A ESPM me pede para divulgar eu também o curso que vou dar, dentro de uma semana...
Evento – Curso “A ordem global e a Inserção Internacional do Brasil”
Os principais problemas e temas relevantes da agenda diplomática internacional, bem como o posicionamento do Brasil em relação a cada um deles serão enfocados no curso que o diplomata e professor Paulo Roberto de Almeida dará na ESPM em São Paulo, no período de 18 a 22 de julho de 2011.
Trata-se de um curso de férias, com 15 horas-aula (mais apostila e outros materiais complementares de estudo), cujas informações podem ser acessadas neste link:
http://www.espm.br/ConhecaAESPM/Cursos/Pages/DetalheCurso.aspx?codCurso=1062&Ferias=1&CodUnidade=1&NivelEnsino=6
Maiores informações pelo telefone (11) 5085-4600, ou pelo e-mail: centralinfo@espm.br
As inscrições podem ser feitas neste link:
http://securityserver2.espm.br/eventos/servlet/hweevn?1,1
A programação do curso está em: http://www.espm.br/Upload/Cursos/1062.pdf
e sua estrutura resumida é a seguinte:
A Ordem Global e a inserção internacional do Brasil
1. A ordem política mundial do início do século XXI e o Brasil
2. A ordem econômica mundial e a inserção internacional do Brasil
3. Economias emergentes no contexto mundial: desafios e perspectivas
4. O Brasil no contexto dos Brics: anatomia de um novo grupo
5. O regionalismo sul-americano e o papel político-econômico do Brasil
Paulo Roberto de Almeida é Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984), Mestre em Planejamento Econômico pela Universidade de Antuérpia (1977) e diplomata de carreira. Professor de Economia Política Internacional no Mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília – Uniceub – e autor de diversos livros na área (www.pralmeida.org)
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 9 de julho de 2011
Voce viveria num pais desses?; o companheiro nao quer responder?
A presidente (ou presidenta, como ela prefere) mandou retirar alguns larápios do Ministério dos Transportes, mas demonstrou, por escrito, "total confiança" no chefe dos próprios, inclusive dando a ele a missão de "investigar" o ocorrido. O dito cujo acabou saindo e nos dois episódios foi a imprensa quem esteve na origem dos fatos políticos.
Em qual outro país a presidência da República, a mais alta chefia do Estado, é comandada pela imprensa?
Depois a presidenta continuou entregando o cargo ao partido dos larápios e até indicou um outro do bando para ocupar o cargo vago. Coube ao indigitado -- que talvez merecesse ser indiciado, em vista do que vai abaixo -- recusar o cargo, pois ele prefere, obviamente, ganhar mais em negócios com o Estado do que estar no Estado (uma chatice, ganha pouco e tem de ficar atendendo um monte de pedintes sequiosos de cargos e verbas públicas).
Em qual outro país, a chefa de Estado faz um convite apenas para ver declinado o convite pelo visado? Que processo decisório é esse? Que "inteligência" se move atrás de tais atos?
Confesso que não compreendo!
Ou melhor, eu compreendo que políticos sejam assim.
O que eu não compreendo é a ingenuidade de certas pessoas.
E o estômago que é preciso ter para conviver com certas coisas...
O companheiro não pretende comentar?
Paulo Roberto de Almeida
Empresa de Blairo Maggi é abastecida com dinheiro público
Jailton de Carvalho
O Globo, 9/07/2011
O Conselho Nacional do Fundo da Marinha Mercante, vinculado ao Ministério dos Transportes, aprovou em maio deste ano um financiamento de R$ 113,5 milhões para a Hermasa Navegação da Amazônia, empresa do grupo controlado pelo senador Blairo Maggi (PR-MT) - que foi sondado pela presidente Dilma Rousseff para assumir o cargo de ministro dos Transportes . O diretor do departamento que administra os recursos do fundo é Amaury Ferreira Pires Neto, indicado para o importante cargo pelo deputado Valdemar Costa Neto, secretário-geral do PR, partido do senador.
Segundo o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), a generosa e milionária transação entre aliados do senador com o fundo teria sido um dos motivos que inviabilizaram a nomeação dele para o comando do ministério em substituição ao colega Alfredo Nascimento.
Nascimento deixou o cargo na quarta-feira, depois das denúncias de corrupção no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Nesta sexta-feira, quando começaram a circular as primeiras informações sobre o generoso financiamento do Fundo da Marinha para a Hermasa, Blairo anunciou que não aceitaria o convite para comandar o Ministério dos Transportes.
Os vínculos entre aliados do senador e o negócio não se limitam a Valdemar e Amaury Ferreira. Um dos ex-diretores da Hermasa é Luiz Antonio Pagot, diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Antes de ser indicado por Maggi para comandar o Dnit, Pagot trabalhou por três anos na Hermasa.
Empresa de amigos de ex-ministro recebeu verba
O Fundo da Marinha Mercante é formado com recursos públicos e tem como finalidade o financiamento da renovação da frota naval do país. Como juros e condições de pagamentos são facilitadas, os financiamentos do fundo são um dos filões mais cobiçados por empresários do setor de transporte naval.
O Conselho do Fundo aprovou a liberação de R$ 40,9 milhões para projeto da Hermasa de comprar dois empurradores fluviais de 6.000 HP. Outros R$ 22,8 milhões para a compra de 15 barcaças grãos tipo box 2.000 e mais R$ 35,6 milhões para a aquisição de barcaças tipo racked 1.850. Também foram liberados mais R$ 4,2 milhões para a compra de um rebocador de 5.000 BHP. O conselho é presidido pelo secretário-executivo do ministério, Paulo Sérgio Passos, que hoje ocupa interinamente o cargo de ministro.
Procurados pelo GLOBO, Blairo e Amaury não retornaram as ligações. Um dos assessores de Valdemar Costa Neto disse que desconhece o caso do Fundo da Marinha Mercante. Mas diz que é um equívoco atribuir todas as indicações do PR ao deputado. Como secretário-geral do partido, ele seria signatário de todas as indicações da legenda, mesmo daquelas em que não participa diretamente.
Um dos problemas do ex-ministro Alfredo Nascimento também está relacionado ao Fundo da Marinha Mercante. O fundo liberou mais de R$ 8 milhões para a SC Transportes e Construções, empresa de um casal de amigos do ministro. No mesmo período dos pagamentos, a empresa repassou R$ 450 mil a Gustavo Morais, filho do ministro. Nascimento disse que a transação se referia a venda de um apartamento.
Em qual outro país a presidência da República, a mais alta chefia do Estado, é comandada pela imprensa?
Depois a presidenta continuou entregando o cargo ao partido dos larápios e até indicou um outro do bando para ocupar o cargo vago. Coube ao indigitado -- que talvez merecesse ser indiciado, em vista do que vai abaixo -- recusar o cargo, pois ele prefere, obviamente, ganhar mais em negócios com o Estado do que estar no Estado (uma chatice, ganha pouco e tem de ficar atendendo um monte de pedintes sequiosos de cargos e verbas públicas).
Em qual outro país, a chefa de Estado faz um convite apenas para ver declinado o convite pelo visado? Que processo decisório é esse? Que "inteligência" se move atrás de tais atos?
Confesso que não compreendo!
Ou melhor, eu compreendo que políticos sejam assim.
O que eu não compreendo é a ingenuidade de certas pessoas.
E o estômago que é preciso ter para conviver com certas coisas...
O companheiro não pretende comentar?
Paulo Roberto de Almeida
Empresa de Blairo Maggi é abastecida com dinheiro público
Jailton de Carvalho
O Globo, 9/07/2011
O Conselho Nacional do Fundo da Marinha Mercante, vinculado ao Ministério dos Transportes, aprovou em maio deste ano um financiamento de R$ 113,5 milhões para a Hermasa Navegação da Amazônia, empresa do grupo controlado pelo senador Blairo Maggi (PR-MT) - que foi sondado pela presidente Dilma Rousseff para assumir o cargo de ministro dos Transportes . O diretor do departamento que administra os recursos do fundo é Amaury Ferreira Pires Neto, indicado para o importante cargo pelo deputado Valdemar Costa Neto, secretário-geral do PR, partido do senador.
Segundo o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), a generosa e milionária transação entre aliados do senador com o fundo teria sido um dos motivos que inviabilizaram a nomeação dele para o comando do ministério em substituição ao colega Alfredo Nascimento.
Nascimento deixou o cargo na quarta-feira, depois das denúncias de corrupção no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Nesta sexta-feira, quando começaram a circular as primeiras informações sobre o generoso financiamento do Fundo da Marinha para a Hermasa, Blairo anunciou que não aceitaria o convite para comandar o Ministério dos Transportes.
Os vínculos entre aliados do senador e o negócio não se limitam a Valdemar e Amaury Ferreira. Um dos ex-diretores da Hermasa é Luiz Antonio Pagot, diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Antes de ser indicado por Maggi para comandar o Dnit, Pagot trabalhou por três anos na Hermasa.
Empresa de amigos de ex-ministro recebeu verba
O Fundo da Marinha Mercante é formado com recursos públicos e tem como finalidade o financiamento da renovação da frota naval do país. Como juros e condições de pagamentos são facilitadas, os financiamentos do fundo são um dos filões mais cobiçados por empresários do setor de transporte naval.
O Conselho do Fundo aprovou a liberação de R$ 40,9 milhões para projeto da Hermasa de comprar dois empurradores fluviais de 6.000 HP. Outros R$ 22,8 milhões para a compra de 15 barcaças grãos tipo box 2.000 e mais R$ 35,6 milhões para a aquisição de barcaças tipo racked 1.850. Também foram liberados mais R$ 4,2 milhões para a compra de um rebocador de 5.000 BHP. O conselho é presidido pelo secretário-executivo do ministério, Paulo Sérgio Passos, que hoje ocupa interinamente o cargo de ministro.
Procurados pelo GLOBO, Blairo e Amaury não retornaram as ligações. Um dos assessores de Valdemar Costa Neto disse que desconhece o caso do Fundo da Marinha Mercante. Mas diz que é um equívoco atribuir todas as indicações do PR ao deputado. Como secretário-geral do partido, ele seria signatário de todas as indicações da legenda, mesmo daquelas em que não participa diretamente.
Um dos problemas do ex-ministro Alfredo Nascimento também está relacionado ao Fundo da Marinha Mercante. O fundo liberou mais de R$ 8 milhões para a SC Transportes e Construções, empresa de um casal de amigos do ministro. No mesmo período dos pagamentos, a empresa repassou R$ 450 mil a Gustavo Morais, filho do ministro. Nascimento disse que a transação se referia a venda de um apartamento.
O retrocesso no Brasil é mental, e generalizado (quase): roubando terras?
Não existe NENHUM motivo -- econômico, político, social, financeiro, jurídico, produtivo, patrimonial, fiscal, cartorial, NENHUM -- para que o Brasil imponha restrições à aquisição de terras por estrangeiros, mesmo que seja para apenas especular (pois que os especuladores brasileiros também podem fazer isso), que seja para conservar (ou seja, deixar completamente parado, criar mato, minhoca, animais selvagens, contrariando a tal disposição idiota quanto ao "uso social da terra"), e menos ainda, portanto, quando for para produzir e exportar os produtos da terra (ainda que seja 100% de exportação, sem qualquer atendimento ao mercado interno).
Volto a repetir, NÃO EXISTE NENHUM MOTIVO para tal tipo de restrição, a não ser, claro, idiotice consumada, irracionalidade econômica, complexo psicológico, ignorância política e paranoia no mais alto grau.
Os motivos do atraso brasileiro são sobretudo mentais e nisso eu incluo desinformação pura e simples, incompreensão dos fenômenos econômicos e complexo de inferioridade (aliás incompreensível, já que o Brasil é um gigante agrícola).
Eu sempre me pergunto como é que pessoas normais, algumas até alfabetizadas, outras contando inclusive com títulos universitários, podem exibir esse tipo de preconceito idiota e ultrapassado.
Acho que vamos continuar atrasados, um pouco menos materialmente, mas terrivelmente no plano mental e do funcionamento do Estado.
Paulo Roberto de Almeida
Nacionalismo fora de hora
Senadora Kátia Abreu
Folha de S.Paulo, 9/07/2011
Numa sociedade em rápida transformação, como a nossa, a economia, a política e a cultura nunca evoluem no mesmo passo. A economia pode modernizar-se rapidamente sob a pressão dos contatos com o exterior, sem que o sistema político e as ideias na sociedade acompanhem-na no mesmo ritmo. A falta de sincronia entre essas esferas da vida social transmite a impressão de que o país vive simultaneamente em tempos históricos diferentes. A América Latina, e o Brasil com ela, perdeu a maior parte do século 20 procurando inimigos externos para justificar sua pobreza e seu atraso em relação ao mundo. Nessa busca insensata perdemos a capacidade de perceber nossos próprios problemas, nossas fraquezas e, muito pior que isso, as grandes possibilidades que tínhamos diante de nós.
Alimentamos conflitos políticos inúteis, criamos espaço para lideranças políticas ineptas e irresponsáveis e deixamos de investir na criação das condições objetivas que tornam possível o crescimento econômico. Felizmente, alguns de nossos países, e o Brasil principalmente entre eles, conseguiram romper o círculo de atraso de consciência e ingressaram numa fase de modernização econômica e social que nos está levando, pela primeira vez, para o centro relevante do mundo. No Brasil, no entanto, a modernização econômica ainda não teve tempo, ou não foi capaz, de influir no modo de funcionamento do sistema político e no conjunto das ideias com que os brasileiros interpretam sua realidade.
A política continua o mesmo modo patrimonialista de sempre e pode tornar-se um obstáculo importante à continuidade do nosso desempenho econômico. Mas o mais grave é a sobrevivência de ideias anacrônicas que ainda guiam o comportamento de setores importantes da sociedade. A pior dessas ideias é o nacionalismo. É um nacionalismo mais recatado e fino, sem os slogans patéticos dos anos 50, mas mesmo assim carregado do mesmo veneno. Os nacionalismos de todos os tipos estão na origem dos maiores desastres e dos maiores fracassos das sociedades humanas nos últimos cem anos. Trazem à tona os piores instintos humanos, como o estranhamento e o ódio ao outro, instintos duramente domados pelos processos civilizatórios, mas que vez por outra ressurgem nas ideias políticas.
Essas reflexões me vem à mente com as notícias de que a Advocacia Geral da União está preparando uma proposta de lei determinando que empresas estrangeiras ou empresas nacionais com controle estrangeiro tenham que submeter previamente a um conselho do governo federal a compra de terras acima de cinco hectares. Se esse propósito se concretizar, estaremos diante de um imenso retrocesso, que nos remete de volta ao pior nacionalismo dos anos 50 e dos anos de governo militar. A presença de cidadãos e empresas estrangeiras no desenvolvimento brasileiro deve ser saudada como algo inteiramente positivo e não ser colocada sob suspeita ou restrições.
Volto a repetir, NÃO EXISTE NENHUM MOTIVO para tal tipo de restrição, a não ser, claro, idiotice consumada, irracionalidade econômica, complexo psicológico, ignorância política e paranoia no mais alto grau.
Os motivos do atraso brasileiro são sobretudo mentais e nisso eu incluo desinformação pura e simples, incompreensão dos fenômenos econômicos e complexo de inferioridade (aliás incompreensível, já que o Brasil é um gigante agrícola).
Eu sempre me pergunto como é que pessoas normais, algumas até alfabetizadas, outras contando inclusive com títulos universitários, podem exibir esse tipo de preconceito idiota e ultrapassado.
Acho que vamos continuar atrasados, um pouco menos materialmente, mas terrivelmente no plano mental e do funcionamento do Estado.
Paulo Roberto de Almeida
Nacionalismo fora de hora
Senadora Kátia Abreu
Folha de S.Paulo, 9/07/2011
Numa sociedade em rápida transformação, como a nossa, a economia, a política e a cultura nunca evoluem no mesmo passo. A economia pode modernizar-se rapidamente sob a pressão dos contatos com o exterior, sem que o sistema político e as ideias na sociedade acompanhem-na no mesmo ritmo. A falta de sincronia entre essas esferas da vida social transmite a impressão de que o país vive simultaneamente em tempos históricos diferentes. A América Latina, e o Brasil com ela, perdeu a maior parte do século 20 procurando inimigos externos para justificar sua pobreza e seu atraso em relação ao mundo. Nessa busca insensata perdemos a capacidade de perceber nossos próprios problemas, nossas fraquezas e, muito pior que isso, as grandes possibilidades que tínhamos diante de nós.
Alimentamos conflitos políticos inúteis, criamos espaço para lideranças políticas ineptas e irresponsáveis e deixamos de investir na criação das condições objetivas que tornam possível o crescimento econômico. Felizmente, alguns de nossos países, e o Brasil principalmente entre eles, conseguiram romper o círculo de atraso de consciência e ingressaram numa fase de modernização econômica e social que nos está levando, pela primeira vez, para o centro relevante do mundo. No Brasil, no entanto, a modernização econômica ainda não teve tempo, ou não foi capaz, de influir no modo de funcionamento do sistema político e no conjunto das ideias com que os brasileiros interpretam sua realidade.
A política continua o mesmo modo patrimonialista de sempre e pode tornar-se um obstáculo importante à continuidade do nosso desempenho econômico. Mas o mais grave é a sobrevivência de ideias anacrônicas que ainda guiam o comportamento de setores importantes da sociedade. A pior dessas ideias é o nacionalismo. É um nacionalismo mais recatado e fino, sem os slogans patéticos dos anos 50, mas mesmo assim carregado do mesmo veneno. Os nacionalismos de todos os tipos estão na origem dos maiores desastres e dos maiores fracassos das sociedades humanas nos últimos cem anos. Trazem à tona os piores instintos humanos, como o estranhamento e o ódio ao outro, instintos duramente domados pelos processos civilizatórios, mas que vez por outra ressurgem nas ideias políticas.
Essas reflexões me vem à mente com as notícias de que a Advocacia Geral da União está preparando uma proposta de lei determinando que empresas estrangeiras ou empresas nacionais com controle estrangeiro tenham que submeter previamente a um conselho do governo federal a compra de terras acima de cinco hectares. Se esse propósito se concretizar, estaremos diante de um imenso retrocesso, que nos remete de volta ao pior nacionalismo dos anos 50 e dos anos de governo militar. A presença de cidadãos e empresas estrangeiras no desenvolvimento brasileiro deve ser saudada como algo inteiramente positivo e não ser colocada sob suspeita ou restrições.
Voce gostaria de viver num pais assim? - reincidindo na pergunta ao companheiro...
A gente, que é honesta (pelo menos suponho que todos os que frequentam este espaço sejam pessoas honestas), sempre se surpreende com a desfaçatez de certos personagens, que não apenas se dedicam, essencial e integralmente, a assaltar o Estado, como não exibem a menor vergonha em confessá-lo.
Eu pelo menos fico estupefato como é que os políticos não têm nenhuma restrição moral, ou mental, em reconhecer que querem, sim, cargos no Estado, para organizar seu assalto tranquila e completamente.
Eu me pergunto como ter estômago para aguentar essas coisas, ditas assim naturalmente.
Eu até pergunto outra vez ao companheiro, que pretendia construir um Brasil sem corrupção, como é que ele consegue viver com tudo isso?
Não vai responder?
Paulo Roberto de Almeida
Costa Neto diz ter pedido a Dilma diretoria de banco
Agência Estado, 9.07/2011
Valdemar Costa Neto: "Precisávamos aumentar o espaço do bloco"
Deputado rompeu silêncio e deu entrevista a emissora de rádio em seu reduto eleitoral. Ele explicou que barganha era para abrir espaço no governo
O deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) revelou em entrevista a uma rádio de Mogi das Cruzes (SP), seu reduto eleitoral, ter usado o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento para pressionar a presidente Dilma Rousseff a entregar ao PR uma diretoria de banco estatal para obter o apoio do bloco liderado pelo partido no Congresso.
A entrevista foi concedida um dia antes de VEJA revelar a existência de um amplo esquema de corrupção no Ministério dos Transportes - que envolvia cobrança de propina por caciques do PR em troca da liberação de obras. O esquema era encabeçado pelo deputado Valdemar Costa Neto, que em 2005 foi obrigado a renunciar a uma cadeira na Câmara abatido pelo escândalo do mensalão. E também pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que deixou o cargo na esteira das denúncias.
Barganha - O deputado explicou que a barganha tinha como objetivo abrir espaço no governo para o bloco de partidos nanicos que compõem, com o PR, um grupo de 65 deputados no Congresso - o PR conta com 41 e PRB, PRTB, PT do B, PHS , PSL e PRP têm 24.
"O nosso ministro chegou na Dilma outro dia e falou: Olha, o Valdemar tá (sic) com um problema com o bloco. Ele fez o bloco, acertou com o (então ministro Antonio) Palocci pra aumentar o espaço do partido no governo. Nós (PR) já temos muito espaço. Mas precisávamos aumentar o espaço do bloco, porque são 24 deputados a mais", contou Costa Neto à Rádio Metropolitana AM, na sexta-feira da semana passada.
O deputado disse ter pedido uma diretoria na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil - nomeação que Dilma ainda não anunciou - para que prefeitos aliados possam liberar verbas federais mais rapidamente.
"O que eu quero? Uma diretoria na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil, para quando o Bertaiolli (Marco Bertaiolli, prefeito de Mogi das Cruzes) precisar de algo coisa. Por exemplo, eu consigo empréstimo para Santa Isabel - de R$ 2 milhões - que o Helio Buscariolli (prefeito de Santa Isabel) está precisando. Ele precisa pavimentar a cidade. Mas eles não assinam com ele na Caixa. Eu tendo um diretor, sai na hora".
Eu pelo menos fico estupefato como é que os políticos não têm nenhuma restrição moral, ou mental, em reconhecer que querem, sim, cargos no Estado, para organizar seu assalto tranquila e completamente.
Eu me pergunto como ter estômago para aguentar essas coisas, ditas assim naturalmente.
Eu até pergunto outra vez ao companheiro, que pretendia construir um Brasil sem corrupção, como é que ele consegue viver com tudo isso?
Não vai responder?
Paulo Roberto de Almeida
Costa Neto diz ter pedido a Dilma diretoria de banco
Agência Estado, 9.07/2011
Valdemar Costa Neto: "Precisávamos aumentar o espaço do bloco"
Deputado rompeu silêncio e deu entrevista a emissora de rádio em seu reduto eleitoral. Ele explicou que barganha era para abrir espaço no governo
O deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) revelou em entrevista a uma rádio de Mogi das Cruzes (SP), seu reduto eleitoral, ter usado o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento para pressionar a presidente Dilma Rousseff a entregar ao PR uma diretoria de banco estatal para obter o apoio do bloco liderado pelo partido no Congresso.
A entrevista foi concedida um dia antes de VEJA revelar a existência de um amplo esquema de corrupção no Ministério dos Transportes - que envolvia cobrança de propina por caciques do PR em troca da liberação de obras. O esquema era encabeçado pelo deputado Valdemar Costa Neto, que em 2005 foi obrigado a renunciar a uma cadeira na Câmara abatido pelo escândalo do mensalão. E também pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que deixou o cargo na esteira das denúncias.
Barganha - O deputado explicou que a barganha tinha como objetivo abrir espaço no governo para o bloco de partidos nanicos que compõem, com o PR, um grupo de 65 deputados no Congresso - o PR conta com 41 e PRB, PRTB, PT do B, PHS , PSL e PRP têm 24.
"O nosso ministro chegou na Dilma outro dia e falou: Olha, o Valdemar tá (sic) com um problema com o bloco. Ele fez o bloco, acertou com o (então ministro Antonio) Palocci pra aumentar o espaço do partido no governo. Nós (PR) já temos muito espaço. Mas precisávamos aumentar o espaço do bloco, porque são 24 deputados a mais", contou Costa Neto à Rádio Metropolitana AM, na sexta-feira da semana passada.
O deputado disse ter pedido uma diretoria na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil - nomeação que Dilma ainda não anunciou - para que prefeitos aliados possam liberar verbas federais mais rapidamente.
"O que eu quero? Uma diretoria na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil, para quando o Bertaiolli (Marco Bertaiolli, prefeito de Mogi das Cruzes) precisar de algo coisa. Por exemplo, eu consigo empréstimo para Santa Isabel - de R$ 2 milhões - que o Helio Buscariolli (prefeito de Santa Isabel) está precisando. Ele precisa pavimentar a cidade. Mas eles não assinam com ele na Caixa. Eu tendo um diretor, sai na hora".
A boa escrita, reduzida ao essencial, necessario e suficiente...
Retomo apenas parte de um trabalho anterior, sobre como fazer bons textos acadêmicos.
1. Concentre-se no foco do problema
Vá direto ao assunto desde a primeira frase, eventualmente precedida de algum exemplo histórico (como é meu hábito) e literário que pretende realçar o problema a ser tratado. Diga logo de cara algo assim: “Este texto pretende abordar este problema e visa demonstrar esta coisa; meu método, ou meus procedimentos serão os seguintes: blá, blá curto”. Desenvolva a seguir seu argumento principal, mantendo o foco na questão que você de propôs tratar, fazendo eventualmente alguma alusão a questões paralelas que possam ter relevância para o problema central. Tire suas conclusões, dizendo claramente que é aquilo que você descobriu e faça algumas considerações finais sobre a importância desse tratamento para o estado da arte naquele campo (e sua contribuição para ele). Estaria bem assim, ou estou sendo muito elementar? Acho melhor ser simples e direto.
2. Tente ser original e demonstrar sua contribuição para o avanço da “arte”
Pessoas sem ideias se contentam em resumir contribuições alheias, no que não vai nenhuma grande tragédia. Se este for o caso, diga claramente: Fulano disse isto, Sicrano disse aquilo, e eu resumo o que disse Beltrano a respeito ou sobre os dois; mas tente, se possível, expressar uma opinião própria sobre a questão, ainda que seja a de dizer que você pretende apenas oferecer uma síntese que resumo o estado da arte dos outros. Se não tiver nenhuma ideia interessante ou inteligente para expressar sobre a questão, tente, pelo menos, formular algumas perguntas para pesquisa ulterior, mais ou menos neste sentido: seria útil pesquisar tal questão em sua aplicação ao caso brasileiro, ou então dizer que dados concretos sobre tais e tais manifestações do problema precisariam ser pesquisados com vistas a refletir sobre aqueles ensinamentos nesta ou naquela situação nova. Gostou?
3. Escreva contribuições concisas e objetivas, com frases legíveis e compreensivas
Tente seguir o estilo americano: frases curtas, muitos pontos, perguntas claras, afirmações diretas, sem rebuscamentos de linguagem, com eliminação de tudo que não seja absolutamente necessário para a compreensão do “seu” problema. Mesmo que tenha vontade de escrever um tratado erudito sobre o assunto, comece por expor o conjunto de forma breve, se possível com outlines prévios, enxugando tudo o que for secundário. Depois que terminar seu “mini-artigo”, você poderá se lançar na obra prima da sua carreira acadêmica, em algo que fique nos anos como o magnum opus daquela área; mas comece modestamente por favor, pois o efeito pode ser maior. Não é para ser curto e grosso, apenas conciso e objetivo. Pode até ter frases de efeito, mas apropriadas ao caso.
4. Explore implicações do seu problema e especule inteligentemente a respeito
Todo e qualquer problema humano está sempre relacionado a muitos outros, para frente, para trás, para os lados, em direção ao futuro, vindo de um passado mais ou menos próximo ou distante. Ou seja, você não está sozinho, e sua questão genial apresenta efeitos em cadeia ou impactos em outras áreas; portanto, explora essas possíveis interações e interdependências, visualize consequências desse problema para outras áreas, e até se permita digressões sobre os resultados de uma determinada ação naquele terreno (pode até ser a famosa lei das consequências involuntárias, mas sempre existo algo mais).
5. Mostre exemplos, casos análogos, dados concretos sobre o “seu” problema
Nada melhor para ilustrar uma digressão científica especialmente chata – e existem alguns filósofos franceses e sábios alemães que se especializam na chatice – do que mostrar exemplos concretos, casos reais, ações efetivamente perpetradas pelos agentes envolvidos no seu caso. Ser abstrato é vedado aos comuns dos mortais, e apenas autorizado a membros da academia e outras vacas sagradas. Como você tem de convencer pares, professores, curiosos em geral, que todos, em geral, sabem menos do que você naquela área específica (a menos que você esteja enganando todo mundo), você precisa ser o mais convincente possível. Nada melhor, portanto, do que trazer exemplos à colação (é assim que se diz nas teses jurídicas especialmente chatas?) para tornar sua demonstração perfeitamente clara e empiricamente verificável.
6. Exponha claramente o itinerário metodológico e demonstrativo do seu trabalho
Todo trabalho acadêmico apresenta uma estrutura muito simples, até repetitiva: geralmente ele tem uma pequena introdução, na qual se expõe o objeto a ser tratado, seguida da metodologia, ou das técnicas a serem seguidas no tratamento do problema; o argumento principal vai ser desenvolvimento no núcleo central do trabalho, em quantas partes forem necessárias para demonstrar, discutir, esquartejar um assunto determinado; finalmente se chegam às conclusões a serem tiradas do tratamento precedente; o resto é complemento (notas, bibliografia, anexos, etc.). O importante é que seu raciocínio seja muito claro quanto a essas diferentes etapas do trabalho de construção de uma explicação para o problema selecionado. Por isso, uma regra elementar deve ser seguida: antes de começar a escrever, pare e pense no seu problema. Quem não tem ideias claras, não pode, ou não consegue se expressar claramente, ou seguir um itinerário linearmente rigoroso de pensamento. Quando seu trabalho estiver suficientemente pensado, voilà, zut!, ele já está pronto: só falta escrever, mas isso é o de menos quando se sabe onde se quer chegar...
7. Seja claro nas expressões, use uma linguagem a menos sofisticada possível
Não existe nada entre o céu e a terra, neste vasto universo que ainda não é o nosso, que não possa ser explicado em termos simples, inteligíveis, compreensíveis a um leigo no assunto. Pense que você vai ter de explicar aquele problema para uma criança de dez anos, ou um adolescente de quinze, que seja (no limite para a sua mãe, que não é do ramo, digamos assim). Portanto, escolha expressões comuns, e se tiver de empregar termos técnicos, ofereça uma explicação mais palatável se eles forem suficientemente obscuros, talvez entre parênteses. Coloque de lado aqueles filósofos franceses que se especializaram em enganar os trouxas com frases incompreensíveis (e elas são mesmo). Essa coisa de jargão sofisticado geralmente é para iludir os incautos, portanto não abuse de sua permissão para falar difícil. Claro, não precisa descer ao nível rasteiro de certo personagem que se vangloriava de nunca ter tido diplomas na vida, e que falava deliberadamente errado para encantar o povão; mas não tente fazer de seu trabalho um exemplo do barroco linguístico.
8. Evite adjetivos, exploração de emoções, subjetivismos dramáticos
A vida e o mundo já são suficientemente complicados como eles são, mas um trabalho acadêmico não é uma novela mexicana, nem um dramalhão daqueles antigos. Adjetivos de qualidade – estupendo, magnífico, único, etc. – devem ser evitados absolutamente (e lá vou eu com um...). De forma geral, adjetivos e qualificativos devem ser banidos do trabalho, embora ele possa ter evidências quanto ao impacto significativo de certos fenômenos sobre a ação humana. Mas como diria um personagem famoso, todos os seus gestos devem ser friamente calculados, ou seja: evite grandes explosões terminológicas, quando você pode expressar a mesma ideia em tom mais comedido e, sobretudo, mais objetivo e contido. Eu, por exemplo, costumo chamar muita gente de idiota – e existem, efetivamente, muitos idiotas no mundo – mas o que é aceitável num post rápido em blog de divertimento não cabe num paper supostamente sério. Em outros termos, não deixe transparecer sua emoção no tratamento de uma questão, ainda que ela o coloque em sérios dilemas morais e em angústias existenciais. Fique frio...
9. Tente quantificar fenômenos, use números, mas não abuse da estatística
Tudo, com a provável exceção do amor (e talvez do ódio), pode ser quantificado, medido, colocado em gráficos e comparado a outras situações (anteriores, de outros agentes em outros lugares). Os economistas são pródigos em usar e abusar de estatísticas e os economistas teóricos gostam de encontrar uma equação que traduza a realidade dos indicadores a uma fórmula de sua modelagem que sirva para prever ou antecipar processos similares, podendo, portanto, ser objeto de políticas públicas, na área macroeconômica ou setorial. Se pudessem, eles resumiriam toda a complexidade do mundo numa fórmula mágica, do tipo: E = mc2. Nos assuntos humanos – e isso inclui a economia também – fórmulas e números são úteis, mas apresentam limites efetivos para sua utilização contínua, pela simples razão que os homens estão sempre ajustando sua conduta para obter a maximização de seus fatores e ativos em face dos constrangimentos do real – que são as ações dos governos (geralmente em seu detrimento, caro leitor) e as de outros agentes da sociedade. Por isso, faça recurso dos indicadores quantitativos e tente medir, ou mensurar, os problemas que são objeto de sua análise, mas não confie demais nos procedimentos estatísticos como indicativos de tendências futuras. Nada é imóvel neste nosso mundinho tumultuado...
10. Demonstre conhecimento das fontes, mas não abuse das referências
Eu já li muita monografia de aluno que, mesmo para fatos históricos indiscutíveis – uma guerra, uma revolução, enfim, coisas objetivas –, se esmeram em juntar uma pletora de citações e de referências bibliográficas para dizer, finalmente, o óbvio: “nossa civilização tem bases greco-romanas” (bem, não precisa citar nenhum grande historiador para saber disso, pois não?). Não é preciso carregar um paper, um trabalho mais alentado ou até uma tese doutoral com centenas de remissões anódinas, ou seja, tratando daqueles casos que já pertencem ao estado da arte do problema tratado. Fatos são fatos, por mais que se desgoste deles, e eles não vão deixar de existir porque algum autor tem uma opinião mais negativa sobre esses mesmos fatos (a dominação perversa do capitalismo financeiro monopolista, por exemplo). Todos nós estamos cansados de ver o capitalismo condenado ao desaparecimento como resultado das últimas dez crises ocorridas em seu itinerário tumultuado, não é mesmo? Bem, sendo mais objetivo, a regra aqui, e a última desta série desorganizada, é muito simples: erudição não precisa ser medida em toneladas de bibliografia; ela pode ser medida com comentários inteligentes à obra de um autor consagrado, o que normalmente exige mais inspiração do que transpiração. Portanto, seja comedido no “ajuntamento” (esse é o termo) de sua bibliografia de referência e tente trabalhar com os autores essenciais ao problema que você escolheu. Se algum outro autor não tem nada de relevante a dizer sobre o problema selecionado, ignore-o solenemente. Mas, em sentido contrário, não tente a sorte pescando na internet coisas que depois você não vai citar devidamente e dar o crédito a quem merece: os instrumentos de busca que os professores utilizam estão cada vez mais sofisticados, e seria muito triste alguém perder uma bela carreira por acusações de plágio ou falsificação de trabalhos alheios.
Seja feliz em seu trabalho, melhore a sua escrita (o que eu mesmo vou tratar de fazer) e avance alguns degraus na ladeira do conhecimento: você vai se sentir muito melhor olhando o mundo do alto de sua capacitação intelectual. Escreva claro, escreva bem, trate dos problemas como eles devem ser tratados: objetivamente, concisamente, reflexivamente.
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 14 de maio de 2011)
1. Concentre-se no foco do problema
Vá direto ao assunto desde a primeira frase, eventualmente precedida de algum exemplo histórico (como é meu hábito) e literário que pretende realçar o problema a ser tratado. Diga logo de cara algo assim: “Este texto pretende abordar este problema e visa demonstrar esta coisa; meu método, ou meus procedimentos serão os seguintes: blá, blá curto”. Desenvolva a seguir seu argumento principal, mantendo o foco na questão que você de propôs tratar, fazendo eventualmente alguma alusão a questões paralelas que possam ter relevância para o problema central. Tire suas conclusões, dizendo claramente que é aquilo que você descobriu e faça algumas considerações finais sobre a importância desse tratamento para o estado da arte naquele campo (e sua contribuição para ele). Estaria bem assim, ou estou sendo muito elementar? Acho melhor ser simples e direto.
2. Tente ser original e demonstrar sua contribuição para o avanço da “arte”
Pessoas sem ideias se contentam em resumir contribuições alheias, no que não vai nenhuma grande tragédia. Se este for o caso, diga claramente: Fulano disse isto, Sicrano disse aquilo, e eu resumo o que disse Beltrano a respeito ou sobre os dois; mas tente, se possível, expressar uma opinião própria sobre a questão, ainda que seja a de dizer que você pretende apenas oferecer uma síntese que resumo o estado da arte dos outros. Se não tiver nenhuma ideia interessante ou inteligente para expressar sobre a questão, tente, pelo menos, formular algumas perguntas para pesquisa ulterior, mais ou menos neste sentido: seria útil pesquisar tal questão em sua aplicação ao caso brasileiro, ou então dizer que dados concretos sobre tais e tais manifestações do problema precisariam ser pesquisados com vistas a refletir sobre aqueles ensinamentos nesta ou naquela situação nova. Gostou?
3. Escreva contribuições concisas e objetivas, com frases legíveis e compreensivas
Tente seguir o estilo americano: frases curtas, muitos pontos, perguntas claras, afirmações diretas, sem rebuscamentos de linguagem, com eliminação de tudo que não seja absolutamente necessário para a compreensão do “seu” problema. Mesmo que tenha vontade de escrever um tratado erudito sobre o assunto, comece por expor o conjunto de forma breve, se possível com outlines prévios, enxugando tudo o que for secundário. Depois que terminar seu “mini-artigo”, você poderá se lançar na obra prima da sua carreira acadêmica, em algo que fique nos anos como o magnum opus daquela área; mas comece modestamente por favor, pois o efeito pode ser maior. Não é para ser curto e grosso, apenas conciso e objetivo. Pode até ter frases de efeito, mas apropriadas ao caso.
4. Explore implicações do seu problema e especule inteligentemente a respeito
Todo e qualquer problema humano está sempre relacionado a muitos outros, para frente, para trás, para os lados, em direção ao futuro, vindo de um passado mais ou menos próximo ou distante. Ou seja, você não está sozinho, e sua questão genial apresenta efeitos em cadeia ou impactos em outras áreas; portanto, explora essas possíveis interações e interdependências, visualize consequências desse problema para outras áreas, e até se permita digressões sobre os resultados de uma determinada ação naquele terreno (pode até ser a famosa lei das consequências involuntárias, mas sempre existo algo mais).
5. Mostre exemplos, casos análogos, dados concretos sobre o “seu” problema
Nada melhor para ilustrar uma digressão científica especialmente chata – e existem alguns filósofos franceses e sábios alemães que se especializam na chatice – do que mostrar exemplos concretos, casos reais, ações efetivamente perpetradas pelos agentes envolvidos no seu caso. Ser abstrato é vedado aos comuns dos mortais, e apenas autorizado a membros da academia e outras vacas sagradas. Como você tem de convencer pares, professores, curiosos em geral, que todos, em geral, sabem menos do que você naquela área específica (a menos que você esteja enganando todo mundo), você precisa ser o mais convincente possível. Nada melhor, portanto, do que trazer exemplos à colação (é assim que se diz nas teses jurídicas especialmente chatas?) para tornar sua demonstração perfeitamente clara e empiricamente verificável.
6. Exponha claramente o itinerário metodológico e demonstrativo do seu trabalho
Todo trabalho acadêmico apresenta uma estrutura muito simples, até repetitiva: geralmente ele tem uma pequena introdução, na qual se expõe o objeto a ser tratado, seguida da metodologia, ou das técnicas a serem seguidas no tratamento do problema; o argumento principal vai ser desenvolvimento no núcleo central do trabalho, em quantas partes forem necessárias para demonstrar, discutir, esquartejar um assunto determinado; finalmente se chegam às conclusões a serem tiradas do tratamento precedente; o resto é complemento (notas, bibliografia, anexos, etc.). O importante é que seu raciocínio seja muito claro quanto a essas diferentes etapas do trabalho de construção de uma explicação para o problema selecionado. Por isso, uma regra elementar deve ser seguida: antes de começar a escrever, pare e pense no seu problema. Quem não tem ideias claras, não pode, ou não consegue se expressar claramente, ou seguir um itinerário linearmente rigoroso de pensamento. Quando seu trabalho estiver suficientemente pensado, voilà, zut!, ele já está pronto: só falta escrever, mas isso é o de menos quando se sabe onde se quer chegar...
7. Seja claro nas expressões, use uma linguagem a menos sofisticada possível
Não existe nada entre o céu e a terra, neste vasto universo que ainda não é o nosso, que não possa ser explicado em termos simples, inteligíveis, compreensíveis a um leigo no assunto. Pense que você vai ter de explicar aquele problema para uma criança de dez anos, ou um adolescente de quinze, que seja (no limite para a sua mãe, que não é do ramo, digamos assim). Portanto, escolha expressões comuns, e se tiver de empregar termos técnicos, ofereça uma explicação mais palatável se eles forem suficientemente obscuros, talvez entre parênteses. Coloque de lado aqueles filósofos franceses que se especializaram em enganar os trouxas com frases incompreensíveis (e elas são mesmo). Essa coisa de jargão sofisticado geralmente é para iludir os incautos, portanto não abuse de sua permissão para falar difícil. Claro, não precisa descer ao nível rasteiro de certo personagem que se vangloriava de nunca ter tido diplomas na vida, e que falava deliberadamente errado para encantar o povão; mas não tente fazer de seu trabalho um exemplo do barroco linguístico.
8. Evite adjetivos, exploração de emoções, subjetivismos dramáticos
A vida e o mundo já são suficientemente complicados como eles são, mas um trabalho acadêmico não é uma novela mexicana, nem um dramalhão daqueles antigos. Adjetivos de qualidade – estupendo, magnífico, único, etc. – devem ser evitados absolutamente (e lá vou eu com um...). De forma geral, adjetivos e qualificativos devem ser banidos do trabalho, embora ele possa ter evidências quanto ao impacto significativo de certos fenômenos sobre a ação humana. Mas como diria um personagem famoso, todos os seus gestos devem ser friamente calculados, ou seja: evite grandes explosões terminológicas, quando você pode expressar a mesma ideia em tom mais comedido e, sobretudo, mais objetivo e contido. Eu, por exemplo, costumo chamar muita gente de idiota – e existem, efetivamente, muitos idiotas no mundo – mas o que é aceitável num post rápido em blog de divertimento não cabe num paper supostamente sério. Em outros termos, não deixe transparecer sua emoção no tratamento de uma questão, ainda que ela o coloque em sérios dilemas morais e em angústias existenciais. Fique frio...
9. Tente quantificar fenômenos, use números, mas não abuse da estatística
Tudo, com a provável exceção do amor (e talvez do ódio), pode ser quantificado, medido, colocado em gráficos e comparado a outras situações (anteriores, de outros agentes em outros lugares). Os economistas são pródigos em usar e abusar de estatísticas e os economistas teóricos gostam de encontrar uma equação que traduza a realidade dos indicadores a uma fórmula de sua modelagem que sirva para prever ou antecipar processos similares, podendo, portanto, ser objeto de políticas públicas, na área macroeconômica ou setorial. Se pudessem, eles resumiriam toda a complexidade do mundo numa fórmula mágica, do tipo: E = mc2. Nos assuntos humanos – e isso inclui a economia também – fórmulas e números são úteis, mas apresentam limites efetivos para sua utilização contínua, pela simples razão que os homens estão sempre ajustando sua conduta para obter a maximização de seus fatores e ativos em face dos constrangimentos do real – que são as ações dos governos (geralmente em seu detrimento, caro leitor) e as de outros agentes da sociedade. Por isso, faça recurso dos indicadores quantitativos e tente medir, ou mensurar, os problemas que são objeto de sua análise, mas não confie demais nos procedimentos estatísticos como indicativos de tendências futuras. Nada é imóvel neste nosso mundinho tumultuado...
10. Demonstre conhecimento das fontes, mas não abuse das referências
Eu já li muita monografia de aluno que, mesmo para fatos históricos indiscutíveis – uma guerra, uma revolução, enfim, coisas objetivas –, se esmeram em juntar uma pletora de citações e de referências bibliográficas para dizer, finalmente, o óbvio: “nossa civilização tem bases greco-romanas” (bem, não precisa citar nenhum grande historiador para saber disso, pois não?). Não é preciso carregar um paper, um trabalho mais alentado ou até uma tese doutoral com centenas de remissões anódinas, ou seja, tratando daqueles casos que já pertencem ao estado da arte do problema tratado. Fatos são fatos, por mais que se desgoste deles, e eles não vão deixar de existir porque algum autor tem uma opinião mais negativa sobre esses mesmos fatos (a dominação perversa do capitalismo financeiro monopolista, por exemplo). Todos nós estamos cansados de ver o capitalismo condenado ao desaparecimento como resultado das últimas dez crises ocorridas em seu itinerário tumultuado, não é mesmo? Bem, sendo mais objetivo, a regra aqui, e a última desta série desorganizada, é muito simples: erudição não precisa ser medida em toneladas de bibliografia; ela pode ser medida com comentários inteligentes à obra de um autor consagrado, o que normalmente exige mais inspiração do que transpiração. Portanto, seja comedido no “ajuntamento” (esse é o termo) de sua bibliografia de referência e tente trabalhar com os autores essenciais ao problema que você escolheu. Se algum outro autor não tem nada de relevante a dizer sobre o problema selecionado, ignore-o solenemente. Mas, em sentido contrário, não tente a sorte pescando na internet coisas que depois você não vai citar devidamente e dar o crédito a quem merece: os instrumentos de busca que os professores utilizam estão cada vez mais sofisticados, e seria muito triste alguém perder uma bela carreira por acusações de plágio ou falsificação de trabalhos alheios.
Seja feliz em seu trabalho, melhore a sua escrita (o que eu mesmo vou tratar de fazer) e avance alguns degraus na ladeira do conhecimento: você vai se sentir muito melhor olhando o mundo do alto de sua capacitação intelectual. Escreva claro, escreva bem, trate dos problemas como eles devem ser tratados: objetivamente, concisamente, reflexivamente.
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 14 de maio de 2011)
Machismo economico: governo argentino processa economistas... por processar dados
Dois processos paralelos, que só poderiam ocorrer num país surreal, dadaísta, digamos assim.
De um lado, economistas argentinos vivendo num país que se supõe garanta as liberdades básicas, processam dados de custo de vida e montam seus próprios índices de inflação, já que não podem confiar nos dados manipulados (e propriamente distorcidos) pelo governo. Pode até ser que, no processo de recolher e "trabalhar" os dados, eles torturem alguns números para que eles confessem a verdade dos preços, mas estes ainda não reclamaram e não se sabe se podem iniciar um processo contra os ditos economistas independentes. De toda forma, não seria motivo para que o governo inicie qualquer processo contra eles.
Do outro lado, justamente, o governo iluminado, preclaro, sapiente, onisciente, pervasivo, omnipresente, sábio e previdente dos K. pretende processar os economistas como reles criminosos que são, já que eles não aceitam a verdade governamental de que a inflação só progrediu um tiquinho assim, quando eles acham que ela andou um tantão assim. A distância não parece ser assim tão grande: só 15 ou 20%...
Eu me pergunto o que diriam sobre isso a Ordem dos Economistas Argentinos (algo do gênero deve existir por lá) e o Comitê de Estatísticas da ONU, e também o que diria o Conselho de Direitos Humanos, pois se trata de grave atentado às liberdades individuais. Resolução já...
Esperemos uma nota de certo ministério que sempre emite notas sobre casos graves da agenda internacional, que poderia ser redigida mais ou menos assim: "O governo expressa sua preocupação ante tais fatos graves que ocorrem num país irmão e insta as partes a dialogarem em favor de uma solução pacífica e ordeira a este infeliz contencioso, no pleno respeito dos direitos humanos e das normas democráticas, de conformidade com os compromissos internacionais pertinentes."
Paulo Roberto de Almeida
Argentina Charges Economists
BY TAOS TURNER
The Wall Street Journal, July 9, 2011
BUENOS AIRES—Argentina's government has filed criminal charges against the managers of an economic consulting firm, escalating its persecution of independent economists.
A federal court official said Friday that a judge is evaluating the charges but has yet to decide if it is appropriate to begin investigating them.
The government is charging MyS Consultores with "publishing false information about inflation data" to benefit themselves and their clients. The criminal complaint alleges that MyS's data also lead to speculative behavior in Argentina's bond market.
MyS Managing Partner Rodolfo Santangelo described the charges as "ridiculous".
De um lado, economistas argentinos vivendo num país que se supõe garanta as liberdades básicas, processam dados de custo de vida e montam seus próprios índices de inflação, já que não podem confiar nos dados manipulados (e propriamente distorcidos) pelo governo. Pode até ser que, no processo de recolher e "trabalhar" os dados, eles torturem alguns números para que eles confessem a verdade dos preços, mas estes ainda não reclamaram e não se sabe se podem iniciar um processo contra os ditos economistas independentes. De toda forma, não seria motivo para que o governo inicie qualquer processo contra eles.
Do outro lado, justamente, o governo iluminado, preclaro, sapiente, onisciente, pervasivo, omnipresente, sábio e previdente dos K. pretende processar os economistas como reles criminosos que são, já que eles não aceitam a verdade governamental de que a inflação só progrediu um tiquinho assim, quando eles acham que ela andou um tantão assim. A distância não parece ser assim tão grande: só 15 ou 20%...
Eu me pergunto o que diriam sobre isso a Ordem dos Economistas Argentinos (algo do gênero deve existir por lá) e o Comitê de Estatísticas da ONU, e também o que diria o Conselho de Direitos Humanos, pois se trata de grave atentado às liberdades individuais. Resolução já...
Esperemos uma nota de certo ministério que sempre emite notas sobre casos graves da agenda internacional, que poderia ser redigida mais ou menos assim: "O governo expressa sua preocupação ante tais fatos graves que ocorrem num país irmão e insta as partes a dialogarem em favor de uma solução pacífica e ordeira a este infeliz contencioso, no pleno respeito dos direitos humanos e das normas democráticas, de conformidade com os compromissos internacionais pertinentes."
Paulo Roberto de Almeida
Argentina Charges Economists
BY TAOS TURNER
The Wall Street Journal, July 9, 2011
BUENOS AIRES—Argentina's government has filed criminal charges against the managers of an economic consulting firm, escalating its persecution of independent economists.
A federal court official said Friday that a judge is evaluating the charges but has yet to decide if it is appropriate to begin investigating them.
The government is charging MyS Consultores with "publishing false information about inflation data" to benefit themselves and their clients. The criminal complaint alleges that MyS's data also lead to speculative behavior in Argentina's bond market.
MyS Managing Partner Rodolfo Santangelo described the charges as "ridiculous".
Wikileaks Brasil-Bolivia: cultivando amizades (e outras coisas tambem)
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09LAPAZ1233
admin
222441 8/26/2009 21:06 09LAPAZ1233 Embassy La Paz CONFIDENTIAL
C O N F I D E N T I A L LA PAZ 001233
SIPDIS
E.O. 12958: DECL: 08/24/2019
TAGS: PREL, PHUM, PGOV, ETRD, ENRG, PINR, BR, BL
SUBJECT: BOLIVIA: BRAZIL’S LULA BACKS MORALES FOR RE-ELECTION
Classified By: Charge d’Affaires John Creamer, reasons 1.4 b,d
1. (C) Summary: At an open-air event August 22 in one of Bolivia’s principal coca-growing regions, Brazilian President Lula da Silva delivered a public endorsement of Bolivian President Evo Morales, reflecting Brazil’s conclusion that Morales’ re-election is all but inevitable. Lula and Morales signed several bilateral agreements, including over 300 million dollars in Brazilian financing for Bolivian road construction, and began discussions to revise their gas contract to reflect lower Brazilian demand. Lula offered to eliminate tariffs on up to 21 million dollars of Bolivian textile exports, a move hailed by both sides as compensation for export losses stemming from removal of U.S. ATPDEA trade preferences. Lula and Morales discussed counter-narcotics cooperation, including the pending transfer of Bell-UH helicopters to Bolivia, and the upcoming Unasur summit review of the U.S.-Colombian defense agreement (with Morales more worked up about the issue than ever, despite Lula’s emphasis on dialogue). The Brazilian president queried Morales privately about his relations with the U.S., which prompted a lengthy anti-American diatribe. End summary.
2. (C) Presidents Lula and Morales met August 22 amid a festive atmosphere in Bolivia’s Chapare region, a major coca-growing center and Morales’ home base. With at least 10,000 cocaleros and other Morales supporters in attendance, the two presidents took turns lavishing praise on each other; Morales hailed Lula as a fellow man of the people, while Lula compared Morales to Nelson Mandela. At the stadium event, which resembled a campaign rally as much as a summit meeting, the Brazilian president declared that Morales had begun a new era, confronting the anger of the “powerful,” but also counseled his counterpart to govern on behalf of all Bolivians and to favor dialogue.
3. (C) Those gathered at the event witnessed the signing of four bilateral agreements, among them one establishing over 300 million dollars in Brazilian financing for a 300 km highway extending north from the meeting site (which will be constructed by the Brazilian firm OAS). The other agreements concerned enhanced cooperation in humanitarian assistance/disaster relief, professional education, and scientific research aimed at developing lithium reserves in Bolivia’s Uyuni salt plain (with an explicit provision that industrial development will be “100 percent Bolivian”).
4. (C) The Bolivians highlighted their interest in amending their current gas contract with Brazil, hoping to revise the minimum purchase quantities (currently at 24 million cubic meters per day) given reduced Brazilian demand. According to the Bolivian state gas entity YPFB and the Brazilian embassy here. Bolivia prefers an arrangement that better reflects Brazil’s actual requirements, which would free up gas for domestic needs and possible additional sales to Argentina. Presidents Lula and Morales reached no conclusions on gas (the Brazilians did not include their energy representatives in the August 22 meetings), but agreed to hold another bilateral summit in the next two-to-three weeks in Brazil, dedicated entirely to the energy issue.
5. (C) President Lula announced that Brazil will eliminate tariffs on up to 21 million dollars of Bolivian textile exports, which both he and Morales characterized as making up for the losses suffered by withdrawal of ATPDEA (Morales welcomed the offer as an “ATPDEA without conditions”). Although Lula claimed that the amount was exactly what was lost in U.S. trade, textile trade associations here quickly noted that their exports under ATPDEA were several times greater than that (65 million dollars was the most commonly-cited estimate, which tracks roughly with our figures), and that there’s no Brazilian market for heavy wool alpaca textiles. Nevertheless, the offer made big headlines here, allowing both presidents to draw a contrast between the treatment Bolivia receives from us and the “unconditional” friendship Bolivia enjoys with fellow South American states such as Brazil. 6. (C) We spoke with Brazilian embassy officials here in advance of the visit to encourage some helpful signal of caution from President Lula to Morales regarding the Bolivian’s approach to the United States. These officials said that Brazil sees an improved relationship between Bolivia and the U.S. as in its own interest, and pledged to do what they could to encourage more constructive Bolivian behavior. Still, they noted that Brazil wants to maintain stability on its borders, and has concluded that Morales is here to stay. They said Brazil wants to provide Morales with alternatives to the radical advice he is receiving from Venezuela and Cuba, but clarified that Brazil does not see itself in “direct competition” with Venezuela. The Brazilians added that while they engage the Bolivians on democracy issues, they do not consider Bolivia’s human rights or democracy record to be outside hemispheric norms.
7. (C) Brazilian embassy Minister Counselor Julio Bitelli confirmed for us that President Lula did raise with Morales the issue of Bolivian-U.S. relations (in the 40-minute car ride on the way to the public event), but that this prompted the “usual” extended rant against alleged U.S. crimes. Morales recalled his own personal victimization at the hands of DEA agents, railed against American hegemony in Latin America and appeared unreceptive to hearing any counsel, according to Bitelli. Morales expanded on these now-familiar themes in his public remarks. The Colombian defense agreement was another subject on which Lula appeared to make little headway; the Brazilian president emphasized the need for dialogue and a “frank exchange” on the issue at the upcoming Unasur summit, while Morales publicly declared that any government that allows military forces into their country are “traitors to the liberation of the people of Latin America.”
8. (C) Bitelli reported that the presidents did discuss counter-narcotics cooperation, another area in which we had encouraged greater Brazilian engagement with the Bolivians, but that the talks were limited to equipment issues. Lula explained to Morales that the Bell-UH helicopter transfer was proceeding apace, but that delivery is pending Brazilian parliamentary approval. Bitelli said that Morales asked for Brazilian Tucano aircraft as well, surprising the Brazilians by suggesting that “the international community” should pay for the planes, as counter-narcotics is “a global problem.” Bitelli allowed that the Brazilians did not think much of that suggestion.
9. (C) Comment: Brazilian President Lula’s visit was widely seen here as an endorsement of Evo Morales for reelection December 6, reflecting Brazil’s conclusion that Morales is all but certain to win in any case. We believe, however, that this embrace of Morales is tempered by a clear-eyed recognition of the Morales government’s many shortcomings (the Brazilians indicated that they share a great deal of our frustration with the Bolivians, from counter-narcotics to economic policy). We will continue to encourage Brazil to follow through on its expressed interest in helping to moderate Morales, despite the evident limits of such approaches.
CREAMER
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SUBJECT: BOLIVIA: BRAZIL’S LULA BACKS MORALES FOR RE-ELECTION
Classified By: Charge d’Affaires John Creamer, reasons 1.4 b,d
1. (C) Summary: At an open-air event August 22 in one of Bolivia’s principal coca-growing regions, Brazilian President Lula da Silva delivered a public endorsement of Bolivian President Evo Morales, reflecting Brazil’s conclusion that Morales’ re-election is all but inevitable. Lula and Morales signed several bilateral agreements, including over 300 million dollars in Brazilian financing for Bolivian road construction, and began discussions to revise their gas contract to reflect lower Brazilian demand. Lula offered to eliminate tariffs on up to 21 million dollars of Bolivian textile exports, a move hailed by both sides as compensation for export losses stemming from removal of U.S. ATPDEA trade preferences. Lula and Morales discussed counter-narcotics cooperation, including the pending transfer of Bell-UH helicopters to Bolivia, and the upcoming Unasur summit review of the U.S.-Colombian defense agreement (with Morales more worked up about the issue than ever, despite Lula’s emphasis on dialogue). The Brazilian president queried Morales privately about his relations with the U.S., which prompted a lengthy anti-American diatribe. End summary.
2. (C) Presidents Lula and Morales met August 22 amid a festive atmosphere in Bolivia’s Chapare region, a major coca-growing center and Morales’ home base. With at least 10,000 cocaleros and other Morales supporters in attendance, the two presidents took turns lavishing praise on each other; Morales hailed Lula as a fellow man of the people, while Lula compared Morales to Nelson Mandela. At the stadium event, which resembled a campaign rally as much as a summit meeting, the Brazilian president declared that Morales had begun a new era, confronting the anger of the “powerful,” but also counseled his counterpart to govern on behalf of all Bolivians and to favor dialogue.
3. (C) Those gathered at the event witnessed the signing of four bilateral agreements, among them one establishing over 300 million dollars in Brazilian financing for a 300 km highway extending north from the meeting site (which will be constructed by the Brazilian firm OAS). The other agreements concerned enhanced cooperation in humanitarian assistance/disaster relief, professional education, and scientific research aimed at developing lithium reserves in Bolivia’s Uyuni salt plain (with an explicit provision that industrial development will be “100 percent Bolivian”).
4. (C) The Bolivians highlighted their interest in amending their current gas contract with Brazil, hoping to revise the minimum purchase quantities (currently at 24 million cubic meters per day) given reduced Brazilian demand. According to the Bolivian state gas entity YPFB and the Brazilian embassy here. Bolivia prefers an arrangement that better reflects Brazil’s actual requirements, which would free up gas for domestic needs and possible additional sales to Argentina. Presidents Lula and Morales reached no conclusions on gas (the Brazilians did not include their energy representatives in the August 22 meetings), but agreed to hold another bilateral summit in the next two-to-three weeks in Brazil, dedicated entirely to the energy issue.
5. (C) President Lula announced that Brazil will eliminate tariffs on up to 21 million dollars of Bolivian textile exports, which both he and Morales characterized as making up for the losses suffered by withdrawal of ATPDEA (Morales welcomed the offer as an “ATPDEA without conditions”). Although Lula claimed that the amount was exactly what was lost in U.S. trade, textile trade associations here quickly noted that their exports under ATPDEA were several times greater than that (65 million dollars was the most commonly-cited estimate, which tracks roughly with our figures), and that there’s no Brazilian market for heavy wool alpaca textiles. Nevertheless, the offer made big headlines here, allowing both presidents to draw a contrast between the treatment Bolivia receives from us and the “unconditional” friendship Bolivia enjoys with fellow South American states such as Brazil. 6. (C) We spoke with Brazilian embassy officials here in advance of the visit to encourage some helpful signal of caution from President Lula to Morales regarding the Bolivian’s approach to the United States. These officials said that Brazil sees an improved relationship between Bolivia and the U.S. as in its own interest, and pledged to do what they could to encourage more constructive Bolivian behavior. Still, they noted that Brazil wants to maintain stability on its borders, and has concluded that Morales is here to stay. They said Brazil wants to provide Morales with alternatives to the radical advice he is receiving from Venezuela and Cuba, but clarified that Brazil does not see itself in “direct competition” with Venezuela. The Brazilians added that while they engage the Bolivians on democracy issues, they do not consider Bolivia’s human rights or democracy record to be outside hemispheric norms.
7. (C) Brazilian embassy Minister Counselor Julio Bitelli confirmed for us that President Lula did raise with Morales the issue of Bolivian-U.S. relations (in the 40-minute car ride on the way to the public event), but that this prompted the “usual” extended rant against alleged U.S. crimes. Morales recalled his own personal victimization at the hands of DEA agents, railed against American hegemony in Latin America and appeared unreceptive to hearing any counsel, according to Bitelli. Morales expanded on these now-familiar themes in his public remarks. The Colombian defense agreement was another subject on which Lula appeared to make little headway; the Brazilian president emphasized the need for dialogue and a “frank exchange” on the issue at the upcoming Unasur summit, while Morales publicly declared that any government that allows military forces into their country are “traitors to the liberation of the people of Latin America.”
8. (C) Bitelli reported that the presidents did discuss counter-narcotics cooperation, another area in which we had encouraged greater Brazilian engagement with the Bolivians, but that the talks were limited to equipment issues. Lula explained to Morales that the Bell-UH helicopter transfer was proceeding apace, but that delivery is pending Brazilian parliamentary approval. Bitelli said that Morales asked for Brazilian Tucano aircraft as well, surprising the Brazilians by suggesting that “the international community” should pay for the planes, as counter-narcotics is “a global problem.” Bitelli allowed that the Brazilians did not think much of that suggestion.
9. (C) Comment: Brazilian President Lula’s visit was widely seen here as an endorsement of Evo Morales for reelection December 6, reflecting Brazil’s conclusion that Morales is all but certain to win in any case. We believe, however, that this embrace of Morales is tempered by a clear-eyed recognition of the Morales government’s many shortcomings (the Brazilians indicated that they share a great deal of our frustration with the Bolivians, from counter-narcotics to economic policy). We will continue to encourage Brazil to follow through on its expressed interest in helping to moderate Morales, despite the evident limits of such approaches.
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Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
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