propaganda, Jason Stanley has a deep understanding of how democratic societies can be vulnerable to fascism: Nations don’t have to be fascist to suffer from fascist politics. In fact, fascism’s roots have been present in the United States for more than a century. Alarmed by the pervasive rise of fascist tactics both at home and around the globe, Stanley focuses here on the structures that unite them, laying out and analyzing the ten pillars of fascist politics—the language and beliefs that separate people into an “us” and a “them.” He knits together reflections on history, philosophy, sociology, and critical race theory with stories from contemporary Hungary, Poland, India, Myanmar, and the United States, among other nations. He makes clear the immense danger of underestimating the cumulative power of these tactics, which include exploiting a mythic version of a nation’s past; propaganda that twists the language of democratic ideals against themselves; anti-intellectualism directed against universities and experts; law and order politics predicated on the assumption that members of minority groups are criminals; and fierce attacks on labor groups and welfare. These mechanisms all build on one another, creating and reinforcing divisions and shaping a society vulnerable to the appeals of authoritarian leadership.

By uncovering disturbing patterns that are as prevalent today as ever, Stanley reveals that the stuff of politics—charged by rhetoric and myth—can quickly become policy and reality. Only by recognizing fascists politics, he argues, may we resist its most harmful effects and return to democratic ideals.

“With unsettling insight and disturbing clarity, How Fascism Works is an essential guidebook to our current national dilemma of democracy vs. authoritarianism.”—William Jelani Cobb, author of The Substance of Hope

  • Random House Publishing GroupSeptember 2018
  • ISBN: 9780525511847
  • Title: How Fascism Works
  • Author: Jason Stanley
  • Imprint: Random House
  • Language: English

In The Press

“A vital read for a nation under Trump . . . [an] arresting new book . . . The book provides a fascinating breakdown of the fascist ideology, nimbly interweaving examples from Germany, Italy and Hungary, from Rwanda and Myanmar to Serbia and, yes, the US. As he proceeds through his framework of the broadest features of his subject, Stanley includes smaller observations that may for some readers land bracingly close to home.”The Guardian

“By placing Trump in transnational and transhistorical perspective, Stanley sees patterns that others miss. . . . Stanley’s comparative perspective is particularly effective in illustrating how fascists use fears of sexual violence. . . . By calling Trump a ‘fascist’—a word that strikes many Americans as alien and extreme—Stanley is trying to spark public alarm. He doesn’t want Americans to respond to Trump’s racist, authoritarian offensives by moving their moral goal posts. The greater danger, he suggests, isn’t hyperbole, it’s normalization. And twenty months into Trump’s presidency, the evidence is mounting that he’s right.”The New York Times Book Review (Editors’ Choice)

“Jason Stanley’s staggering analysis has only grown in importance since the release of How Fascism Works in 2018. It is one of the defining books of the decade.”—Elizabeth Hinton, author of From the War on Poverty to the War on Crime

“Jason Stanley reveals how the liberties of the people wither when voters embrace politicians who promote the divisive politics of us versus them while denigrating cooperation, compromise, and respect for others. How Fascism Works builds on philosopher Stanley’s insightful How Propaganda Works to explain in concise and easily understood terms how people get tricked into reversing the expanding rights that made America great.”—David Cay Johnston, Pulitzer Prize–winning author of It’s Even Worse Than You Think and The Making of Donald Trump

“An endless question about history—does it repeat itself? The Allies triumphed over fascism nearly seventy-five years ago. But is it on the rise again? The national populism of Trump and Bannon; Brexit; Orban and the rise of the Hungarian right; the Italian five-star movement; Erdoğan—Jason Stanley has in this extraordinary book tried to answer these questions. For those in denial or in doubt, Stanley’s book provides overwhelming evidence that fascism is alive, well, and on the rise. It’s a clarion call to wake up, pay attention, and do something. No one has any doubt that fascism works; the question remains: How do we stop it? Stanley tells us that fascism is not a plan on how to govern but a plan on how to seize control. This is an important and essential book.”—Errol Morris, filmmaker and author of The Ashtray

“There are moments in which the fate of humanity itself hangs in the balance, and such times always bring with them the resurrection of ugly myths. And yet, as Jason Stanley, one of this nation’s most important philosophers, makes clear, when such myths are deconstructed and their history is laid bare, we remember the extraordinary ties that in fact bind us together. And in the fire of that powerful recollection, modern-day fascism—the current myth-dependent moment of intolerance, xenophobia, and fearmongering in which we find ourselves—can be rendered to ash.”—Heather Ann Thompson, Pulitzer Prize–winning author of Blood in the Water

“Jason Stanley’s book comes at a most propitious time, when we must come to grips with the political consequences that may follow the rise of xenophobic populism. History teaches what those consequences are, and in his book Stanley, with great analytical and conceptual clarity, not only tells the story but more crucially provides a critical framework through which to see the insidious mechanisms at play that are threatening today’s democracies around the globe. How Fascism Works is a must-read for all of us who take seriously our responsibility as citizens.”—Jan T. Gross, author of Neighbors

“A sharply argued and timely guide . . . Stanley’s highlighting of the politics of sexual anxiety is particularly welcome and relevant.”—Ruth Ben-Ghiat, author of Italian Fascism’s Empire Cinema

“With unsettling insight and disturbing clarity, How Fascism Works is an essential guidebook to our current national dilemma of democracy vs. authoritarianism. The fingerprints of the fascist past are visible in the present, and this volume bravely shines a light upon them.”—William Jelani Cobb, author of The Substance of Hope


About The Author

Jason Stanley is the Jacob Urowsky Professor of Philosophy at Yale University. He is the author of five books, including How Propaganda Works, winner of the Prose Award in Philosophy from the Association of American Publishers, and How Fascism Works: The Politics of Us and Them, about which Citizen author Claudia Rankine states: “No single book is as relevant to our present moment.”  Stanley serves on the board of the Prison Policy Initiative and writes frequently about propaganda, free speech, mass incarceration, democracy, and authoritarianism for The New York TimesThe Washington PostBoston ReviewThe Chronicle of Higher Education, and The Guardian.


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Eis o sumário do livro de Jason Stanley: 



Referência a Bolsonaro no prefácio da 2a edição: