O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador Daniel Buarque. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Daniel Buarque. Mostrar todas as postagens

domingo, 12 de maio de 2024

Brasil: inimigo de si mesmo na politica internacional - Daniel Buarque

 Brasil é pior inimigo do Brasil na busca por liderança internacional

Problemas domésticos prejudicam ascensão na hierarquia global, aponta pesquisa

Folha de S. Paulo - UOL, 11/05/2024

[RESUMO] Autor apresenta conclusões de sua pesquisa de doutorado, em que realizou 94 entrevistas com membros da comunidade de política externa para mapear a imagem internacional do Brasil. Embora aspire a ser um líder global, o país é percebido como um peão no xadrez geopolítico, um ator periférico prestigiado pelas grandes potências só quando convém a elas. Falta de reconhecimento é reflexo de problemas internos do país, aponta estudo.

Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, o Brasil se ofereceu para ser um mediador entre os dois países, tanto com Jair Bolsonaro (PL) quanto sob Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Quando começou o atual governo, a "doutrina Lula" tentou construir a ideia de que "o Brasil voltou" e quis melhorar a sua imagem internacional.

O Brasil começou a buscar protagonismo em questões ambientais, quis retomar uma liderança em temas regionais, procurou grandes acordos comerciais e até buscou conduzir uma votação pelo cessar-fogo na Faixa de Gaza. Além disso, retomou a aposta no multilateralismo e na busca pela reforma da governança global, reiterando o interesse em um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Lula até encontrou boa vontade internacional, a imagem do país melhorou e ele conseguiu liderar o Conselho de Segurança por um mês e presidir o G20, além de ganhar o direito de sediar a conferência do clima.

No entanto, a maioria das tentativas de ter um papel realmente significativo em questões internacionais importantes, motivadas em ampla medida pela ambição de ser um ator de peso na política global, continua esbarrando na falta de reconhecimento internacional de um alto status do país.

Mesmo com todo o esforço para aumentar o prestígio brasileiro, a percepção das nações mais poderosas do planeta é que o país não é suficientemente relevante para influenciar as grandes questões internacionais. Isso vale especialmente para quando elas envolvem discussões sobre segurança, guerra e paz. Para as grandes potências globais, o Brasil não passa de um peão no xadrez da geopolítica global.

Apesar do trabalho sério desenvolvido pelo Itamaraty ao longo de décadas, o problema não está necessariamente no que o Brasil faz em sua atuação internacional. A falta de reconhecimento para o prestígio é um reflexo, em ampla medida, de problemas internos do país, que precisam ser o foco antes de qualquer tentativa de projeção internacional.

Esses são alguns dos pontos centrais do livro "Brazil’s International Status and Recognition as an Emerging Power: Inconsistencies and Complexities", recém-publicado pela editora Palgrave Macmillan. A obra reúne os principais achados de uma pesquisa desenvolvida durante meu doutorado pelo King's College, de Londres. O estudo analisou a longa aspiração brasileira por alto status internacional em contraste com a percepção externa sobre o papel que o país pode desempenhar no mundo.

Para entender o lugar ocupado pelo Brasil na complexa geopolítica desde o fim da Guerra Fria, a pesquisa se baseou em 94 entrevistas com a comunidade de política externa dos países que já são reconhecidos como potências globais: EUA, China, Rússia, Reino Unido e França —os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

UM ‘PEÃO COBIÇADO’

As grandes potências veem o Brasil como um país sem peso na política internacional. A percepção é que o Brasil não passa de um país médio que não tem legitimidade para atuar em questões importantes de segurança global.

Uma razão para essa avaliação é geográfica. O Brasil é percebido como periférico e pacífico, localizado em uma região longe das principais ameaças e disputas do mundo, e por isso não precisaria nem deveria se envolver nesses casos.

Outro ponto importante é que o país enfrenta limites em suas capacidades militares e econômicas, portanto não teria poder suficiente para ser preponderante em escala global.

Paradoxalmente, o Brasil é desejado como um aliado por essas mesmas potências, que buscam utilizá-lo como uma peça estratégica em suas rivalidades e seus interesses globais. Apesar de ser visto como um peão, seu apoio é cobiçado dentro do grande jogo da geopolítica.

Isso explica a frustração do Ocidente com a "equidistância" do país em relação à Guerra da Ucrânia e sobre as críticas de Lula a Israel. Ajuda a entender também a mobilização da China para manter o país envolvido nas ações do Brics e na tentativa de fortalecer outras moedas como alternativa ao dólar em negociações internacionais.

Na realpolitik, cada potência está interessada apenas em avançar seus próprios interesses geopolíticos. O Brasil recebe apoio e alguma forma de reconhecimento somente quando isso indica algum benefício para elas.

BRASIL CONTRA BRAZIL

Ser visto como um peão vai contra a histórica ambição de grandeza do país nas relações internacionais. Isso, contudo, ultrapassa as limitações geográficas e de poder econômico e militar. O Brasil é o maior inimigo do Brasil em sua busca por maior status internacional, avaliaram muitos dos entrevistados na pesquisa.

A percepção externa é que, embora o Brasil realmente tenha muito potencial e sua imagem internacional seja geralmente positiva, o país não alcançou um alto status por causa de seus próprios problemas domésticos, que prejudicam seu desenvolvimento e sua ascensão na hierarquia global. Uma situação doméstica —social, econômica e política— de desordem e incerteza mina a influência internacional mais que qualquer atuação no exterior.

Para essas nações poderosas, países com ambição de emergir entre os mais importantes do mundo devem "fazer sua lição de casa" e "arrumar as coisas internamente" antes de serem aceitos no clube de "alto status internacional".

Trata-se de uma visão meritocrática da ordem internacional —e uma interpretação do prestígio global que pode ser criticada—, mas que reflete a forma como a comunidade de política externa das nações mais poderosas pensa sobre a ordem global.

Ao observar o Brasil nas últimas décadas, há fortes evidências da importância da situação doméstica para seu prestígio. A estabilização e o crescimento da economia, a expansão da classe média, o fato de o país ter se tornado autossuficiente na produção de energia, a expansão das commodities e a consolidação da democracia no final dos anos 1990 levaram a uma narrativa sobre o aumento do status internacional do Brasil. Em 2009, a revista britânica The Economist estampava em sua capa a imagem do Cristo Redentor decolando.

Em 2013, contudo, uma série de crises sociais, políticas e econômicas mudou essa situação. Os anos seguintes foram de recessão, escândalos de corrupção, violência e violações de direitos humanos, autoritarismo, negacionismo científico e ameaça à democracia, tornando mais difícil para o Brasil alcançar reconhecimento externo.

Entender a importância do contexto doméstico pode servir como referência para repensar as estratégias do país na construção de um lugar para o Brasil no mundo.

O estudo apresentado aqui indica que focar questões internas (especialmente na economia) e corrigir problemas domésticos são percebidos como os meios mais eficientes para aumentar o status internacional de um país.

Ao buscar destaque em sua atuação internacional, o Brasil deveria dar mais atenção ao que acontece dentro do país, melhorando sua realidade antes de querer se projetar ao mundo.


segunda-feira, 25 de março de 2024

O Brasil voltou? - Livro de Daniel Buarque e Rubens Barbosa: lançamento em Webinar do IRICE


 

WEBINAR

26 de março

(terça feira) às 11 hs

O Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior-IRICE e o portal Interesse Nacional têm a satisfação de convidar paro o lançamento do livro “O Brasil voltou? -  O interesse nacional e o lugar do país no mundo"

Participantes


Com organização de Daniel Buarque, jornalista e doutor em relações internacionais, e do embaixador Rubens Barbosa, presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), a obra aborda as iniciativas do atual governo, os desafios da diplomacia brasileira em meio à geopolítica global e as políticas socioeconômicas e ambientais por meio de análises de pesquisadores, diplomatas e cientistas políticos.


O evento é gratuito e a transmissão será pelo canal do

YouTube IRICE/Interesse Nacional 


terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Daniel Buarque, livro: Brazil's International Status and Recognition as an Emerging Power: inconsistencies and complexities (Palgrave)

Tenho o prazer de apresentar este livro, publicado pela prestigiosa Palgrave MacMillan, do jornalista-acadêmico (ou vice versa) Daniel Buarque, mais um dele sobre o Brasil, este em inglês, resultado de seu doutoramento no King's College de Londres, focando no Brasil como país emergente e candidato a potência média mundial.


O livro tem uma apresentação do conhecido brasilianista da Universidade de Carleton (Canadá), Sean Burges, que transcrevo abaixo, e que faz a pergunta relevante: O que um país como o Brasil precisa fazer para tornar-se um grande poder mundial, com uma cadeira permanente nas mesas relevantes da governança global?

Esta é a pergunta que Daniel Buarque se empenha em responder, e pelo seu prefácio (e numa consulta à bibliografia), percebe-se que ele desenvolveu uma metodologia apropriada, e muniu-se de dados empíricos adequados para ver como o Brasil é percebido no mundo, daí o subtítulo: inconsistências e complexidades.

Transcrevo igualmente seu prefácio ao livro, que condensa uma vasta experiência em temas brasileiros, para o público nacional e estrangeiro.

Daniel Buarque is a post-doctoral researcher at the Instituto de Relações Internacionais of Universidade de São Paulo (IRI/USP—Brazil). He holds a joint Ph.D. in international relations from King’s College London (KCL—UK) in partnership with USP and also holds an M.A. in Brazil in Global Perspective from KCL and a B.A. in Social Communication (Journalism) from Universidade Católica de Pernambuco (Brazil). His research focuses on the study of international status of states from an intersubjective external perspective, working towards a theory of how nations can increase their level of prestige and gain recognition from the established great powers. He has published widely in Third World Quarterly, Carta Internacional, Place Branding and Public Diplomacy, International Journal of Communication, Revista Brasileira de Política Internacional, Brasiliana, Interesse Nacional and more. A journalist with more than 20 years of experience in Brazilian news outlets, has also published six books, including Brazil, um país do presente (2013) and O Brazil é um país sério? (2022).

Reproduzo o sumário do livro aqui abaixo: 







 Apresentação e prefácio: 

Foreword

 

The first two presidencies of Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) were accompanied by an unprecedented surge in Brazil’s international presence. Everywhere you turned there appeared to be a Brazilian delegation putting forward alternate language in treaty negotiations, proposing new models of development cooperation, negotiating new corporate take overs, or working to calm simmering tensions between contending parties. From Haiti through Geneva and Doha to the Democratic Republic of Congo, Brazil was there. As commentators and pundits quipped, Brazil had arrived.

 

Brazil’s global influence also prompted a cottage industry in the academy with scholars seeking to explain Brazil’s rise. The big questions dominating this literature were hardly surprising. What was it about the 2000s that allowed Brazil to assume such influence in the global and regional system? How might we characterize the role Brazil saw for itself in world affairs? Was there something particular about the Brazilian approach to foreign policy that marked a new era? Could we argue that Brazil’s approach to South-South Cooperation required a fundamental rethink of international relations theory with a specific look to thinking from the South? Thousands of pages of high-quality research were published answering these and many other related questions about Brazil in the world. Yet, almost all of this literature side-stepped a critical question: what did the established powers think about Brazil’s rise? Perhaps more importantly, much of this scholarship did not quite explain ‘what went wrong’ and why Brazil faded with the impeachment of Dilma Rousseff in 2016.

 

An obvious, but largely unanswered question has been left lingering: what does a country like Brazil have to do in order to become a major world power with a permanent seat at key global governance decision tables? To date the attempts to answer this question have largely relied on theoretical and analytical frameworks to support inductive hypotheses. Although there have been a few publications by decision-makers in other countries musing on Brazil’s place in the world and some academic papers informed by conversations about Brazil’s rise, deep and systematic research is absent. This is where Daniel Buarque’s book steps in. 

 

Rather than relying on the traditional tropes and inductive techniques, Buarque has undertaken the hard task of developing a methodological framework for collecting the empirical research necessary to answer the question of how Brazil is actually perceived. Moreover, Buarque chose to focus his research on the key gate keepers to lasting power and influence in the international system. After all, it is the Permanent Five in the UN Security Council that ultimately will decide who has power and influence in global affairs, even if such acceptance is grudgingly given.

 

The result in this book is a careful exploration of what key power-broking countries saw Brazil doing well during its boom years in the 2000s and where the country failed. For the specialist in Brazilian foreign policy the wealth of elite interview data and accompanying analysis is of obvious interest. Yet, the lessons from this book extend far beyond the specific case of Brazil to offer deeper insights into how status changes in the international system and what exactly the dominant actors expect to see in a country that would be their equal in practice and not just legal name. Copious reference to elite interviews with experienced diplomatic and government officials from the P5 countries paints a detailed picture of what sort of behaviour is expected from a would-be global power. In itself this betrays much of the underlying preconception and prejudice about what makes a country important and worth listening to, which in turn offers further avenues for understanding why new ideas in the global system may stutter and fragment. It also serves as a diagnostic for how Brazil or any other aspirant to global powerdom might want to shape their behaviour and approach going forward.

 

As this book is being published policy and scholarly circles are devoting a tremendous amount of energy to exploring the question of potential hegemonic transition, shifts in global power structures, and the possible end of the liberal international order. Brazil under newly re-elected Lula clearly wants to be a major player in this process. Whether you are studying the wider macro questions of change in the global system or the specifics of evolution in Brazilian foreign policy, Buarque’s book is of enormous value. Per Giovanni Sartori’s arguments about the ‘ladder of abstraction’, the detailed single case study provided by Buarque here offers us an ideal platform for opening up new questions and formulating new, testable hypotheses about status and change in world order. Moreover, his research methodology points us back to an important lesson sometimes lost in modern political science, namely the need to patiently sit down and speak with the people who populate the institutions mediating power and influence in world order.

 

Sean Burges

Carleton University

July, 2023


 

Preface – Brazil, show your face

 

 

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto

Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto

É que Narciso acha feio o que não é espelho[1]

 

(But when I first met you face-to-face and didn’t see my own face

I wrote it all off as just more of the city’s bad taste

You know Narcissus likes only what he sees when he looks in the mirror)[2]

 

 

 

In the late 1980’s, as the country turned the corner after more than two decades of an oppressive military dictatorship, one of its most popular singers asked Brazil to introduce itself and explain to its population, and the world, who it was. “Brazil, show your face”, sang Cazuza[3]. For the following three decades, the then established democratic state would work hard to understand and consolidate this identity that it was developing, as well to present itself to the rest of the planet and to try to be recognised as the important global player it had long wanted to be.

 

Trying to know oneself is one of the most pressing questions of humankind, however, and great philosophers have since Ancient Greece thought about and discussed the importance of self-knowledge. Achieving that is a challenge. When we think about the real world, this interrogation might be fundamental to understanding the very identity not only of individuals, but also of entire countries. In international relations, states have a need to know themselves and the type of recognition they get from others in order to understand their place in the world. And that is particularly true for those nations that want to be among the ‘greatest of all’, as Brazil does.

 

For more than a century in its not so long history, Brazil has believed it was destined to greatness and tried to project itself to the rest of the world as an important, modern, developed nation, worth of admiration and respect. Long has it believed it deserved to be seen as it saw itself and tried find out what was the image reflected, what the others in the world thought about it. 

 

Mirrors can help with this search for self-knowledge. They allow one to see oneself on his own as well as to closer perceive what others see. Even the wicked woman of the fairytale would need to use magic to find out how beautiful she really was in comparison to the others in her realm. ‘Mirror, mirror, on the wall, Who in this land is fairest of all?’[4], she would ask to be convinced of her own grace. 

 

This appeal to a reflection is a result of one of the two traditional paths to trying to know oneself. There is the introspective (thinking in first person) and extrospective (thinking in the third person). The first one might appear easier, since it comes from inside, but self-distancing, viewing oneself from an external perspective, can be more conducive to wisdom. It appears to be imperative to learn about oneself from the outside in order to fully develop one’s own identity. 

 

But in international relations there are no magic mirrors. And while it might be possible to develop and introspective understanding about this identity as well as interests and aspirations, seeing a state’s own image from the outside may be even more difficult. 

 

This is the challenge that this book has tried to solve. Even without magic, it applies a systematic research method to go beyond what Brazil believes itself to be and what it tries to project. The study presented here wanted to learn about the other side of the mirror, what is seen of the country and reflected back. What kind of recognition can such a rising state get from others. Not what Brazil wants to be, but what it is perceived as being.

 

The book is the result of over four years working on a PhD at King’s College London (in partnership with Universidade de São Paulo, in Brazil), but it also comes from more than a decade researching and writing about the foreign perceptions of Brazil both as an academic and as a journalist. It all began in the early 2000s, writing articles for the Brazilian newspaper “Folha de São Paulo” about how the world was watching one of the waves of violence in the country. It has long been very common for all the national media to publish articles alluding to what was said about the country abroad. Brazilians often pay attention to the work of Brazilianists, academics studying the country with a foreign perspective, as well as to what the international media says about whatever is happening in Brazil and its ‘repercussions’ abroad. And I wrote a good share of articles like that not only for “Folha”, but also for “G1”, “Terra”, “Valor Econômico”, “BBC News Brazil”, “UOL” and many other outlets – and these foreign perspectives ended up becoming several other reports, two books, a masters and doctoral research, academic articles and this book.

 

In 2010, I travelled to the US and spent six months conducting interviews and developing independent research that would be published as the book “Brazil, um país do presente” (Brazíl, a country of the present). Based on over a hundred interviews conducted while living in New York and traveling to ten states, It surfed on the wave of optimism about Brazil and argued that the country “had arrived”. It didn’t take long for that to change, however, and by 2013 I was abroad again, living in London and doing a MA in Brazil in global perspectives at KCL and watching the positive images about the country crumble under a wave of protests, political and economic crisis. The dreamed “future” seemed to be far away once again.

 

But there was something in that oscillation that deserved more attention. It was clear that Brazil wanted to be seen as an important country in the world and valued seeing its reflection in the mirror of international opinion. One problem, though, was that there was not a consolidated image reflected. There were interpretations of the international media, there were anecdotal evidence from interviews, there were several different global surveys repeating stereotypes related to the country, but there was not a clear image that represented the reflection of Brazil. Especially when thinking about international relations and the actual role the country plays in the world.

 

This is part of what motivated the research presented in this book. I started my PhD trying to develop an understanding of Brazil's reflection in the mirror of international relations. I’ve tried to do so by conducting interviews with foreign experts from great powers of the world. These are the countries that decide the paths of global politics, this is the group that Brazil wants to be a part of, so it would be important to reveal their perceptions about the country. It would be a means to achieve the necessary self-distancing in order to think extrospectively about the country so that it would be possible for it to know itself better. 

 

And the study ended up going beyond that and developing an important understanding about what any state that have the same aspirations as Brazil can do in order to achieve international recognition for a high level of prestige. Based on the perceptions of elites from the top of the global hierarchy, it analyses the challenges to change the status quo and provides a typology about possible (albeit difficult) paths emerging countries can follow in order to attempt to gain recognition from the established great powers.

 

As in the fairytale, the reply from the mirror might not be what the person/country looking at it wants to hear. The reality of what is perceived from the outside can be frustrating. But in the real world, instead of going ‘wicked’ and trying to get rid of rivals as in ‘Snow White’, it is important to understand this feedback, learn from it, align the expectations and develop an actual strategy to work out how to improve the reality so that the reflection can be more suited to what one wants. 

 

This book offers an analysis that can help in this process and allow Brazil to learn about itself and how it is seen from the outside so that it can know its itself a little better and think about its identity, its place and its aspirations in the world. This may surely help the country show its face to the world and try to find the best place for itself in global relations. 

 

As the Rolling Stones would say: You can't always get what you want, But if you try sometimes you just might find, You just might find that you, You get what you need’[5].



[1] Caetano Veloso. 1978. “Sampa.”Track 7 on MuitoPhilips Records.

[2] Rogow, Zack. “Translating ‘Sampa’ by Caetano Veloso”. World Literature Today (blog), 2014. https://www.worldliteraturetoday.org/blog/translation/translating-sampa-caetano-veloso.

[3] Cazuza. 1988. "Brasil." Track 6 on Ideologia. Philips Records.

[4] Walt Disney’s Snow White and the seven dwarfs. 1st ed. Disney Princess. New York: Disney Press, 2005.

[5] The Rolling Stones. 1969. "You Can't Always Get What You Want." Track 9 on Let It Bleed. Decca.





sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Lula enfrentará pressão para escolher lado em disputas internacionais - Daniel Buarque (FSP)

 Lula enfrentará pressão para escolher lado em disputas internacionais, diz analista


Presidente eleito deve encarar desafios impostos pelo contexto global, marcado por tensões entre potências

Folha de S.Paulo
Daniel Buarque
11.nov.2022 às 4h00

SÃO PAULO | INTERESSE NACIONAL
A experiência dos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência e o discurso dele durante a campanha e após a vitória nas eleições deste ano indicam que o Brasil deve passar a se inserir mais em questões globais e se envolver em organizações internacionais do que o que se viu ao longo dos últimos quatro anos sob Jair Bolsonaro (PL).

"Lula é muito mais familiarizado com a linguagem internacionalista, então podemos esperar um Brasil mais engajado retórica e diplomaticamente", explicou o professor de relações internacionais na University of West Florida Jacob Shively em entrevista ao portal Interesse Nacional.

Mesmo com esta tendência favorável a um papel global mais ativo para o Brasil, essa "volta do país ao mundo", como disse o presidente eleito, vai enfrentar desafios impostos pelo contexto global marcado por tensões entre grandes potências, com um contraste entre o Ocidente liderados pelos Estados Unidos e a China e a Rússia, avaliou Shively. "O Brasil e seus vizinhos provavelmente enfrentarão pressão para escolher um lado nas principais questões comerciais e diplomáticas", disse.

Shively é coautor do recém publicado artigo acadêmico Brazil’s Changing Foreign Policy Ambitions: Lula, Bolsonaro and Grand Strategy Analysis in the Global South, em que compara a política externa brasileira nos governos de Lula e Bolsonaro. Ele argumenta que cada governo foi limitado ou moldado pelo status e por investimentos econômicos, diplomáticos e militares existentes do Brasil, mas os cálculos políticos domésticos e compromissos ideológicos de cada presidente se desdobraram de forma marcante.

Apesar dessas diferenças, ele avalia que o posicionamento de Lula até o momento sobre a Guerra na Ucrânia indica que alguns elementos da política externa do atual governo podem continuar vivos no próximo governo, refletindo "uma versão de esquerda do nacionalismo de Bolsonaro".

Assim que foi declarado vencedor, Lula disse que "o Brasil está de volta ao mundo". O que o senhor acha disso? O que espera que mude na política externa brasileira e como isso afetará o papel internacional do país? Lula está parcialmente correto. Com base em seu histórico, é provável que ele insira o Brasil em questões globais e envolva mais organizações internacionais do que Bolsonaro. Lula é muito mais familiarizado com a linguagem internacionalista, então podemos esperar um Brasil mais engajado retórica e diplomaticamente. Além disso, com o enfraquecimento da pandemia e dos principais escândalos de governos anteriores, Lula pode ter menos distrações domésticas para se concentrar no exterior.

Ainda assim, a mudança na política externa pode se mostrar mais restrita com este governo Lula em comparação com 2003. A situação econômica do Brasil e os interesses comerciais internacionais restringem qualquer presidente. Além disso, o forte contingente bolsonarista no Congresso Nacional deixa Lula com menos espaço para impulsionar grandes mudanças dentro e fora do país.

Tão importante quanto isso, o próprio Lula parece ter moderado suas ambições para o Brasil no mundo. Sua retórica de campanha neste ano sugere que ele quer mudar a perspectiva do Brasil de nacionalista para internacionalista, mas 20 anos atrás ele imaginou o Brasil se juntando a outros Estados em ascensão compartilhando a liderança em nível global e na América do Sul.

O Brasil viu seu perfil diplomático crescer nesse período; no entanto, as maiores ambições de Lula, da liderança latino-americana a uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, falharam em grande parte em produzir mudanças reais.

Lula também disse que o mundo sente falta do Brasil no cenário global. O senhor concorda? Há espaço para o país ter um papel ativo internacionalmente? Sempre há espaço para o Brasil desempenhar papel global ativo. Está em uma posição única graças ao seu tamanho, influência cultural, recursos e posição em organizações internacionais. Como sempre, o desafio do Brasil é equilibrar seus desafios políticos, sociais e econômicos internos com a projeção de uma agenda clara e consistente com o resto do mundo.

Nesse contexto, Bolsonaro enquadrou o mundo em grande parte em termos de amigos e ameaças, com alguns Estados –notadamente a China– como parceiros de negócios necessários e pragmáticos.

As ambições de política externa de Lula são moderadas em comparação com seus dois primeiros mandatos, mas ele traz uma visão mais ampla do papel do Brasil no cenário mundial. Nos próximos meses, precisamos observar as indicações de seu gabinete e as prioridades políticas iniciais.

Onde ele investir seu "capital político", como dizemos em ciência política, revelará se Lula estará exercendo um papel assertivo como fez em seus primeiros mandatos ou se podemos esperar que a retórica da política externa do Brasil mude, mas suas prioridades diplomáticas e econômicas básicas permaneçam basicamente estáveis.

O mundo mudou muito desde que Lula foi presidente em seus dois primeiros mandatos. Há uma guerra acontecendo na Europa e crescentes tensões entre os EUA e a China. Como esse contexto afetará a forma como o Brasil pode se posicionar globalmente? Quais o senhor acha que serão os maiores desafios para o Brasil de Lula no cenário internacional? Em nível global, o maior desafio nos próximos anos para o Brasil de Lula e muitos outros governos será a crescente separação entre o que poderíamos chamar de ordem econômica e política liderada pelos EUA em contraste com Pequim e, em menor grau, Moscou.

O Brasil e outros governos da América Latina viram as advertências retóricas de Washington sobre a integração econômica com a China, mas isso foi apoiado por relativamente pouca pressão econômica e diplomática. É provável que isso mude. Os desenvolvimentos que impulsionam esse movimento incluem os choques na cadeia de suprimentos associados à pandemia, o crescimento das ameaças à segurança cibernética e a expansão estratégica sob Xi Jinping e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Os líderes em Washington e em outros lugares estão menos otimistas de que a integração global tenha sempre um resultado positivo. Hesito em chamar o que vemos de uma nova Guerra Fria. Isso é exagerado. Ainda assim, o Brasil e seus vizinhos provavelmente enfrentarão pressão para escolher um lado nas principais questões comerciais e diplomáticas.

Além disso, a pressão para agir sobre as mudanças climáticas continua a crescer. Para Bolsonaro, a Amazônia como recurso econômico era um ponto contínuo de forte tensão com certos governos estrangeiros, principalmente França e Alemanha.

Dado seu histórico de políticas e retórica atual, Lula provavelmente aliviará essa tensão. Ainda assim, podemos esperar que a Amazônia seja uma grande preocupação internacional ao lado de uma série de outros desafios ambientais que todas as economias modernas enfrentam. Lula e seu governo podem sentir a pressão internacional para inovar ou agir além de seus planos atuais.

Quando Trump deixou o governo dos EUA, houve muita discussão sobre o quão sério o mundo levaria a nova direção da política externa de Biden, já que Trump conseguiu mudar a posição internacional do país (como no caso do Acordo de Paris). Será que algo assim vai acontecer com Lula e com o Brasil? O mundo vai levar a sério essa "volta" do Brasil à política externa tradicional? Este é um verdadeiro desafio para qualquer democracia polarizada. Em suma, o mundo levará a sério essa mudança de política externa, mas sua disposição de segui-la com compromissos diplomáticos e econômicos pode ser limitada até que vejam surgir uma direção clara no cenário político doméstico. Por um lado, minha própria pesquisa sugere que a mudança da política externa nos Estados Unidos e no Brasil é mais restrita entre as administrações do que podemos imaginar. Compromissos existentes, interesses econômicos, expectativas ideológicas e assim por diante dificultam a realização de mudanças práticas e revolucionárias.

Além disso, os governos tendem a construir reputações e históricos, e seu corpo diplomático profissional tende a permanecer mais estável do que suas lideranças políticas. Esses fatos podem suavizar a tendência de mudança de liderança para criar política e reputação.

Apesar disso, as prioridades dos líderes importam para percepções e compromissos diplomáticos. Assim como os observadores precisam se perguntar se as prioridades da política externa de Biden podem desaparecer após a próxima eleição, eles também estarão observando a política do Brasil em busca de dicas sobre se e até que ponto os compromissos externos do Brasil serão confiáveis e duradouros.

O que o senhor acha que restará das mudanças promovidas por Bolsonaro na política externa brasileira? Provavelmente veremos os aspectos mais volúveis da abordagem de política externa de Bolsonaro serem revertidos, mas provavelmente veremos alguns aspectos do nacionalismo geoestratégico e econômico de Bolsonaro permanecerem. Mais visivelmente, veremos a retórica da política externa brasileira se afastar das prioridades nacionalistas de Bolsonaro. Bolsonaro destacou a conversa de "valores tradicionais" e civilização judaico-cristã, juntamente com grande ceticismo em relação às instituições globais. Em termos práticos, Bolsonaro enfatizou o relacionamento com outras lideranças de direita e viajou menos do que Lula quando era presidente. Muito disso será relativamente fácil para Lula reverter ou abandonar.

Ainda assim, o próprio Brasil tem uma longa história de foco doméstico regional. Bolsonaro se baseou nessa tradição. Lula tentou se opor a essa preferência em seus dois primeiros mandatos, mas em sua última campanha ele parece ter seguido alguns aspectos da liderança de Bolsonaro. O exemplo mais revelador pode ser seus comentários sobre a Guerra da Ucrânia.

Ao enquadrar os dois líderes como igualmente responsáveis, ele seguiu amplamente uma versão de esquerda do nacionalismo de Bolsonaro. Nessa abordagem, a liderança procura enfatizar os interesses econômicos específicos do Brasil e evitar emaranhados globais mais amplos, particularmente emaranhados que são percebidos como instigados no Norte Global.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Entrevista do embaixador Rubens Barbosa ao Portal Interesse Nacional; encontro de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros

Entrevista do embaixador Rubens Barbosa ao Portal Interesse Nacional sobre o encontro de Bolsonaro com representantes diplomáticos, no dia 18/07/2022


Para o diplomata brasileiro, observadores externos conseguem separar as declarações do presidente das ações práticas do país na política e nas suas relações com o mundo, o que limita as consequências dos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral. Barbosa vê o Itamaraty atuando para restaurar suas tradições, embora o presidente seja o responsável pela definição da política externa

Por Daniel Buarque
Apesar de adicionar um elemento negativo à já desgastada reputação internacional do Brasil, o discurso do presidente Jair Bolsonaro a embaixadores atacando o sistema eleitoral brasileiro não deve ter um grande impacto sobre o papel internacional do país. Para o diplomata Rubens Barbosa, o resto do mundo consegue separar as falas do presidente das ações do Brasil, especialmente na diplomacia. Além disso, a baixa credibilidade do governo atualmente faz com que essas declarações sejam limitadas em suas consequências.
Coordenador editorial da Interesse Nacional, Barbosa foi embaixador do Brasil em Londres e em Washington, DC., e é presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice). Para ele, o Ministério das Relações Exteriores teve sua reputação afetada pela ação do governo Bolsonaro em seus dois primeiros anos, mas a atual gestão do Itamaraty está atuando para restaurar as políticas tradicionais do MRE –e não se envolveu no encontro do presidente com embaixadores.
Entretanto, ele ressalta que a Constituição determina que quem decide sobre a política externa é o presidente da República. “Por isso, não se pode dizer que não haja influência bolsonarista na diplomacia brasileira, mas os excessos, na medida do possível, estão sendo controlados”, avaliou.
Leia a entrevista completa abaixo
Daniel Buarque – A reação internacional ao discurso de Bolsonaro sobre a possibilidade de fraude eleitoral pareceu não dar credibilidade às acusações. Que impacto o encontro de Bolsonaro com embaixadores pode ter sobre o lugar do Brasil no mundo?
Rubens Barbosa – A percepção externa sobre o Brasil hoje é muito negativa em função sobretudo da política ambiental em relação à Amazônia. O encontro do Presidente com os representantes diplomáticos no Alvorada acrescentou mais um elemento negativo sobre a maneira como o mundo vê o Brasil, mas não terá nenhum impacto adicional, dada a baixa credibilidade do governo brasileiro. O mundo hoje separa as falas e atitudes do Presidente da ação política da Chancelaria.
Daniel Buarque – Muitos observadores e a imprensa internacional dizem que o discurso serviu para preparar terreno para a possibilidade de Bolsonaro rejeitar o resultado das urnas. Baseado na reação internacional até agora, como acha que o mundo se comportaria em relação ao Brasil no caso de um golpe de Bolsonaro?
Rubens Barbosa – O encontro foi mais um episódio no roteiro –moldado no exemplo do presidente Trump nos EUA– para a contestação dos resultados eleitorais em outubro, mas não acredito que, no Brasil, o desenlace seja idêntico ao ocorrido em Washington em janeiro passado, nem muito menos que haja condições para um golpe de Estado por dois motivos: a sociedade brasileira não apoiará um ataque ao Estado Democrático de Direito e as Forças Armadas não respaldarão uma ação que ameace as instituições. O que não quer dizer que a sociedade civil não deva estar atenta para a preservação da democracia, das instituições e dos resultados nas urnas.
Daniel Buarque – Como vê o envolvimento do Itamaraty no evento em que a Presidência convidou embaixadores estrangeiros para acusar o sistema eleitoral brasileiro?
Rubens Barbosa – O  Itamaraty não se envolveu no evento. O convite foi formulado pelo Cerimonial do Palácio do Planalto. Apesar disso, vai haver comentários de que o Itamaraty foi atingido em sua credibilidade. Na realidade, os representantes diplomáticos sediados em Brasília sabem distinguir entre as posições defendidas profissionalmente pela Diplomacia e as iniciativas do Palácio do Planalto que, embora voltadas para a política interna, têm implicações no trabalho do Itamaraty.
Daniel Buarque – O MRE é reconhecido internacionalmente como um dos melhores serviços de política externa do mundo. Acha que a associação a Bolsonaro em um evento assim pode afetar a reputação do Itamaraty?
Rubens Barbosa – A reputação do Itamaraty foi afetada pela ação da política externa nos dois primeiros anos do atual governo. O atual ministro está, na medida do possível, restaurando as políticas tradicionais do MRE, mas, segundo a Constituição, em um regime presidencialista, quem decide sobre a política externa é o presidente da República.
Daniel Buarque – A Associação dos Diplomatas Brasileiros divulgou uma nota em defesa das urnas eletrônicas. Mas o MRE não se posicionou contra o discurso do presidente. Há algum tipo de divisão entre os diplomatas brasileiros?
Rubens Barbosa – A ADB é o sindicato da profissão e fala em nome de seus associados. Estou certo de que muitos diplomatas da ativa no Itamaraty são contra essas manifestações contra as urnas eletrônicas, até porque, no exterior, quem coordena as eleições são os diplomatas, mas como carreira de Estado hierarquizada, dificilmente poderia ser esperada manifestação pública de seus membros contra políticas oficiais.
Daniel Buarque – A troca de ministros com a saída de Ernesto Araújo e a chegada de Carlos França foi saudada como uma volta à normalidade do Itamaraty, deixando de lado a ideia aceita por Araújo de que o Brasil poderia se tornar um pária internacional. O que este evento diz sobre o Itamaraty liderado por França? Ainda pode-se ver influência da ideologia bolsonarista na diplomacia brasileira?
Rubens Barbosa – A atuação da diplomacia brasileira hoje é muito diferente daquela que falava pelo Brasil nos dois primeiros anos do atual governo. Apesar de o Itamaraty não ter se envolvido na preparação do evento do Alvorada, o ministro França, assim como o Ministro da Defesa estiveram presentes, convocados pelo Presidente Bolsonaro. Por isso, não se pode dizer que não haja influência bolsonarista na diplomacia brasileira, mas os excessos, na medida do possível, estão sendo controlados.