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Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
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NOTA À IMPRENSA Nº 134
Esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas, na noite de ontem, 25/3, o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país.
Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial.
Onze candidatos ligados a correntes de oposição lograram o registro. Entre eles, inclui-se o atual governador de Zulia, também integrante da Plataforma Unitaria.
O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil.
O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo.
Projeto Mejuruá
Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo, 26/03/2024
Segundo alguns levantamentos há cerca de 60 projetos de preservação de florestas, dos quais18% localizados na região amazônica. A mudança da política brasileira em relação à Amazonia, combatendo os ilícitos nas queimadas, no desmatamento e no garimpo ilegal, de um lado e, de outro, procurando dar assistência às comunidades de povos originários, favorece iniciativas de bioeconomia para trazer o desenvolvimento econômico e social a toda região.
Muito se tem discutido sobre a responsabilidade das empresas na sustentabilidade ambiental e na preservação do meio ambiente. Poucos são os projetos realmente inovadores. Ainda menor é o número de projetos importantes que combinam a conservação da floresta amazônica, com a preocupação social, ao levar em conta os interesses das comunidades da região.
Um dos projetos mais inovadores anunciados publicamente é o projeto Mejuruá de conservação florestal, localizado nos municípios de Carauari, Juruá e Jutaí, no coração da região centro oeste do Estado do Amazonas. A cidade de Carauari, com cerca de 30.000 habitantes é contígua a área conhecida como Fazenda Gleba Santa Rosa de Tenquê. A área é privada, estendendo-se por mais de 903.000 hectares de floresta tropical amazônica, riquíssima em biodiversidade. O manejo sustentável da floresta será efetivado em 160.000 hectares, cerca de 18% da propriedade, a ser operado ao longo dos próximos 30 anos. Concebido no contexto da iniciativa REDD+, o projeto, nestes 30 anos, deverá evitar a emissão de perto de 82 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
A principal característica do projeto é a combinação entre a conservação da floresta, a preservação da biodiversidade e as iniciativas sociais em favor das comunidades locais, contribuindo para reduzir o desafio da mudança do clima, conter o aquecimento global reduzindo as emissões de gás de efeito estufa e apoiar atividades econômicas que possibilitem a melhoria do nível de vida na região.
O plano de ação que está sendo implementado apresenta três vertentes: proteção da natureza, apoio às comunidades locais, inclusive indígenas, e desenvolvimento socioeconômico, sempre respeitando a ecologia. A parceria com as comunidades locais será efetivada para melhorar a infraestrutura e o uso de tecnologia, ênfase na educação, na geração de emprego e no estímulo à vida comunitária. Estão previstos investimentos da ordem de algumas dezenas de milhões de dólares, apenas na área social.
Assim, o fortalecimento da proteção e o monitoramento da área visam a manter a floresta em pé, promover a economia verde baseada em produtos da biodiversidade e do trabalho local tradicional. Com o desenvolvimento, a potencial parceria econômica com as comunidades locais e o valor ambiental da floresta amazônica, gerarão benefícios para os habitantes locais e serão aproveitados por todas as comunidades ribeirinhas e vizinhas nas áreas protegidas e seu entorno, com a criação de empregos, geração de energia verde e a proteção à biodiversidade na fauna e na flora. O plano social está sendo implementado com a construção ou melhoria das habitações, educação, água potável, assistência à saúde, energia elétrica e acesso à internet. A criação de empregos será decorrência do manejo florestal sustentável e do desenvolvimento industrial para beneficiamento da madeira e planta de energia de biomassa, além de outras atividades econômicas (bens e serviços). Entre diretos e indiretos, serão criados de 2.000 a 3.000 novos empregos no local, com diferentes níveis de qualificação.
O projeto deverá também contribuir com o Estado para a implementação de políticas de desenvolvimento econômico na região, por meio de convênios de colaboração firmados nas esferas estadual e municipal, apoiando a sua implementação e definindo atividades a serem tocadas a quatro mãos, entre governo e iniciativa privada. Não menos importante tem sido o engajamento com entidades não-governamentais, inclusive as locais.
Do ponto de vista econômico, o projeto gera recursos com a criação na área de instalações industriais para o processamento da madeira originária do manejo sustentável da floresta e do extrativismo explorado diretamente pelos ribeirinhos, principalmente a pesca, além do aproveitamento dos recursos da biodiversidade, como o açaí, cuja cadeia de valor será apoiada pelo projeto em benefício das famílias dedicadas à sua coleta e processamento. A preservação da floresta possibilitará a utilização de créditos de carbono gerados pela redução da emissão de gás de efeito estufa. No seu conjunto, o projeto apresenta um perfil econômico autossustentável.
Para alcançar a proteção ambiental e outros objetivos da agenda ESG, o projeto adotou padrões internacionais e está se qualificando para várias certificações, inclusive da VERRA e da PEFC.
O projeto foi concebido e está sendo implementado pela BR ARBO Gestão Florestal, companhia brasileira especializada na gestão de sustentabilidade florestal, com presença e cooperação das comunidades locais. Conta com o apoio estratégico e econômico de um grupo investidor europeu, sob a liderança do empresário Gaetano Buglisi.
Um paradigma a ser replicado na Amazônia e em outras regiões.
Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE) e Membro da Academia Paulista de Letras.
Dúvidas quanto a uma nova estada longe dos longos braços da Justiça?
Quais opções de asilo diplomático para o Bozo escapar do Xandão em alguma embaixada de Brasília?
A Hungria já está "queimada", e o embaixador tomou um sabão do Itamaraty.
A embaixada da Rússia seria, obviamente a ideal, pois o Bozo já se declarou "solidário" ao Putin e o tirano de Moscou deve ter apreciado o gesto. Em contrapartida, o Lula também é amigo do Putin.
A embaixada da Bielorússia é obviamente mais discreta, mas deve ser menos confortável.
Mas tem também a sede do "novo" Partido NOVO, ultra-bolsonarista, até mais do que os próprios.
Por fim, cabe não esquecer os escritórios do New York Times no Rio de Janeiro: os jornalistas adorariam esconder o Bozo por algum tempo, enquanto o Heleno consegue falsificar algum passaporte, de Tuvalu por exemplo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasilia, 26/03/2024
Não há “milagre” que dure para sempre; ou melhor, o ritmo do crescimento econômico é sempre mais alto em economias que saem de muito baixo (mas com politicas corretas); depois fica mais difícil. Mas tem muito país pobre que permanece estagnado na pobreza, alguns até recuam, pois são ditaduras predatórias. Acontece até com quem era rico. Venezuela, por exemplo!
Talvez você tenha lido alguma notícia sobre a crise migratória na fronteira dos Estados Unidos com o México. Mas eu duvido que o leitor consiga adivinhar a nacionalidade que teve mais crescimento no número de detenções migratórias: os chineses.
Ao fim de 2023, o número de imigrantes chineses detidos na fronteira era quase 600% maior do que no mesmo período do ano anterior. Mas como há um crescimento percentual tão forte no número de pessoas que estão saindo de um país que está a 11 mil quilômetros para imigrar por terra? Eu, que moro nesta fronteira, também me fiz essa pergunta.
Quase todos eles, ao cruzar, pedem asilo político — e vão ter seu caso julgado pelas autoridades migratórias. Mas os chineses, vindo de uma ditadura, têm uma probabilidade muito maior de sucesso em seus casos. Em 2021, 17% dos pedidos de asilo de mexicanos foram aceitos. Entre os salvadorenhos, o percentual sobe para 28%. Entre chineses a taxa foi de 81%.
A probabilidade de sucesso torna a arriscada viagem um pouco mais atrativa. Para muitos deles, ela começa no Equador (país que não exige visto para chineses) e segue por terra cruzando Colômbia, América Central, até a fronteira Norte do México.
Existem fatores políticos e tecnológicos que podem ajudar a explicar esse incremento no fluxo.
Há um aumento na repressão política. Políticas recentes incluem interferências sem precedentes em universidades, prisão de advogados de defesa e repressão a protestos em províncias como Hong Kong. Ao mesmo tempo, à medida que as tensões entre EUA e China têm aumentado nos últimos anos, o acesso a vistos de turismo para chineses tem se tornado mais limitado.
Na esfera tecnológica, a conhecida censura do governo hoje tem implementação mais difícil. Com o uso de softwares de redirecionamento de rede, muitos chineses têm acesso à mídia social ocidental. Entre aqueles que chegaram nos Estados Unidos, muitos relataram ter aprendido sobre o trajeto da viagem no Instagram e no TikTok (ou seus equivalentes chineses).
Igualmente importante, há muitos fatores econômicos que ajudam a explicar esse tipo de fluxo migratório. Durante décadas, nos acostumamos a ver a economia chinesa crescendo a 10%. Mas a partir da década passada, a trajetória começou a arrefecer, com taxas rondando os 6%. Recentemente, o crescimento chegou a ficar abaixo dos 3% e o FMI prevê que nos próximos anos deve ficar entre 3-4%.
Como consequência, as projeções futuras de quando a economia chinesa ultrapassará a americana têm sido revisadas para o futuro. Por exemplo, em 2021 o FMI previa que a economia chinesa seria, no ano passado, 76% do tamanho da economia americana. Na verdade, com o crescimento mais baixo, ela chegou em 2023 com 65% da economia americana.
A previsão mais recente é que nem mesmo em 2028 vá se alcançar os 72% citados anteriormente. Alguns institutos privados já preveem que a economia chinesa nunca vá alcançar o tamanho da economia americana!
Em parte, a explicação é demográfica. A população americana continua expandindo, por causa do fluxo constante de imigrantes. Já a população chinesa tem envelhecido e estagnado em tamanho, muito em função da política de filho único ali existente.
Mas também há uma desaceleração no crescimento da produtividade do trabalho na China.
Isso não deveria ser uma surpresa tão grande. Um dos mais influentes economistas do século passado, Robert Solow, ganhou o Nobel principalmente por uma teoria do crescimento que previa que países mais pobres (com menos capital acumulado) tenderiam a crescer mais rápido do que aqueles com muito capital.
O Brasil também passou por seu milagre do crescimento. Hoje a China tem uma renda per capita próxima ao brasileiro. A dúvida que fica é se, como nós, eles também vão cair na “armadilha da renda média” — quando um país sai da pobreza e em seguida para de crescer. Num país em que tem taxas de poupança muito altas, infraestrutura bem melhor que a nossa e excesso de estoque de imóveis, é difícil pensar em avenidas tradicionais para estimular o crescimento.
E isso se reflete do outro lado do mundo. Muitos dos jovens chineses que cruzaram a fronteira falaram a repórteres que saíram da China porque hoje está muito mais difícil encontrar emprego. Para eles, chegou ao fim o milagre chinês. A pergunta mais importante é: e para os chineses, muito mais numerosos, que ficaram em casa? O que o futuro reserva?
Power and Progress: Our Thousand-Year Struggle Over Technology and Prosperity
Author: Daron Acemoglu Simon Johnson
Published by PublicAffairs, Hachette Book Group
Year: 2024
A thousand years of history and contemporary evidence make one thing clear: progress depends on the choices we make about technology. New ways of organizing production and communication can either ser
ve the narrow interests of an elite or become the foundation for widespread prosperity.
The wealth generated by technological improvements in agriculture during the European Middle Ages was captured by the nobility and used to build grand cathedrals, while peasants remained on the edge of starvation. The first hundred years of industrialization in England delivered stagnant incomes for working people. And throughout the world today, digital technologies and artificial intelligence undermine jobs and democracy through excessive automation, massive data collection, and intrusive surveillance.
It doesn’t have to be this way. Power and Progress demonstrates the path of technology was once—and may again—be brought under control. Cutting-edge technological advances can become empowering and democratizing tools, but not if all major decisions remain in the hands of a few hubristic tech leaders.
With their bold reinterpretation of economics and history, Daron Acemoglu and Simon Johnson fundamentally change how we see the world, providing the vision needed to redirect innovation so it again benefits most people.
Seven Crashes: The Economic Crises That Shaped Globalization
Author: Harold James
Published by Yale University Press
Year: 2024
The eminent economic historian Harold James presents a new perspective on financial crises, dividing them into “good” crises, which ultimately expand markets and globalization, and “bad” crises, which result in a smaller, less prosperous world. Examining seven turning points in financial history—from the depression of the 1840s through the Great Depression of the 1930s to the Covid-19 crisis—James shows how crashes prompted by a lack of supply, like the oil shortages of the 1970s, lead to greater globalization as markets expand and producers innovate to increase supply. By contrast, crises triggered by a lack of demand—such as the Global Financial Crisis of 2007–2008—result in less globalization as markets contract, austerity measures are imposed, and skepticism of government grows.
By considering not only the times but also the observers who shaped our understanding of each crisis—from Karl Marx to John Maynard Keynes to Larry Summers—James shows how the uneven course of globalization has led to new economic thinking, and how understanding this history can help us better prepare for the future.
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Com organização de Daniel Buarque, jornalista e doutor em relações internacionais, e do embaixador Rubens Barbosa, presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), a obra aborda as iniciativas do atual governo, os desafios da diplomacia brasileira em meio à geopolítica global e as políticas socioeconômicas e ambientais por meio de análises de pesquisadores, diplomatas e cientistas políticos. O evento é gratuito e a transmissão será pelo canal do |
Ideologia do PT tem se sobreposto à política externa do Estado, critica presidente de comissão
Roseann Kennedy
O Estado de S. Paulo, 25/03/2024
Recém empossado presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (CREDN), o deputado Lucas Redecker (PSDB-RS) avalia que o pensamento do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se sobreposto à política externa de Estado. Ele reclama que a ideologia petista inviabiliza o reposicionamento do Brasil como mediador de conflitos internacionais e cobra mudanças. O parlamentar critica as “declarações desastradas” de Lula sobre Israel e o flerte com o regime autoritário de Nicolás Maduro, na Venezuela.
“Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa política externa terá de ser ajustada”, afirmou Lucas Redecker, em entrevista à Coluna do Estadão.
Para Redecker, o Mercosul sofre um dos reflexos dessa interferência. “Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez”, observou.
O deputado gaúcho defende a prerrogativa do Parlamento de fiscalizar as ações do Poder Executivo, incluindo a política externa. Seu tom deixa claro que o perfil oposicionista da Comissão de Relações Exteriores continua. Apesar do embate ideológico, ele diz que seu objetivo é votar todas as matérias sobre acordos internacionais no colegiado.
Onde o governo Lula acertou em questões de política externa?
Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez.
No âmbito regional, o ressurgimento da Unasul e da Celac, enfraquecem o Mercosul que cobra modernização e profundidade. Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa Política Externa terá de ser ajustada.
A comissão continua sob comando do PSDB. Qual deve ser o papel do colegiado?
O PSDB sempre teve compromisso com uma Política Externa equilibrada, baseada nas melhores tradições da nossa diplomacia, na solução pacífica dos conflitos e sustentada no diálogo franco e aberto. Fui indicado pelo meu partido para contribuir com o fortalecimento dessa política. Além disso, é prerrogativa do Parlamento, fiscalizar todas as ações do Poder Executivo, incluindo a Política Externa que implementa.
Como ressaltei em minha posse, a forma como o Brasil se insere no mundo, as parcerias que firma e os alinhamentos que adota no tabuleiro geopolítico produz consequências políticas e econômico-comerciais para o nosso País. É, portanto, nossa obrigação, trabalhar em sintonia com os interesses nacionais e os impactos que as nossas escolhas venham a produzir no cenário internacional. Procuraremos sempre, de forma transparente, construir as melhores pautas para o Brasil.
Como o senhor encara as declarações do presidente Lula sobre Israel, lembrando o episódio do Holocausto?
Foram declarações desastradas que em nada contribuem com a busca de uma solução para o conflito. A forma como o presidente se expressou afasta o Brasil do centro de gravidade das grandes decisões mundiais, além de nos inviabilizar como ator capaz de promover e mediar uma paz duradoura naquela região.
O Hamas é uma organização terrorista que invadiu um país soberano para cometer crimes horrendos contra uma população civil inocente e desarmada. Lamentavelmente, o Brasil não respondeu à altura e o atual governo tem sido frequentemente elogiado pela organização palestina.
Nos preocupa que declarações como estas possam, no médio e longo prazos, provocar prejuízos ao nosso País, sejam políticos ou econômicos. Obviamente, todos devemos exigir que a resposta de Israel, esteja dentro da legalidade, poupe civis e minimize ao máximo a tragédia humanitária. Esta é uma guerra de Israel contra uma organização terrorista, não contra os palestinos.
O presidente Lula recentemente deu novas declarações em apoio a Nicolás Maduro na Venezuela, minimizando a perseguição à oposição. O posicionamento é correto?
De forma alguma. O Brasil, no caso específico da Venezuela, flerta com um regime autoritário que persegue, prende, tortura e assassina, opositores. A crise venezuelana transbordou as fronteiras do país convertendo-se em uma séria ameaça à segurança regional. Lamentavelmente, o Brasil mostra-se alinhado com esse regime, incapaz de exercer pressão para que se respeitem os direitos humanos (eleições livres) na Venezuela. Observamos o Brasil assistir, inerte à sucessão de violações cometidas naquele país.
Quais projetos o senhor avalia que são imprescindíveis para a comissão analisar neste ano?
A nossa meta é discutirmos e votarmos todos os acordos internacionais que se encontram tramitando e aqueles que ainda devem ser enviados para a comissão. Por exemplo, temos vários acordos para pôr fim à dupla tributação com diferentes países, instrumento que produz impacto direto nas nossas relações econômicas e comerciais. Além disso, temos vários acordos de cooperação em matéria de Defesa, Serviços Aéreos, Ciência e Tecnologia e Facilitação de Comércio, que iremos pautar logo que possível. O meu objetivo principal é fazer a pauta andar para termos produtividade.
Como o senhor avalia o desempenho do ministro da Defesa, José Múcio?
Logo que assumi, apresentei requerimentos para que os ministros da Defesa e das Relações Exteriores venham à CREDN expor as prioridades de suas pastas para este ano. Pretendo, antes, conversar com ambos sobre o estado atual das nossas políticas externa e de defesa, para avaliarmos como a comissão poderá contribuir com as duas áreas. O ministro José Múcio é um ex-parlamentar com muita vivência na política, uma pessoa séria e que tem trabalhado para desenvolver as capacidades das nossas Forças Armadas.
Triste é constatar que TODAS as elites brasileiras, com muito poucas exceções, são cúmplices na mentira que beneficia o roubo, a extorsão, a corrupção e a mendacidade.
Já é assim na política externa, porque seria diferente na política interna?
Paulo Roberto de Almeida
Revisionismo sem vergonha
O Estado de S. Paulo
A volta de Lula deu ânimo adicional aos que pretendem reescrever a história da Lava Jato, como se a corrupção durante os governos do PT não tivesse existido. Mas os fatos se impõem
O programa Especial 10 Anos da Lava Jato, levado ao ar recentemente pela TV Brasil, é um documento histórico. Não por reconstituir com imparcialidade a maior ação de combate à corrupção da história do Brasil, porque isso seria impossível numa TV pública convertida em emissora oficial do PT, mas justamente porque retrata com fidelidade a desfaçatez e a mendacidade do partido de Lula da Silva, ansioso por reescrever a história do período em que as entranhas corruptas do lulopetismo ficaram expostas para todo o País. E nesse revisionismo, diga-se a bem da verdade, o PT e Lula não estão sozinhos – têm a companhia de ministros do Supremo, de empresários corruptos ansiosos para limpar o nome e de políticos interessados em desmoralizar a luta contra a roubalheira.
A volta de Lula da Silva à Presidência certamente deu ânimo adicional aos petistas para distorcer os fatos. Afinal, o chefão petista – aquele que alhures disse que “o mensalão nunca existiu” – vive a alardear que a Lava Jato não passou de uma “conspiração” dos EUA para, por meio do então juiz federal Sérgio Moro, tido por Lula como “capanga” dos norte-americanos, “destruir a indústria de óleo e gás deste país”. Nada menos.
Com uma hora e meia de duração, o tal programa da TV Brasil dedicou somente 1 minuto e 53 segundos à corrupção na Petrobras – e apenas para tratá-la como “pontual”, segundo um sindicalista entrevistado. O resto do tempo foi usado para desancar a Lava Jato, com convidados escolhidos a dedo – todos críticos virulentos da operação.
Esse é o padrão do PT. Nem Lula nem os petistas jamais admitiram a corrupção desvendada pela Lava Jato, malgrado as provas irrefutáveis dos desvios de recursos públicos por meio de contratos fraudulentos entre as maiores empreiteiras do País e a Petrobras. Convenientemente, os erros e abusos cometidos pela força-tarefa da Lava Jato foram usados pelos detratores da operação para desqualificá-la como um todo, como se crimes confessos jamais tivessem sido praticados. Eis o grau da desfaçatez.
Esse discurso revisionista, mais orientado pela mudança dos ventos da política nacional do que pelo apego à verdade factual, contaminou até a atuação do Supremo – Corte que outrora chancelou não uma, mas quase todas as ações da Lava Jato que ora pretende desmoralizar, como se os erros cometidos por alguns membros da força-tarefa tivessem o condão de contaminar a operação em todas as suas dimensões, sobretudo sua dimensão fática.
Talvez se sentindo devedor de Lula, cuja prisão classificou como “um dos maiores erros judiciários da história”, o ministro Dias Toffoli também contribuiu para esse esforço revisionista. Com a volta do petista ao Palácio do Planalto, Toffoli decidiu anular as provas de corrupção e suspender o pagamento de multas impostas à Odebrecht e à J&F por considerar que essas empresas teriam sofrido, ora vejam, “coação institucional” para firmar acordos de colaboração premiada. Em audiência pública recente, no próprio Supremo, nem os prepostos dessas empresas admitiram ter sofrido tal violência estatal.
Mas os fatos insistem em se impor. Levantamento feito pelo Estadão com base em acordos firmados entre os investigados e o Ministério Público mostrou que cinco ex-funcionários de alto escalão da Petrobras aceitaram devolver nada menos que R$ 279,8 milhões ao Tesouro e à empresa. Dessa dinheirama, quase 90% se referem a propinas recebidas por aqueles executivos, subornados por algumas das maiores empreiteiras do Brasil interessadas em obter contratos com a Petrobras. Ao que consta, nenhum desses ex-funcionários corruptos foi coagido pela Lava Jato a confessar que havia embolsado milhões em suborno – e igualmente não há notícia de que o dinheiro que devolveram fosse de mentirinha.
É preciso recolocar as coisas nos seus devidos lugares. Quem quiser acreditar na fábula lulopetista de que o PT e seu chefão foram perseguidos por um poderoso consórcio golpista que envolveu até o FBI, que acredite, pois questões de fé não se discutem. Já quem preza a verdade factual, sem a qual não há democracia, certamente espera que a Lava Jato encontre seu melhor lugar na história
https://www.youtube.com/watch?v=i3y1u0fjjko&t=72s
Jervis, Robert; Goddard, Stacie E.; Labrosse, Diane N.; Rovner, Joshua; Fujii, George, eds.. Chaos Reconsidered: The Liberal Order and the Future of International Politics. New York: Columbia University Press, 2023. 544 pp. $140.00 (cloth), ISBN 9780231205986.$35.00 (paper), ISBN 9780231205993.
Reviewed by Lora A. Viola (Freie Universität Berlin)
Published on H-Diplo (March, 2024)
Commissioned by Seth Offenbach (Bronx Community College, The City University of New York)
Printable Version: https://www.h-net.org/reviews/showpdf.php?id=59776
Anticipating a repeat election showdown with former President Donald Trump, President Joe Biden warned, “America, as we begin this election year, we must be clear: Democracy is on the ballot. Your freedom is on the ballot.” Invoking the specter of a second Trump presidency, he admonished that “the alternative to democracy is dictatorship.”[1] The looming 2024 US presidential election—already destined to be unprecedented given the likely choice between the oldest president in United States history and the first candidate to run while accused of instigating insurrection and embroiled in numerous criminal legal proceedings—will also take place in a global context characterized by what commentators for some time now have been calling a “polycrisis” environment. The term, used by president of the European Commission Jean-Claude Juncker in the momentous year 2016 and popularized by economic historian Adam Tooze in the wake of the COVID-19 crisis, captures the confluence of disparate crises that interact in ways that increase uncertainty and instability.[2] Since “polycrisis” entered common usage to capture the complexity of simultaneously facing a global pandemic, climate catastrophes, and economic instability, several more international crises have unfolded, including Russia’s war against Ukraine and the Israel-Hamas war and its potential spillover into a broader regional conflict. The institutions of the liberal international order (LIO), such as the United Nations, have appeared fragmented and weak in the face of these challenges, while the United States seems once again to have become an indispensable military and diplomatic leader. However, the United States’ domestic polarization and the uncertain outcome of the next election hold the potential to bring more, rather than less, instability to the world. The outcome of a Biden-Trump contest will be highly consequential both for the path the United States takes domestically and for how the world addresses the polycrises it faces.
Chaos Reconsidered: The Liberal Order and the Future of International Politics, provides invaluable insights for grasping what this political moment might portend for international politics. Although not directly referenced in the title, the book grapples with the legacy of Trump’s 2017-21 presidential term for US foreign policy and international relations. Edited by the late Robert Jervis, Diane N. Labrosse, Stacie E. Goddard, and Joshua Rovner, the book brings together around fifty scholars with a range of expertise and disciplinary backgrounds to consider how Trump’s nationalism, populism, and disregard for established norms affected the LIO, the United States’ relationships with its allies and adversaries, and its ability to be a global leader. The volume is a sequel to the 2018 book Chaos in the Liberal Order: The Trump Presidency and International Politics in the Twenty-First Century, which emerged out of an H-Diplo/International Security Studies Forum organized in the immediate aftershock of Trump’s first presidential win to consider to what extent his politics and policies would constitute a radical departure from US foreign policy and US leadership of the LIO.[3] This book, in contrast, is primarily retrospective, leveraging the distance of several years to take stock of the origins and consequences of Trump’s politics, although it also briefly considers to what extent Biden’s presidency might reverse or repair some of those consequences. The chapters are concise (about ten pages each) but also original and analytical, drawing on insights from international relations (IR) scholars and historians in order to place the contemporary case within a larger theoretical and historical context. The book is divided into eight parts, beginning with an assessment of whether and how Trump’s presidency challenges IR theories and then covering more empirical topics, such as the historical context of Trump’s “America First” approach, his administration’s impact on international institutions, how his presidency affected the United States’ relations with a range of specific countries and regions, and how his politics have affected liberal internationalism. While most of the essays are critical of the Trump presidency and its consequences, Randall Schweller’s chapter offers a more favorable reading of what he sees as the strategic nature of Trump’s realist foreign policy in the context of changing structures of domestic and international power that together have made “Trumpism virtually impossible to dislodge” (p. 62).
Apart from these traditional foreign policy topics, part 5 of the volume is devoted to what the title refers to as “The Expanding Meaning of International Security,” including topics such as human rights, racial justice, economic inequality, climate change, and other forms of structural inequality in light of human security. Given that IR as a discipline has largely marginalized the legacies of structural racism in both US foreign policy and world order-making,[4] it is notable that this section includes four chapters that deal centrally with race in US foreign policy and international relations (e.g., those by William Hitchcock, Jason Ludwig and Rebecca Slayton, Nivi Manchanda, and Audie Klotz). Their treatment goes beyond merely pointing to the vulgar nature of Trump’s rhetoric and instead seeks to understand “the ways that race is woven into the structures of power through which the United States acts in the world” (Hitchcock, p. 294). Even more noteworthy is how the issue of race and racism is not limited to this devoted section but also cuts across many chapters in the volume (for instance, to point to a few, those by Michael Barnett, Deborah Avant, Ryan Irwin, Samuel Zipp, John Thompson, Christy Thornton, Joshua Busby, and Jonathan Monten) and is at least mentioned by almost all. It seems that one consequence of the Trump administration and Trumpism for the field of IR is to have made visible and explicit the all too often unseen intersection of race and international politics.
More generally, the book takes seriously the idea that “as the international system becomes more complex, the lines between domestic and foreign issues are blurred, as are the relations between cause and effect” (p. 8). In this context, the book considers the security rationales of issues often “sidelined” as primarily domestic in nature, such as migration, health, and climate policy (p. 329). Several contributions highlight how domestic vulnerabilities, including those resulting from structural inequalities, should be considered a priority for national security (e.g., the contributions by Deborah Avant and Ludwig and Slayton, among others). Sarah Snyder’s chapter considers how the Trump administration’s undermining of human rights commitments abroad went hand-in-hand with their erosion at home. While considering these “second image” issues, however, the book does seem to miss the opportunity to address the “second image reversed.” In particular, it does not consider how the development of the American national security state—primarily built to counter foreign threats—can become a threat to American democracy. With the rhetoric of political violence increasingly endorsed and legitimated by Trump, and at the very latest when Trump’s lawyers argued that using the US military for the assassination of a political rival would be protected under presidential immunity, there is urgency in considering how America’s military prowess abroad and political violence at home might be related or reinforcing.[5]
Taken as a whole, the volume aims to offer careful consideration of “whether Trump constituted a profound challenge to the order” (p. 4) and what, if anything, we can learn from those years for the future of international politics. However, there is considerable variation in whether the authors view Trump as an anomaly in the history of US foreign policy, as simply having lifted the veil on “the darker true self” (Irwin, p. 85) of US foreign policy, as the logical result of domestic polarization or ongoing structural changes in the global balance of power, or as the tip of the iceberg—a harbinger—of a radical shift in US domestic and foreign policy. Another way to address this question could have been to put Trump’s presidency not only in historical but also in international comparative context. In 2016, Trump may have appeared as an anomaly, but today he belongs to a recurring type of nationalist-populist leader that has appeared in several countries around the world, such as Brazil, Argentina, and Hungary. The common causes of this international phenomenon and the consequences of the international diffusion of populist leaders and ideas, certainly has implications for how we understand the past and future of the liberal international order, institutionalized cooperation, responses to conflicts and crises, and the defense of the rule of law.
The collection of various perspectives assembled here is without a doubt a rich and useful resource for academics, students, and the interested public. Yet, the book overall leaves the central question of how to situate the Trump presidency in the arc of history unresolved. To be fair, of course, this is too much to expect from either this book or our theories and, as Barnett wisely reminds us, “much of the meaning we give to this unsettling period will depend on what comes next” (p. 28). But given the current political moment and what might come next, the book may turn out to be too careful in its considerations. Indeed, there is no small likelihood that the current book will have to be revisited again, raising the possibility that the current double feature of the Chaosseries will soon become a trilogy. Seen in this light, then, one way to appreciate the significance of this book, along with its prequel, is as a documentation of how IR theorists and historians have been thinking about Trumpism as it has unfolded, providing valuable source material for how the field’s own thinking is evolving at a moment of uncertainty and polycrisis.
Notes
[1]. Joe Biden, “Remarks by President Biden on the Third Anniversary of the January 6th Attack and Defending the Sacred Cause of American Democracy,” Blue Bell, PA, January 5, 2024, https://www.whitehouse.gov/briefing-room/speeches-remarks/2024/01/05/remarks-by-president-biden-on-the-third-anniversary-of-the-january-6th-attack-and-defending-the-sacred-cause-of-american-democracy-blue-bell-pa/.
[2]. Jean-Claude Juncker, “Speech at the Annual General Meeting of the Hellenic Federation of Enterprises,” Athens, June 21, 2016, http://europa.eu/rapid/press-release_SPEECH-16-2293_en.htm; Adam Tooze, “Welcome to the World of the Polycrisis,” Financial Times, October 28, 2022, https://www.ft.com/content/498398e7-11b1-494b-9cd3-6d669dc3de33.
[3.] Robert Jervis, Francis J. Gavin, Joshua Rovner, and Diane Labrosse, eds., Chaos in the Liberal Order: The Trump Presidency and International Politics in the Twenty-First Century (New York: Columbia University Press, 2018).
[4]. Robbie Shilliam, “Race and Racism in International Relations: Retrieving a Scholarly Inheritance,” International Politics Review 8 (2020): 152-95.
[5]. Adam Liptak, “Trump’s Boldest Argument Yet: Immunity from Prosecution for Assassinations,” New York Times, January 10, 2024, https://www.nytimes.com/2024/01/10/us/politics/trump-immunity-prosecution-assassination.html.
Citation: Lora A. Viola. Review of Jervis, Robert; Goddard, Stacie E.; Labrosse, Diane N.; Rovner, Joshua; Fujii, George, eds.. Chaos Reconsidered: The Liberal Order and the Future of International Politics. H-Diplo, H-Net Reviews. March, 2024.
URL: https://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=59776