O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sábado, 21 de novembro de 2009

1523) Leituras diplomaticas - uma demanda sempre renovada

Estou sempre recebendo consultas sobre o que ler para se preparar para a carreira diplomática e, sinceramente, tento ajudar mas não sei, simplesmente não sei o que indicar, tantos são os livros interessantes e "necessários".
Por isso, permito-me reproduzir aqui uma recomendação já antiga, mas que creio permanece ainda válida em suas linhas gerais.

Dez obras fundamentais para um diplomata
Por Paulo Roberto de Almeida
www.pralmeida.org

Fui consultado, no final de setembro de 2006, por um candidato à carreira diplomática, sobre as dez obras que eu julgava fundamentais para um diplomata. Interpreto esse tipo de consulta como uma demanda típica de quem pretende ler, ou pelo menos conhecer, as dez obras mais importantes que poderiam integrar a cultura geral de todo diplomata ou que permitiriam a um “paisano” preparar-se para a carreira.

Não tenho certeza de conseguir satisfazer tal curiosidade, uma vez que toda lista restritiva é sempre um pouco subjetiva, denotando mais as preferências pessoais do seu autor do que, necessariamente, as obras “funcionalmente” mais importantes ou aquelas “culturalmente” relevantes, que deveriam integrar a bagagem cultural de todo ser humano medianamente bem informado ou razoavelmente bem formado. Como, entretanto, não se trata de “cultura de salão”, vou tentar traçar uma lista indicativa dos livros que considero importantes para uma boa cultura clássica ou para uma formação adequada no quadro da cultura brasileira.

Como, adicionalmente, se trata de selecionar obras “operacionalmente” relevantes do ponto de vista do diplomata, permito-me indicar aqui aquelas que apresentam uma inclinação especial para os temas de relações internacionais do Brasil. Esta lista, segundo minhas preferências pessoais, seria composta das seguintes obras:

1) Heródoto: História (440 a.C.)
Trata-se, obviamente, do nascimento da história, tal como vista por um grego refinado que interpreta os acontecimentos contemporâneos – as chamadas guerras pérsicas – do ponto de vista de uma pequena comunidade de homens livres que consegue derrotar as tropas de um poderoso império, aliás o mais poderoso então existente; Heródoto faz descrições dos povos habitantes do Mediterrâneo. Existem muitas traduções desta obra clássica, inclusive em português, mas uma boa tradução em inglês pode ser vista neste link: http://classics.mit.edu/Herodotus/history.html; para uma introdução rápida ao conjunto da obra e um útil sumário dos nove livros, consultar este outro link: http://mcgoodwin.net/pages/otherbooks/herodotus.html.

2) Maquiavel: O Príncipe (1513; divulgado pela primeira vez em 1532)
A mais famosa obra de “política prática” conhecida na tradição ocidental – existe um Maquiavel indiano, chamado Kautilya, que escreveu um guia de “administração” do Estado, conhecido como Arthashastra – e que tem servido de referência a incontáveis oportunistas da dominação política, interessados em justificar suas ações nem sempre fundamentadas na moralidade ou na ética. Existem inúmeras traduções em português, com prefácios de cientistas políticos ou de filósofos – uma das mais famosos é o de Isaiah Berlin – assim como arquivos eletrônicos livremente disponíveis, em diversas línguas. O mais famoso estudioso da vida e da obra de Maquiavel é o italiano Pasquale Villari, em seus três volumes de Niccolò Machiavelli e i suoi tempi (consultei a 3ª edição, “riveduta e corretta dall’autore”: Milano: Ulrico Hoepli, 1912; a primeira edição foi publicada em Florença, em 1877). Ver um arquivo eletrônico da obra, entre muitos outros, no original italiano (mas modernizado, obviamente) no seguinte link: http://metalibri.incubadora.fapesp.br/portal/authors/
m/machiavelli-niccolo-di-bernardo-dei/il-principe/
.

3) Tocqueville: A Democracia na América (1835)
Uma “enquête” sobre o sistema carcerário americano, feito a pedido do governo francês, redundou no mais famoso livro sobre a formação política da maior nação do hemisfério ocidental. Depois de entregar seu relatório sobre o sistema prisional dos EUA, Tocqueville aprofundou a análise do sistema representativo republicano, até então inédito no plano mundial, bem como se estendeu sobre outros aspectos – políticos, sociais e econômicos – da ex-colônia inglesa, na qual ele viu a semente do gigante americano. Um site da universidade do Québec, no Canadá, é o mais acessível para a versão completa, em francês, desta obra legitimamente clássica: http://classiques.uqac.ca/classiques/De_tocqueville_alexis/
democratie_1/democratie_tome1.html
.

4) Pierre Renouvin (org.): Histoire des relations internationales (1953-58)
O grande historiador francês dirigiu a edição original, em oito volumes, com quatro autores. Apesar de démodée, em vários aspectos, historicamente datada, ainda é uma obra de referência, sobretudo por conter uma história abrangente, inserida no contexto da civilização ocidental. Existe um nova edição, em três volumes encadernados, publicados em 1993 pela mesma editora da primeira edição: a Hachette, de Paris. Fiz uma resenha desta obra, destacando as (poucas) partes que se referem ao Brasil, neste trabalho: “Contribuições à História Diplomática: Pierre Renouvin, ou a aspiração do total”, Paris, 8 agosto 1994, 15 p. Resenha crítica de Pierre Renouvin (ed): Histoire des Relations Internationales (Paris: Hachette, 1994, 3 vols: I: Du Moyen Âge à 1789 (876 pp.); II: De 1789 à 1871 (706 pp.); III: De 1871 à 1945 (998 pp.); publicada na seção Livros da revista Política Externa (São Paulo: vol 3, nº 3, dezembro-janeiro-fevereiro 1994/1995, pp. 183-194); disponível em, sua versão integral, no site Parlata: http://www.parlata.com.br/parlata_indica_interna.asp?seq=21.

5) Henry Kissinger: Diplomacy (1994; várias edições posteriores)
Três séculos de história diplomática, desde Westfália até o final do século XX, por um dos mais conhecidos adeptos da teoria realista (mas com enorme conhecimento da história). Sua tese de doutoramento, sobre o Congresso de Viena, ainda hoje é uma referência em história diplomática. O autor é, evidentemente, kissingeriano, e não se cansa de dar seus conselhos sobre como os EUA devem tratar com os demais gigantes da política mundial, sendo meramente condescendente com “lesser actors”. Ainda assim, uma grande e indispensável leitura a todos aqueles que desejam conhecer o “inner functionning” da política externa da grandes potências. O autor se estende nos movimentos da própria diplomacia americana, dividida entre o idealismo wilsoniano e o pragmatismo realista que ele mesmo sempre buscou imprimir à condução dos assuntos externos quando foi conselheiro de segurança nacional do presidente Nixon e depois Secretário de Estado de Nixon e de Gerald Ford. Tem quem deteste Kissinger, por sua ação “imperial”, mas nem por isto este livro deixa de ser indispensável.

6) Manuel de Oliveira Lima: Formação histórica da nacionalidade brasileira (1912; nova edição: Rio de Janeiro: Topbooks, 1997)
Oriundo de conferências que o historiador-diplomata realizou na Sorbonne, em 1911, quando era ministro em Bruxelas, a obra foi concebida em francês, depois traduzida e publicada no Brasil. Trata-se de um vasto panorama da formação histórica, inclusive comparativa, do Brasil, por um dos nossos maiores historiadores sociológicos. Não conheço análises de uma das obras menos referidas de Oliveira Lima, a não ser os prefácios de José Veríssimo e de Gilberto Freyre para a edição brasileira de 1944. A nova edição deste clássico sobre a formação do Brasil foi enriquecida, na edição da Topbooks, pelo acréscimo de conferência do autor sobre o Brasil e os estrangeiros.

7) Pandiá Calógeras: A política exterior do Império (três volumes, 1927-1933; reedição fac-similar, 1989; Brasília: Câmara dos Deputados)
Alguns dizem que esta obra é excessiva e, de fato, para tratar da diplomacia brasileira da época imperial, ela recua um pouco demais: começa na formação da nacionalidade portuguesa e se estende até a queda de Rosas (1852), apenas. Efetuei uma análise dessa obra no seguinte trabalho: “Contribuições à História Diplomática do Brasil: Pandiá Calógeras, ou o Clausewitz da política externa”, Brasília: 21 março 1993, 13 pp., revisto em 22 maio 1993. Artigo-resenha dos livros de João Pandiá Calógeras, A Política Exterior do Império (volume I: As Origens; volume II: O Primeiro Reinado; volume III: Da Regência à Queda de Rosas; edição fac-similar: Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, Câmara dos Deputados, Companhia Editora Nacional, coleção “Brasiliana, 1989, xl + 490, 568 e 620 pp). Publicado na revista Estudos Ibero-Americanos (Porto Alegre, PUCRS, v. XVIII, n. 2, dezembro 1992, pp. 93-103). Relação de Publicados n° 117. Disponível neste link do site Parlata: http://www.parlata.com.br/parlata_indica_interna.asp?seq=22.

8) Carlos Delgado de Carvalho: História Diplomática do Brasil (1959; reedição fac-similar, 1998; Brasília: Senado Federal)
Apesar de antiquada em sua metodologia e historicamente defasada, tendo deixado de servir de livro-texto depois da publicação da obra conjunta de Amado Luiz Cervo e Clodoaldo Bueno – História da Política Exterior do Brasil (3ª ed.; Brasília: UnB, 2006) – essa obra permanece ainda uma referência parcialmente válida para o estudo dos períodos colonial, imperial e republicano, até o final dos anos 1950. Efetuei uma análise neste trabalho (que serviu, ao mesmo tempo, de introdução à sua reedição facsimilar): “Em busca da simplicidade e da clareza perdidas: Delgado de Carvalho e a historiografia diplomática brasileira”, Brasília, 12 dezembro 1997, 25 pp.; revisão em 05.01.98. Texto introdutório à reedição de Carlos Delgado de Carvalho (1884-1980), História Diplomática do Brasil (1ª ed.: São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959; edição facsimilar: Brasília: Senado Federal, 1998; Coleção Memória brasileira n. 13, lxx, 420 p.), pp. xv-l, incorporando ainda apresentação do Emb. Rubens Ricupero (pp. iii-xiv), elaborada originalmente em 1989, em Genebra). Elaborei uma versão revista dessa introdução, com prefácio, para uma segunda edição, em 2004, mas ela foi publicada sem minhas correções e acréscimos; para a edição de 1998, ver: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/
24DelgadoHistoDiplom.html
; meu texto: http://www.pralmeida.org/01Livros/1NewBoooks/PrepNewEdDelg2004.pdf.

9) Marcelo de Paiva Abreu (org.). A Ordem do Progresso: cem anos de política econômica republicana, 1889-1989 (Rio de Janeiro: Campus, 1989; várias reedições)
Uma coletânea indispensável de estudos especializados, por onze diferentes autores, para conhecer a trajetória econômica e política do século republicano. O organizador assina o capítulo relativo à modernização autoritária, entre 1930 e 1945. O volume se abre por um estudo de Gustavo Franco sobre a primeira década republicana, seguido de Winston Fritsh, que se ocupa do apogeu e crise da primeira República, de 1900 a 1930. Sérgio Besserman Vianna assina dois excelentes ensaios sobre o imediato pós-guerra, de 1945 a 1954. Marcelo de Paiva Abreu volta para tratar dos conturbados anos 1961-1964, sobre a inflação, estagnação e ruptura. A estabilização e a reforma, entre 1964 e 1867, são tratadas por André Lara Rezende e as distorções do “milagre” econômico , de 1967 a 1973, por Luiz Aranha Corrêa do Lago. Dionísio Dias Carneiro vem na seqüência (1974-1980) e divide com Eduardo Modiano um capítulo sobre a primeira metade dos anos 1980. Esse último autor encerra a obra com a “ópera dos três cruzados”, uma análise das tentativas de estabilização no final da década. Um anexo estatístico cobre o longo século republicano, contendo os principais indicadores da atividade econômica e das relações externas. Este livro pode ser completado pela leitura desta outra coletânea: Fabio Giambiagi, André Villela, Lavínia Barros de Castro e Jennifer Hermann (orgs.), Economia Brasileira Contemporânea (1945-2004) (Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, 432 p.), do qual efetuei uma resenha, neste link de Parlata: http://www.parlata.com.br/parlata_indica_interna.asp?seq=39.

10) Paulo Roberto de Almeida: Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (publicado em primeira edição em 2001; reedição em 2005 pela Senac-SP; ver em www.pralmeida.org).
Com a permissão dos leitores para esta demonstração de auto-indulgência, termino esta lista, narcisisticamente, por um dos meus livros. Eu poderia indicar outros livros de história diplomática do Brasil, mas disponho, aparentemente, de crédito suficiente – em matéria de pesquisa e de estudos acumulados na área da história e das relações econômicas internacionais do Brasil – para destacar minha própria investigação histórica sobre os fundamentos da nossa moderna diplomacia econômica, com a promessa de que vou continuar esse trabalho de pesquisa em dois volumes subseqüentes cobrindo o longo século republicano. Uma apresentação geral da obra foi feita neste artigo: “A formação da diplomacia econômica do Brasil”, Lua Nova, revista de cultura e política, São Paulo: CEDEC, n. 46, 1999, p. 169-195; link: www.pralmeida.org/04Temas/11academia/05materiais/673FDERevLuaNova2.pdf.

Voilà: creio que os candidatos à carreira diplomática já dispõem de leituras para os próximos meses...

Brasília, 29 de setembro de 2006.
Revisão: 14 de outubro 2006.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

1522) Argentina: razoes e modalidades da anomia politica

Transcrevo do Blog do ex-prefeito Cesar Maia:

DECÁLOGO DA ANOMIA NA ARGENTINA! BOA PARTE SERVE AO BRASIL!
20.11.2009

Trechos do artigo de Eduardo Fidanza (La Nacion, 19/11/2009), Sociólogo da Consultora Poliarquia. Anomia significa ausência de normas para regular a vida social. Minha análise consta de dez fatores de anomia argentina.

1. O primeiro e talvez o mais grave definiu o historiador Tulio Halperín Donghi: "Se há um elemento que caracteriza a vida política argentina é a recíproca negação de legitimidade das forças que nela se enfrentam, agravada porque estas não coincidem nem nos critérios aplicáveis para reconhecer essa legitimidade".

2. O segundo fator, que é consequência do anterior, chamarei de demarcação de territórios. As elites argentinas, como os animais, fixam obsessivamente os limites de seus espaços de ação e pretendem reinar ali sem intromissões nem limites.

3. O terceiro fator é o descolamento entre poder e autoridade Como ninguém reconhece legitimidade ao outro, na Argentina cada setor se dedica a exercer o poder. O poder sem legitimidade se reduz à pura força. Há que ser prepotente, avançar, apertar, atropelar, ocupar espaços, depredar.

4. O quarto fator é a falta de consenso a respeito do perfil institucional do país. A classe dirigente argentina não se põe de acordo acerca de que tipos de instituições deveriam reger a sociedade.

5. O quinto fator é a utilização do Estado para fins partidários. Esse fenômeno é, em geral, uma tentação irresistível, alcançou na Argentina níveis intoleráveis. Implica, como tantas vezes se tem repetido, numa confusão entre Estado, Governo e Partido. Chegar ao governo supõe apropriar-se do Estado como instrumento arbitrário de acumulação de poder.

6. O sexto fator deriva do anterior. É a deserção do Estado de suas funções básicas. Lá se vão duas décadas que nossa classe dirigente discute se o Estado deveria intervir ativamente na economia ou deveria limitar-se a garantir serviços essenciais. Tivemos uma década para cada posição.

7. O sétimo fator é a fragmentação e perda de identidade das forças políticas. A decadência dos partidos, o uso arbitrário do poder estatal, as máscaras do peronismo, os problemas da UCR para governar, a inexistência de uma direita e esquerda apresentáveis, entre outros infortúnios, produziram a atomização e a dissolução das identidades políticas.

8. O oitavo fator é o autismo. As elites argentinas, enrascadas em suas lutas facciosas, perderam a noção de que vivem em uma região do mundo, com graves problemas. Com isso há uma perda de tempo (se não uma imbecilidade) em viver dilapidando oportunidades, debatendo temas do passado, praticando a desunião e dando as costas à realidade internacional.

9. O nono fator é a desigualdade. É certo que se trata de um problema mundial de difícil solução, mas a Argentina é o país da região que se tornou mais desigual em menos tempo.

10. O décimo fator é um signo de governos irresponsáveis. Quando a economia vai bem, se gasta e reparte sem prever tempos piores. Se induz a crer que não há limites. Quando o bom tempo termina, cada setor se crê com o direito a seguir reclamando a quota prometida.

=======

Permito-me remeter a outros fatores sobre a decadência de um país, em trabalho que fiz de maneira genérica, mas que também se aplica inteiramente ao Brasil:

Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...)”,
número especial sobre “O Brasil que saiu das urnas”, da revista Digesto Econômico, revista da Associação Comercial de São Paulo (ano 62, nr. 441, jan-fev 2007, p. 38-47; ISSN: 0101-4218; disponível em duas partes no site da revista; links: (a) primeira parte ; (b) segunda parte).

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

1521) Deus e Papai Noel, segundo um analista americano

Apenas curioso, aos olhos de um brasileiro, pois não temos essa simetria de partidos opostos na ideologia e nos propósitos sociais, como nos EUA, mas se poderia argumentar, em relação a crenças relgiosas que "There is no such a thing as God", como ele afirma em relacão a Papai Noel.
Em todo caso, vai pelo divertimento...

On God and Santa Claus
From P.J. O'Rourke's book Parliament of Whores

I have only one firm belief about the American political system, and that is this: God is a Republican and Santa Claus is a Democrat.

God is an elderly or, at any rate, middle-aged mate, a stern fellow, patriarchal rather than paternal and a great believer in rules and regulations. He holds men strictly accountable for their actions. He has little apparent concern for the material well-being of the disadvantaged. He is politically connected, socially powerful and holds the mortgage on literally everything in the world. God is difficult. God is unsentimental. It is very hard to get into God's heavenly country club.

Santa Claus is another matter. He's cute. He's nonthreatening. He's always cheerful. And he loves animals. He may know who's been naughty and who's been nice, but he never does anything about it. He gives everyone everything they want without thought of a quid pro quo. He works hard for charities, and he's famously generous to the poor. Santa Claus is preferable to God in every way but one: There is no such thing as Santa Claus.

1520) A proposito de mais um aniversario

Etapas cronológicas (mais uma) e sentido da vida (se é que existe)
Paulo Roberto de Almeida

Cada nova etapa da vida, ou melhor, cada marca do avanço anual em nosso itinerário pessoal (sempre irreversível, como a flecha do tempo), convida, ao que parece: (a) à elaboração de um balanço recapitulativo; (b) a se fazer uma reconsideração do que já foi cumprido, até o momento do balanço, ou seja, proceder a uma avaliação do que poderia ter sido feito, e todavia não foi; e (c) eventualmente, a uma reconfiguração (novas promessas?) do que se pretende fazer, desse momento para a frente.
Nem todos cumprem essa tripla tarefa; na verdade, são poucos os que buscam avaliação e reconfiguração de tarefas auto-assumidas, uma ínfima minoria, creio eu. Apenas aqueles que estabelecem objetivos muito precisos na vida costumam se fixar a obrigação de sempre reexaminar o trajeto percorrido e tentar alinhar novas metas para o itinerário futuro. Não poderia ser diferente comigo, pois estou sempre engajado em alguma tarefa ou várias (não raro “atrasadas”) todo o tempo. Nem sempre foi assim, mas desde que me reconheço como pessoa pensante (isto é, com minha própria cabeça), tenho sempre leituras esperando e vários trabalhos por terminar, uma interminável lista de “working papers” que parece bem maior nas intenções do que na relação de terminados.
Deve ser alguma doença obsessiva ou um desvio de personalidade, qualquer coisa no meio disso (ou mais além), embora estes termos sejam fortes demais, provavelmente, para caracterizar o que parece revelar apenas certo gosto exagerado pelos livros e um prazer especial no ato de escrever alguma coisa, qualquer coisa, em torno dessas leituras. Como já relatei anteriormente, aprendi a ler na tardia idade de sete anos, e desde então nunca mais parei; não tenho certeza de quando comecei a escrever (compulsivamente, quero dizer), mas também nunca mais parei, seja lá quando começou dessa forma furiosa.
Pois bem, quais são os meus objetivos de vida, pelo menos aqueles declaráveis? Depois de uma tentativa inicial de derrubar o sistema, mudar o regime e recriar a vida – o que vários de minha geração tentaram comigo – acomodei-me no trabalho intelectual, bem menos perigoso, diga-se de passagem, do que minhas aventuras juvenis de criar um outro mundo possível. Na verdade, parece que essa era mesmo a minha vocação original, pois confesso nunca ter me adaptado muito bem a uma dupla vida (embora esse recurso excepcional seja por vezes conveniente). De fato, o ser incógnito não combina bem com o trabalho intelectual de pesquisa, de redação e de publicação de ensaios sobre questões diversas de interesse pessoal ou de relevância social. Alguns, talvez por timidez, assinam com pseudônimo poesias juvenis; outros, como foi o meu caso, usaram pseudônimos em situações de restrições à liberdade e ao direito de expressão, o que correspondeu, em grande medida, à situação do Brasil nos meus anos de formação e desenvolvimento intelectual. Terei, oportunamente, de recuperar alguns desses escritos “alternativos” e reinseri-los no conjunto da produção, o que de toda forma não me parece muito urgente ou importante.
O fato é que, restabelecida a democracia no Brasil, e eliminada de vez a necessidade da discrição ou do subterfúgio, dei início a uma produção escrita que pode ser considerada como razoável nos meios acadêmicos, ou talvez até excepcional no seio da casta diplomática, sempre mais contida na expressão pública de opiniões ou argumentos pessoais sobre temas alheios à sua esfera de competência específica. Essa atividade sempre esteve associada, ainda antes de assumir minha condição profissional de carreira, ao exercício de lides acadêmicas voluntariamente assumidas (e parcialmente cumpridas, na medida de minhas disponibilidades em relação ao trabalho principal).
Nunca me preocupei em ser apenas acadêmico (ou teórico), e de fato sou essencialmente critico em relação à situação de baixa produtividade de nossas universidades públicas, assim como nunca pretendi ser apenas diplomata, mantendo uma atitude de avaliação realista em torno de nossas supostas qualidades apregoadas. De fato, o trabalho intelectual se justifica por si mesmo, sem necessidade de suporte acadêmico ou profissional, sem sequer vinculação a qualquer esforço editorial ou de publicação (sempre um problema num país de restritas possibilidades nessa área, como o Brasil). Na era das tecnologias da informação e da livre disposição e acesso a espaços abertos de comunicação e interação pública, como são os blogs, essas limitações já não representam mais um problema: paradoxalmente, os blogs são o maior “free lunch” que o capitalismo tem a oferecer e não sou eu que vai tentar resolver essa contradição positiva sob todos os pontos de vista.
Para ser mais preciso, desde quase dez anos mantenho meu próprio site pagante – nos cinco anos anteriores em formato gratuito, e limitado – que foi concebido e realizado exclusivamente para fins didáticos e docentes, ou seja para informar, formar e subsidiar estudantes desorientados, jovens dubitativos e outros curiosos eventuais. A despeito de certo número (mais de uma dúzia) de livros editados comercialmente, nunca me preocupei em obter qualquer ganho com os meus escritos, e continuo não motivado por esse aspecto da produção intelectual (já que não tiro o meu sustento dessa frente de trabalho, nem pretendo acumular capital, primitiva ou secundariamente). Daí a grande – alguns diriam enorme – disponibilidade de textos acabados (numerados) em meu site e um volume ainda maior de textos que ainda pretendo escrever (e de livros que gostaria de publicar).
Não tenho uma linha determinada em toda essa produção – respeitável, reconheço – mas tenho consciência de minhas competências e incompetências, embora seja “intrometido” o suficiente para me debruçar sobre questões que não fazem necessariamente parte de meu universo de trabalho ou de pesquisas. De fato, tento concentrar-me em temas para os quais tenho afeição intelectual ou empatias sociais. Afastado o vezo ideológico de meus primeiros escritos – abertos ou “clandestinos” – e a orientação militante de alguns textos sociológicos da primeira fase, tenho seguido a inclinação natural do ambiente profissional – que é o universo das relações internacionais – e meu gosto acentuado pela pesquisa histórica (para a qual não fui treinado técnica ou metodologicamente, diga-se de passagem). Acumularam-se, assim, livros e ensaios sobre a política externa e as relações internacionais do Brasil, sobre a economia mundial e o desenvolvimento econômico comparado, bem como os trabalhos de história diplomática e de historiografia especializada nessa área.
Também tenho especial gosto pela história das idéias e pelos debates em torno de políticas publicas, em especial nos terrenos da economia e da educação. Nesses campos, porém, sou mais um “livre atirador” do que um especialista com credenciais aferidas. Não deixo, contudo, de elaborar minhas pílulas atrevidas e de oferecê-las livremente, como garrafas lançadas ao mar, esperando que alguém as recolha e retome o debate. Tenho sido um critico unilateral dos chamados antiglobalizadores – ou altermundialistas, como eles preferem se chamar – por encontrá-los especialmente irrealistas, inconseqüentes ou até mesmo prejudiciais à definição de uma via adequada ao desenvolvimento dos países atrasados. Não creio que o correto caminho da prosperidade e do crescimento sustentado passe, de perto ou de longe, pelas políticas preconizadas por esse bando de órfãos das soluções utópicas e de opositores da globalização, mas meus numerosos escritos nessa vertente têm recebido escassa repercussão. Talvez eu não esteja formulando minhas idéias e argumentos de maneira compreensível a maioria de meus leitores, pois confesso certa prolixidade de expressão e uma tendência ao alongamento da discussão (além, ao que parece, de um discutível estilo “florestânico”, adquirido no contato precoce com a escola paulista de sociologia).
Ao fim e ao cabo, o balanço que eu posso fazer de minha produção não é de nenhuma forma desprezível, e digo isso sem qualquer sentimento de auto-elogio ou de satisfação injustificada. Não estou, de verdade, preocupado em acumular volume quilométrico, e a numeração e a listagem de meus trabalhos se destinam exclusivamente à organização necessária da produção (do contrário, eu não conseguiria encontrar algum texto esquecido nas camadas geológicas dessa massa caótica de textos diversos). De certa forma, cumpri com a vocação secreta ou implícita da juventude, qual seja, viver com livros, pelos livros, para os livros, essencialmente no debate e no confronto de idéias. Por certo, poderia ter feito mais do que efetivamente fiz, em especial na finalização de longos ensaios ou livros há muito tempo parados no pipeline dos “working files”, mas isso significa que eu teria de dedicar-me unicamente à atividade intelectual, o que tampouco representa a solução ideal para uma personalidade inquieta, como eu, com a situação do mundo real, em especial no Brasil.
Quanto a prometer novos empreendimentos num momento de balanço e recapitulação, creio que vou eximir de promessas exageradas, pois já são muitos os projetos inconclusos e os esquemas desenhados e não realizados. Se eu conseguir, daqui para a frente, “liquidar” uma parte, que seja, dos textos esboçados e diminuir, ao menos um pouco, a pasta dos “Books To Work”, já me darei por satisfeito pelos anos à frente. Quanto ao público leitor, de fato não sei qual a sua exata composição, a não ser a vaga noção de que estudantes de nível universitário possam estar encontrando, em meu site e blogs, alguns textos interessantes para se divertir ou ajudar em algum encargo acadêmico. Para ser sincero, não escrevo para alguém ou alguma categoria de leitores em particular; escrevo para minha própria satisfação e por necessidade interior, o que me deixa inteiramente indiferente à possível repercussão externa que meus textos possam ter (a não ser a consciência do esforço didático e docente, ainda que indireto).
Em última instância, o sentido de todo trabalho intelectual é uma espécie de diálogo à distância com meus predecessores acadêmicos – os que reforçaram ou forneceram os argumentos usados por mim – e com aqueles que ainda virão, daqui para a frente. Não posso esconder certa frustração – para não dizer séria preocupação – com a deterioração visível do ambiente acadêmico no Brasil, a caminho de uma nítida erosão da qualidade do trabalho intelectual e, no meu universo de atuação (as humanidades), de indisfarçável reforço dos seus elementos mais medíocres (que são também os mais militantes no rebaixamento involuntário da produção acadêmica). Isso está fora de minha capacidade alterar de modo significativo, mas procuro, dentro de minhas áreas de atuação, elevar a qualidade do debate público, sem qualquer ilusão, contudo, de que o Brasil consiga reverter esse quadro no futuro imediato.
Descartando, porém, o pessimismo e o derrotismo, persistirei na minha tarefa auto-assumida de ler, resumir, escrever, ensinar, publicar, debater, que é tudo o que posso fazer de modo inteiramente livre, à margem e paralelamente de minhas ocupações profissionais. Cabe persistir, em quaisquer circunstâncias. É o que continuarei fazendo enquanto disponho de condições para tal. Vale!

Brasília, 19 de novembro de 2009.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

1519) Nucleo de Pesquisa em Diplomacia do Instituto Rio Branco

Criação do Núcleo de Pesquisa em Diplomacia do Instituto Rio Branco (NPD/IRBr).

Foi publicada, no Diário Oficial de 4 de novembro de 2009, Portaria pela qual se institui o Núcleo de Pesquisa em Diplomacia do Instituto Rio Branco (NPD/IRBr), com sede em Brasília. O NPD/IRBr tem por objetivo desenvolver a formação e aprofundar a capacitação dos servidores da carreira diplomática por meio de atividades de pesquisa e de extensão.

GABINETE DO MINISTRO
PORTARIA Nº 701, DE 28 DE OUTUBRO DE 2009

Cria o Núcleo de Pesquisa em Diplomacia do Instituto Rio Branco.

O MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, tendo em vista o disposto nos Decretos-Lei 7.473, de 18 de abril de 945 8.461, de 26 de dezembro de 1945, nos Decretos 5.707, de 23 de fevereiro de 2006 e 5.979, de 6 de dezembro de 2006, na Portaria Ministerial de 20 de novembro de 1998, que institui o Regulamento do Instituto Rio Branco, e na Portaria nº 212, de 30 de abril de 2008, no âmbito de suas atribuições,
CONSIDERANDO o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na educação superior, inscrito no artigo 207 da Constituição Federal;
CONSIDERANDO a importância de incentivar e apoiar o servidor público em suas iniciativas de capacitação voltadas para o desenvolvimento das competências institucionais e individuais, conforme a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal, instituída pelo Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006;
CONSIDERANDO que o Instituto Rio Branco foi criado como "centro de investigações e ensino", nos termos do Decreto-Lei 7.473, de 18 de abril de 1945;
CONSIDERANDO a importância, para o Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco, da produção intelectual e da interação com instituições afins, como mecanismos de transferência e intercâmbio de conhecimento com a sociedade, em especial as instituições de ensino superior, nos termos da Portaria Normativa nº 7, de 23 de junho de 2009, do Ministro de Estado da Educação;
CONSIDERANDO o valioso patrimônio documental conservado nos arquivos do Ministério das Relações Exteriores, e a facilidade de acesso que tem o Instituto Rio Branco a fontes primárias e ao amplo acervo bibliográfico representado pelas teses do Curso de Altos Estudos (CAE);
CONSIDERANDO, ademais, o significativo número de mestres e doutores entre as novas turmas do Curso de Formação de Diplomatas, bem como o interesse em refletir, de forma prospectiva, suas preocupações e expectativas;
CONSIDERANDO, finalmente, recomendação da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no sentido de criar um centro de pesquisa em diplomacia no Instituto Rio Branco, e a conveniência de sistematizar e divulgar as atividades já desenvolvidas pelo Instituto Rio Branco; resolve:
Art. 1º Fica instituído o Núcleo de Pesquisa em Diplomacia do Instituto Rio Branco (NPD/IRBr), com sede em Brasília.
Art. 2º O NPD/IRBr tem por finalidades desenvolver a formação e aprofundar a capacitação dos servidores da carreira diplomática por meio de atividades de pesquisa e extensão.
Art. 3º O NPD/IRBr promoverá, entre outras, as seguintes atividades:
I - Definição e aprofundamento de linhas de pesquisa, em consonância com a vocação do Instituto Rio Branco e com patrimônio documental à disposição do Ministério das Relações Exteriores;
II - Formação de grupos de pesquisa, reunindo diplomatas, professores e alunos do Instituto Rio Branco;
III - Realização de seminários de caráter periódico, abertos aos alunos do Curso de Formação de Diplomatas e à comunidade acadêmica em geral;
IV - Organização de eventos relacionados aos temas adotados pelos grupos de pesquisa, reunindo especialistas nacionais e internacionais;
V - Apoio à participação de membros em eventos e seminários nacionais e internacionais vinculados aos temas de pesquisa;
VI - Interação com a comunidade científica no Brasil e no exterior, com vistas inclusive à realização de pesquisas conjuntas no contexto da extensão universitária;
VII - Divulgação do resultado das pesquisas efetuadas, por intermédio, entre outros, de revista eletrônica anual, reunindo artigos de autoria dos membros dos grupos de pesquisa e de conceituados acadêmicos nacionais e internacionais;
VIII - Elaboração, como referência, de boletim periódico e de resenhas informativas sobre matérias publicadas na imprensa especializada que sejam relevantes para suas atividades.
Art. 4º O NPD/IRBr, no campo de sua atuação, manterá intercâmbio e cooperação com órgãos e entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais.
Parágrafo único. O NPD/IRBr priorizará a interação com outros núcleos e centros de pesquisa no âmbito de convênios oferecidos pela CAPES, em especial no que tange às atividades previstas no inciso VI do artigo terceiro.
Art. 5º Poderão participar do NPD/IRBr os seguintes interessados:
I - Professores do quadro docente do Instituto Rio Branco;
II - Servidores da Carreira de Diplomata em atividade ou aposentados;
III - Professores e pesquisadores externos, como membros associados;
IV - Alunos externos, como membros associados.
Parágrafo único: A participação nas atividades de pesquisa terá caráter voluntário e não prejudicará as atribuições funcionais de seus membros.
Art. 6º O Núcleo de Pesquisa em Diplomacia do Instituto Rio Branco disporá de Regulamento específico.
Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

CELSO AMORIM
EXTERIORES

1518) A modo de reflexao sobre o momento atual...

Confesso que sou da minoria (e pretendo continuar nela…)
Paulo Roberto de Almeida

Sim, pertenço a uma pequena minoria, certamente no Brasil, talvez mesmo no mundo (ainda que não caiba exagerar...). Não que eu fique preocupado com isso, mas desejo simplesmente falar sobre essa percepção, ou mera constatação, para fins de registro e inclusão em minhas futuras “memórias intelectuais”.
O fato é que eu tenho a nítida impressão de que pertenço a uma minoria, a uma pequena, a uma ínfima minoria que não partilha dos sentimentos, opiniões ou posturas da maioria dos brasileiros. Talvez seja algum elitismo intelectual da minha parte (o que não creio), mas não consigo me entusiasmar com o clima de euforia que acomete (c’est le cas de le dire...) a singela maioria (bota singela nisso) dos habitantes deste país (sans jeu de mots, s’il-vous-plaît...).
Com efeito, eu não consigo seguir, nem puxado, nem empurrado, a unanimidade praticamente arrasadora em torno do “nosso guia” (no Brasil e, em grande parte também, no exterior), esse oba-oba em torno da situação econômica, o embevecimento beato com o “nunca antes neste país”, o ambiente de auto-congratulação permanente com as supostas realizações estupendas deste governo e de sua fantástica máquina de propaganda.
Olhando tudo isso eu não consigo aderir ao espetáculo de panegíricos insensatos (em grande parte self-made e auto-aplicáveis), posto que a realidade que eu vejo é completamente diferente. Não gostaria de destoar do ambiente geral (mas já o fazendo), permito-me ser do contra, não por contrariedade inata, ou desejo de ser diferente, mas simplesmente por não suportar cegueira coletiva.
Vejo, ao contrário do que alguns apregoam por aí, uma degradação constante das instituições, o rebaixamento moral do Estado, a ignorância sendo erigida em qualidade popular, a mentira usada como arma política, a castração do parlamento como simples expediente de confirmação de uma nulidade, o emprego de táticas equivalentes à guerra de eliminação contra os adversários políticos, o desmantelamento consciente (talvez até inconsciente) dos partidos como legítimos representantes de correntes distintas de opinião, enfim, uma deterioração quase completa das virtudes cívicas de uma república democrática e o fortalecimento das piores virtudes do democratismo vulgar e popularesco.
Que me perdoem os muito tolerantes ou os irremediavelmente otimistas, mas não consigo achar nada, absolutamente nada de bom na exaltação do anti-estudo, da falta de leitura, do senso comum erigido em capacidade pensante, dos argumentos vulgares brandidos como se fossem identificação com a massa, desse cultivar de ervas daninhas como se fossem finas flores da inteligência. Sobretudo, não consigo tolerar – me desculpem, mais uma vez, aqueles muito tolerantes – a desonestidade intelectual, a irresponsabilidade no trato da coisa pública, a mentira sistemática que apenas engana os mais ingênuos (mas que é sancionada por aqueles oportunistas que sabem), a mistificação continua de supostos grandes feitos, quando o que se tem, na verdade, é um teatro de ilusões e uma comédia de erros grosseiros.
Assusta-me, por outro lado, ver tantos colegas acadêmicos, tantos parceiros profissionais, tantos pretensos “intelectuais” silenciarem em face de tantas bravatas vulgares, de tantas mentiras deslavadas, de tanta má-fé acumulada, sem nenhum comentário a fazer, sem nenhum gesto de repúdio, sem nenhum sinal de resistência mental, gestual que seja (mesmo sem chegar ao protesto aberto ou à manifestação escrita, como a que agora faço). Fico, de verdade, estarrecido, não tanto em face do perpetrador de bobagens – pois aprendi desde cedo a não esperar nada de inteligente vindo desse lado – mas em face dos supostos defensores da imaginação criadora, do iluminismo teórico, da verdade que liberta. Assusta-me o silêncio culpado e a irresponsabilidade dos intelectuais. Talvez seja covardia deles, talvez seja mero oportunismo.
Não é sem uma ponta de tristeza que contemplo tudo isso, mas tampouco me deixo levar pelo desespero, e nisso não vai nenhum sentimento político, longe disso. Estou aqui refletindo em historiador das idéias, ou, se desejarem outras comparações, em arqueólogo das decadências passadas, em antropólogo das sociedades fracassadas, em psicanalista dos sonhos desfeitos. Não é a primeira vez que uma sociedade se deixa levar pelos piores instintos e pelas mais baixas tendências, pelo declínio intelectual – mesmo em meio a um suposto avanço material – e pela erosão moral. Mas é provavelmente a primeira vez que me é dado assistir a esses fenômenos diretamente, depois de ter lido tanto sobre a decadência em outras sociedades. Até cheguei a teorizar um pouco sobre isso, algum tempo atrás: “Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...)”, revista Espaço Acadêmico (ano 6, n. 71, abril 2007; link: http://www.espacoacademico.com.br/071/71pra.htm). Poderia ser um mau filme, apenas um pesadelo, mas é assustadoramente real...
Talvez caiba vaticinar uma previsão: não há nenhum risco de melhorar, no curto ou no médio prazo, cabendo apenas esperar que, no longo prazo, a educação melhorada da maioria permita reverter esse quadro, em favor de uma escolha mais adequada de líderes políticos e de melhores políticas públicas. Não digo isso por elitismo, por arrogância intelectual, apenas pela certeza de que as coisas poderiam ser melhores, um pouco melhores, se tivéssemos uma elite – entre a qual eu não incluo a classe política – preocupada com o destino da nação e não apenas com o seu dinheiro.
Mas, poderão dizer os defensores da “nova ordem”, esta é uma reclamação habitual de intelectuais insatisfeitos e frustrados com o atual estado de coisas, já que esse processo expressaria uma mudança não prevista em seus (nossos) planos elitistas e conservadores, que não contemplariam uma inserção dos movimentos sociais e das camadas populares no jogo político. Creio que não preciso responder a mais esta mistificação, apenas lamentar que as oportunidades de diálogo estão se reduzindo perigosamente, ao ponto do estrangulamento das propostas inteligentes, mas não necessariamente “populares” ou politicamente corretas, sob certos pontos de vista.
Não me repugna viver em minoria, desde que eu mantenha um ceticismo sadio em face das verdades reveladas, nem suportar um isolamento relativo, enquanto conservo um discreto otimismo quanto às chances futuras de um rebrotar da inteligência. Vale!

Brasília, 17.11.2009

domingo, 15 de novembro de 2009

1517) Muro de Berlim - Seminario na UnB - Nota de imprensa

Nem sabia que havia jornalistas na audiência (sempre existem...), do contrário teria sido mais cuidadoso com certos comentários...

Documentos sobre construção do Muro de Berlim mostram incertezas
Agência Brasil, 15/11/2009

BRASÍLIA - Em meio às comemorações pelos 20 anos da queda do Muro de Berlim, historiadores relembram as primeiras e as últimas horas do maior símbolo da Guerra Fria. Documentos inéditos revelam em detalhes os momentos decisivos da construção e do desmoronamento do Muro de Berlim, que dividiu o mundo entre capitalistas e socialistas durante 28 anos.

Na avaliação dos líderes da União Soviética, a construção de um muro para impedir a crescente fuga de alemães da República Democrática Alemã, satélite socialista, era arriscada. Segundo o professor da Universidade de Heidelberg, Edgar Wolfrum, 3,5 milhões de pessoas fugiram da zona de ocupação soviética da Alemanha para o lado ocidental entre 1945, quando terminou a Segunda Guerra Mundial, e 1961, ano da construção do Muro de Berlim.

- Moscou começou a se preocupar. Se o posto avançado que representava a república democrática caísse, a União Soviética poderia perder também a Polônia e a Europa Oriental inteira. Contudo, tapar o buraco poderia significar a falência do sistema e o fracasso ideológico do socialismo - explicou Wolfrum, durante o seminário Além Muro, promovido pela Universidade de Brasília (UnB) na semana passada, quando se comemorou os 20 anos de queda do muro.

Essas eram as dúvidas que cercavam as lideranças soviéticas e da república democrática até que o “sim definitivo” chegou de Moscou a Berlim Oriental, em 6 de julho de 1961. Na madrugada do dia 13 de agosto, uma estrutura ainda precária de cimento e arame farpado foi levantada no que, anos depois, viria a ser o praticamente intransponível Muro de Berlim.

Para o diplomata Paulo Roberto de Almeida, a incapacidade de atender às necessidades básicas de abastecimento foi determinante para a queda do Muro de Berlim e o desaparecimento do “socialismo real”. “O Muro não caiu. Foi derrubado pela população alemã”, sustenta Almeida, que participou do seminário na UnB. “Quando acabou, o socialismo era economicamente medíocre, financeiramente marginal, e agregou muito pouco ao PIB [Produto Interno Bruto] mundial. Em Berlim, acabou a ideia de uma economia centralizada.”

Segundo o professor de Relações Internacionais da UnB Virgílio Arraes, o “verão comunista” durou 70 anos até que os países socialistas do Leste Europeu abraçaram a democracia liberal. A crise econômica mundial de 2008, para Arraes, descortina uma “visão sombria”. “A ausência de opções políticas e econômicas viáveis faz com que não haja uma tentativa de se mitigar os efeitos mais deletérios do liberalismo. As diferenças serão acentuadas.”

1516) Brasil y su liderazgo regional - un argentino en contra


Taxas do PIB per capita comparado de Argentina, Brasil e Chile

Un blogueiro do jornal argentino La Nación, economista e professor, escreveu uma coluna para "provar" que a Argentina está muito melhor do que o Brasil, ou que pelo menos eles mantem a liderança em praticamente todos os indicadores per capita. Isso é verdade.
Cabe porém reconhecer que a Argentina perdeu o dinamismo e parece recuar, ao passo que o Brasil avança, lentamente, mas avança...
Interessante também visitar o post original do blog deste economista para ler os comentários dos leitores, a maior parte discordando desse economista-articulista, criticando a Argentina e achando que o Brasil vai bem. Selecionei algumas, do dia em que foi publicado, mas parei numa das respostas do proprio autor...

“No somos Brasil”: por suerte
Lucas Lllach - La Ciencia Maldita, 5.10.2009
La Nación.com Blogs

OK, ellos tienen todo para estar de moda:
- Presidente con 80% de popularidad, antes de la designación de Rio como sede de los JJ.OO.
- Pertenecen al BRIC, grupo que está de moda.
- Pero a su vez se benefician del crecimiento del IC (India, China) porque son, cada vez más, exportadores de commodities, artículos que en los mercados internacionales están actualmente de moda.
- Dentro de las commodities, cada vez tienen más potencial para exportar precisamente aquellas que están más de moda: soja y petróleo. Ese país en verdad angosto, que tiene un 80% de la población en una franja a la chilena, atrapada en 100km entre la costa y la selva/el sertao/los morros ahora encuentra petróleo al este de esa franja (en el mar) y tira árboles –cosa que no está de moda– al oeste de esa franja, para producir soja.

Todo muy lindo. Pero me quedo, por mucho, con la Argentina.

No es una cuestión patriotera. Es que no hay que dejarse llevar por el político más marketinero del siglo XXI, Inácio Lula da Silva. Lula es un gran contrabandista de consignas. Le dice a la derecha que es fiscalmente responsable y le creen porque se pone corbata, pero la verdad es que tienen un déficit fiscal bastante mayor que el argentino. Le dice a la izquierda que Brasil está solidificando su gran burguesía industrial, le creen porque fue obrero metalúrgico, pero la verdad es que Brasil ha primarizado sus exportaciones (data en excel). Un maestro.

Vamos a los bifes: ¿Le está yendo bien a Brasil? ¿Desde cuándo? Veamos el PBI per capita comparado con Argentina y Chile: (acima)

No es sólo que son más pobres. En los últimos 30 años, la distancia a favor de Argentina nunca fue tan grande como en 2008. Y no, no es producto del INDEC. Es porque desde 1990 la economía argentina es una historia de alto crecimiento interrumpido por un cuatrienio crítico (1998-2002), mientras que la de Brasil es una de crecimiento (muy) moderado.

Para comparar mejor los niveles, creo que vale la pena anotar que el 10% más rico de los brasileños se lleva un porcentaje del ingreso (circa 45%) mayor que el 10% más rico de los argentinos (no lo sabemos bien, pero anda por los treintilargos). Si en el total de la población le ganamos 13200 a 9500 en PBI per capita (casi un 40% más), contando el 90% de la población fuera de los más ricos les ganamos por casi 50%.

Gran marketing el de Brasil. Sus playas están buenas, pero no te dicen que llueve todo el tiempo. Sus legendarias garotas están sobredimensionadas (uso la palabra en un sentido conceptual y físico). Salvo por los licuados, su comida es penosa — la Lonely Planet dice: “From the rice-bean-farofa core, meals go in one of three directions: meat, chicken or fish”. La principal ruta del país (BR-101) tiene más pozos que el lado oscuro de la luna. La corrupción y el clientelismo políticos no son menores que aquí. Y sí, lo digo: su equipo de fútbol es normalmente mejor que el nuestro, pero el de hoy es peor que cualquier selección brasileña que recuerde salvo la del mundial 90.

OK, quizás me estoy excediendo. Hay cosas que me dan envidia: a diferencia de nosotros, tienen una inflación y un riesgo país de una economía emergente normal, sus estadísticas son confiables y tienen algo así como un programa de ingreso universal.

En resumen: son peores o iguales que nosotros en casi todas las cuestiones estructurales salvo el fútbol, y son mejores en las que podemos cambiar en un par de meses si en diciembre de 2011 asume un presidente poco excepcional, cosa que es bastante probable.

PD: me avisan que Don Julio María Sanguinetti, ex presidente de ese pequeño gran país que es el Uruguay, escribió una columna mucho más convincente y educada que este post, con la mala suerte de que cayó el día de la elección de Rio. Qué lindo el Uruguay, lástima que no seamos provincia de ellos.

Lucas Llach - Rosarino, soñó con ser futbolista profesional pero padeció el destino de ser economista. Sus intereses giran en torno a la economía, la historia económica y las políticas públicas. Sobre esos temas enseña en la Universidad Torcuato Di Tella

Comentários de leitores (alguns):

898 Comentarios de los lectores
* 1 Germán 5.Octubre.2009
Mmm, me quedo con Brasil igual…

* 2 pedro 5.Octubre.2009
en que planeta vivis?
gente que piensan como vos son los responsables del atraso de argentina

* 3 Daniel 5.Octubre.2009
creo que lo tuyo si es patrioterismo barato

* 4 Javier 5.Octubre.2009
Ya que estamos: se te olvidó agregar que en el basquet los tenemos de hijos y que al Dream Team le ganamos 2 veces y ellos ni clasificaron para los JJ.OO.

* 5 Ricardo 5.Octubre.2009
Brasil siempre ha tenido metas para ser el pais potencia de America Latina. Sus diplomaticos son de primer nivel y sus empresarios tienen la vision y el nacionalismo que no tienen los argentinos.

* 6 martinezch 5.Octubre.2009
Tenemos un gobierno tan desastroso, que Brasil nos parece lo mejor del mundo…. me parece muy buena la nota, aunque resalta solo lo malo de Brasil, pero es una mirada distinta a lo que se lee todos los días en los diarios. Ojalá sea verdad lo de Argentina, de que con cualquier presidente “poco excepcional” estaríamos mejor a partir de 2011

* 7 stella gallino 5.Octubre.2009
Señor Lucas LLach.
Ud ha viajado por Brasil alguna vez?????
Cree que lo ha escrito es nada mas que un gran resentimiento que tiene contra Brasil. Es igual la Argentina.??? Si lo fuera que alegría para los argentinos empobrecidos y sin trabajo.Lo tendran con seguridad.
Se acuerda el tema de la deuda con Club de Paris.
Comió alguna vez en SAO, sabía que es una ciudad que tiene la mayor cantidad de restaurantes de lujo.
Creo que Ud es una gran resentido por lo que no tiene. Soy Argentina pero no puedo dejar de reconocer las virtudes que posee Brasil.
El pueblo que tiene es envidiable!!!!
Nada de soberbia!!!!!!

* 8 daniel 5.Octubre.2009
leo esta nota y la que hay de Varsky.-
dos puntos de vista sobre el tema de moda, BRASIL.-
Que debemos hacer los argentinos??:
1- definir que pais queremos, para despues ser una Nación.-
2-Aprovechar este nuevo viento de cola, que trae nuestro vecino, ser el equivalente de Canada para USA, nunca Mexico.-
3-Envidiarlos, si, sanamente, nunca tendremos Ipanema, como ellos nunca tendran Bariloche.-
4- Hacer muchas cosas en forma conjunta y tomar decisiones conjuntas ( como la TV digital), pero hay temas que si o si nos deberan encontrar unidos, defensa de eco sistemas, el tema del agua dulce, el amazonas, los hielos continentales, etc. etc.-
5-Les va bien, MEJOR, busquemos que muchos vengan, a invertir o gastar sus dineros en nuestro pais.-
6- Ya la extraño a la Negra, como antes extrañe a Vinicius.-
7-Nada de envidias regionales o mejor dicho basta de esas envidias.- Si uruguayos, chilenos y brasileros logran cosas buenas y las prueban y andan muy bien, que esperamos….para ponerlas en uso ya, el tiempo de prueba-error, ya lo consumieron ellos primero.-
8-ARGENTINOS, a los hechos.-

* 9 Lucas Llach 5.Octubre.2009
Y claro que va a haber una gran cantidad de restaurants de lujo en una ciudad de una enorme población con una enorme desigualdad en la distribución del ingreso. En Calcutta y en Shangai también debe haber muchos.
Me cae bien “el pueblo” brasileño. Como me caen bien todos los pueblos del mundo.

1515) Brasil y su liderazgo regional - Wall Street Journal Americas

La Argentina busca su lugar en el escenario internacional a la sombra de Brasil
Matt Moffett
Wall Street Journal Americas
La Nación, Jueves 12 de noviembre de 2009

BUENOS AIRES.- El creciente protagonismo de Brasil en el ámbito internacional - coronado con su exitosa candidatura a ser sede de los Juegos Olímpicos de 2016 - lleva a su vecino Argentina a evaluar su propio, e inferior, lugar en el escenario mundial.

En artículos de opinión, blogs y ensayos de investigación, los argentinos están aceptando a regañadientes la idea de que su antiguo rival los está superando, a medida que el centrismo pragmático del presidente brasileño, Luiz Inácio Lula da Silva, le gana al populismo nacionalista de la presidenta argentina, Cristina Fernández de Kirchner.

Mientras Brasil ganó la distinción de ser el anfitrión tanto de los Juegos Olímpicos de 2016 como del Mundial de 2014, Argentina se ha enredado en una serie de peleas diplomáticas con sus vecinos del Cono Sur, al igual que con Estados Unidos. Mientras el año pasado Brasil obtuvo el codiciado grado de inversión en Wall Street, la calificación de inversión de la Argentina está a la par de la de Pakistán. Da Silva, que ostenta un índice de aprobación del 81%, es un estadista internacional que mantiene buenas relaciones con el presidente estadounidense, Barack Obama. Kirchner, que tiene un índice de aprobación de 23%, tiene relativamente pocos amigos extranjeros fuera del venezolano Hugo Chávez.

Horacio Pozzo, un economista del sitio financiero Latinforme.com, escribió hace poco: "En una foto, Lula palmea la espalda de Cristina como diciéndole: "Seguí así que nos está yendo muy bien?". Y agrega Pozzo: "La Argentina sigue dudando hacia dónde avanzar. Mientras tanto, sigue perdiendo mercados a nivel internacional, los cuales están siendo captados por la economía brasileña."

Brasil tiene una superficie casi tres veces mayor y una población casi cinco veces superior a la Argentina. Pero desde alrededor de 1890 a 1940, en medio de una bonanza agraria en las pampas, la producción económica de la Argentina superó la de Brasil. Desde mediados del siglo pasado, sin embargo, la economía argentina sufrió una caída notable en comparación con el resto de la región, y quedó relegada a una "insignificancia dentro del contexto internacional", lamentó un ensayo reciente del Instituto para el Desarrollo Social Argentino, un centro de estudios en Buenos Aires. El ensayo afirmó que, durante la mayor parte de los últimos 60 años, Argentina fue perjudicada por un pensamiento económico estatista y localista, el tipo al que se adhiere la presidenta Kirchner.

Las diferencias entre las políticas argentinas y brasileñas sin dudas han sido notorias en los años desde que en 2001 la Argentina declaró la mayor cesación de pagos de deuda soberana de la historia. La Argentina soportó una horrenda contracción económica en 2002, pero se recuperó con fortaleza en medio del auge de las commodities con seis años de crecimiento promedio de 8%.

Brasil se tambaleó al borde de la cesación de pagos en 2002, pero siguió cumpliendo con sus obligaciones, y ahora de hecho se ha convertido en un acreedor neto. Aun así, la tasa de crecimiento de Brasil desde 2003 ha sido alrededor de la mitad de la de la Argentina. Sin embargo, el clima político y económico estable que impera en Brasil lo ha convertido en un país que prefieren mucho más tanto los inversionistas extranjeros como los cancilleres de otros países.

Un puñado de analistas argentinos cree que las virtudes de Brasil se exageran. Uno de los bloggers sobre economía más influyentes de la Argentina, Lucas Llach, hace poco escribió un texto al que tituló "?No somos Brasil?: por suerte". Señaló que Argentina tiene un déficit fiscal más bajo y un crecimiento reciente más vigoroso del PIB per cápita que Brasil, sin mencionar una tasa de homicidios per cápita que es un quinto de la de Brasil. Llach afirmó que la capacidad de marketing de Da Silva ha hecho de Brasil el país de moda entre los mercados emergentes, al igual que lo fue la Argentina hace una década, no mucho antes de que su economía cayera en picada. Llach, que nunca se ha guardado las críticas a la presidenta Kirchner, obtuvo más de 800 comentarios acerca de la entrada sobre Brasil, la mayoría de los cuales insistía en que estaba completamente equivocado.

Javier González Fraga, un empresario y ex presidente del Banco Central, afirmó en un artículo de opinión que Argentina debería dejar de preocuparse sobre el éxito de Brasil y comenzar a colgarse de él. Si Brasil está destinado a ser el EE.UU. de América del Sur, entonces la Argentina debe convertirse en algo más parecido a Canadá que a México, escribió.

1514) Brasil y su liderazgo regional - articulo de J.M. Sanguinetti

O ex-presidente do Uruguai diz que líderes não são apenas os que exibem muitas armas, mas que são generosos com os vizinhos. No caso do Uruguai, se entende...

Brasil y el triunfalismo
Julio María Sanguinetti
LA NACION, Viernes 2 de octubre de 2009

Brasil está de moda, y existen buenas razones para ello. Ha aumentado su ritmo de crecimiento económico (de 2,7 en 1984/2003 a 4,6 en 2004/2008); su estabilidad política es incuestionable; Lula goza de una enorme popularidad dentro del país y fuera de él; ha encontrado enormes reservas petroleras y pagó totalmente su deuda externa. Hasta su seleccionado de fútbol vuelve a pasearse orondo por los campos de juego sudamericanos. Barack Obama ha indicado claramente que su interlocutor regional es Brasil, y el acuerdo estratégico-militar con Francia pretende ser la consagración de un liderazgo asentado también en la fuerza, como históricamente ha sido.

En julio, aun con incertidumbres mayores por la crisis mundial, el presidente Lula, al recibir a los representantes de la General Motors, expresó: "Es inconmensurable el orgullo de ser brasileño en un momento en que percibimos que las empresas en Brasil están mejor que sus matrices en los países desarrollados". En el colmo del entusiasmo, profetizó que en diez años Brasil será la quinta potencia económica del mundo, y no la octava, como es hoy. No falta entusiasmo, como se ve, ni sueño de potencia, tal cual dice su tradición.

El petróleo ha encendido siempre el nacionalismo brasileño, hasta tal punto que el escritor Monteiro Lobato se fundió y terminó preso por haber defendido su explotación estatal.

Sin olvidar a Getulio Vargas, que hizo del tema la máxima exaltación patriótica. Su eslogan O petróleo é nosso está en el imaginario colectivo, hasta el extremo de que nadie habló jamás de privatizar Petrobras, aun en tiempos en los que se vendía la mayor empresa brasileña, la minera Vale do Rio Doce, que una vez que salió del Estado multiplicó su producción y sus ganancias por veinte.

Detrás de ese brillo, no todo lo que reluce es oro. Las exportaciones crecen, pero se hace todo lo posible por frenar las importaciones; se producen aviones, pero el país vive en un caos aeronáutico; existen partidos políticos estables, pero el clientelismo y la corrupción campean. En el plano de la integración, el Mercosur está absolutamente estancado y no va para ningún lado; ni se han logrado acuerdos externos ni se ha mejorado en la coordinación macroeconómica. Los fallos de los tribunales se cumplen caprichosamente, y el conflicto diplomático entre la Argentina y Uruguay testimonia inequívocamente que el socio mayoritario no ejerce el poder moderador que le impone su condición. Es entristecedor que dos países tan vecinos que nadie de afuera puede distinguir a los ciudadanos de un lado y del otro del Plata esperen la resolución de sus diferencias en un tribunal, en La Haya.

La Unasur, creación de la diplomacia brasileña, tampoco se ve mejor. Las recientes reuniones de presidentes y ministros parecieron un reñidero de gallos. En ellas, no surgieron las instancias de diálogo y resolución pacífica de las situaciones. La tirantez de Colombia con Venezuela y Ecuador no cede, especialmente por el retintín constante de un presidente venezolano que no para de agredir y amenazar, sin que nadie le ponga el cascabel al gato.

Esta es la región de Brasil, donde se supone que ejerce su influencia, donde su papel de líder debería expresarse del modo más claro. Los hechos no muestran que en ese ámbito haya una correspondencia con lo que parece reconocerse afuera, por lo menos en la literatura diplomática.

El episodio de Honduras lo exhibe a Brasil como protagonista en un escenario que no es su ámbito natural. Justamente, es una zona que el Unasur despreció y sobre la cual hoy, al parecer, todos quieren influir, impulsados por la pobreza de Honduras. Si allí mediaran intereses económicos o estratégicos mayores, no estarían todos tan empeñados en golpearse el pecho, invocando una democracia principista que no reconoce realidades. Desgraciadamente, como escribió Moisés Naim al principio del conflicto, se está entre hipócritas e ineptos, porque el depuesto Zelaya, violando la Constitución, intentaba una reforma en su favor, del mismo modo que el Parlamento y la Justicia, unidos en su cuestionamiento del intento presidencial, no encontraron mejor método para detenerlo que llamar al ejército y deportarlo en pijama. Fervorosamente, todos deseamos que se pacifique Honduras y que la gente elija a quien quiera elegir, pero que elija libremente. ¿La presencia de Brasil es una ayuda a esa paz deseada?

El hecho es que este Brasil eufórico se ha lanzado también a una formidable inversión militar, de 12.000 millones de dólares, que incluye cuatro submarinos, uno de ellos nuclear, 50 helicópteros y 36 cazabombarderos, todo como parte de una alianza estratégica con Francia. En ese marco, los emprendimientos comunes permitirían una superación tecnológica de la ya importante industria brasileña de armamentos.

No discutimos la necesidad de Brasil, con esa enorme costa, de poseer una fuerza con capacidad para ejercer un control efectivo de su territorio marítimo. Es lógico. El antimilitarismo simplista que suele cultivar el progresismo latinoamericano (salvo cuando es gobierno, momento en que cambia de bando) no tiene sustento. Los Estados deben tener la capacidad de defenderse. Eso es lógico. Lo que no lo es, en cambio, es el doble estándar de que algunas alianzas militares (como la de Colombia y EE.UU., que lleva años) produzcan estertores de críticas, mientras que otras (como la de Brasil con Francia) pasen inadvertidas. Se dirá, con razón, que son situaciones distintas. Y lo son. Pero mientras que Colombia vive en guerra, Brasil está en paz con todos sus vecinos y no tendría necesidad de escuadrillas de ataque.

En cualquier caso, lo que debe señalarse es que para construir un liderazgo no alcanzan los cazabombarderos ni los submarinos nucleares. Para empezar, hay que ser un socio generoso con los vecinos. El remanente proteccionista que subsiste en Brasil, aun para la región, es incompatible con una integración que nos proyecte a todos hacia el mundo global. La estrategia internacional no puede llevarse adelante sin los socios, y las inversiones extranjeras deberían, razonablemente, distribuirse.

Cuando un país es grande, no puede ni debe alardear. Ojalá Brasil llegue a ser la quinta potencia mundial. Es nuestro vecino y amigo, y su prosperidad también es la nuestra. Pero, como otras veces en su historia, la exaltación patriotera y chauvinista no lo ayudará en ese propósito. Porque alentará a los socios a seguir buscando alianzas más allá del barrio, como ya lo hace Colombia.

El autor fue dos veces presidente de la República Oriental del Uruguay.

1513) Combate a fome no mundo: Brasil na frente

Boas notícias merecem ser ressaltadas.

Brasil é primeiro colocado em ranking internacional de combate à fome
Agência Brasil

DA REDAÇÃO - A organização não governamental (ONG) Action Aid Internacional vai conceder um prêmio ao Brasil pelos esforços no combate à fome. Segundo um ranking organizado pela entidade, o país teve o melhor desempenho na redução do problema, seguido pela China e Índia.

Segundo o diretor internacional da Action Aid, Adriano Campolina, o principal motivo para que o Brasil seja o líder do ranking foi o fato de 10 milhões de pessoas derem saído da pobreza extrema nos últimos anos. De acordo com ele, o Brasil conseguiu a redução combinando o crescimento econômico com políticas de combate à pobreza e agricultura familiar.

"A fome é um fenômeno muito complexo, você não consegue acabar com ela imediatamente. Mas a redução do Brasil foi extremamente substancial, não só rápida como sustentada. Foram políticas coordenadas que deram ênfase à transferência de renda e ao mesmo tempo à agricultura familiar e à produção sustentável", destacou Campolina.

Amanhã (16), quando terá início em Roma a Cúpula Mundial de Segurança Alimentar, promovida pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a ONG pretende entregar o prêmio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele participa da abertura do evento e deverá apresentar as experiência brasileiras que conseguiram reduzir a subnutrição no país como o Bolsa Família, o Fome Zero e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

16:08 - 15/11/2009

1512) Lápides funerarias: cada um escolhe a sua...

Pensando em morrer mais cedo? Sem problemas, muita gente já pensou até no que escrever em sua lápide mortuária no cemitério (Ok, faltam sugestões para urnas de cinzas, para os que preferem ser cremados, mas vamos pensar nisso também).
Escolha a sua, ou mande nova sugestões para este espaço; terei prazer em incluir nesta lista insana, sobre um assunto altamente delicado...

O que escrever em seu túmulo... Se você é...

ESPÍRITA: Volto já.

INTERNAUTA: www.aquijaz.com.br

AGRÔNOMO: Favor regar o solo com Neguvon. Evita Vermes.

ALCOÓLATRA: Enfim, sóbrio.

ARQUEÓLOGO: Enfim, fóssil.

ASSISTENTE SOCIAL: Alguém aí, me ajude!

BROTHER: Fui.

CARTUNISTA: Partiu sem deixar traços.

DELEGADO: Tá olhando o quê? Circulando, circulando...

ECOLOGISTA: Entrei em extinção.

ENÓLOGO: Cadáver envelhecido em caixão de carvalho, aroma Formol e after tasting que denota presença de Microorganismos diversos.

FUNCIONÁRIO PÚBLICO: É no túmulo ao lado.

GARANHÃO: Rígido, como sempre.

GAY: Virei purpurina.

HERÓI: Corri para o lado errado.

HIPOCONDRÍACO: Eu não disse que estava doente?!?

HUMORISTA: Isto não tem a menor graça

JANGADEIRO DIABÉTICO: Foi doce morrer no mar.

JUDEU: O que vocês estão fazendo aqui? Quem está tomando conta da lojinha?

PESSIMISTA: Aposto que está fazendo o maior frio no inferno.

PSICANALISTA: A eternidade não passa de um complexo de superioridade mal resolvido.

SANITARISTA: Sujou!!!

SEX SYMBOL: Agora, só a terra vai comer.

VICIADO: Enfim, pó!


PS: Minha própria sugestão: "Tem espaço para alguns livros?" (PRA)

1511) Banqueiros financiando Estados falidos: uma velha história...

Desde tempos recuados, banqueiros privados vem financiando príncipes e reis irresponsáveis, pois estes querem fazer guerra, manter amantes ou ter outros gastos extravagantes e, obviamente, não têm dinheiro para tanto.
No problem. Chame o seu banqueiro. Mas a operação pode sair muito cara.
Como relembram Haldane e Alessandri (do Bank of England) os juros podem subir para até 100%, como fizeram os banqueiros italianos com o rei francês Charles VIII (que aliás estava empreendendo aventuras italianas).
Bem, depois os Estados começaram a financiar banqueiros falidos, e isso muda a história...
Enfim, um passeio em 800 anos de financiamento privado a Estados, e do financiamento público a banqueiros privados, com um foco especial na recente crise financeira.
Transcrevo apenas o início do paper, depois remeto ao link do pdf.
Paulo Roberto de Almeida

Banking on the state
Paper by Mr Andrew G Haldane, Executive Director, Financial Stability, Bank of England, and Mr Piergiorgio Alessandri, based on a presentation delivered at the Federal Reserve Bank of Chicago twelfth annual International Banking Conference on “The International Financial Crisis: Have the Rules of Finance Changed?”, Chicago, 25 September 2009.

* * *

1. Introduction
Historically, the link between the state and the banking system has been umbilical. Starting with the first Italian banking houses in the 13th century, banks were financiers of the sovereign. Sovereign need was often greatest following war. The Bank of England was established at the end of the 17th century for just this purpose, financing the war debts of William III.
From the earliest times, the relationship between banks and the state was often rocky. Sovereign default on loans was an everyday hazard for the banks, especially among states vanquished in war. Indeed, through the ages sovereign default has been the single biggest cause of banking collapse.1 It led to the downfall of many of the founding Italian banks, including the Medici of Florence.
As awareness of sovereign risk grew, banks began to charge higher loan rates to the sovereign than to commercial entities. In the 15th century, Charles VIII of France paid up to 100% on war loans to Italian banks, which were at the same time charging Italian merchants 5-10%.2 The Bank of England’s first loan to government carried an interest rate of 8% – double the rate at which the Bank discounted trade bills.
For the past two centuries, the tables have progressively turned. The state has instead become the last-resort financier of the banks. As with the state, banks’ needs have typically been greatest at times of financial crisis. And like the state, last-resort financing has not always been repaid in full and on time. The Great Depression marked a regime-shift in state support to the banking system. The credit crisis of the past two years may well mark another.
Table 1 provides a snap-shot of the scale of intervention to support the banks in the UK, US (...)

Leia o resto em:
Andrew G Haldane: Banking on the state (11.11.2009) - PDF, 180699 bytes
Paper by Mr Andrew G Haldane, Executive Director, Financial Stability, Bank of England, and Mr Piergiorgio Alessandri, based on a presentation delivered at the Fed. Res. Bank of Chicago twelfth annual Intern. Banking Conf., Chicago, 25 September 2009.

sábado, 14 de novembro de 2009

1510) Muro de Berlim: 20 anos de sua derrubada (3)

Continuando minhas comemorações intelectuais em torno da derrubada do muro de Berlim, reproduzo abaixo um artigo de Roger Kimball sobre o significado do evento para a história contemporânea.

Tyranny set in stone
by Roger Kimball
New Criterion, November 2009

Why we must not forget the lessons of the Berlin.

It is in the moment of defeat that the inherent weakness of totalitarian propaganda becomes visible. Without the force of the movement, its members cease at once to believe in the dogma for which yesterday they still were ready to sacrifice their lives.
—Hannah Arendt

The inevitable never happens. It is the unexpected always.
—John Maynard Keynes

Was there ever a more fitting monument to tyranny than the Berlin Wall? Conceived in desperation, this brutal barrier was erected in 1961 by the state not for the protection but for the incarceration of its citizens. Hold fast to that thought. The Berlin Wall was the stuff of gritty spy novels, the literal instantiation of Winston Churchill’s “iron curtain,” which in 1946, with characteristic prescience, he saw descending across Central and Eastern Europe. The Berlin Wall was also an inescapable indictment, not just of a particular society but of an entire world view, the world view of Soviet Communism with its rhetoric of justice and class struggle in one hand and its reality of the Gulag and the systematic obliteration of human freedom in the other.

Do we remember that? The passage of time tends to soften outlines, confuse oppositions, and swallow fundamental distinctions in a patois of complication. It is a process that promises greater understanding, or at least greater sophistication. Often, however, its chief fruit is an enervating, ultimately an endarkening, relativism. Although fragments of the Berlin Wall are distributed like talismans of freedom across the globe—fittingly, a large sliver stands outside the Reagan Library in California —its awful significance seems muted, even lost in the cacophony of historical second-guessing, the distorting glaze of nostalgia.

The story of the Berlin Wall is inseparable from the story of the peculiar disposition of Berlin following World War II. Thrust some 100 kilometers into the decidedly non-democratic German Democratic Republic, Berlin was nominally under the control of the four victorious allies, with France, Great Britain, the United States, and the Soviet Union each presiding over a separate quadrant. In reality, the city, like Germany itself, was split between democracy in the West and Communist tyranny in the East. It was a situation that guaranteed the city would become a theater in which the democratic West would be in daily public contest with Soviet Communism.

From the very beginning, Berlin was a huge embarrassment for the Soviets. The worker’s paradise of East Germany seemed the opposite of edenic to those condemned to live and work there. Contiguity with the West in Berlin assured that the discrepancy between life in a liberal democracy and a Communist state was (like Falstaff’s dishonesty) “gross as a mountain, open, palpable.” In 1948, the Soviets blockaded Berlin, a preliminary, they hoped, to annexing it entirely. The Berlin airlift, orchestrated by the American army general Lucius Clay, provisioned the city with some 4,500 tons of food, fuel, and other necessities every day for nearly a year—at its peak, 1,500 flights a day were crowding in and out of Tempelhof airport. Finally, in May 1949, the Soviets gave it up and lifted the blockade.

The airlift was an extraordinary act of political defiance as well as an unprecedented logistical feat. But it did not overcome the contradiction that was Berlin. Increasingly, East Germans voted with their feet. By 1960, a thousand people a day were fleeing East Germany via Berlin. Walter Ulbricht, the GDR’s Communist dictator, pleaded with Nikita Khrushchev to do something to stanch the flow of human capital. The following summer, Khrushchev, having taken the measure of JFK and his lieutenants, decided to close the border. At a dinner on August 12, he gleefully announced to his companions: “We’re going to close Berlin. We’ll just put up serpentine barbed wire and the West will stand there, like dumb sheep.”

Work began at midnight. The Russian soldiers had been told to withdraw if challenged. But no challenge came from JFK’s ovine entourage. In the succeeding months, the barbed wire was replaced by masonry and metal. The wall gradually encircled the whole of West Berlin. Some three-hundred guard towers punctuated the wall. A second, inner wall sprang up. The “death strip” between was mined and booby-trapped. Guard dogs accompanied the soldiers on their rounds. Erich Honecker, who replaced Ulbricht in 1971, issued a shoot-on-sight order. Somewhere between a hundred and two hundred people were killed trying to scale, or tunnel under, the wall, another 1,000 trying to flee elsewhere from East Germany. For Honecker, it was a small price to pay. Between 1949 and 1962, some two and a half million people had fled East Germany to the West. From 1962 to 1989, his draconian measures reduced the flood to a trickle of 5,000. “Overnight,” Michael Meyer writes in The Year That Changed the World,

the forty-two thousand square miles of the German Democratic Republic became a prison. Transportation and communication links were cut. Bustling streets and lively sidewalks in the heart of metropolitan Berlin suddenly became abandoned dead ends. Sewers, tramlines and power grids were blocked or cut. Families were broken, friendships severed. Children lost parents or grandparents. On official maps, the Western half of the city was blotted out—figuratively erased from the world of the living.[1]

It all seems so long ago now—not just the construction of the wall and the long eclipse of freedom that followed, but also the brief carnivalesque season that attended its collapse nearly thirty years later on November 9, 1989. What had begun in studied malevolence ended in stunning inadvertence. By the mid-1980s, the monolith of Soviet tyranny was betraying cracks. Mikhail Gorbachev, who ascended to power in 1985, endeavored to save Communism through a policy of selective liberalization. There was no question of scrapping Communism. Gorbachev time and again made it clear that he was a committed Communist. He might contemplate certain economic and social reforms in order to salvage the USSR’s corrupt and stagnant economy, but private property in any robust sense was out of the question. Similarly, there could be no serious rivals to the Communist party for political power.

Gorbachev had set himself an impossible task. As Hannah Arendt observed, the essence of totalitarianism lies in arbitrariness and control. Efforts to liberalize totalitarian regimes therefore lead not to reform but dissolution. Keeping the lid on freedom is like being a little bit pregnant: an impossibility. By 1989, cracks in the façade of Soviet totalitarianism had become so many fissures of freedom. The Tiananmen Square Massacre in China that June had the effect of galvanizing nascent movements for freedom across Eastern and Central Europe and even in Russia itself. Borders with the West in Hungary and Czechoslovakia were breached and a new exodus to the West began. In one three-day period, 50,000 people fled. A common joke: “Last one out, turn off the lights.”

In East Germany, Erich Honecker was deposed by the Politburo in October. His successor, Egon Krenz, was a doctrinaire Communist desperate to salvage the regime and his career. With the Hungarian and Czech borders hemorrhaging people, he knew he had to address the issue of exit visas. He did not declare the Berlin Wall open. On the contrary, he said that the wall was “a bulwark against Western subversion.” He carefully drafted a plan that would allow East Germans with the appropriate papers to leave after applying to the authorities. The plan was to take effect the following day, November 10. He read the provisions aloud to his colleagues sentence by sentence to be sure that there was no misunderstanding. He then gave the document to his assistant Günter Schabowski, who was on his way to a press conference.

At the end of the press conference, Schabowski read from Krenz’s communiqué. The effect was electrifying. Schabowski had just announced that the East Germans would be free to go. In the hubbub that followed, the question “When does the decree take effect?” penetrated his ears.[2] Schabowski paused to consult his notes. “Ab sofort” came the famous reply: “immediately.” Almost instantly, the wall was besieged by impatient throngs. The guards did nothing to stop them. Krenz’s plan for a state-controlled dispensation was shattered. And thus began the unraveling that would soon engulf not only Eastern Europe, but also the very seat of empire. In many ways, as Victor Sebestyen observes in Revolution 1989: The Fall of the Soviet Empire (Pantheon, 2009), it was “a mistake.” He quotes an unnamed diplomat who described the fall of the Berlin Wall as “one of the most colossal administrative errors in … history.”

Although dramatic, was the fall of the wall really so important? After all, protests and freedom movements were springing up all across the Soviet empire. But Michael Meyer is right: if Krenz’s plan had been put into action as he wished, things might have been different:

The wall would not have “fallen.” It would have been opened, not breached. The communists would have done it, not the people. Change might have come by evolution, not revolution. The bureaucrats would have gained time. Might they even have contained or channeled popular unrest, defused it, convinced people that reformed communism could work, possibly even keep themselves in power? Without the drama of the Fall … would the Velvet Revolution in Prague have come one week later? Would Romanians have found the courage to rise up against Ceausescu a month later? The dominos of Eastern Europe might have toppled differently. A few might not have toppled at all.

What, finally, brought down the wall? The candidates for that honor are many, from the impersonal operation of History to the people-power of movements like Solidarity and the spiritual leadership of Pope John Paul II. Among Western academics, the role of Mikhail Gorbachev enjoys pride of place. His mantras of glasnost and perestroika (“openness” and “restructuring”) became favored terms in English. In the late 1980s, Gorbachev, the true-believing Communist, was the hero. Never mind that he wished to salvage the Soviet empire: he spoke to the hearts and minds of the Western intelligentsia in a way Ronald Reagan never did. Reagan, after all, had the temerity early on in his tenure to describe the Soviet Union as an “evil empire.” How the liberal establishment recoiled from, how it ridiculed that phrase. “The Western diplomatic firmament,” William F. Buckley Jr. recalled in 1990, “shook with indignation.” Then came “Star Wars” and Reagan’s military buildup. How the Left scorned that. How the Soviets scrambled to keep up. After one of his chummy sight-seeing tours of Moscow in 1984, the Harvard economist John Kenneth Galbraith wrote an article about his trip for The New Yorker. The Soviet’s “great material progress” impressed him, as did the look of “solid well-being of the people on the streets.” He dismissed as groundless the rumors that were beginning to circulate that there was trouble in paradise. Although some commentators had suggested that the Soviet Union was in crisis, even “in danger of collapse,” Galbraith brusquely dismissed such pessimism: “This I strongly doubt.”

Meanwhile, Ronald Reagan kept battling against the intolerable enormity of Communism. In 1987 in Berlin, he delivered one of his most famous speeches: “Mr. Gorbachev, tear down this wall!” The great line was written by Peter Robinson, now a scholar at the Hoover Institution. Both the State Department and the National Security Council attempted to get the line dropped from the speech. It was “naïve,” it would raise “false hopes,” it made Reagan look like “a crude anticommunist cowboy.” The speech went through seven drafts; each time, the line was excised; each time Reagan restored it. The Soviets were furious when Reagan delivered the speech. Well might they be. It was on his watch, as Buckley put it, that Communism “ceased to be a creed, surviving only as a threat.” “Ronald Reagan,” Buckley added, “had more to do with this than any other statesman in the world.”

The twentieth anniversary of the fall of the Berlin Wall provides an opportune moment to remind ourselves what was at stake in the Cold War—what still is at stake on the perpetual battleground of freedom. I know that sounds histrionic. But the fall of the Berlin Wall—the first act whose denouement was the collapse of the Soviet Union two years later—is a contemporary as well as a historical subject. That is to say, we have not written finis to that chapter of our moral history. It is not clear that we ever will. As Leszek Kolakowski, one of our greatest genealogists of Marxism, observed in 2002,

communism was not the crazy fantasy of a few fanatics, nor the result of human stupidity and baseness; it was a real, very real part of the history of the twentieth century, and we cannot understand this history of ours without understanding communism. We cannot get rid of this specter by saying it was just “human stupidity,” or “human corruptibility.” The specter is stronger than the spells we cast on it. It might come back to life.

As we look around the world today, a melancholy spectacle greets our gaze. The Soviet Union is no more, but a minatory if diminished Russia has taken its place. A possibly nuclear Iran. A confirmed nuclear North Korea and Pakistan. Preposterous anti-American strongmen like Hugo Chávez in Venezuela. An increasingly rampant threat of Islamofascism. The enemies of freedom and the West are more numerous than ever. It is here that the two deepest lessons of the Berlin Wall lie. First, that tyranny frankly confronted can be defeated. But, second, that the victory of freedom is never final: it must always be renewed not only through our willingness to acknowledge and struggle against evil, but also through a forthright proclamation of our own founding principles. It is this last requirement of freedom that seems most difficult for Western intellectuals. To quote Kolakowski once more, there is “one Great Cause that has persisted more or less intact throughout the past decades in the Leftist mentality: the loathing of democratic countries. Allegiances changed, but if there was something enduring in Leftist politics, it was this: in any conflict between a tyrannical and democratic country, the tyrants were right and democracy wrong.” One would have thought that the admonitory tale of the Berlin Wall would provide an incontrovertible disabusement. Alas, it is a lesson we have yet to absorb.

Notes
1. The Year That Changed the World, by Michael Meyer; Scribner, 272 pages, $26.
2. There are varying accounts about who asked the fatal question. The top two candidates are the British historian Daniel Johnson and the American newsman Tom Brokaw.

Roger Kimball is co-Editor and Publisher of The New Criterion.
more from this author

This article originally appeared in The New Criterion, Volume 28 November 2009, on page 6.

Copyright © 2009 The New Criterion | www.newcriterion.com

1509) Muro de Berlim: 20 anos de sua derrubada (2)


Daniel Johnson (centre, with microphone) asks his question

Bem, não tivemos um John Reed na derrubada do muro de Berlim, para relatar, em tom épico, aqueles dias, ou horas, que abalaram o mundo e derrubaram o comunismo (sim, começou ali a derrocada do socialismo real).
Mas temos o filho do historiado britânico Paul Johnson, que estava lá e que faz este relato saboroso daqueles momentos memoráveis. Foi justamente Daniel Johnson quem fez a fatídica pergunta ao burocrata do SED sobre quando o muro estaria aberto. Confuso, este respondeu hesitante: "Sofort" (imediatamente...). As massas se precipitaram e o resto é História...

Seven Minutes that Shook the World
DANIEL JOHNSON
Standpoint magazine, November 2009

The Cold War was the first conflict that came close to annihilating Western civilisation — the first but almost certainly not the last. Yet the story of this global 40 Years War ended happily: it concluded almost bloodlessly in the European Revolution of 1989.

This was a genuine popular revolution, not a coup by professional subversives and terrorists like the 1917 Bolshevik Revolution. It came from below, taking the statesmen, diplomats and intelligence services on both sides by surprise.

Unlike most revolutions, that of 1989 did not become a vehicle for new tyrannies: it brought freedom and democracy to hundreds of millions who had lived a twilight existence under the political religion of Marxism-Leninism.

Twenty years after, the fact that all this came to pass seems almost too miraculous to be credible. Yet I was there. As a foreign correspondent for the Daily Telegraph, covering Germany from 1987 until the summer of 1989, and what was then known as Eastern Europe for the rest of that year, I had a ringside seat during the events that culminated in the fall of the Berlin Wall and the Velvet Revolution in Prague. But journalists do not only report and comment on events: on occasion, they may even play a part, however small. To be a spectator during that period was a rare privilege. To be a footnote in history, and above all in the history that was made in East Berlin that November night, was an extraordinary epiphany that I am only now beginning to appreciate. In his wonderful new account, The Year That Changed the World: The Untold Story behind the Fall of the Berlin Wall (Simon & Schuster, £16.99), Michael Meyer (who was Newsweek's bureau chief and an eyewitness at the time) has indeed mentioned me in a footnote, generously giving me "a measure of credit for bringing down the Wall". Others deserve much more of that credit, from Reagan and Gorbachev to the East Berliners themselves. But it may be of interest to tell the story of how one Englishman found himself in the right place and time to participate in German (and European) history. "History is now and England": that line from "Little Gidding", the last of the Four Quartets, applied just as much to me in Germany in 1989 as to T. S. Eliot in England in 1942.

My interest in Germany began as a youth in the 1970s. In those days, state schools in England (or at any rate, grammar schools) still taught German. None of my children has been able to study the language, and university departments of German are now rapidly closing. But at 16, I was able to spend three months at a gymnasium near Kassel, acquiring a taste for beer and Beethoven. My Germanophilia was reinforced by Karl Leyser, J. P. Stern, and various other great émigré scholars who taught me at Oxford and Cambridge. In 1979, I went to Berlin on a scholarship for which I was nominated by Tom Stoppard. There, I was briefly a tenant in an apartment at Uhlandstrasse 127, rented first by James Fenton and then by Timothy Garton Ash, described by the latter in his memoir The File. Garton Ash's affectionate but mordant depiction — "Then came Daniel Johnson, palely handsome, Nietzsche in hand. He would burst through the double-doors of a morning, beaming, to tell me he had located another German pessimist...Daniel would startle the girls with remarks like: ‘Have you noticed that Steiner uses the word "moment" in a Hegelian sense?'" — doubtless captures something of my obsession in those days with the Germans and their history. There in Berlin they tried to live normally in spite of their unspeakable past, a past from which there could be no redemption.

The spectral atmosphere of pre-1989 Berlin — divided, isolated, haunted — was best captured by Fenton in the poem A German Requiem that he wrote during his time in Uhlandstrasse: "It is not the streets that exist. It is the streets that no longer exist...It is not what they say. It is what they do not say." Germany in the 1980s was overshadowed by its own past, obsessed not so much with the Holocaust as with its own guilt. A series of scandals erupted, each one focused on "the past that would not pass away": Bitburg, the Historikerstreit, Waldheim, Jenninger. The present reality — the Berlin Wall — was taken for granted, questioned only by outsiders.

A few years later, I found that my immersion in German thought was unexpectedly useful in my new career of journalism. I was fluent enough in the language and politics to be dispatched to Bonn by the editor of the Daily Telegraph, Max Hastings. "Nothing ever happens in Germany," he said. "You've got three months to prove to me that we need a bureau in Bonn. Otherwise, we'll close it and make do with a stringer, like The Times."

Once installed in Bonn, I gave the Telegraph what it wanted. Stories about Germany rarely made news in Britain unless they contained the word "Nazi" in the first paragraph, so I was fortunate that Rudolf Hess, the last of the Nazi war criminals languishing in Spandau Prison, died within weeks of my arrival. The Hess story was a foreign correspondent's dream: a mysterious suicide — or was it murder? — involving Hitler's deputy, Cold War diplomacy and jackbooted young neo-Nazis in Bavaria. I made the front page and the story had more legs than a centipede.

Much more important was the visit that autumn of Erich Honecker, the desiccated but still dangerous East German leader. Having scarcely altered his attitude to the West since he had built the Wall in 1961, Honecker had trouble adjusting to the Gorbachev policies of glasnost and perestroika. His motto was that capitalism and communism were like "fire and ice" and his guards would still shoot those so desperate to escape his system that they tried to cross the Wall. Some 5,000 people tried to cross it during its 28-year existence, of whom up to 200 were killed. But the sad truth was that the Wall had done the job it was meant to do: between 1949, when the division of Germany was formalised, and the erection of the Wall in 1961, some 3.5 million people had voted with their feet: an exodus of the brightest and best that the communist German Democratic Republic could not afford. Honecker, the jailer of a third of the German people, pretended that the Wall was a defence against renascent Nazism in the West. The consequence of Honecker's visit was a further normalisation of the division of Germany, at a time when the division of Europe was no longer so rigid. Honecker's detachment from reality was demonstrated by the cult of personality that he permitted: in an edition of the party newspaper Neues Deutschland during the Leipzig trade fair in 1989, his photograph appeared on almost every page. Honecker's hubris was swiftly followed by an unexpected nemesis: within months he had fallen, and the Wall he had built, which seemed so permanent, outlasted him only by weeks.

By the end of 1987 the Bonn bureau was secure, and it was safe to settle down there. Because I was new to the scene, I was perhaps better placed than old hands to notice the political tremors that heralded the revolutionary earthquake to come. In particular, I began to question some of the assumptions of the German political class and, by extension, of the diplomats and journalists in Bonn. One of their assumptions was that German reunification would not happen in our lifetime, because it implied nothing short of an end to the division of Europe. That division, and the ideological gulf that separated the two halves of the continent, was the fundamental axiom of post-war politics. It was literally unthinkable that the process of historical change could suddenly accelerate. But history was not just something that happened in the past: the dispensation that everybody now took for granted had only been created over time.

A turning point came at about the time I arrived in Bonn. On 12 June, 1987, President Ronald Reagan stood at the Berlin Wall to make his second great Cold War speech, following that of 1984 when he described the Soviet Union as "an evil empire". Once again he ignored the conventional niceties — "the boys at State are going to kill me, but it's the right thing to do," he told an aide — and articulated the hopes of millions: "Mr Gorbachev, tear down this wall!"

My first flash of insight came after the Bavarian Prime Minister Franz Josef Strauss's visit to Gorbachev in December 1987. Although he was already the most popular foreign leader in both East and West Germany, Gorbachev remained an enigma. He certainly did not see himself as the gravedigger of socialism, but rather its saviour. "I never for a moment thought that the transformations I had initiated, no matter how far-reaching, would result in the replacement of the rule of the ‘reds' by that of the ‘whites'," he later wrote in his memoirs. The swashbuckling Strauss (who had fought for the Wehrmacht on the Eastern Front) piloted his own plane to Moscow, met Gorbachev and returned declaring that the Soviets would like to do serious business with the Federal Republic. The outline of a new Soviet-German deal began to take shape: German soft loans to modernise the Soviet economy in return for liberalisation in East Germany.

This was an extension of Willy Brandt's Ostpolitik of the 1970s. But could it go further? What if the Soviet malaise were so profound that the Kremlin would pay any price for German capital? Might the postwar solution to the German Question — "one people, two states" — itself be called into question? I wrote a piece for the Telegraph predicting that German reunification could happen much sooner than anybody was expecting. Nobody believed me.

My growing belief that there was nothing permanent about the division of Germany — and hence the division of Europe — was based as much on an inner conviction as on empirical evidence. The attempt by Gorbachev to reform the Soviet Union was having all kinds of unforeseen side-effects outside its borders that spelt doom for the empire Stalin had bequeathed. Against the background of perestroika in the Soviet Union, the signs of dissolution were everywhere to be seen across Eastern Europe. I had visited Poland a couple of times in the mid-1980s, during the grim years that followed the crushing of the Solidarity trade union, when the dissident priest Father Jerzy Popieluszko was murdered by the secret police. I had watched with growing admiration as the Polish people, under the leadership of Lech Walesa and inspired by Pope John Paul II, had forced the communist system to concede an ever-greater latitude to its critics. Hungary, too, had embarked on a gradual relaxation of the despotic regime imposed by Soviet tanks in 1956. Uniquely, this process was presided over by János Kádár, the man who had crushed the uprising. True, such concessions had not yet been granted in East Germany, Romania or Czechoslovakia, where the old dictators Erich Honecker, Nicolae Ceausescu and Gustav Husak still ruled and dissidents (such as Vaclav Havel or this year's Nobel laureate Herta Müller) were still being imprisoned or forced into emigration.

I was able to observe another key moment in the process, however, when I accompanied the then Chancellor Helmut Kohl to Moscow in October 1988. Two images stuck in my mind. One was the sight of hundreds of so-called Volga Germans returning "home" to a country from which their ancestors had emigrated in the time of Catherine the Great. Kohl may have hoped to rejuvenate the ageing indigenous German population by bribing the Kremlin to let these ethnic German Aussiedler emigrate; if so, he failed. But the other abiding memory of that trip is even more revealing: Alfred Herrhausen, the head of the Deutsche Bank, who was there to offer the disintegrating Soviet economy huge state-backed soft loans. He allowed me to interview him with a Financial Times colleague in his lavish Moscow HQ. The visionary banker was already paving the way for the deal that would set the seal on reunification when Kohl and Gorbachev met in the Caucasus in 1990. By then, however, Herrhausen was dead: killed by a terrorist bomb, the last bloody stunt of the Baader-Meinhof gang.

In the summer of 1989, the Telegraph moved me from Bonn back to London, to become Eastern Europe correspondent. Across the world in China, the empire struck back. In Tiananmen Square, students were slaughtered by Deng Xiaoping's minions; he was congratulated by Honecker's heir apparent, Egon Krenz — a gesture for which Krenz was not forgiven. But in Central Europe the pace of events began to quicken, as the ancien régime of Lenin's heirs began to disintegrate. The first country to dump communism was, predictably, Poland, followed by Hungary. By this time, Hungary had made the first breach in the Iron Curtain by opening its border with Austria. Thousands of East Germans began to make their escape both via Hungary and through the West German embassy in Prague. On 4 October, Gorbachev came to East Berlin to celebrate the 40th anniversary of the GDR. There was nothing the Stasi could do about pro-Gorbachev demonstrations, but the evident impatience of the Soviet leader with Honecker's resistance to reform sparked protests immediately after the visit. As demonstrations in Leipzig grew by the week, even the Stasi could no longer guarantee order. Honecker's attempt to crush the protesters by force — the "Chinese solution" — was thwarted and he was forced out of the Politburo.

Krenz, who took over as party leader, pretended to be a German Gorbachev, but he was neither loved nor feared, merely held in contempt. He tried to relieve the pressure with a new travel law, permitting visits of up to 30 days per annum to the West, but not emigration. It was a classic case of too little, too late. On 4 November, half a million people marched in East Berlin to demand freedom of the press and freedom to travel. Meanwhile, Krenz had visited the Kremlin to reassure Gorbachev that he was still in control. He promised that the police, together with "certain elements" (presumably military), had plans to prevent a mass attempt to rush the checkpoints along the Wall. (In the event, there was no such plan.) However, individuals who tried to cross the Wall would no longer be shot. A new travel law would allow free movement to all countries, with the state using passports and exit visas to maintain an orderly flow. Dismantling the Berlin Wall was not discussed, though we now know that Gorbachev and his most senior colleagues had briefly considered that option in private, only to dismiss it as far too risky. The idea that the people might take the matter into their own hands was not taken seriously.

Back in London, I felt frustrated not to be back in my old haunt. I recall waking up in the small hours, thinking: "I should be in Berlin!" Finally, on 8 November, the Telegraph allowed me to fly out there. I stayed at the pompous new Hotel Grand in East Berlin, lavishly equipped with Stasi bugs and spies, but with the same wretchedly few telephone lines that meant we journalists had to dial many times to get a line to the West, even though the Wall was visible from one's room.

That week, the Central Committee was meeting and at 6pm on 9 November the daily press conference took place to announce its decisions. We all trooped into a dreary hall at the international press centre in the Motzstrasse. The central committee spokesman was Günter Schabowski, the East Berlin party boss, who spoke for nearly an hour on live television. Most of the questions came from tame East German journalists and the wait for a chance to get the microphone was almost unbearable. It seemed like a non-event. The last seven minutes of the press conference, however, were dramatic in every sense, except that no playwright could have come up with a script that so effectively exposed the colossal confidence trick that the Wall had always been.

At 6.53pm, an Italian journalist, Riccardo Ehrman, asked his question: "Herr Schabowski, don't you think this draft travel law you announced a few days ago was a big mistake?" Earlier this year, Ehrman revealed for the first time that his question was not spontaneous, but that he had been tipped off to ask it by the head of the East German news agency, ADN, who apparently told him it was "very important". This suggests that Krenz intended to use the press conference to announce his new policy — a last throw of the dice to save his own leadership and the communist regime. Krenz had decided to give the people what they wanted: unrestricted travel to the West. But he had no intention of opening the Wall.

Schabowski at first prevaricated, but then announced that the Politburo had made a decision that very day. It had just decided to issue a new set of travel regulations which would allow East German citizens to emigrate. Somebody (Ehrman says it was him, but this has been disputed) asked when this new law would come into effect: "Immediately?" Schabowski did not at first reply, but produced a scrap of paper with the text of the new travel law, and proceeded to read sections of it aloud. "The Passport and Registration Departments of the Volkspolizei district offices have been told to issue visas for permanent emigration without delay" and "permanent emigration can occur at any border crossing between the GDR and the FRG". He did not at first mention Berlin. Another journalist (it is unclear who) again asked when the new rules came into force. "As far as I know...immediately, without delay," replied Schabowski. This was a fatal mistake. Krenz had intended the new law to take effect the following day, 10 November, once the border police and officials had been given their instructions. But it did not say this on the document he handed Schabowski, which the latter read out at the press conference. Schabowski's reply gave the impression that the new regulations were already in effect, there and then, that night. But nobody had warned the guards at the checkpoints, or the officials in charge of them, to issue visas or any other instructions.

Another question: "Does this apply also to West Berlin?" Schabowski confirmed that border crossings in West Berlin were included — a new surprise, because Berlin was still governed by the Four Powers. By now, pandemonium was breaking out in the press conference, with reporters rushing out to tell the world. Yet the import of Schabowski's announcement was still utterly ambiguous. Nobody knew what it meant, either in the immediate practical sense — could East Germans just get up and go? — or in the deeper sense of its historical significance. Above all, nobody had mentioned the Wall.

It was now 6.58pm. A painfully thin, anxious young man in a slightly fogeyish three-piece tweed suit rose to his feet, microphone in hand. I asked the most obvious question that came to mind: "Herr Schabowski, was wird mit der Berliner Mauer jetzt geschehen?" ("Mr Schabowski, what will happen to the Berlin Wall now?") Hundreds of thousands of Germans on both sides of the Wall were watching: they wanted the answer, too. Schabowski looked nonplussed. He announced that this would be the last question. He repeated my question to himself, adding that "the permeability of the Wall from our side does not yet and exclusively resolve the question of the meaning of this fortified state border of the DDR". It was somehow very German to ruminate at such a moment on the meaning of the Berlin Wall. But there was the rub. Now that I had used the fatal words "Berlin Wall", Schabowski could have seized the opportunity to make it clear that there was no question of opening the Wall that night. He could have explained what its rationale would be, now that people would no longer be shot for attempting to cross it. Instead, he hesitated. He stumbled over his words. He waffled about peace and disarmament for two of the longest minutes of his life. But he did not answer the question, because he had no answer. A wall between two halves of a country could have no "meaning" if the people were allowed to travel freely. It was over. And by the time Schabowski had finished just after 7pm, everybody knew it. The pfennig had dropped.

To some extent, the media made the message. We decided that what Schabowski had said — and also what he did not say — amounted to the immediate opening of the Wall. Schabowski's exchanges with Ehrman and me were shown repeatedly on both West and East German news programmes throughout the evening; my question was echoed by commentators: what will happen to the Berlin Wall now?

But it was the people that made the decision. While Schabowski, Krenz and their fellow Politburo members went home for an early night, the East Berliners came out on to the streets. By the time I had filed my story, people were beginning to gather at the Wall. Pretty girls recognised me and hugged me, insisting that I celebrate with them. We toasted the opening of the Wall in home-made wine (there was no champagne). Outside, an indescribable roar could be heard from afar: the sound of liberation. When I went back to the Wall, people were standing on top of it. The officials had no orders, and they did not want to shoot. They had no choice but to let the people go through Checkpoint Charlie and all the other crossing points.

When the people came out on the streets that night, they breached the Wall, symbolically overcoming the totalitarian tyranny that they had once inflicted on others. What happened that night was replete with historical resonances and ironies. The Berlin Wall, in appearance if not in purpose, uncannily resembled the wall the Nazis built around the Warsaw Ghetto — the place where Jews rose up against the Nazis in 1943 in a hopeless but heroic uprising, and where Willy Brandt fell to his knees in silent tribute in 1970. It may be coincidence that 9 November was the anniversary of Hitler's Munich Putsch in 1923, when the Nazi menace first manifested itself to the world, and was also the anniversary of Kristallnacht, the "Night of Broken Glass" in 1938, when the Nazis unleashed a nationwide pogrom which made clear their intention to destroy the Jewish people, and removed any hope that the German conscience would revolt against such barbarism. It may have been a coincidence that Riccardo Ehrman, whose question prompted Schabowski's announcement, was a Jew from Poland who had survived a Nazi concentration camp as a boy, settled in Italy, and returned to Germany as a journalist.

But it was no coincidence that in London Margaret Thatcher reacted to the scenes of jubilation at the Wall with horror. On 10 November, Sir Peter Wright, the Permanent Under-Secretary at the Foreign Office, wrote to Stephen Wall, private secretary to the Foreign Secretary, as follows: "I understand that the Prime Minister was frankly horrified by the sight of the Bundestag rising to sing "Deutschland über alles" when the news of developments on the Berlin Wall came in." There was nothing surprising about Mrs Thatcher's alarm at the prospect of imminent German reunification. Her anxiety about the reopening of such forgotten but still fraught questions as the Oder-Neisse line, Germany's disputed eastern border with Poland, was shared by François Mitterrand in Paris. Meanwhile in Moscow, Gorbachev reacted with what Condoleezza Rice called "barely disguised panic". After watching the scenes at the Berlin Wall, he wrote to President George H. W. Bush next day: "When statements are made in the Federal Republic of Germany designed to stir up emotions, in the spirit of implacable rejection of the postwar realities, that is, the existence of two German states, then such manifestations of political extremism can...bring about a destabilisation of the situation not only in Central Europe, but on a larger scale." Bush responded cautiously. He had already decided to leave the German people to determine their own future, just as Reagan had urged Gorbachev to do.

Helmut Kohl was dining with the new, post-communist Polish Prime Minister, Tadeusz Mazowiecki, in Warsaw when his aide Horst Teltschik brought him the news that the Wall was open. At first he refused to believe it. That very night, however, he flew back to Germany — though not directly to Berlin, because the Four Power rules still in force did not permit German aircraft to fly from Poland to Berlin. Kohl was actually flown to Berlin in a United States Air Force plane, a reminder of the Berlin airlift. When he spoke to the crowds, he ignored Gorbachev's warning against any talk of reunification, exclaiming, "Long live a free German fatherland! Long live a free, united Europe!" Less than two weeks later, with the crowds in East Berlin no longer chanting "We are the people" but "We are one people", Kohl set out his Ten Point Plan for German unity. There was no turning back.

The fall of the Berlin Wall did not cancel out German responsibility for the Holocaust: nothing could ever do that, nor have decent Germans ever wanted to evade that responsibility. But there was something about the events that night that recalled the Biblical story of Joshua and the walls of Jericho: "When the people heard the sound of the trumpet, and the people shouted with a great shout, that the wall fell down flat, so that the people went up into the city." (Joshua, 6:20.)

The East Germans, by recovering their freedom, had regained their self-respect and the respect of others. The fall of the Wall enabled Germans to write a new chapter in the story of liberty. They had earned the trust of erstwhile enemies and victims. Now that they had a future as a nation again, they no longer needed to live in the past.

T. S. Eliot in "Little Gidding" captured this predicament, which is not unique to the Germans: "A people without history/Is not redeemed from time./For history is a pattern/Of timeless moments." Thanks to this timeless moment in Berlin, German history, seemingly mired in crime and punishment, made sense. The hollowness of the communist ideology, its false promise of an omniscient state, was laid bare. Far from being omnipotent, its impotence was manifest in that moment of truth.

Schabowski's answer to Ehrman's question and his failure to answer mine proved to be the moment when the Berlin Wall — and the Iron Curtain that divided Europe — became history. It was the moment when the Cold War ended.

And it was the moment when Germany's terrible history regained some kind of meaning.