quarta-feira, 2 de abril de 2014

Eleicoes 2014: o jogo presidencial pela otica conspiratoria - Jorge Serrao

Ainda que eu não partilhe, absolutamente, da paranóia, esquizofrenia e visão conspiratória desse jornalista, creio que ele reflete um pouco do ambiente político brasileiro, que também é feito desse tipo de manobras especulativas, e por isso vai postado aqui, a título de folclore político.
Paulo Roberto de Almeida


BRADESCO, ITAÚ E OUTROS DECIDIRÃO AS ELEIÇÕES DE 2014
THE GAME IS OVER.(o jogo acabou . . .)
Por Jorge Serrão
(recebido em 2/04/2014)

Embora as pesquisas amestradas e a propaganda chapa-branca vendam o "fato consumado" de que Dilma Rousseff se reelege (inclusive no primeiro turno), a conjuntura política e econômica real demonstra  exatamente o contrário.
A Oligarquia Financeira Transnacional, que controla de fato o Brasil, já decidiu que o ciclo de poder presidencial do PT no Brasil precisa ser encerrado em 2014 – contrariando as previsões ufanistas de Lula da Silva de uma hegemonia petista até 2022.

A Petrobras é o calcanhar de Aquiles do governo. 
Na Assembleia Geral Extraordinária marcada para o próximo dia 16, às 15 horas, no Rio de Janeiro, o PT sofrerá um dos ataques diretos mais contundentes aos seus esquemas.
Outro fator que tende a ser decisivo para a derrota do PT ano que vem é a oposição econômica que lhe será promovida pelos maiores bancos.
Itaú e Bradesco vão apostar na oposição: Aécio Neves ou Eduardo Campos.
Postura idêntica a da Rede Globo (que já começou a pancadaria tirando o emprego de José Dirceu no hotel que seria o QG da campanha de 2014).

A sabotagem dos controladores globalitários, promovida nos bastidores econômicos, contra Dilma Rousseff já começou e tende se ampliar no decorrer de 2014.
Acusada midiática e justamente de ter derrubado o crescimento brasileiro e aumentado a inflação e a dívida interna, bagunçando as contas públicas, Dilma vai ser alvo de ataques diretos ao seu modelo nada eficiente de gestão em suas empresas símbolos do capimunismo no Brasil: a Petrobras e o BNDES.

Dilma corre até o risco de ser responsabilizada, judicialmente, por várias decisões que causaram, vem causando e devem causar ainda mais prejuízos aos investidores da Petrobras. Antes de ser alçada pelo Presidentro Lula para o trono do Palácio do Planalto, Dilma foi a "presidenta" do Conselho de Administração da Petrobras – cargo que é ocupado pelo desgastado Guido Mantega – que já pode ser pintado como o gestor do fracasso econômico da própria presidenta que tenta a reeleição.

Investidores da Petrobras – principalmente os internacionais – apostam que o governo não resiste a uma auditoria judicial, séria e independente, em vários negócios: nas refinarias Abreu Lima e Passadena, no Comperj, na Companhia de Recuperação Secundária (CRSec), na Petrobras International Finance Company S.A (PFICO) e na Gemini (caso que agora, surpreendentemente, aparece no noticiário que sempre o abafou.
As fragilidades na Petrobrás atingem mortalmente Dilma, Mantega e Lula – padrinho do ex-presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, e de seu diretor financeiro Almir Barbassa (no cargo há três governos).

Só a petralhada canalha e os petistas fanáticos fingem não perceber que o PTitanic já bateu no iceberg que irá afundá-lo a partir de outubro de 2014.

A próxima traição programada contra o PT é o rompimento do pacto com PMDB (partido que funciona igualzinho à Rede Globo: sempre apoia quem está no governo).
O movimento de rompimento com o PT será comandado pelo vice-Presidente Michel Temer (maçom que obedece ao que seus mestres britânicos da oligarquia transnacional ordenam) e pelo desesperado Sérgio Cabral Filho (que dará o troco ao "amigo" Lula por investir na candidatura ao governo do Rio do petista Lindberg Farias).

O PT não resistirá a 2014.
Esta é a aposta dos agentes econômicos internacionais.

Venezuela: seria a Igreja fascista tambem?

Venezuela protestas

Iglesia venezolana tilda de “totalitario” al Gobierno, pero ofrece mediación

CARACAS (VENEZUELA), 01/04/2014.-EFE/SANTI DONAIRE
Infolatam/Efe
Caracas, 2 de abril de 2014

Las claves
  • Representantes de la CEV explicaron que el Gobierno venezolano debe presentar al Vaticano una solicitud formal para que medie en el conflicto, después de que Maduro aceptara que secretario de Estado del Vaticano, Pietro Parolin, sea testigo del diálogo.
  • El arzobispo de Caracas, el cardenal Jorge Urosa Savino, dijo a Efe que aunque la CEV no ha tenido una contacto directo con Parolín, exnuncio apostólico en Venezuela, sabe que tiene "muy buena voluntad de colaborar en la solución del actual conflicto del país".

Los idus de marzo en América Latina

El análisis
Daniel Zovatto
(Infolatam).- “La gravedad de la crisis, el creciente malestar social (exacerbado por la carestía, el desabastecimiento, la criminalidad y la reciente devaluación del bolívar del 88%) y el alto nivel de represión y de polarización evidencian la necesidad de encontrar un mediador creíble e imparcial que ayude a poner en marcha, con urgencia, un diálogo honesto e inclusivo”.
La Conferencia Episcopal de Venezuela (CEV) calificó al Gobierno de Nicolás Maduro de “totalitario”, pero dijo estar dispuesta a mediar en el diálogo entre el oficialismo y la oposición para “apaciguar” la ola de protestas que vive el país.
Representantes de la CEV explicaron que el Gobierno venezolano debe presentar al Vaticano una solicitud formal para que medie en el conflicto, después de que Maduro aceptara que secretario de Estado del Vaticano, Pietro Parolin, sea testigo del diálogo.
En un comunicado leído por el arzobispo Diego Padrón, el episcopado arremete contra el Gobierno por la “brutal represión de la disidencia política”, las restricciones al derecho a la información y “la falta de políticas adecuadas para enfrentar la inseguridad jurídica y ciudadana”.
Lamenta, asimismo, las muertes de civiles y de guardias nacionales, que suman ya 39 desde el 12 de febrero pasado, y rechaza la “criminalización de la protesta ciudadana y la negación práctica de los derechos humanos en el trato a los manifestantes”.
“El Gobierno se equivoca al querer resolver la crisis por la fuerza”, apunta la CEV e invita a los ciudadanos “a no permanecer indiferentes” y promover el diálogo y la reconciliación.
En su opinión, la “causa fundamental de la actual crisis es la pretensión del partido oficial y las autoridades (…) de implantar el llamado ‘Plan de la Patria’, detrás del cual se esconde la promoción de un sistema de Gobierno de corte totalitario”.
Sobre el papel de la Iglesia católica, el arzobispo dijo que no le corresponde “decir cuándo, cómo y en qué medida” pueden ser mediadores. “A nosotros nos corresponde ofrecer nuestro humilde servicio como facilitadores de un diálogo”, apuntó.
Negó haber tenido algún acercamiento de parte del Gobierno para mediar en el diálogo y aseguró que la Iglesia venezolana puede emitir su opinión “con toda la libertad del mundo”, aunque “puede ser interpretado por unos y otros de diversas maneras”.
El arzobispo de Caracas, el cardenal Jorge Urosa Savino, dijo a Efe que aunque la CEV no ha tenido una contacto directo con Parolín, exnuncio apostólico en Venezuela, sabe que tiene “muy buena voluntad de colaborar en la solución del actual conflicto del país”.
Sobre las partes en conflicto, dijo que el Gobierno tiene una “muy seria responsabilidad en la conducción de la vida del país”, mientras que la oposición “se siente acorralada con la persecución política”.
Por ello, agregó, es necesario que el Gobierno atienda las “inquietudes” de sus adversarios para que exista una vida democrática y “fluida” en Venezuela.
“Que dialoguen dos personas depende de ellos dos, no depende de lo que un tercero diga”, sostuvo Urosa, quien descartó una visita del papa Francisco a Venezuela mientras continúe “este ambiente de turbulencia”.
Desde el 12 de febrero pasado Venezuela vive sumida en una ola de protestas contra las políticas del Gobierno de Maduro, que en algunos casos se han tornado violentas. El balance oficial hasta ahora es de 39 muertos y centenares de heridos y detenidos.

O livro mais ou menos branco da politica externa brasileira - Marcelo de Paiva Abreu

Mais do que um Livro Branco ou Verde, a política externa brasileira necessita de um laudo de autópsia. A lista de revezes é considerável. E em quase todos os casos há indeléveis digitais da assessoria do Palácio do Planalto. O problema não é apenas quanto à ênfase ideológica. É também de clara insuficiência quanto à avaliação e análise.
MPA

Custos da política externa
Marcelo de Paiva Abreu *
O Estado de São Paulo, quarta-feira, 2.4.2014

O Itamaraty propôs a elaboração de um Livro Branco contendo, nas palavras do ministro Luiz Alberto Figueiredo Machado, "princípios, prioridades e linhas de ação da política externa". Com vistas a oferecer subsídios a esse processo, organizou "uma série de eventos de diálogo entre governo, Congresso e sociedade civil".
No Brasil, não há tradição quanto à elaboração de documentos oficiais que reflitam as diferentes opiniões de segmentos da sociedade civil sobre temas específicos ou objetivos da política do governo com relação a tais temas. No Reino Unido, país onde tal tradição foi estabelecida originalmente, White Paper é um documento que detalha a política futura quanto a determinado tema e propõe legislação. Em tese, o White Paper faz uso de material produzido por Comissões Reais (Royal Commissions) e Green Papers, destinados a estimular o debate na sociedade civil. A iniciativa do Itamaraty está mais próxima à que caberia a uma Comissão Real, embora o esforço de captação do leque de opiniões da sociedade civil tenha sido menos ambicioso no Brasil. Talvez o esforço de consulta à sociedade civil devesse ter sido mais intenso e em prazo mais dilatado. Seja como for, a etapa crucial do processo é a agregação das opiniões da sociedade civil e sua transformação em recomendações de política, processo sob total controle do governo.
Embora as intenções do ministro sejam louváveis, o "timing" da iniciativa é um tanto peculiar. O que a justificaria, em pleno ano eleitoral, quase 12 anos depois da inflexão da política externa herdada do governo Cardoso? Talvez uma tardia tentativa de recuperação do espaço perdido para assessores presidenciais pelo Itamaraty na formulação da política externa? O Livro Branco conterá recomendações suprapartidárias de política externa? O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais fez, no lançamento dos diálogos propostos pelo ministro Figueiredo, enfática defesa da tese de que o matiz ideológico do governo do dia deve se refletir na política externa adotada pelo País. O Livro Branco será compatível com essa posição?
Mais do que um Livro Branco ou Verde, a política externa brasileira necessita de um laudo de autópsia. A lista de revezes é considerável. E em quase todos os casos há indeléveis digitais da assessoria do Palácio do Planalto. O problema não é apenas quanto à ênfase ideológica. É também de clara insuficiência quanto à avaliação e análise.
Há episódios políticos custosos cujos danos são de avaliação difícil, embora afetem a imagem do País: frustrada mediação no Oriente Médio, rocambolescos episódios envolvendo políticos hondurenhos e bolivianos, promiscuidade nas relações com governantes desmoralizados nos países vizinhos.
Já em outros casos os prejuízos são tangíveis. A Refinaria Abreu e Lima foi projetada para refinar, em Pernambuco, óleo pesado da Venezuela e do Brasil. Teria participação de 40% da PDVSA como sócia da Petrobrás. Os custos do projeto aumentaram oito vezes desde 2005 e a PDVSA não foi capaz de oferecer nem os recursos nem as garantias necessárias para obter financiamento do BNDES de forma a cumprir suas obrigações. Ao mesmo tempo, setores empresariais brasileiros - empreiteiras e exportadores de produtos agrícolas -, inicialmente entusiasmados com as oportunidades de negócios abertas pelo chavismo, hoje amargam contas atrasadas.
O documento sobre estratégia de política externa útil para qualquer presidente que tome posse em 2015 deve dar maior peso aos objetivos nacionais permanentes e tratar de refletir de forma crítica as idiossincrasias do governo do dia. Deverá buscar o meio-termo entre a omissão - cômoda, porém fatal para a pretensão brasileira de maior visibilidade global - e o ativismo desprovido de meios cujo resultado sempre é a perda de face.

*Marcelo de Paiva Abreu é doutor em economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular no departamento de Economia da PUC-RIO. 

Nuestros hermanos, los protecionistas: a Argentina e o (nao) futuro do Mercosul

O fator Argentina

02 de abril de 2014 | 2h 08
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
 
No primeiro trimestre do ano, as exportações do Brasil para a Argentina caíram 14,4% em relação ao primeiro trimestre de 2013 (veja o gráfico). Como pesam cerca de 8% sobre as vendas externas totais, essa retração tem impacto significativo na balança comercial brasileira, especialmente para o setor de veículos.
A Argentina passa por uma forte crise cambial. Não tem moeda conversível em volume suficiente para pagar todas as contas. Daí as travas sobre as importações do mundo inteiro, e não só as do Brasil, apesar dos tratados de livre-comércio e de união aduaneira que amarram os dois países.
Após meses em estudo, o governo Dilma acabou desistindo da proposta de liquidar em moeda nacional as contas com a Argentina porque esse acerto deixaria um mico enorme no Banco Central, pois o Brasil é superavitário nas relações comerciais com o vizinho: depois das compensações, sempre sobra um tanto a ser pago pela Argentina. Em 2013, o superávit foi de US$ 3,15 bilhões.
Nas últimas semanas, o Ministério do Desenvolvimento anunciou uma linha de crédito a ser aberta pelo setor privado e candidamente dizia acreditar na eficácia da gambiarra. É que o problema de fundo continua. Nem o Tesouro nem o Banco Central da Argentina estão dispostos a dar garantias para o pagamento futuro dessa dívida, nem tampouco esses avais podem ser dados pelo Brasil.
O ex-secretário da Indústria da Argentina no governo Duhalde Dante Sica, hoje consultor, não vê futuro em soluções desse tipo. Isso implica emperramento das exportações do Brasil para a Argentina até que as condições se normalizem, sabe-se lá quando.
Dante Sica não acredita que as atuais negociações de abertura comercial entre Mercosul e União Europeia tenham sucesso. Para ele, o máximo que conseguirão será certa encenação para manter as aparências e adiar indefinidamente um acordo. "Não há condições na economia da Argentina para avanços significativos de um acordo comercial", diz.
Não dá para dizer que as coisas por lá estejam inteiramente paradas. O governo de Cristina Kirchner começou a reduzir subsídios, especialmente sobre as tarifas da água e do gás. Também encaminhou um acordo com a espanhola Repsol, que perdeu por decreto o controle da petroleira argentina YPF. E começa a negociar um acordo com o Clube de Paris, que cuida das dívidas entre governos.
O ajuste está sendo descarregado quase inteiramente sobre o setor privado. O rombo das contas externas exige cobertura das reservas e o das contas públicas, das emissões de moeda. Em dezembro, as reservas estavam a US$ 30,6 bilhões; hoje, estão a US$ 27,2 bilhões; e a base monetária cresce a 18% ao ano. É o que explica que a inflação esteja em 33% ao ano pelos cálculos da Consultoria Abeceb, que Dante Sica dirige. Essa inflação põe em risco a relativa estabilidade cambial obtida a partir da última semana de janeiro, em torno de 8 pesos por dólar.
Normalmente, esse tipo de distribuição de contas a pagar pela população cobra alto custo eleitoral. Aparentemente, a presidente Cristina já desistiu de mais um mandato e trata de empurrar a administração econômica até o final de 2015.

A heranca maldita dos companheiros: a destruicao da Petrobras - RodrigoConstantino

Estou pessoalmente convencido de que a pressa e a incompetência demonstradas na "compra" (triplas aspas) da refinaria de Pasadena foram deliberadas e não tinham nada a ver com a compra de uma refinaria, de qualquer refinaria, ou de qualquer coisa. Os objetivos eram outros, mas isso não deve emergir na CPI, por outra incompetência: a da nossa "oposição" (aspas quadruplas).
Para bom entendedor...
Paulo Roberto de Almeida 

A destruição da Petrobras

O prejuízo bilionário na suspeita compra de uma refinaria no Texas pela Petrobras é apenas a ponta do iceberg. O caso deve ser investigado a fundo, claro, mas estamos diante de algo bem mais grave: a gradual destruição da maior empresa nacional, que pertence a todos nós por meio da União.
A perda de valor da estatal tem se acelerado bastante desde que a presidente Dilma assumiu o poder. Vários números podem comprovar a gravidade da situação. O principal deles é, sem dúvida, o preocupante patamar de endividamento da empresa. A Petrobras terminou 2013 com 221,6 bilhões de reais de dívida líquida, contra 62 bilhões de reais em 2010. Um crescimento de 257% em apenas três anos! Já a produção se encontra estagnada no mesmo período, e o Brasil precisa importar derivados de petróleo, a despeito da propaganda mentirosa de autossuficiência feita por Lula. Apesar de um gigantesco programa de investimentos, não houve contrapartida alguma, até agora, na produção de óleo e gás. Com dívida bem maior e produção parada, além do preço do combustível congelado pelo governo, o resultado é que o lucro por ação e o valor de mercado caíram pela metade durante a gestão Dilma.
É verdade que muitos desses problemas foram plantados na gestão de Sérgio Gabrielli, durante o governo Lula, mas Dilma já era presidente do conselho de administração da empresa nessa época, e decisões dela também ajudaram a agravar o quadro. O fenômeno é fruto da crescente politização da Petrobras, capturada pelo PT no pior tipo de “privatização” que existe: transformar a “coisa pública” em “cosa nostra”. O PT sempre acusou o PSDB de “privatista”, e chegou a levantar a hipótese, durante as eleições, de que os tucanos iriam vender a nossa maior estatal, o que seria coisa de “entreguista”. O próprio PT realizou, ainda que de forma incompetente, importantes privatizações, como a dos aeroportos e rodovias. No caso da Petrobras, preferiu transformá-la em um instrumento de uso político e de combate à inflação. Os interesses econômicos de seus milhões de acionistas, incluindo todos os contribuintes, foram sacrificados em prol dos objetivos eleitoreiros. O mesmo aconteceu na Venezuela com a estatal PDVSA. Ocorre que o populismo, somado à incompetência, acaba matando a galinha dos ovos de ouro. Nem mesmo uma empresa de petróleo aguenta ser tão maltratada por muito tempo.
 Por que, então, essa destruição visível de um patrimônio nacional vem acontecendo sem alarde? Em primeiro lugar, temos o ufanismo daqueles nacionalistas que ainda acreditam no velho slogan “o petróleo é nosso”. O petróleo, na verdade, é deles, daqueles que mamam nas tetas da Petrossauro, como a chamava Roberto Campos. O que nos leva ao segundo motivo do silêncio: são muitos grupos de interesse organizados que se beneficiam com a gastança enorme e sem tanta transparência da Petrobras. Para começar, seus quase 90 000 colaboradores. Claro que há, entre eles, críticos da atual situação que prefeririam ver a empresa gerida pela meritocracia. Mas os 27,6 bilhões de reais gastos com pessoal em 2013, um aumento de 51% em relação a 2010, servem como forte estímulo ao apoio dos funcionários. Além disso, temos todos os empresários que fornecem produtos e serviços para a estatal, felizes da vida com a cláusula nacionalista imposta pelo governo, que obriga a empresa a comprar mais da metade dos equipamentos de exploração dentro do país. A presidente Graça Foster chegou a reclamar do atraso na entrega das sondas, ameaçando importá-las.
 Artistas e ONGs dependem das gordas verbas de patrocínio cultural da Petrobras. A estatal “investiu”, apenas em 2013, 520 milhões de reais em 830 projetos sociais, ambientais e de esporte educacional. É uma montanha de recursos capaz de testar a independência do mais íntegro dos seres humanos. Por fim, temos os próprios políticos, que adoram a ideia de usar a estatal como moeda de troca ou fonte de recursos. Basta lembrar o deputado Severino Cavalcanti pedindo à área da Petrobras que “fura poço” que selasse aliança política com o então presidente Lula.

Nota do Itamaraty: Livro Branco terá outra cor, para nao ferir sensibilidades

Nota do MRE:

Nota nº 79

Livro Branco da Política Externa: sugestão quanto à designação do documento - Palácio Itamaraty, 1 de Abril de 2014

1/04/2014 -

Como uma das primeiras decisões dos Diálogos sobre a Política Externa, a partir da experiência adquirida nos diversos exercícios conduzidos no Palácio Itamaraty, durante o mês de Março de 2014, e que irão subsidiar a preparação de um documento oficial sobre a política externa brasileira, o Grupo de Trabalho do Ministério das Relações Exteriores encarregado de sua preparação, decidiu oferecer a sugestão de substituir o nome provisório, e tradicional, que se dá a esse tipo de documento, por uma nova designação mais suscetível de refletir o ambiente diverso, inclusivo quanto aos gêneros representados no processo de consulta e diálogo com os representantes da sociedade civil, e que passará a ser chamado de Livro Arco-Iris da Política Externa Brasileira.
O Grupo de Trabalho espera poder oferecer uma primeira versão desse documento nas próximas semanas; ele será oficialmente apresentado em cerimônia no Ministério das Relações Exteriores em data a ser futuramente anunciada.


Um Bolivar diferente da imagem habitual: de quem seria o texto? - Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Marxistas ou bolivarianos?

Bolívar foi descrito como um membro da rica elite local, aristocrata educado no exterior, inapto como comandante militar, vaidoso ao extremo

‘Era filho de uma das famílias mantuanas que, no período da supremacia espanhola, constituíam a nobreza crioula da Venezuela. Em consonância com o costume dos americanos ricos da época, ele foi mandado para a Europa aos 14 anos de idade. Da Espanha, seguiu para a França e residiu em Paris por alguns anos.
“De pé sobre um carro triunfal, puxado por doze jovens vestidas de branco e enfeitadas com as cores nacionais, todas escolhidas entre as melhores famílias de Caracas, Bolívar, com a cabeça descoberta e uniforme de gala, agitando um pequeno bastão, foi conduzido por cerca de meia hora, desde a entrada da cidade até sua residência. Proclamando-se ‘Ditador e libertador das Províncias Ocidentais da Venezuela’, formou uma tropa de elite que denominou de sua guarda pessoal e se cercou de pompa própria de uma corte. Entretanto, como a maioria de seus compatriotas, ele era avesso a qualquer esforço prolongado, e sua ditadura não tardou a degenerar numa anarquia militar, na qual os assuntos mais importantes eram deixados nas mãos de favoritos, que arruinavam as finanças públicas e depois recorriam a meios odiosos para reorganizá-las.
“Bolívar tornou a se reunir com os outros comandantes na costa de Cumaná, mas, ao ser recebido com rispidez e ameaçado por Piar de ser levado a julgamento na corte marcial por deserção e covardia, retrocedeu prontamente para Los Cayos.
“Piar, o conquistador da Guiana, que outrora havia ameaçado levar Bolívar à corte marcial como desertor, não poupava de ironias o ‘Napoleão das retiradas’ e, por conseguinte, este aprovou um plano para se livrar dele. Sob as falsas acusações de ter conspirado contra os brancos, planejado um atentado contra a vida de Bolívar e aspirado ao poder supremo, Piar foi levado a julgamento por um conselho de guerra presidido por Brion, condenado, sentenciado à morte e fuzilado em 16 de outubro de 1817.
“Com um tesouro de uns 2 milhões de dólares, obtidos dos habitantes de Nova Granada mediante contribuições forçadas, e dispondo de uma tropa de aproximadamente nove mil homens, um terço dos quais compunha-se de ingleses, irlandeses, e outros estrangeiros bem disciplinados, coube-lhe então enfrentar um inimigo despojado de todos os recursos e reduzido a uma força nominal de 4.500 homens, dois terços dos quais eram nativos e, por conseguinte, não podiam inspirar confiança nos espanhóis. [...] Se Bolívar tivesse avançado com arrojo, suas simples tropas europeias teriam esmagado os espanhóis, porém ele preferiu prolongar a guerra por mais cinco anos.
“Bolívar já não julgou necessário manter a aparência de ser o comandante supremo, delegou toda a condução dos assuntos militares ao general Sucre, e se restringiu às entradas triunfais, aos manifestos e à promulgação de constituições. Por meio de sua tropa de guarda-costas colombianos, manipulou a votação do Congresso de Lima, que, em 10 de fevereiro de 1823, transferiu para ele a ditadura. [...] Ali, onde as baionetas de Sucre imperavam, Bolívar deu livre curso a suas inclinações para o poder arbitrário, e introduziu o ‘Código Boliviano’, numa imitação do Código Napoleônico.
“O que Bolívar realmente almejava era erigir toda a América do Sul como uma única república federativa, tendo nele próprio seu ditador. Enquanto, dessa maneira, dava plena vazão a seus sonhos de ligar meio mundo a seu nome, o poder efetivo lhe escapou rapidamente das mãos.”
Um membro da rica elite local, aristocrata educado no exterior, inapto como comandante militar, vaidoso ao extremo, dependente da ajuda dos próprios “imperialistas” para “libertar” seu povo, tirano e covarde: assim essas linhas retratam Simón Bolívar. Quem teria escrito uma biografia tão negativa do herói (ou mito) latino-americano? Algum conservador reacionário? Um golpista de direita, talvez?
Nada disso. Trata-se da biografia que Karl Marx escreveu para atender a um pedido (pago) de Charles Dana para a “New American Cyclopaedia”, em 1857. O tom do texto, excessivamente ríspido, despertou a atenção do contratante, que chegou a reclamar com o autor. Em carta a seu amigo Engels, Marx explicou seus motivos: “No que concerne ao estilo preconceituoso, certamente saí um pouco do tom enciclopedístico. Seria ultrapassar os limites querer apresentar como Napoleão o mais covarde, brutal e miserável dos canalhas.”
O problema é que nossos marxistas não leem Marx. Bolivarianismo e marxismo são como água e óleo: não se misturam. É preciso escolher: ou um, ou outro. Defender ambos é impossível.

O Globo, 1/04/2014
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/marxistas-ou-bolivarianos-12048539#ixzz2xh6ASwbw 
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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...