O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A industria brasileira no setimo circulo de Dante... - IEDI

Ainda não é o círculo central, o do inferno infernal, se ouso dizer, pois ainda falta muita decadência para a indústria periclitar mais um pouco e entrar em crise terminal (o que obviamente não vai acontecer), mas se deixarmos o governo no comando ela vai continuar declinando, pois todas as políticas governamentais trazem dificuldades para a indústria, a começar pelos picadinhos setoriais, que visam salvar algumas e deixam todas as outras ao relento, ou os incentivos dirigidos, que tornam a indústria ainda mais cara para os consumidores brasileiros.
Quando é que os empresários vão descobrir que o governo é o problema, não a solução?
Paulo Roberto de Almeida 

Temas da Indústria e da Economia Brasileira em 2012
IEDI, 21 de dezembro de 2012

Sumário
A Carta IEDI de hoje aborda diversos assuntos relacionados direta ou indiretamente à indústria brasileira ou à economia do país, vistos do ângulo dos Conselheiros do IEDI. É uma coleção de artigos ou entrevistas de destacados empresários brasileiros que fazem parte do IEDI. As matérias foram organizadas por ordem cronológica, sendo a primeira de Pedro Passos, Presidente do Instituto, abordando as relações entre a crise industrial vivida pelo país e a condição de baixo crescimento em que a economia brasileira se encontra há mais de um ano.

Os outros Conselheiros, cujos pensamentos estão retratados na presente coletânea, são: José Roberto Ermírio de Moraes, Presidente da Votorantim; Josué Gomes da Silva, Presidente da Coteminas; Jorge Gerdau, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau; e Marcelo Bahia Odebrecht, Presidente da Odebrecht.

Vamos seguir alguns passos da primeira das matérias reunidas. Pedro Passo defende que a indústria não voltará a ter competitividade e não resgatará as posições de destaque que já desfrutou no comércio mundial se não ampliar significativamente a inovação e a produtividade. Contudo, outros condicionantes também precisam ser redimensionados, um ponto no qual o governo vem procurando atuar. Na área cambial, ao que tudo indica a política econômica não aceitará valorizações excessivas na moeda, muito embora não se espere que, ao contrário de outros países, venha a usar o câmbio como fator extra de competitividade. É importante perseguir reduções de custos sistêmicos a exemplo das tarifas de energia elétrica, custo do crédito e desoneração da folha de salários. As medidas levarão um certo tempo para surtirem efeito e ainda são parciais, havendo muito a fazer na tributação, em logística, no financiamento voluntário de longo prazo e em outros custos de matérias primas fundamentais como o gás.

Em tendo sequência e ganhando profundidade as ações que o governo já vem adotando, é possível que em 2013 o quadro da geração de valor na manufatura seja mais favorável do que em 2012, o que pode abrir caminho para novos investimentos. Será essa a contribuição da indústria a um crescimento maior do PIB. Para além de 2013 o setor poderá aportar muito mais desenvolvimento ao país se a redefinição do marco de referência da política industrial e um novo direcionamento dos mecanismos de apoio existentes caminharem na direção da mudança estrutural.

Estando o investimento no centro das dificuldades vividas pela indústria e pela economia brasileira, caberia uma resposta rápida da política econômica visando reerguê-lo. A sugestão consiste em promover a desoneração integral e definitiva dos investimentos, incluindo o ICMS e o ISS, e instituir por um prazo como dois a três anos a depreciação acelerada dos investimentos, mecanismo potente que vem sendo utilizado com sucesso em países industrializados.
========
A Crise Industrial e o Baixo Crescimento Econômico – Pedro Luiz Barreiros Passos – Presidente do IEDI e do Conselho de Administração da Natura (artigo publicado pelo jornal O Estado de São Paulo em 23/12/2012). Gostaria de abordar dois temas objeto de intenso debate no País: a questão industrial e o desempenho decepcionante da economia brasileira já pelo segundo ano consecutivo. Eles guardam relação, pois a crise industrial é a mais relevante causa da frustração do crescimento. Assim, enquanto o PIB aumentou 0,7% no acumulado desse ano até setembro, a indústria regredia 1,7%. A conexão entre esses dois termos da equação econômica brasileira se dá pelo investimento.

Este sofre uma contração severa desde a segunda metade de 2011, em parte porque o investimento público, incluindo a Petrobrás, esbarrou nos obstáculos de gestão e de financiamento. Foi também decorrência do colapso das inversões do setor industrial, que vem perdendo gradativamente fatias de sua participação em mercados externos e no próprio mercado interno para a produção realizada no exterior. Daí porque o empresário industrial refreou o ímpeto investidor que prevalecera até 2010, pelo menos até se tornar mais claro o quadro de sua capacidade de concorrer com o produto estrangeiro. É imprescindível que o Brasil retome o investimento para crescer mais e de forma sustentada e isso passa obrigatoriamente pela redinamização das inversões industriais.

Como um maior nível do investimento é também condição para que a indústria se modernize e amplie seus níveis de produtividade e inovação, o que se traduzirá em melhor competitividade, podemos afirmar que de um ponto de vista geral reside na reativação do investimento a chave da solução do problema econômico do País.

Isso pressupõe uma política industrial não apenas acomodadora dos impactos da crise global, mas, sobretudo, transformadora de nossas bases de produção. O País não se recuperará plenamente da crise industrial se não atrair capitais para os setores mais representativos das recentes ondas de revolução industrial que redefiniram as estruturas industriais das economias atualmente líderes mundiais.

São os casos do complexo eletrônico, das tecnologias de informação e comunicações, da indústria farmacêutica e de um variado leque de atividades sustentáveis e de alta eficiência energética e intensidade tecnológica, todos com grande capacidade de gerar e difundir inovações e impulsionar a produtividade do conjunto da indústria. Operar a política industrial com o objetivo de atualizar a indústria brasileira exigirá atribuir prioridade máxima à perspectiva de longo prazo e, correspondentemente, reservar às ações de curto prazo uma ênfase subordinada. Medidas em áreas como defesa comercial e subvenções a setores mais atingidos pela crise podem e devem permanecer, mas sem que se perca de vista o foco da mudança das bases industriais do País.

Como cabe insistir, a indústria não voltará a ter competitividade e não resgatará as posições de destaque que já desfrutou no comércio mundial se não ampliar significativamente a inovação e a produtividade. Contudo, outros condicionantes também precisam ser redimensionados, um ponto no qual o governo vem procurando atuar.

Na área cambial, ao que tudo indica a política econômica não aceitará valorizações excessivas na moeda, muito embora não se espere que, ao contrário de outros países, venha a usar o câmbio como fator extra de competitividade. É importante perseguir reduções de custos sistêmicos a exemplo das tarifas de energia elétrica, custo do crédito e desoneração da folha de salários. As medidas levarão um certo tempo para surtirem efeito e ainda são parciais, havendo muito a fazer na tributação, em logística, no financiamento voluntário de longo prazo e em outros custos de matérias primas fundamentais como o gás.

Em tendo sequência e ganhando profundidade as ações que o governo já vem adotando, é possível que em 2013 o quadro da geração de valor na manufatura seja mais favorável do que em 2012, o que pode abrir caminho para novos investimentos. Será essa a contribuição da indústria a um crescimento maior do PIB. Para além de 2013 o setor poderá aportar muito mais desenvolvimento ao País se a redefinição do marco de referência da política industrial e um novo direcionamento dos mecanismos de apoio existentes caminharem na direção da mudança estrutural.

Estando o investimento no centro das dificuldades vividas pela indústria e pela economia brasileira, caberia uma resposta rápida da política econômica visando reerguê-lo. A sugestão consiste em promover a desoneração integral e definitiva dos investimentos, incluindo o ICMS e o ISS, e instituir por um prazo como dois a três anos a depreciação acelerada dos investimentos, mecanismo potente que vem sendo utilizado com sucesso em países industrializados.

A Hora É de Elevar a Produção – Pedro Luiz Barreiros Passos – Presidente do IEDI e do Conselho de Administração da Natura (entrevista publicada pelo jornal DCI em 22/08/2012). Para o presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e co-presidente do Conselho de Administração da Natura, Pedro Luiz Passos, o modelo de desenvolvimento através do estímulo ao consumo se esgotou. Agora, será necessário que o governo incentive novos investimentos para que se aumente efetivamente a oferta.

Em entrevista exclusiva ao DCI, o empresário disse ainda que o pacote de concessão anunciado na última semana pelo governo federal é positivo por envolver o setor privado, que pode e deve colaborar com o investimento em infraestrutura. Ele coloca ainda um desafio adicional ao setor público no sentido de melhorar os marcos regulatórios e avançar nos sistemas de aprovação de projetos, condições essenciais para que os investimentos sejam executados. Leia abaixo alguns dos trechos da entrevista com o executivo.

A indústria vive um momento de transição?

A desindustrialização vem ocorrendo há pelo menos uma década. Juros altos e câmbio um para um foram um tranco forte, e, antes disso, a rápida abertura comercial. Que não estava na direção errada, mas foi uma transformação seguida do câmbio um para um. Aquilo foi de uma rapidez atroz. Em quatro anos, a situação competitiva da indústria virou de cabeça para baixo. E aí fizemos aquele tremendo déficit comercial que acabou dando na desvalorização no início de 1999. Portanto, esse processo vem de muito tempo. Só agora os juros convergem para níveis razoáveis. Tudo isso foi de difícil reversão. Mas o Brasil tem uma base instalada na indústria importante. Temos condições melhores em relação a muitos países, que aniquilaram suas indústrias, como a Argentina. Temos uma base diversificada, boa, mas ainda precisamos mudar o rumo geral da política para poder recuperar essa indústria e colocá-la em padrão internacional. O Brasil está muito caro, teve um câmbio que ainda não ajudou nessa história toda, além da excessiva tributação, infraestrutura deficitária, etc. O elemento produtividade no Brasil ainda é complexo, e o custo, muito alto. Precisamos mudar essa situação.

Há receio dos empresários ou não há o que investir?

Uma parte dos investimentos está represada por conta de uma situação global e do crescimento baixo do País. Mas também existe uma situação em que o governo poupa pouco e, portanto, investe pouco. O governo vai precisar reiniciar esse ciclo de investimentos com mais ênfase, com mais profundidade. E já deu o primeiro passo para isso. O pacote de concessão é positivo por envolver o setor privado, que pode e deve colaborar com o investimento em infraestrutura. E coloca um desafio adicional ao setor público no sentido de melhorar os marcos regulatórios e avançar nos sistemas de aprovação de projetos, condições para que os investimentos sejam executados. E tudo isso é importante para a retomada de um ciclo de investimentos, para criar um ambiente adequado para a atração de capital privado. Mas a situação é bastante razoável para o Brasil, em comparação com a economia mundial. Podemos e devemos retomar o ciclo de crescimento da indústria. Temos um ambiente com taxas de juros menores que permitirá financiamento de longo prazo, não só do BNDES, mas do próprio mercado de capitais. As empresas poderão emitir debêntures e criar um mercado de financiamento de longo prazo.

Os bancos estão contribuindo pouco para isso?

Os bancos ainda estão conservadores. Uma mudança dependerá da sinalização que o governo der, mas as condições de retomar o financiamento são boas.

Como o setor público pode ter um papel mais ativo nos investimentos?

Tem de haver prioridade porque perdemos velocidade recentemente. Tem muitos projetos que ainda não estão andando na velocidade possível. O dinheiro disponível precisa ser bem aplicado. Em segundo lugar, temos uma enorme possibilidade -em algumas áreas de infraestrutura, como petróleo e gás- de atrair, junto com iniciativa pública, o capital privado. E tudo isso passa por regimes de concessões e incentivos. Estamos iniciando um bom caminho nesse sentido, e temos possibilidade de fazer mais. Eu sinto que existe hoje muito mais consenso nessa direção do que existia há alguns anos. Esta é a mudança fundamental da equação do desenvolvimento. Estamos crescendo pouco este ano, mas algum nível de recuperação nós devemos ter já no próximo ano. A queda dos juros e as iniciativas que o governo vem tomando vão propiciar essa retomada da economia. É curioso que o crescimento é pequeno, apesar de haver pleno emprego.

Está esgotado o caminho adotado pelo governo de crescer por meio do incentivo ao consumo?

Foi muito boa essa decisão, que produziu um resultado excelente nos últimos anos. Só que este não pode ser o único modelo. Chega uma hora em que o crédito e o endividamento batem no limite, mas eu não diria que esse modelo se esgotou. Tem espaço para crescer, mas não na velocidade dos últimos anos. Teremos de reciclar as dívidas das famílias. Vai ter um crescimento, tem um enorme deslocamento social importante no Brasil e vai continuar acontecendo, até mesmo pela situação demográfica. Mas o modelo não vai poder se basear, daqui para a frente, só na expansão do consumo. Se a gente não vier com alguma coisa do lado da oferta, com um pouco mais de capacidade na produção, bateremos no limite. Temos limites até de educação, de formação de mão de obra. A gente está vendo a construção civil e outros setores trazendo gente de fora do País para fazer frente à demanda de mão de obra.

Os esforços para retomar a competitividade estão na direção correta?

Esta agenda está na direção certa, mas ainda é tímida. Precisamos fazer muito mais. O Brasil não desenvolveu os setores de ponta da indústria moderna. Os esforços de inovação contemplados na primeira versão do Plano Brasil Maior enfatizavam a inovação, mas ainda precisamos de muito mais investimento em pesquisa, desenvolvimento, tecnologia nas nossas universidades, e de um certo alinhamento com o setor privado. Mas tem uma agenda de competitividade que passa por uma revisão tributária, desoneração do investimento. Precisamos estar na linha de frente dos processos atualizados. Ainda existe espaço para avançarmos.

E a desoneração da folha?

Também está indo na direção correta, e parece que será estendida a todos os setores. Esses encargos são muito pesados no Brasil, e com as mudanças previstas seremos mais competitivos, inclusive em relação a importados, livres desse ônus. Mas precisamos ir mais fundo porque a defasagem de competitividade no Brasil é muito grande. Nós não temos política de comércio exterior forte. O mercado internacional para manufaturados é negativo, nossa balança comercial é fortemente negativa. Já seria uma boa agenda uma tributação mais simples e uma tributação em que toda a cadeia fosse beneficiada com crédito e débito sobre valor adicionado. Temos vários impostos que ficam no meio do caminho.

Há uma sobreposição de impostos federais, estaduais e municipais. Como o senhor vê essa questão da guerra fiscal?

É um assunto complicado, de difícil coordenação política. Mexer na arrecadação estadual, criar um consenso em torno do tema, é complicado. É do governo federal o papel de incentivar para que os estados aperfeiçoem a legislação tributária, pois os estados não vão, por vontade própria, abrir mão de receitas.

A presidente Dilma tem demonstrado mais vontade política de avançar na agenda das reformas pendentes?

Acho que sim. O governo atual tem uma visão muito mais voltada à indústria. Obviamente, tem de aprofundar a agenda. Mas eu diria que a sociedade percebeu que ficar sem indústria e passar direto para serviços, ou seja, a desindustrialização, é oneroso para o País e para a sociedade como um todo. Então a agenda da indústria tem que estar na pauta de governo, com modelo de desenvolvimento.

Desatar alguns nós depende apenas do governo ou também da vontade do empresariado?

Depende da vontade do empresariado, sim. O empresário não pode ficar apartado desse processo, só aguardando sinalizações de governo. Mas nós temos um empresariado que já mostrou que, quando tem as condições, se mobiliza na direção certa. Tem de ser uma agenda conjunta. A própria indústria e alguns setores no Brasil precisam passar por uma renovação, uma atualização. Essa agenda de competitividade não é só um problema de câmbio, é um problema só da equação macro.

A Natura é uma empresa competitiva, inovadora, por decisão da empresa. Por que isso não se disseminou na cabeça do empresariado em geral?

Tem um Brasil novo de pequenas e médias empresas, um novo ciclo de empresários surgindo, inclusive em outras geografias, diferentes daquelas que a gente estava acostumado a ver. Até pouco tempo, eram exceções as empresas que se destacavam porque as condições de juros e ambiente de negócios eram muito dificultadas para um investimento relevante. Mas quando o mercado interno cresceu, muitas empresas acompanharam, investiram e as taxas de investimento foram boas naquele momento para empresas privadas. Então o empresário vai atrás das condições de mercado. Agora, se você vê como está o mercado externo, um mercado que estamos fora hoje, a não ser pelo setor de commodities, o Brasil está abrindo mão de um vetor de crescimento importante.

O que está faltando aí?

No mínimo, um bom diagnóstico de como é que a gente retoma esse crescimento no mercado externo. Não é só câmbio, passa por uma série de fatores. Para ir até o porto é complicado. Se você acertar isso via câmbio, não necessariamente estimula um ganho estrutural de produtividade. Eu sinto que existe mais consenso nessa direção, que chegou a vez de enfrentar os assuntos estruturais, porque essa maré do consumo, da mão de obra, da capacidade, acabou. Nossa economia não crescerá mais da maneira que vinha crescendo. Agora vamos ter que mudar a agenda.

Mas, apesar de tudo isso, o capital estrangeiro está vindo com força em todos os setores. Você acha que isso vai ajudar a mudar a mentalidade do empresário?

Acho que sim. É gente que vem com capacidade de gestão, de investimento, competição, o que é muito bom. Essa atração de investimentos é uma boa notícia. Investimentos não vêm mais como antigamente, só de passagem rápida pelo País. Isso é concreto, está acontecendo, apesar da baixa taxa de crescimento do Brasil. Por isso, vamos crescer um pouco mais ali na frente. E, se o governo ajudar fazendo os investimentos necessários, a gente terá uma boa competitividade, uma boa possibilidade de crescimento.

Em quais setores o País tem vocação e pode melhorar e quais são aqueles que não têm jeito?

Difícil fazer uma projeção desse tipo, mas alguns são mais ou menos evidentes. Todos aqueles que agregam valor em cima das vantagens comparativas que nós temos, acho que podemos trabalhar em cima deles. A cadeia de alimentação, a biodiversidade brasileira, que pode ser importante na área de fármacos. A própria cadeia do petróleo que agora se desenvolve também vai ser um fator importante. Tem vários setores em que o Brasil pode ganhar. Não se imaginava no passado que o País pudesse ser forte na indústria aeronáutica. Então é muito difícil matar setores a priori. Acho que o exemplo da indústria aeronáutica é a boa exceção, mas o que é que foi? Uma boa universidade, uma boa formação de mão de obra, algum estímulo para que isso acontecesse. Começou com estímulo público mesmo e aí virou um setor privado de sucesso, competindo com os grandes do mundo. Eu me preocupo muito de dizer "Aqui nós não vamos ganhar". Dá para estimular alguns que a gente tem mais facilidade de ver como competitivos. Mas não dá para matar setores e dizer que "o Brasil não poderá ser bom na indústria de informática", por exemplo. Até porque hoje já temos uma indústria de software, relevante. A Totvs é uma das principais empresas de sistemas de gestão do mundo. Já temos polos de informática muito sofisticados. Então por que a gente vai abrir mão de biotecnologia, da indústria farmacêutica etc? É difícil matar setores. Acho que temos gente e mercado para enfrentar essas situações.

Vantagem comparativa também se cria?

Sim, a gente constrói. O segredo é saber apostar e fazer bem a coisa. Você só vai saber daqui a 20 anos se apostou bem, mas sabemos dos casos de sucesso, que são a Coreia, a Embraer, a Natura. O Brasil precisa apostar mais. Nesse jogo, quem acertou virou desenvolvido, como a Coreia, o Japão. Isso é P&D, isso é tecnologia, inovação, educação.

Falta espírito animal?

Estatal e animal. A Internet foi criada na sua origem por uma estratégia militar, aí o setor privado pega e leva esse processo para a rua; a Embraer foi assim também. Nesse caso, não precisa separar público e privado. Falta um pouco isso ao Brasil. Qual é a política de comércio exterior existente no Brasil? Por que os empresários dizem "tentamos ir" depois recuam? Você perde espaço no mercado internacional. O mercado internacional você não abre e fecha com muita facilidade, você precisa manter, como esses países vêm mantendo. Coreia, China, Alemanha têm um esforço de comércio exterior muito forte. Acho que aqui falta um pouco do espírito animal também para o governo.

Resultado Deve Ser Melhor que em 2012 – José Roberto Ermírio de Moraes – Conselheiro do IEDI e Presidente da Votorantim Participações (entrevista publicada pelo jornal Valor Econômico em 19/12/2012). A retomada e o aumento da competitividade da indústria de transformação, que enfrenta um déficit de mais de US$ 100 bilhões, é palavra-chave para o Brasil manter-se em condições de crescer, diz o empresário José Roberto Ermírio de Moraes, que comanda a Votorantim, um dos maiores conglomerados industriais do país. Ele considera que o governo da presidente Dilma Rousseff está no caminho certo, atacando questões antigas e cruciais - como os juros elevados, a desoneração da folha salarial até gargalos de infraestrutura. Mas precisa fazer mais. "Tem de acelerar as minirreformas, para criar um ambiente de negócios mais atrativo no Brasil, ampliar a eficiência da gestão pública e elevar a qualidade da educação em nosso país".

Engenheiro metalúrgico, José Roberto trabalha no grupo desde 1980, tendo passado por diversas posições. Desde o ano passado é presidente da Votorantim Participações, holding que controla os dois segmentos de negócios - industrial e financeiro - com vendas de R$ 34 bilhões em 2011. O "coração industrial" da Votorantim, que completa 95 anos em 2013, abrange negócios como cimento, fabricação de aço, alumínio, zinco e níquel, produção de celulose e suco de laranja e geração de energia.

Atualmente, o empresário integra os quadros de duas importantes entidades industriais do país: o Iedi e a Fiesp, na qual também é vice-presidente. Apesar de ver um cenário econômico global difícil pela frente, ele diz que a Votorantim quer continuar investindo de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões por ano. "Gostaria de fazer mais, mas infelizmente as condições não nos permitem". Eis a íntegra da entrevista.

Valor: Na sua visão, o que vai acontecer na indústria brasileira no próximo ano?

José Roberto Ermírio de Moraes: Na média, terá desempenho melhor do que o de 2012. Tem empresas que terão ritmo de crescimento menor, caso das que obtiveram incentivos fiscais. Como o cenário americano e o europeu nada mostram que será pior que hoje, com uma certa melhora dos EUA, isso traz para o Brasil uma boa perspectiva. Estamos trabalhando com crescimento do PIB de 3%. O governo está falando em 4%. Somos um pouco conservadores em nosso orçamento do plano de negócios. Mas isso varia de setor para setor. Por exemplo, o de cimento, que cresceu 7% neste ano. A resposta para este crescimento ainda forte da construção civil é que continuamos com plano robusto de investimentos. Foram R$ 3 bilhões nos últimos três anos, fizemos sete novas fábricas, aumentamos a oferta em 10 milhões de toneladas, o que significou 43% de aumento. Estou há 30 anos na Votorantim e só vi níveis de crescimento assim, de dois dígitos, na década de 70.

Valor: O setor industrial teve uma forte retração neste ano...

Ermírio de Moraes: No segundo semestre, sentimos uma queda, tanto em consumo de aço quanto de cimento, mas agora já sinaliza uma recuperação de novo. Por isso, na média, trabalhamos com 3% no crescimento da economia do país em 2013. Há oportunidades de investimentos em infraestrutura, Copa do Mundo, Olimpíada... Nesse setor, estamos bem otimistas.

Valor: O senhor vê a necessidade de medidas mais amplas para o setor industrial?

Ermírio de Moraes: Queremos fazer com que o PIB cresça mais e que a indústria contribua. O governo está atuando de maneira muito positiva para melhorar a competitividade da indústria de transformação. O setor está com um déficit enorme em seu balanço de pagamentos. Ou seja, o consumo cresceu e as cadeias de negócios do varejo e serviços obtiveram as vantagens, mas a indústria, infelizmente, não viu sua produção acompanhar o mesmo ritmo da demanda.

Valor: É a desindustrialização? Não exige medidas urgentes?

Ermírio de Moraes: Se perguntar para os setores de varejo, financeiro, de combustíveis, estão muito bem. Mas a indústria de transformação, construída por várias gerações do Brasil, agora merece um carinho especial. O que já foi feito? A desoneração da folha de salários, importante para as empresa de capital intensivo em mão de obra, o Reintegra, muito importante, a redução do custo de energia, assunto em que o governo atuou com muito pragmatismo. A indústria de transformação passou de um superávit de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões para um déficit de US$ 100 bilhões.

Valor: E a medidas tomadas neste ano, como o senhor avalia?

Ermírio de Moraes: Aqui temos um momento bem particular: é a primeira vez que vejo um alinhamento muito forte de todos na busca da retomada da competitividade da indústria brasileira. Um diagnóstico desse, alinhado entre todas as partes - governo, sociedade e empresários - considero um grande avanço. O governo Dilma fez coisas muitas importantes neste ano. A redução dos juros, taxa de câmbio, lei dos portos, há agora as medidas do ministro Mantega de equalizar o ICMS entre os Estados em 4% para evitar futuras guerras fiscais. Na crise 2008, todo o estímulo foi direcionado à ponta da indústria, incentivando o consumo. Agora, vemos que está voltado para investimento.

Valor: Mas como está o Brasil?

Ermírio de Moraes: Vamos pegar o exemplo de países que fizeram a lição de casa. A Alemanha é um caso. Está no furacão da crise da Europa, mas como fez reformas em aumento da competitividade mostra crescimento diferente da média dos países da União Europeia. Na América Latina, temos o Chile, que já faz isso há um longo tempo e cresce bem acima do Brasil. Recentemente, temos Colômbia e Peru. Esses países promovem uma agenda para melhorar o ambiente de negócios. É um caminho possível, para manter crescimento sustentável, do tamanho do desafio do Brasil: atender 200 milhões de habitantes e gerar 5 milhões de empregos por ano.

Valor: Mas que pontos precisam ser atacados?

Ermírio de Moraes: São questões ainda não bem equacionadas: a flexibilização da lei trabalhista (modelo ainda bastante antigo e não condizente com os dias de hoje), a carga tributária, que o governo está desonerando, mas não dá para fazer tudo de um dia para o outro. Por isso, está parcelando para fazer o que é possível. Temos de unificar a alíquota do ICMS nos Estados, pois essa guerra fiscal, no longo prazo, quem pagará por ela é a sociedade. O governo está com a postura de olhar o país como um todo e não só os interesses particulares.

Valor: E a infraestrutura...?

Ermírio de Moraes: A infraestrutura é outro ponto-chave. Temos uma grande fronteira agrícola, mas enfrentamos dificuldades para escoar a produção, com filas nos portos, custos estupendos de armazenagem e de espera dos navios, o que reduz a competitividade. O governo Dilma se mostrou preocupado com a questão dos portos e trouxe essas mudanças que flexibilizam a legislação e vão visar a qualidade e a redução do custo. Como executar tudo isso? Será preciso capital privado, capital público e deve ser bem endereçado para poder entregar serviços de qualidade a custos compatíveis.

Valor: A redução dos juros já resolve a questão da taxa de investimentos no país, que se retraiu?

Ermírio de Moraes: É uma revolução que está mudando muito a base da sociedade brasileira e os resultados benéficos serão vistos no médio prazo. Muda completamente a forma como as decisões são tomadas. Antes, era muito cômodo ficar atrelado a um tipo de modelo sem correr risco, com juros acima de 12% ou 13%, que desestimulvam investimentos nos meio produtivos e geravam um vício de pensamento que não era nada bom para o país.

Valor: A forma como o governo está forçando os bancos a reduzir juros, para baratear o crédito, usando banco estatais, é correta?

Ermírio de Moraes: Não sou do ramo para dizer nem quero julgar se o setor acha se essa foi a melhor maneira. Mas ela vem funcionando. Se não é tecnicamente a forma correta, temos de admitir que, de forma prática, os resultados vêm ocorrendo. Como fica no longo prazo? A inflação não pode voltar, pois caso isso ocorra os juros terão de subir de novo. É uma pilotagem bem delicada entre juros, inflação, gasto público, política fiscal e monetária... O governo terá de ser um maestro de grande habilidade. Acho que a direção é certa.

Valor: O Brasil vem perdendo atração para investimentos?

Ermírio de Moraes: O Brasil tem de atacar problemas no seu ambiente de negócios. A burocracia, a lentidão do Judiciário, demora na concessão de licenças, longo tempo para se abrir uma empresa... Isso cria um ambiente jurídico de incerteza. Enfim, são as microrreformas, muito importantes no dia a dia da vida empresarial.

Valor: A questão da educação: você tem mencionado sempre...

Ermírio de Moraes: Esse é um ponto que gostaria de ressaltar: a qualidade de educação no país. Os orçamentos feitos nos governos Lula e Dilma têm sido bem generosos, mas o Brasil, nos testes de avaliação internacional, ainda deixa muito a desejar. É esse salto qualitativo que precisamos dar para uma economia moderna, visando fabricar produtos de maior valor agregado. É o passo que a China vem dando há 30 anos: atacou a questão de infraestrutura. Daqui a pouco vai concorrer com os coreanos, os japoneses, alemães com produtos de alta tecnologia, qualidade e custo competitivo. O Brasil tem de caminhar nessa direção. Não podemos continuar um país produtor só de matérias-primas e produtos semimanufaturados. Não vai levar a uma renda per capita de US$ 40 mil em 30 anos. Vai continuar em US$ 15 mil.

Valor: Câmbio: considera que já é suficiente o nível atual para indústria se tornar competitiva?

Ermírio de Moraes: Varia de setor para setor. Podemos dizer que já estamos em um nível satisfatório. Ainda não é o ideal, pois depende da estrutura de custos de cada um, da inflação interna. O governo está pilotando com muita propriedade, por causa da inflação, desvalorizando gradualmente. Há quem diga que o ponto de equilíbrio seria na faixa de R$ 2,40 ou R$ 2,50. Nos setores em que a Votorantim atua, ele tem ajudado, mas não o suficiente para voltar à competitividade de dez anos atrás. O Brasil tinha o menor custo de produção mundial de suco de laranja, aço, celulose. Não tem mais.

Valor: Como vê a política que o governo vem adotando, de escolher alguns setores para receber benefícios fiscais, como automotivo, de bens eletrodomésticos e outros?

Ermírio de Moraes: Estamos saindo da UTI e começando a respirar. Estamos no caminho que pode levar a um nível de investimento maior. Não é isso que precisamos? O governo está pedindo, mas precisa dar condições. E no setor de transformação é maior competitividade, a palavra-chave.

Valor: A política deve continuar?

Ermírio de Moraes: Acho que deve fazer o que é possível. Se ouvir os economistas, vão apontar medidas horizontais, com regras do jogo válidas para todo mundo. Mas é possível uma desoneração completa, de toda a cadeia industrial? Creio que o governo não tem condições de fazer isso de maneira responsável, buscando resolver questões mais urgentes e visando, no tempo, atender a todos elos da indústria. É a responsabilidade da gestão fiscal. Vivemos em uma crise internacional sem precedentes.

Valor: Como vê a gestão pública?

Ermírio de Moraes: O governo tem procurado fazer isso com mais eficiência. Mais nomeações técnicas do que políticas, o que é bastante positivo. Está buscando incorporar as melhores práticas de gestão do setor privado, por meio da Câmera de Gestão, coordenada pelo Jorge Gerdau [dono do grupo siderúrgico Gerdau]. Isso tudo é um avanço para o equilíbrio das contas e para o aumento do superávit fiscal. O nível de investimento do setor público é pouco no Brasil - 2% do PIB. O privado, 17%. O país precisa pelo menos de 23%.

Valor: Como vê a concorrência chinesa no Brasil? Isso afeta os negócios da indústria como um todo e os da Votorantim, especificamente?

Ermírio de Moraes: No caso da Votorantim, menos, porque estamos em uma indústria de commodities, que o Brasil ainda tem uma competitividade boa. Já as indústrias de bens intermediários e manufaturados, nos últimos anos, sofreram uma concorrência de maneira intensa. O resultado é que o PIB industrial não cresceu. Ficou estagnado nesses três anos.

Valor: Nos setores onde o grupo está presente, como cimento e aço, celulose, metais e agronegócio o senhor já vê reação de demanda?

Ermírio de Moraes: Nos mercados para exportação as coisas estão iguais, sem melhora nem piora. Os preços das commodities estão estabilizados num patamar de ciclo de baixa. Vai continuar dessa forma para os próximos três anos. Não há nenhuma expectativa de voltar a 2007 e começo de 2008. Já o consumo interno está indo bem. Nossa fábrica praticamente não exporta mais alumínio. O grupo sempre teve essa felicidade de ter um equilíbrio de negócios entre mercado interno e externo e sempre que algo não está bem em uma conjuntura a outra está mais favorável. Gostaríamos de fazer mais, mas infelizmente o cenário internacional não nos permite.

Valor: Como está a disposição do grupo para investir nesse cenário?

Ermírio de Moraes: Continuamos no mesmo ritmo: de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões por ano. Essa é a nossa política nos últimos oito a dez anos. Para atender crescimento da demanda e continuar tendo competitividade.

Valor: Há mais espaço para redução da taxa Selic em 2013?

Ermírio de Moraes: Nem o ministro [Guido Mantega] fala, vou eu falar? Se considerar que estamos com um spread de 2% sobre a inflação, acho que está razoável. Não vemos nenhuma inflação de demanda à frente. E a de custo está contida. O governo está atuando, como no caso da tarifa de energia elétrica. A inflação de serviços está mais alta. É o que conta para nós.

Valor: Que avaliação o senhor faz do governo da presidente Dilma nestes dois anos. E quais são as perspectivas para os dois últimos?

Ermírio de Moraes: É muito do que falamos aqui e que é positivo. Foco na competitividade, aumento de investimento, gestão pública, qualidade de ensino. A presidente Dilma tem se mostrado uma grande sábia, atuando em interesses do país em detrimento de interesses particulares. Tem se mostrado uma surpresa como gestora, atacando problemas que vinham se acumulando. No governo FHC, a questão da inflação e ordem econômica; o governo Lula fez um trabalho excepcional no lado social, com a inclusão das classes menos privilegiadas ao consumo; e agora a Dilma, com esse foco na competitividade para aumento do investimento e crescimento do país. A direção é muito positiva e nos deixa bastante otimistas com o futuro do Brasil. Gostaríamos de ter mais. O empresário é eterno insatisfeito e questionador, pois vivemos em um ambiente competitivo diário.

Valor: A renovação das concessões elétricas: o senhor é a favor da forma como o governo fez?

Ermírio de Moraes: Para o país, as medidas são corretas. Vai afetar interesses específicos? Sempre. Mas temos de atuar no custo-Brasil: redução de juros, custos de energia e do gás natural... O governo está atuando de maneira bem pragmática. Vai afetar interesses, mas temos de pensar no Brasil. E se é assim tem de ter nosso apoio. Como pode o país ter a energia mais cara do mundo? É preciso atuar na carga do ICMS, a que mais pesa. Os Estados têm de abrir mão dessa receita. É um segundo round, mais complexo e que terá ser atacado.

Gigante Pela Própria Natureza – Josué Gomes da Silva – Ex-Presidente do IEDI e Presidente da Coteminas (artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo em 29/07/2012). Em contrapartida a certo ceticismo que se observa quanto às perspectivas de o Brasil seguir enfrentando com sucesso a crise internacional, um dos mais reconhecidos economistas mundiais, Dani Rodrik, professor da Universidade Harvard (EUA), salienta nossa capacidade de crescer 5% ao ano, a despeito do cenário de baixa expansão que deverá permear a economia global ainda por longo tempo.

O mestre não ignora as dificuldades advindas da estagnação nos países desenvolvidos e da desaceleração chinesa. Mas demonstra conhecer as virtudes brasileiras para superar adversidades: contas públicas equilibradas, democracia consolidada e mercado interno pujante.

Brasil, Índia e Coreia do Sul, na visão do economista, são os países que têm melhor potencial para enfrentar problemas da economia.

Somam-se a essas condições estruturais, na visão do professor Rodrik, o impacto positivo das medidas anticíclicas adotadas pelo governo, como a redução de tributos para alguns setores e o reequilíbrio de duas variáveis macroeconômicas fundamentais --juros e câmbio, que têm contribuído para manter o nível de atividade em patamares razoáveis.

Também concordo com Dani Rodrik quanto à importância da ação do BNDES. Ele, que palestrou em seminário comemorativo dos 60 anosda instituição, salientou o quanto são significativos os financiamentos de longo prazo disponibilizados pelo banco para o investimento da indústria, do setor de infraestrutura e de outros segmentos de nossa economia.

O diagnóstico feito pelo economista reflete algumas políticas públicas implantadas com eficácia pelo Brasil nas duas últimas décadas.

E ainda temos numerosos pontos positivos não abordados pelo professor. A disponibilidade de água potável, por exemplo, fator fundamental para a vida e um bem humano cada vez mais escasso.

As reservas de água doce do Brasil somam 12% das do planeta, o dobro das chinesas e cerca de duas vezes e meia das americanas. Quando levamos em conta as populações --a chinesa equivalente a 19% da mundial, a dos EUA, cerca de 4%, e a do Brasil, de pouco menos de 3%-, vemos que nossa disponibilidade per capita de água é 12 vezes maior que a chinesa e quase quatro vezes maior que a americana.

Esse e outros fatores altamente favoráveis ao Brasil, e que abordaremos em próximas colunas, dão a dimensão e a força de nosso país.

Se economistas da envergadura de Dani Rodrik expressam sua confiança no Brasil, será que não deveríamos compartilhar tal sentimento, trabalhando com mais força e otimismo para, de fato, continuar crescendo?

Resposta À Fome do Mundo – Josué Gomes da Silva – Ex-Presidente do IEDI e Presidente da Coteminas (artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo em 05/08/2012). Semana passada, ratifiquei a opinião de Dani Rodrik, professor na Universidade Harvard (EUA) e respeitado economista, quanto às boas perspectivas de o Brasil continuar crescendo, do nosso mercado interno, do equilíbrio das contas públicas e da democracia consolidada. Acrescentei à análise o nosso diferencial competitivo referente à imensa reserva hídrica.

Mas, há outros fatores significativos favoráveis ao país, entre eles, a disponibilidade superior a 300 milhões de hectares de terras agriculturáveis.

São mais de 100 milhões de pastagens, dando sustentabilidade à criação de gado de corte e, parte das quais, se necessário, pode ser adequada à cultura de outros alimentos.

São poucas as nações com áreas disponíveis à agropecuária que não impliquem desmatamento. Somos, de longe, os campeões no quesito, em plenas condições de conciliar produção/segurança alimentar com a preservação ambiental.

Temos clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e mais de 12% de toda a água doce do planeta: tudo o que a natureza precisa para fertilizar a terra e prover abundância.

O melhor é que sabemos aproveitar esse potencial, agregando tecnologia de ponta ao agronegócio, onde a Embrapa e outros institutos de pesquisas têm sido fundamentais. Nossa produção de alimentos cresceu 120% nos últimos 15 anos.

Tais números e dados brasileiros são a melhor resposta às inquietações da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) quanto à necessidade de se aumentar em 70% a produção mundial de comida até o ano 2050, quando a população da Terra superará nove bilhões de pessoas.

Os técnicos do organismo multilateral acreditam que 80% dos alimentos necessários ao atendimento dessa grande demanda virão do aumento da produtividade (temos tecnologia para isso!) e 20%, de novas áreas agricultáveis (temos disponibilidade para isso!).

O Brasil é uma ilha de fertilidade, pois há países nos quais já falta espaço para plantar e criar rebanhos e onde a água, elemento essencial à vida, é extremamente escassa e a pouca que se tem disponível está poluída, portanto imprestável.

E somos potência agrícola, ainda que nos falte logística eficiente e competitiva, o que reduz muito a renda do produtor. Mas há obras de infraestrutura em andamento e, quando prontas, irão contribuir muito.

O Brasil tem, portanto, a faca e o queijo (...o leite, a carne, a soja, o café, os grãos, as frutas...) para se tornar a grande referência e protagonista da segurança alimentar.

Não há dúvida de que esse potencial pode ser cada vez mais convertido em vantagem competitiva, crescimento econômico e desenvolvimento.

"Dilma Não Vai Aumentar a Carga Tributária" – Jorge Gerdau – Conselheiro do IEDI e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau (entrevista publicada pela revista IstoÉ Dinheiro – 01/06/2012). O coordenador da Câmara de Gestão e Planejamento do governo, Jorge Gerdau, diz que os empresários e o Congresso precisam ficar vigilantes para evitar aumento de impostos.

Há um ano, o empresário Jorge Gerdau, presidente do Conselho de Administração do grupo Gerdau, ocupa um gabinete no terceiro andar do Palácio do Planalto, próximo à sala da presidenta Dilma Rousseff, como coordenador da Câmara de Gestão e Planejamento do Governo Federal. Nos últimos dias, seu trabalho começou a aparecer com a proposta defendida por ele de uma reforma tributária fatiada, a começar pela unificação do PIS/Cofins. Sua ideia foi discutida na sexta-feira 25, no gabinete de Dilma, com Nelson Barbosa, secretário-executivo da Fazenda, e Carlos Alberto Freitas Barreto, secretário da Receita Federal. No fim, Dilma deu o sinal verde para se levar à frente a proposta. “A presidenta Dilma definiu como prioridade do governo”, afirmou Gerdau, nesta entrevista exclusiva concedida à DINHEIRO. A proposta já nasce polêmica. Como se trata de um modelo na qual o imposto será creditado nas cadeias produtivas, está previsto um aumento de alíquota do PIS/Cofins. Gerdau diz que não haverá aumento da carga tributária. A própria Dilma teria imposto essa condição. Gerdau reconhece, porém, que é preciso ter cuidado. A tentação do governo em aumentar a arrecadação é grande.

DINHEIRO: Em que consiste a proposta de reforma tributária do sr.?

JORGE GERDAU: Há muito tempo, o setor siderúrgico tem uma preocupação grande com a questão da competitividade, e um dos grandes temas dessa discussão é o problema dos impostos cumulativos. Embora o PIS e o Cofins, assim como o ICMS e o IPI, sejam teoricamente impostos não cumulativos, não é assim que funciona. Isso gera uma burocracia enorme para definir quais os créditos a ser descontados em impostos.

DINHEIRO: Sua proposta é adotar um sistema de cobrança de impostos não cumulativos, a começar pelo PIS/Cofins?

GERDAU: Hoje, isso só existe na teoria. Na prática, é complicadíssimo saber o que deve ser ou não creditado. São discussões intermináveis. O que está se propondo é que se estabeleça no PIS/Cofins essa metodologia de se gerar créditos em cada etapa na cadeia de um determinado produto.

DINHEIRO: O custo das empresas com esse sistema atual é muito grande?

GERDAU: É uma burocracia enorme. Na Gerdau, por exemplo, nós temos 100 pessoas para cuidar dessa papelada, só para saber o que entra ou não como crédito. Na Petrobras, são 900. Em vez de produzir, essas pessoas estão trabalhando na burocracia. Esse é um dos custos Brasil. Dependendo do produto, nós devemos ter um total de 15% de impostos escondidos no custo do produto.

DINHEIRO: Essa estrutura compromete a produtividade das empresas?

GERDAU: Há uma grande diferença entre competitividade e produtividade. O Brasil tem índices de produtividade bastante bons. A produtividade da indústria brasileira é muito boa. Agora, se você tomar os fatores de não competitividade, como essa estrutura tributária, esses impostos e encargos que recaem sobre a energia elétrica, os impostos e encargos sobre o gás, e acrescentar a estrutura de logística, são todos fatores extramuros das empresas. Nós precisamos atacar esses problemas para aumentar a competitividade no País.

DINHEIRO: Como a presidenta Dilma reagiu à proposta apresentada pelo sr.?

GERDAU: Graças a Deus, a presidenta Dilma está começando a trabalhar firmemente sobre esse tema.

DINHEIRO: Mas a proposta prevê um aumento da alíquota do PIS/Cofins.

GERDAU: Ao se creditar os impostos na cadeia, isso vai levar a uma pequena compensação com um aumento da alíquota do PIS Cofins, mas não vai haver diferença no preço final. Isso porque vai ter uma compensação da cobrança do PIS/Cofins em cada etapa na cadeia do produto. O que essa modernização do sistema não pode é aumentar a carga tributária. A soma dos dois impostos, o PIS e o Cofins, é de 9,25%.

DINHEIRO: O PIS/Cofins será unificado?

GERDAU: O mais importante não é a unificação, mas sim aproveitar os créditos das contas anteriores. O importante é a questão da cumulatividade. Hoje, por exemplo, o ICMS que pago para consumir energia na Gerdau não me permite que seja usado como crédito. Se eu puder me creditar desses impostos, eu vou pagar a energia sem o tributo, mas no final a alíquota terá que ser um pouco maior.

DINHEIRO: De quanto seria o aumento do PIS/Cofins?

GERDAU: Eu não tenho esse número. No aço, o aumento deve levar o imposto para 12% a 15% provavelmente, mas eu acabo com toda essa burocracia que existe hoje. O Brasil fica em condições de igualdade para competir contra os importados.

DINHEIRO: Por que a igualdade com o importado?

GERDAU: O produto importado só paga o PIS e o Cofins quando entra no País. Não paga as etapas anteriores. O produto importado só paga 9,25% sobre o preço final. Esses 15% escondidos na minha cadeia, esses caras não pagam. Não pagam o IOF, o ICMS, o ISS. Essa soma toda corresponde a mais ou menos 10% a 15% sobre o custo, dependendo do produto.

DINHEIRO: Essa nova estrutura não vai exigir burocracia também?

GERDAU: Se eu tenho uma estrutura tributária definida, as empresas podem automatizar o processo. Hoje, só uma parte pode ser creditada, outra não. Não há um critério definido. Não tem regularidade. A confusão de critérios é uma loucura total. No novo modelo, haverá um padrão automático.

DINHEIRO: Essa nova estrutura tributária inclui também o ICMS?

GERDAU: Não agora. Essa será a segunda etapa. Vamos começar com o PIS/Cofins, e depois partimos para todos os outros impostos. A novela de acabar com os outros impostos é um segundo capítulo, mas tem que começar. A caminhada é longa e temos que dar o primeiro passo. Na verdade, o primeiro passo já foi dado com a medida de resolução do Senado 72, que acabou com a guerra dos portos. Foi o primeiro passo dessa caminhada.

DINHEIRO: Há quanto tempo vem se discutindo esse novo processo?

GERDAU: Esse tema já vem sendo debatido. A Receita já está trabalhando há mais tempo, mas só agora veio a público.

DINHEIRO: Por que veio a público?

GERDAU: Porque houve um posicionamento formal da presidenta Dilma Rousseff de atacar esse problema, de definir como prioridade do governo. Ela quer resolver essa questão. A presidenta tem uma posição clara de que isso tem que ser corrigido. Quando ela assumiu a Presidência, ela já tinha essa visão, e agora decidiu atacar esse tema.

DINHEIRO: Foi definido um prazo?

GERDAU: Prazo não tem, mas quando a presidenta resolve atacar um problema, as chances são de não demorar muito tempo.

DINHEIRO: O ministro Mantega também tem participado dessas discussões?

GERDAU: Esse tema já vem sendo debatido com o ministro Mantega.

DINHEIRO: Essa proposta é sua?

GERDAU: A ideia não é nova. O empresário já fala nisso há anos. Como havia a perspectiva de uma reforma tributária global, se alimentava essa ideia, mas, agora, chegamos à conclusão de que essa reforma global é impossível. Tem que ser fatiada.

DINHEIRO: Mas o empresário não pode receber mal essa proposta, já que vai haver aumento do PIS/Cofins?

GERDAU: A presidenta Dilma não vai aumentar a carga tributária.

DINHEIRO: O sr. tem falado com os empresários?

GERDAU: Sim, tenho falado sobre isso, e há posicionamentos a favor. O empresariado é ressabiado. Quando o governo mexe em imposto, é sempre forte a tentação de se aumentar a carga tributária. Quando houve a criação da teórica não cumulatividade do PIS/Cofins, me lembro que Armando Monteiro, então presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), calculava que o imposto deveria ser de 7,5%, e saiu 9,25%. A história depois mostrou que houve realmente aumento de carga tributária, não fosse o objetivo. Terá que se fazer um trabalho grande para evitar que haja aumento da carga tributária.

DINHEIRO: O empresário tem de ficar atento?

GERDAU: O empresário, o Congresso e a sociedade precisam ficar vigilantes. A filosofia e a tentação de se aumentar a carga tributária existe historicamente no País. Embora a presidenta tenha uma posição, no sentido contrário, o passado nos mostra que é melhor ter muito cuidado.


Indústria Pode Demorar 10 Anos Para Ganhar Força – Julio Gomes de Almeida – Consultor do IEDI e Professor da Unicamp (entrevista publicada pelo jornal Brasil Econômico em 01/06/2012). Há mais de 30 anos, a indústria deixou de acompanhar o crescimento da economia. Nos anos 80, o setor sofreu com o calote da dívida nacional e a dificuldade de financiamento para expansão do segmento. Na década seguinte, a inflação exorbitante impediu qualquer planejamento financeiro que permitisse a inovação da área industrial. No começo dos anos 2000, a indústria já estava velha e quase perdendo o bonde da terceira revolução industrial, fundamentada principalmente no setor eletroeletrônicos. “Sem tecnologia, a indústria fica parada”, diz Julio Sergio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Nesta entrevista, ele analisa a situação industrial e fala sobre os reflexos dos juros e do câmbio para a produção industrial.

A atual política econômica que manteve o câmbio valorizado prejudicou a indústria?

O câmbio valorizado é como o lança perfume. Ele causa euforia, as pessoas acham que estão mais poderosas porque podem viajar para o exterior, podem comprar importados, o governo fica feliz porque a população está satisfeita, mas essas sensações são passageiras. O câmbio valorizado é prejudicial à indústria, ele encarece os produtos nacionais no mercado internacional e faz com que os setores fiquem menos competitivos. Desde o começo do ano, a política cambial do governo tomou a direção certa com a desvalorização da moeda frente ao dólar norte-americano. O câmbio é flutuante e deve flutuar pelos fundamentos econômicos e não por alteração no humor dos investidores estrangeiros.

A queda dos juros pode ser um bom sinal para a indústria?

No Brasil, parece que há um pacto entre governo, sociedade e empresários para manter os juros em alta. É a única explicação para que a taxa ainda seja uma das maiores do mundo. Os juros mais altos dificultam o financiamento das empresas para investimentos em inovação e tecnologia. Além disso, fazem com que o consumidor pague muito mais para comprar bens duráveis. De uma maneira simplista, financiar uma geladeira com os juros atuais fará com que o consumidor pague o equivalente a dois refrigeradores até o final do crediário. Em qualquer outro país, a taxa de juros do financiamento equivaleria ao pagamento de 1,2 geladeira.

As recentes medidas anunciadas pelo governo são positivas para o setor?

O governo tem atuado em duas frentes. Primeiro, com medidas paliativas para dar tempo ao setor industrial para se recuperar. Depois, por meio de ações estruturais e de longo prazo. Mas a indústria tem sofrido muito mais com a concorrência dos produtos importados. Nos últimos meses, o comércio varejista de bens cresceu 7% e o desempenho da indústria ficou estagnado. Nossa indústria ficou velha.

O que é uma indústria velha?

É uma indústria que tem baixa produtividade e que disputa um mercado interno que está sendo constantemente assediado pelas empresas estrangeiras. Com a retração da economia mundial, os estrangeiros veem o Brasil como grande mercado consumidor para seus produtos. Muitas vezes, praticam preços muito menores apenas para consolidar os produtos no mercado. A indústria ficou velha porque não tem setores representativos da nova revolução industrial, que são os segmentos ligados a eletroeletrônicos, química fina, farmacêutica.

É possível uma recuperação?

É sim, mas é um processo de longo prazo. A indústria nacional pode começar agora um processo de reindustrialização, mas vai demorar 10 anos até se tornar um setor de médio porte. Nunca seremos como a China ou os Estados Unidos.

"Tem Muita Indústria que Virou Só Revenda" – Marcelo Bahia Odebrecht – Conselheiro do IEDI e Presidente da Odebrecht (entrevista publicada pelo jornal Zero Hora em 13/05/2012). Quando se pergunta quais são as atividades preferidas de Marcelo Bahia Odebrecht, a resposta vem sucinta e rápida, sem qualquer dúvida:

– Nada, ele só trabalha.

Exageros à parte, não é à toa que ele dirige um dos maiores conglomerados empresariais brasileiros – emprega 160 mil pessoas, divididas em 11 companhias que atuam em 20 países em pontos extremos do planeta e faturou R$ 71 bilhões no ano passado. Filho de Salvador, que tem seu Estado em um dos sobrenomes, conta também com uma saudável mistura no sangue. Das raízes alemãs dos Odebrecht, vem outra influência: a luterana do avô Norberto, fundador do grupo, que estipulou uma das principais diretrizes a ser seguida: em vez de ser servido, viver para servir.

Outro ponto relevante que permeia as Organizações Odebrecht, como o conglomerado que atua em uma das maiores obras em andamento no Brasil – a hidrelétrica de Santo Antônio – é conhecido, é a educação pelo trabalho. O papel destacado cabe ao líder. É por meio dele que se adquire conhecimento. É assim que se imprime a filosofia nas companhias do grupo, cuja origem foi no segmento da construção civil.

Low profile e avesso a holofotes, o neto mais velho de Norberto deixa bem claro seu papel quando, nas raras entrevistas que concede, fala de como dirige o grupo desde 2008, em substituição ao pai, Emílio. Aos 44 anos, responde por áreas tão diversas como a construção de estádios para a Copa, energia e bioenergia, infraestrutura, óleo e gás, defesa e tecnologia, saneamento, petroquímica e empreendimentos imobiliários de cerca de R$ 40 bilhões nos próximos três anos. No Estado, tem entre um de seus principais projetos a expansão do trensurb.

Com MBA na Suíça, o engenheiro, casado e pai de três filhas, diz estar confiante no novo momento vivido pelo Brasil, apoia o esforço empreendido pelo governo contra o juro alto e por estimular setores em dificuldades, como a indústria. Nesta conversa com ZH, concedida pouco antes de participar de um debate da ADVB gaúcha na semana passada, na Capital, Marcelo deu alertas, porém, do que precisa ser mudado ainda para que o país alcance o desenvolvimento sustentável. Num característico sotaque baiano e em uma mais ainda indisfarçável expressão dos nordestinos:

– Rapaz, será? (pronunciando rapaz" e forma bem aberta e como se tivesse sequência de is).
Veja os trechos do diagnóstico sobre mazelas e destaques do Brasil de Marcelo que, ao contrário do que se diz, encontra, sim, tempo para outras atividades não relacionadas a extenuantes jornadas. Como natação, que pratica quase todos os dias em São Paulo, onde mora, e partidas de squash. Só não se sabe se ele é tão craque nos esportes como na vida empresarial.

O nó do câmbio

Se o câmbio for a R$ 3, estará uma maravilha para os exportadores. Mas essa cotação mascara a falta de competitividade de outros setores e uma série de questões que deve ser resolvida, como a tributária e a infraestrutura. Se estiver baixo, também prejudica a todos. A questão do câmbio ideal, portanto, não é fácil de se resolver. E choro sempre vai existir, sim. Parece haver constantemente a sensação de que o câmbio está sobrevalorizado. Você pode fazer o que quiser e parece não conseguir compensar. Não existe um câmbio ótimo. Talvez até o ideal possa ser entre R$ 2 e R$ 2,20, mas depende do setor. O governo está consciente em agir sobre a questão para ter uma taxa que não prejudique a exportação. Precisamos é de mais estabilidade, sem tantas idas e vindas.

Cruzada contra juro

Mais do que juro, digo que a questão é o spread (diferença entre o juro para captar recursos e as taxas cobradas dos correntistas). Vale lembrar que as grandes empresas têm acesso ao BNDES e ao mercado externo, onde captam a 6%, 6,5% ao ano. O grande problema é o absurdo que pequenas e médias empresas estão pagando para captar e também para o consumidor final que paga 30%, 40%, 100% ao ano, ninguém tem isso no mundo. Não vou entrar na discussão aqui, mas o grande problema do Brasil hoje é o custo. Mais do que a grande empresa, preocupa o custo para o consumidor que acaba afetando o mercado, pois tem de pagar mais e se endivida. Com isso, consome menos.

Mas a presidente Dilma diz que se deve olhar para o spread, que tem várias causas. A presidente deixa claro isso, ela não está brigando contra o banco, mas contra o spread. A gente só vê os altíssimos lucros dos bancos, mas tem a inadimplência e é preciso resolver a questão do cadastro positivo. Ou seja, há uma série de coisas que devem ser feitas, não só os bancos, não só o governo, mas todo mundo.

Fim das altas taxas

Acho que dá para vislumbrar, sim. Para dar apenas um exemplo, já ouvi que teve banco baixando a taxa de seu cartão de crédito de 100% ao ano para 30% ao ano. Imagine isso aí! O problema do brasileiro é o seguinte, tem capacidade de pagar R$ 100 de juro por mês, por exemplo, que são atingidos rapidinho com uma dívida pequena. Agora não, agora você poderá se endividar mais, você pode investir mais, pagando taxa de juro menor. O dinheiro ainda é muito caro para o brasileiro.

Superendividamento

Não temos esse problema de superendividamento. Se é que existe vantagem no juro alto, uma vantagem relativa, claro, foi o fato de que, como as taxas era muito elevadas, impediu o excesso de endividamento. Você parava de tomar crédito por falta de capacidade de pagamento, não pela dívida. No Brasil, é muito diferente dos EUA, onde o americano da classe média tinha condições de pagar R$ 1 mil por mês de juro, comprometia até 100% da renda. O brasileiro, porém, só conseguia chegar aos 30% para pagar os mesmos R$ 100. Então, não houve superendividamento. A carga de juros muito alta brecou a capacidade de endividamento.

O drama do Brasil...

O problema é o seguinte: vivemos uma situação na qual há alguns setores muito bem e outros em dificuldades. Como a indústria tem sofrido muito, o governo está focando aí uma série de medidas. O setor agrícola e o de commodities minerais vem sofrendo um pouco mais do que um ano atrás, mas está bem. O de serviços vive o pleno emprego.

... e o Brasil no topo

O país é visto como um dos melhores para se investir. É só ver o volume de dólares que vem e ainda virá para cá. E temos maior consciência de como melhorar ainda mais o Brasil. Há 10 anos nem se falava tanto em educação e infraestrutura, mas o nosso desafio ainda é enorme.

Crédito a longo prazo

É um desafio, eu acho que menos para financiar indústria e mais para financiar a infraestrutura que está aí até porque, hoje, só tem o BNDES. O setor privado precisa entrar pesado na questão de financiamento a longo prazo.

Vantagens do Estado

Enquanto o Brasil enfrenta muitas dificuldades por exportar tributos e ter custo de energia muito alto, superior em duas vezes ao dos Estados Unidos, por exemplo, o Rio Grande do Sul tem uma grande vantagem. É o fato de estar dentro do Mercosul. Na Braskem, por exemplo, 30%, 40% das exportações saem do Rio Grande do Sul.

Os equívocos no transporte

Se tirar a Vale e algo de soja do Centro-Oeste que usam ferrovias, tudo é transportado no Brasil via rodoviária. O modelo de transporte precisa mudar, as perdas com fretes chegam a 20%, 30% no Centro-Oeste, por exemplo.

Desindustrialização

Dependendo do setor, você começa a perceber que muitas fábricas hoje no Brasil já viraram espécie de indústria de revenda. Mas é bom ver que, poucas vezes, tivemos um governo tão consciente das dificuldades e agindo para saná-las. Todas as medidas estão sendo adotadas em grande parte para defender a indústria. O diagnóstico do governo é muito bom, está no caminho certo. É claro que a implementação não é fácil, mas as medidas foram feitas no rumo certo.

Chance de reversão

Tem de reverter! Pelo seu tamanho, o Brasil não pode se dar o luxo de perder esta briga contra a desindustrialização.

Crescimento da economia

Olha, eu sou meio suspeito, mas é o seguinte: nos setores em que a gente está, não tem problema de crescimento, como na infraestrutura e área agrícola. As dificuldades que sentimos estão na indústria de transformação. A dificuldade que a gente tem hoje para analisar o Brasil é que contamos com setores de alto desempenho. Na cadeia de óleo e gás, a demanda é absurda. O país tem competitividade imbatível na área de agroindústria e na mineral. Na área de serviços e infraestrutura, você compete com concorrente dentro de casa. Se o chinês quiser vir para cá, ele vai ter os mesmos custos que nós. Mas, na indústria, competimos com gente que tem outros custos, gente que está com a moeda mais desvalorizada lá fora. Precisamos fazer o dever de casa para reduzir as assimetrias, como a carga tributária elevada e resolver a questão da infraestrutura. A desoneração da folha de pagamento é uma medida importante, mas a questão deve ser mais ampla: precisa ajudar na formalização. O que queremos é isonomia com as empresas de fora. Então, esta é a dificuldade hoje no Brasil.

Imposto Escondido – Jorge Gerdau – Conselheiro do IEDI e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau (entrevista publicada pelo jornal O Globo em 30/04/2012). O empresário Jorge Gerdau gosta de números. Se você não tiver como anotar, vai se perder na conversa. No debate sobre se o Brasil está se desindustrializando ou não, ele está com o primeiro grupo. E tem um número para provar: o déficit comercial do setor de manufaturas foi de US$ 92 bilhões no ano passado, cinco anos atrás era de US$ 20 bilhões. Ele não culpa o câmbio, mas o complexo sistema de impostos embutidos.

Gerdau é um dos donos de uma siderúrgica que tem 49 usinas em 14 países e é também da Câmara de Competitividade, que no governo tenta implantar mais eficiência na gestão pública e um modelo de mais competitividade para a economia brasileira.

O setor industrial brasileiro é muito produtivo e tem baixa competitividade — diz.

Parece contraditório, mas o que ele está dizendo é que, no caso que conhece bem, o aço, o Brasil é o terceiro mais produtivo do mundo, em termos de custos e eficiência de produção, mas é o segundo mais caro do mundo quando entra o preço final. E fica mais caro pelos impostos e preço de energia.

No custo da energia, nas várias usinas que a Gerdau tem na América do Norte — Canadá e Estados Unidos — o preço varia do menor nível por volta de US$ 31 e US$ 33 por MWh, em Cambridge e Midlothian, até US$ 76 em Jacksonville. No Brasil, os preços mais baixos são os da Siderúrgica Riograndense, US$ 76. O mais alto é US$ 126, em Divinópolis. As diferenças ficam ainda maiores quando se compara o custo do gás.

O aço brasileiro tem o terceiro menor custo de produção em bobina a quente e o quarto menor em vergalhão. Quando entram na conta os tributos em geral, inclusive impostos sobre investimento, o produto do Brasil fica mais caro do que os de China, Rússia, Turquia, Estados Unidos e Alemanha.

Dos impostos no Brasil, todos reclamam. Na sexta-feira, tomei café da manhã com Gerdau, na quinta-feira, passei seis horas no Morro Dona Marta em debates e entrevistas. O presidente da Associação de Moradores, José Mário Hilário dos Santos, apontou uma moradora que, no mesmo momento que eu, subia de bonde ao alto do morro. Ela carregava uma sacola com arroz e feijão que havia acabado de comprar.

Ela pagou de impostos naquele arroz e feijão o mesmo que você, que é moradora da Gávea. Você acha justo? A sua rua é varrida, as árvores são podadas, você tem todos os serviços — disse.

Os impostos indiretos são injustos por serem exatamente o que José Mário falou: o mesmo para qualquer consumidor independentemente do nível de renda.

O empresário e conselheiro de competitividade do governo brasileiro acha que é injusto o exportador pagar tanto imposto escondido no produto e competir com outros países que desoneram a produção e o investimento. Por isso, encomendou estudo para saber quanto há de imposto num carro estrangeiro que chega ao país e num carro produzido e vendido aqui:

Nós temos que decidir se queremos ter indústria ou não. Para muita gente não é tão visível esse processo, porque o empresário fecha a fábrica, importa, dá uma tropicalizada e vende aqui.

Transparência no que se paga de impostos é tão importante para um empresário quanto para o morador de uma área de periferia. Disse a Gerdau que seria importante ter transparência de todas as isenções que alguns setores industriais recebem e outros não, tarifas diferenciadas de energia, subsídios dos empréstimos do BNDES. Não se tem transparência no Brasil nem no que o Estado nos cobra nem no quanto ele nos dá. Em vez de uma reforma tributária, o governo tem distribuído favores e isenções para setores escolhidos. Isso é que tem criado mais distorção.

Gerdau admite que uma política industrial precisaria olhar para todos os fatores de competitividade:

Educação, por exemplo, é fundamental. O que torna uma empresa ou um país competitivo é a cabeça do seu povo. Vou te dar um exemplo. Sabe quanto tempo os funcionários da Siderúrgica Rio Grandense levam para desligar, descarregar e religar o forno? Oito minutos. Quanto leva a siderúrgica da Colômbia? Vinte minutos. O processo é complexo, mas com método e mão de obra qualificada conseguimos reduzir esse tempo. Não podemos ter uma população educada no nível que o mundo exige hoje com apenas 2,7 horas de aula efetiva por dia. O brasileiro tem que estudar mais porque eu quero competir com a Ásia.

Depois da educação, o segundo fator mais importante de competitividade é, na opinião de Gerdau, a logística. Segundo a conta dele, o custo da logística brasileira é de 14% a 15% do PIB. Nos Estados Unidos, é 6,5%.

A hora em que a gente se perde na conversa com ele é quando começa a desfilar números do impacto de imposto sobre imposto em cada produto, como PIS, Cofins, IOF, ICMS, INSS. Enfim, a lista é grande, os números se acumulam. No caso dos custos trabalhistas, ele lembra que é preciso diferenciar o dinheiro que vai para o trabalhador, como FGTS, do imposto mesmo que incide sobre a folha.

Não faz sentido cobrar imposto sobre intermediação financeira, como há no Brasil. Do spread, 27% é IOF. Pense no imposto embutido no empréstimo para capital de giro. Se contar o tempo que leva da retirada do minério até ficar pronto o produto final são quase seis meses que a empresa leva para ver de volta o dinheiro.

Gerdau acha que tudo isso tem que ficar mais claro para todos os contribuintes. E nisso estamos todos de acordo.

The Globalist's Top Books of 2012

The Globalist's Top Books of 2012
December 25, 2012

From the legacy of British colonialism and the possibility of Hitler's assassination to Turkey's role in the Arab Middle East and Afghanistan's cotton fields, The Globalist Bookshelf crisscrossed the world and spanned centuries of history in 2012. As a year-end special, we present ten of the best books featured on The Globalist this year (along with five others for good measure).

1.    Ghosts of Empire: Britain's Legacies in the Modern World
By Kwasi Kwarteng
Excerpt: How has the British and U.S. to desire to control Iraqi oil shaped the
 country's recent history?   

2.    Plutocrats: The Rise of the New Global Super-Rich and the Fall of Everyone Else
By Chrystia Freeland
Excerpt: Why have Americans been so tolerant of the rising gulf between rich and poor?   

3.    Who Stole the American Dream?
By Hedrick Smith
Excerpt: Why has the American Dream slipped out of the reach of more and more of the middle class?   

4.    Waging War on Corruption: Inside the Movement Fighting the Abuse of Power
By Frank Vogl
Excerpt: How can transparency help end the fleecing of resource-rich countries by their corrupt leaders?   

5.    Economics After the Crisis: Objectives and Means
By Adair Turner
Excerpt: Why do economists — and the policymakers who heed their advice — need to reconsider the conventional wisdoms of their profession?   

6.    Full Planet, Empty Plates: The New Geopolitics of Food Scarcity
By Lester Brown
Excerpt: What can be done to help those on the lower rungs of the global economic ladder cope with rising food prices?   

7.    The Economics of Enough: How to Run the Economy as If the Future Matters
By Diane Coyle
Excerpt: What policies should governments focus on to ensure that future generations live at least well as the current generation?   

8.    Borrow: The American Way of Debt
By Louis Hyman
Excerpt: What is "patriotic" about cutting taxes for the rich? And how is the middle class "empowered" by piling up mountains of debt?   

9.    The Revenge of Geography
By Robert D. Kaplan
Excerpt: Will water make Turkey a greater power in the Arab Middle East in the 21st century than it was in the 20th?   

10.    Hitlerland: American Eyewitnesses to the Nazi Rise to Power
By Andrew Nagorski
Excerpt: How did Hitler's relationship with a young American woman change history in the 20th century?   

Honorable mention:
Doing Capitalism in the Innovation Economy
By William H. Janeway
Excerpt: Can the United States muster the will to step into the 21st century world of energy?   

Bull by the Horns
By Sheila Bair
Excerpt: Mitt Romney badly lost the women's vote. But are Republicans the only party with a "woman problem?"   

Little America: The War Within the War for Afghanistan
By Rajiv Chandrasekaran
Excerpt: Why would USAID not get behind an effort to turn Afghan farmers from poppy to cotton?   

No One's World
By Charles A. Kupchan
Excerpt: Western dominance will wane in the 21st century, but what will take its place?   

Exits from the Rat Race
By Robert Skidelsky and Edward Skidelsky
Excerpt: How did mid-century concerns about economic fairness give way to today's crisis-prone, Darwinian capitalism?   

For a complete listing of books featured on The Globalist Bookshelf in 2012, click here.

Copyright © 2000-2012 The Globalist | 1100 17th Street, NW, Suite 605, Washington, DC 20036

O calendario politico do Coronel: acima da Constituicao

Não importa o que diz a Constituição: importa só o que quer o coronel e seus acólitos políticos. A Constituição que se adapte a esses humores cambiantes no novo membro do Mercosul.
A propósito: a Unasul e o Mercosul não vão declarar "ruptura democrática" na Venezuela, ao não ter sido respeitada a Constituição?
Perguntar não ofende...
Paulo Roberto de Almeida

Officials Push to Postpone Swearing-In of Chávez

CARACAS, Venezuela — Top officials in the government of President Hugo Chávez, who is recuperating from cancer surgery in Cuba, say they will postpone his inauguration, now set for Jan. 10, if he is too ill to return to Venezuela to begin his new term.
Opposition politicians and commentators have said that if Mr. Chávez is not in Venezuela to be sworn in on that date, a constitutional provision would kick in requiring that a new election be held within 30 days.
But government officials loyal to Mr. Chávez have forcefully rejected that notion and said the swearing-in could take place at a later date.
“Jan. 10 is a date that the Constitution holds as a formality for the swearing-in,” Attorney General Cilia Flores said Monday in televised remarks to reporters after a church service during which top government officials prayed for Mr. Chávez’s recovery. She said the Constitution allowed the date to be postponed.
“What we have is a president who has been re-elected, and he will be sworn in on that day or on another later date,” she said.
Information Minister Ernesto Villegas announced Monday that Mr. Chávez had shown a “slight improvement” in his slow recovery from cancer surgery and had sent a greeting wishing the nation a Merry Christmas.
Officials have released little specific information about the emergency surgery Mr. Chávez underwent on Dec. 11 but have described it as complex and difficult. They have said Mr. Chávez encountered complications arising from the surgery, including bleeding and a lung infection. More recently, they described his condition as stable but delicate.
Mr. Chávez was re-elected president on Oct. 7 with 55 percent of the vote, compared with 44 percent for his rival, Henrique Capriles, a state governor.
The Constitution calls for a newly elected president to take office on Jan. 10 by being sworn in before the National Assembly. It goes on to say that “if, for any unexpected reason, the president of the republic cannot take possession before the National Assembly, he will do it before the Supreme Court of Justice.”
Diosdado Cabello, the head of the National Assembly, said last week that because the second clause did not contain a date or indicate a place, the swearing-in could happen at any time.
On Monday, Vice President Nicolás Maduro also said there was room in the Constitution to delay the swearing-in. The president had received permission from the National Assembly to be out of the country indefinitely for his cancer operation, and the permission could be extended past Jan. 10, said Mr. Maduro, whom Mr. Chávez said he wanted to succeed him if he could not continue in office. “The Constitution is very clear,” Mr. Maduro said.
José Vicente Haro, a professor in constitutional law at Andrés Bello Catholic University, had a different view. He said government officials were trying to argue that because Mr. Chávez was re-elected, his old term could simply be extended without a formal swearing-in. He called that an incorrect interpretation and said that after Jan. 10 the cabinet ministers appointed by Mr. Chávez in his current term could no longer hold office.
Mr. Haro, who has served as a consultant to the political coalition opposed to Mr. Chávez, said, “Without doubt there is a constitutional crisis, and it is of such gravity that the legislative power, the executive power and the Supreme Court have had to make statements trying to clear up the doubts and uncertainty that they themselves have created because they don’t want to follow the Constitution.”

Climate Change - Nicholas Stern at College de France (2010)

Gérer les changements climatiques. Climat, croissance, développement et équité - Nicholas Stern
Managing Climate Change and Promoting Growth, Development and Equity
Nicholas STERN

College de France
Chaires : Développement durable – Environnement Énergie et Société

Plan:
Scale and Risks
Policy and Opportunity
Towards a Global Agreement

1Monsieur l’Administrateur,
Chers collègues, chers amis,
Mesdames et Messieurs,

2The world, the planet, is at a crossroads. If we fail to act strongly now to reduce emissions of greenhouse gases, if we continue with the pattern of high-carbon growth of the last century, we incur grave risks of a catastrophic destruction of the physical geography of the planet. The implications would likely be the re-drawing of where people could live and how they could live their lives: thus we risk movements of population on a massive scale, with the probable consequence of severe, extended and global conflict. Inaction is the most pernicious of policies. But it is all too easy a path in a world dominated by the politics of the short term, narrow self-interest and a suspicion of others.

3There is another, and very attractive route. If we act together as a world, strongly, collaboratively, creatively, justly, we can create a new era of low-carbon growth and development. It will be more energy-efficient, more energy-secure, more equitable, safer, quieter, cleaner and more bio-diverse. We can create a new definition of, criteria for, and approach to development that will be far more attractive than what has gone before. Further, the transition to low-carbon growth could be the most dynamic and innovative period in world history. On the other hand, high-carbon growth will kill itself: first on high prices for hydro-carbons and second, and more fundamentally, on the very hostile physical environment it would create.

4The choice is ours and it is urgent. We can identify the scale of action necessary – the topic of the next section –, the areas of action and the necessary technologies. We understand the basic economic policies to encourage the reduction of emissions – the topic of section 2. The challenge now is creating the political will. We saw in Copenhagen in December 2009 just how difficult that can be. We will not create, or deserve to create, the necessary political will and collaboration, unless we recognise that there are two defining problems of this century: managing climate change and overcoming world poverty. We will succeed or fail on these two together. Creating an international agreement will be the topic of section 3. The sequence of these sections reflects the structure of the course.

Scale and Risks
5Analysis and the making of policy on climate change must start with an examination of the consequences of various forms of action and indeed of inaction. The problem starts with the actions of people in their daily lives and their consequences influence directly the capability of people to live their lives. The chain of causation is the following. Step 1: through their activities, in production and consumption, people cause the emissions of greenhouse gases. The emissions have, for much of the last century or more, been above the level that the planet can absorb via “the carbon cycle”. Step 2: the flows therefore result in an increase in the stock or concentrations of greenhouse gases in the atmosphere. Step 3: the increased concentrations of greenhouse gases in the atmosphere imply that more heat radiating from the earth is trapped in the atmosphere and temperature rises. The magnitude of the increase is shaped by the “climate sensitivity”. This is global warming. Step 4: global warming causes climate change. This manifests itself in large measure through water in some shape or form: storms and hurricanes; floods and inundations; droughts and desertification; sea-level rise and changing flows and courses of rivers. Step 5: these climate changes have an impact on peoples’ lives and livelihoods to which they will have to adapt in some way or another. In many cases, the impacts will re-define where people can live and thus adaptation, for many, will involve dislocation and migration.

6The basics of this logic were understood by the end of the 19th century. In the 1820s, Joseph Fourier, the great French mathematician and physicist, calculated heat balances for the planet and realised, because the actual temperature of the planet was much higher than the equilibrium temperature, that something was trapping heat in the atmosphere. The British physicist John Tyndall identified, in 1861, the types of gases responsible for the effect and the Swedish chemist, Svante Arrhenius, provided at the end of the 19th century the first calculations of the possible effects of doubling the concentration of greenhouse gases in the atmosphere. The physics of the effect are essentially that a gas can vibrate in a way which impedes the passage of infra-red radiation. The trapping of energy raises temperatures and results in climate change. Thus the basic physics of the story are well- and long-established.

7There are, however, major uncertainties in all of the five steps in the logic of human-generated climate change. Thus we cannot predict with certainty how large the effects will be. In recent times, the last two decades, the science and modelling have advanced to the point where it is now possible to place probabilities on some of the key effects, for example, the relationship between the concentrations of greenhouse gases and the likely temperature increases.

8We start in a difficult place, with concentrations of greenhouse gases (GHGs) of around 435 parts per million (ppm) of carbon dioxide equivalent (CO2e). We have added more than 150 ppm of CO2e since the mid-19th century –our usual benchmark– with the majority coming in the last 60 years of rapid high-carbon growth. We are adding at a rate of around 2.5 ppm a year and that rate is rising. Hence if we continue under BAU until the end of this century we would likely see concentration levels rise to around 750 ppm CO2e or more. The eventual (probably early in the next century) temperature increase would, with probability around 50%, be above 5oC relative to the mid-19th century. The planet has not witnessed such temperatures for more than 30 million years. Homo sapiens, who have been around for 200,000 years at most, have no experience of temperatures anything like this magnitude. Such an increase would likely result in massive movements of population, probably hundreds of millions. 3 or 4oC would also be unprecedented for humans and is likely to cause very severe and, for many areas, catastrophic effects. The story is one of risk and how much risk it is sensible to tolerate, given the options, and their cost, that are available to us.

9How far can risk be reduced? Is it possible to control temperatures to no more than a 2oC increase, the level many scientists, including the Inter-Governmental Panel on Climate Change (IPCC), have argued should be regarded as “dangerous”. Above 2oC the probability of “tipping points” starts to rise sharply. Examples of “tipping points” include the collapse of the Amazon forest, implying the loss of a major sink, or the thawing of the permafrost in Siberia and elsewhere, resulting in the emissions of massive quantities of methane, a potent greenhouse gas. Current emissions are now around 47 billion tonnes of CO2e per annum. There are a number of emissions paths, starting at current levels, that would give around a 50-50 chance of holding below 2oC (for short “2oC”). Crudely speaking, what matters is the cumulative emissions – it is concentrations that matter. Thus, paths which peak at higher levels or later will have to fall much more rapidly later than paths which peak at lower levels and sooner.

10The most plausible emissions path: emissions around 44 billion tonnes in 2020 and well below 35 in 2030, and well below 20 in 2050, means cutting totals for the world by at least 50%, 1990-2050 from the 1990 levels of around 40. The path would prevent concentrations from rising above 500 ppm. Then over a long period concentrations would have to move towards 450 or lower.

11We can see from this analysis the explanation of why, if 2oC is to be achieved, the world has to peak within the next ten years. Delay is dangerous and costly. It is dangerous because it undermines our chances of achieving 2oC and it is costly because we would have to take action later that would be very costly if we tried to “catch up”.

12The figures for 2050 carry strong lessons on where we must be headed in the medium to long-term. With around 9 billion people likely in the world in 2050, having well below 20 billion tonnes of emissions requires no more than 2 tonnes per person. Currently Europe is around 10-12 tonnes and the USA well over 20. There will not be many people below average emissions so there cannot be many above average. This explains why Europe (which must move from 10-12 tonnes per capita to around 2) must cut by at least 80%.

13This analysis explains therefore the commonly-quoted percentage levels for the cuts which are necessary for the world as a whole and for the rich countries. I prefer, however, to talk in terms of total flows, rather than percentages. With percentages it is all too attractive to fiddle with base years in order to provide “more room”. The physics of the problem works in terms of overall emissions.

14The top five emitters by country/region (China, USA, EU, Indonesia and Brazil) are responsible for more than 60% of the current emissions. This small group of key players must be centrally involved if emissions reductions are to take place on the scale required. For example, China’s emissions are already around 6 tonnes per capita and a country of that size must get down to around 2 tonnes per capita by 2050 if the overall world constraint is to be achieved. This will surely require a peaking of emissions in China within 10, or at most, 15 years.

15The arguments already described show the scale and intensity of some of the ethical challenges; issues of equity between communities and over time, and of responsibilities of different generations and countries. Let us turn briefly to some of these ethical issues.

16In much of formal economics discussion of ethics focuses on equity, within and across generations. A major mistake, committed by all-too-many economists, is trying to import observed market interest rates or rates of return directly, to the decisions affecting climate change. Such rates generally cover the near and medium-term, capital markets are very thin for more than 2 or 3 decades. Further, they are generally relevant for only small changes around a given near to medium-term path. When long-term future income levels depend in such a major way on current decisions, that is a hugely misleading analytical error; future generations may be much worse off than we are, undermining the case for strong discount rates, since additional resources have more value for poor people. I shall discuss in more detail in Lecture 2. There are, in fact, many more errors involved in the attempt to import, as I shall explain, but the one I have described is central to most of them. The first day of the symposium “Managing climate change” that will be organised with the chair (“Economic Theory and Social Organisation”) of my friend and colleague at the Collège de France, Roger Guesnerie, will be devoted to long-term discounting. The most distinguished scholars will discuss all the issues of the debate. And in the lectures I shall also explain that the ethical issues, including responsibility and sustainability, are broader and deeper than simply the distribution of income and wealth, notwithstanding the fundamental importance of those issues.

17The scale and nature of the risks and ethical issues they raise imply, in my view, that we should consider the problem as one of risk management rather than narrow cost-benefit analysis. The valuation of effects which are potentially immense, global, cover all aspects of life, and are very uncertain, strain the credibility of a formal cost-benefit analysis.

18Let me now comment briefly on the position of those who would deny the need for action. Broadly speaking, one can deny that the science tells us that there are serious risks; or one can argue that if change does come, we can adapt; or that if the problem occurs we can geo-engineer it away; or that the future is for others and matters little to us. The first, as I have argued, is absurd given the evidence. The second and third must be seen as reckless given the magnitude of the risks I have described. The fourth would be regarded by most of us as unethical.

19The science is 19th century well-tested science. The physics is not complex at its heart. The calibration of risks can be more complex and model-intensive but the recognition of the risks appeals only to the basics of the science. As risk management, the issues are surely simple: if we act as if the science is right but risks turn out to be less than anticipated, we will have discovered many useful technologies, have a cleaner, more energy-secure world and will have protected our forests. If we act as if the science is wrong, we will have put ourselves in an extremely dangerous position from which we are unlikely to be able to extricate ourselves.

20To rely on adaptation or geo-engineering is to fail to recognise the magnitude of the risk and the potential, and the rewards to emissions reductions. We will indeed have to adapt, but the potential scale of impacts is likely to be such that adaptation is limited. And we should research geo-engineering. But it would be reckless to rely on this to come up with answers that can reduce risks by acceptable magnitudes.

21Deniers have the right to speak and argue. But they do not have the right to have unsound and confused arguments, viewed as wise and reasonable.

Policy and Opportunity
22Policy must start with recognising that the emissions of GHGs constitute what we economists call an externality or market failure. Specifically, the emissions of GHGs damages others but emitters do not, unless policy intervenes, see the costs imposed on others in the market prices. They would expect to pay for labour, energy, raw materials, capital and so on used in production or consumption, but without policy on GHGs, market prices give the wrong signals. Because of its scale and involvement of all of us, I have called this the greatest market failure the world has seen. Correcting this market failure requires a price for greenhouse gases. This could be a carbon tax or a cap-and-trade scheme.

23Policy, however, must go beyond this one market failure, fundamental though that is. There are other market failures. Technology will be key to a low-carbon future. Ideas are, in general a positive externality and policy should encourage them. This area is of such importance and urgency that policy on technology should be stronger here than elsewhere, with direct support for research and feed-in tariffs for key renewables.

24A third policy area, after carbon prices and technology, concerns regulation. The emissions from buildings is an important example. Builders and property developers often argue that it is difficult to recoup investments in energy efficiency or low-carbon innovations via rent, or reasons associated with a number of market failures. Also the refurbishment of older building may be much cheaper if done neighbourhood-by-neighbourhood rather than house-by-house. Thus standards and regulation for new buildings should be important elements for policy. Similar arguments apply to private and public transport.

25Finally, we should note that policy also concerns perceptions and attitudes. We learned that mixing alcohol and driving is dangerous and most of us would not feel it right to do so. Thus we desist because we see it as wrong and irresponsible. There are, of course, sanctions, i.e., incentives not to do this, but their effect is in addition to our own views of responsibility. Economics has, I think, paid too little attention to the role of public discussion of responsibility in the making of policy. And we should note that this is not a new idea in the explicit analysis of public policy, going back at least to the middle of the 19th century and John Stuart Mill.

26The policies we have described are not simply about limiting the costs and burdens of reducing emissions. Their purpose is to create the incentives that could spark a creative and dynamic process of radical change. Economic historians have shown both how some of our most important bursts of growth have been driven by investments embodying technical advance, such as the railways, electricity and information technology, and the crucial role of finance in allowing these to move forward. The green energy revolution has already begun. The combination of the new goods and equipment on the one hand and the finance on the other are illustrated all the way from very small-scale solar lanterns in villages in India to very large railway and power infrastructure.

27The fertility of ideas in this area is quite remarkable. Regarding energy efficiency for instance, insulation technology is changing rapidly, partly using technology developed in other areas such as aerospace. The capital cost of solar power is crashing down as new materials are exploited. New varieties of crops and equipment are being developed for low-till agriculture. The examples are legion and are increasing by the day. Long-term investors are realising that low-carbon growth is the growth of the future. The potential of entrepreneurship and the markets is immense if national and international policy is strong.

28A further and vital area for policy, and this moves us towards international issues, is stopping deforestation and degradation of forests and encouraging reforestation. The growth of trees captures carbon dioxide. There is a positive externality. Standing trees have value to us all and cutting and burning them damages us all. Thus there is a responsibility of and gain to us all to act to protect forests and to discourage deforestation.

29There will be a number of elements to deforestation policy, from influencing factors that determine the demand for land and wood products, to legal and governance structures and pricing for the protection and planting of forests. More generally, policies for development are required that empower and protect the rights and livelihoods of those who depend on forests and provide alternative activities for those who may otherwise have incentives to cut them down. This is an important example showing how policies on climate change and for development are inextricably intertwined.

30Policy must cover much more than emissions reductions; adaptation to the climate change that is occurring, and that is likely to occur, will be of great importance. It makes little sense to plan our building codes, thermostatic controls and standards, flood protection, transport, irrigation schemes and agriculture as if past patterns of weather, flooding, droughts and costal erosion will be similar in the future to those in the past, when the evidence strongly suggests otherwise.

31Clearly, good information and anticipation will be vital to adaptation. We have to work to analyse and reappraise different kinds of risks. Current climate change modelling has progressed quite far in terms of possible overall and regional outcomes, but more precise local modelling and forecasting presents difficult challenges. The global structures and the local conditions are likely to interact in complex ways which put strong demands on information and modelling capabilities. And in some of the most sensitive and important areas, such as the Himalayas, a water source for billions, Africa, especially vulnerable and with a population soon to be around a billion, and the Amazon forests, key to the whole global system, observation and information are sparse.

32Policies and arguments concerning responsibilities which relate to mitigation, development and adaptation are distinct in many ways, but overlap in many others, building design and irrigation are important examples. And the actions which policies try to encourage will similarly have their distinctiveness and overlaps. The inter-connections and overlaps are, however, sufficiently strong that development policies and planning, and bilateral and multilateral institutions, should take great care to avoid structures which separate support for mitigation, for development, and for adaptation. In particular, any new funding institutions, or new windows in existing institutions, should be designed so that different sources of funding can be easily combined.

33There is no doubt that the problems of controlling emissions will be much more difficult with a population predicted to be around 9 billion in 2050. I am assuming (hopefully) that no sensible person would want to advocate increasing death rates. Studies of demography have pointed to the main influences on birth rates with some of the key determinants being family and individual incomes, opportunities for women in the labour force, education for women and girls, rights and status of women, access to reproductive healthcare, infant mortality rates. These are directly related to, or constitute, important development objectives and policies in their own right. That they will also influence climate change adds further to arguments in their support which were already very powerful.

34Looking back I think that the risks now look more worrying than I envisaged at the time we were working on the Stern Review four years ago. Emissions have been rising faster than we assumed, the absorptive capacity of the planet seems lower and some of the effects are coming through more quickly. I would now think that the stabilisation range suggested in the Review of 450-550 ppm CO2e should be changed to 450-500. That might increase a cost estimate for mitigation from 1% to 2% (approximately) of GDP p.a. for the next few decades. On the other hand, technological progress is moving so rapidly those costs may turn out to be much lower and we may see strong dynamic and other benefits from the new growth path. This reinforces the conclusion of the Stern Review: the cost of inaction is much greater than the cost of action.

Towards a Global Agreement
35This brings us to the story of Copenhagen in December 2009 and the creation of an international agreement. Let us begin by asking what an international agreement should look like on the basis of: the risks identified by the science; the technologies present and future; the likely circumstances, future, present and past, of different countries and communities; some basic criteria; and the economics.

36A global deal should be effective (on the scale required), efficient (keeping costs down), and equitable (taking into account different circumstances, as I argued earlier in this lecture). Our earlier analysis has pointed to most of the key elements of such a deal. Let me assemble them in a simple way.

37First, we must, as a world, commit to an emissions path consistent with the goal of a 50-50 chance of holding temperature increases to 2oC. This means a path of emissions which is around 44 billion tonnes CO2e p.a. by 2020, and thus world emissions peaking before then, and emissions well below 35 and 20 in 2030 and 2050. Rich countries should aim to cut actual emissions by at least 80% 1990 to 2050, and there should be strong interim targets.

38Second, developing countries should now create strong climate change action plans, including indicative targets for emissions and programmes for adaptation. These should, taken together with rich country planned paths, be consistent with the aggregate constraints for the path of world emissions from 2010-2050. This implies that emissions per capita in the developing as well as in the developed world should not exceed 2 tonnes by 2050.

39Third, the arrangements for international emissions trading should be reformed and expanded. Whilst developing countries do not have binding constraints on emissions, a “trading scheme”, such as the Clean Development Mechanism (CDM) is likely to be necessary, but its reform is urgent if trading is to move to the scale likely to be necessary. Looking further forward, the allocation of permits for global two-sided trading will raise strong equity issues: these permits are major financial assets.

40Fourth, there should be a strong programme to halt deforestation and encourage reforestation. Strong interim targets should be adopted, for example to halve deforestation within 5 or 10 years.

41Fifth, we must have a global programme on technology. Key elements should be first, co-ordination of standards and sharing technologies, and second, strong public funding for the development and deployment of new technologies. Part of investment in R&D should go to the investigation of risks associated with alternative energies. Most of them, whether they be nuclear, biofuels, wind, or solar, raise environmental and other development issues that should be examined carefully.

42Sixth, we have adaptation. UNDP calculations suggest that the extra costs to meet the Millennium Development Goals (and the successors extrapolated from 2015) are likely to approach $100 billion p.a. by 2020.

43These are the basic six elements of an effective, efficient and equitable global deal. How do outcomes in Copenhagen in December 2009 compare with this description and where do we go from here? The 15th meeting of the conference of the United Nations Framework Convention on Climate Change (COP15 of the UNFCCC) was the deadline, agreed at COP13 in Bali, December 2007, for agreeing arrangements to follow the Kyoto Protocol (agreed at COP5 in 1997), which covers the period to 2012. The proceedings at Copenhagen were somewhat chaotic, but heads of government from more than 100 countries were there in the final days. Decisions require unanimity of the 192 countries, which is extremely difficult where strong action is required. In the end a “Copenhagen Accord” was drawn up by five countries, USA, China, India, Brazil, South Africa, and it was “noted” by the Convention. It does, however, have the positive support of many countries.

44The Copenhagen Accord has just 12 paragraphs. The key elements are: (i) a 2oC target, with global and national emissions peaking as soon as possible; (ii) binding commitments by developed countries and mitigation action plans by developing countries to be submitted by 31 January 2010 (and many were); (iii) the immediate establishment of mechanisms to help finance reduced emissions from deforestation and forest degradation (“REDD+”); (iv) shorter-term finance from developed countries of $10 billion p.a. for 2010-2012, and mobilising $100 billion p.a. by 2020, with a High-Level Panel to examine sources of revenue, including new sources, with some of the resources flowing through a Copenhagen Green Climate Fund.

45All of these elements are of real value and consistent with the principles and actions I articulated. It was also valuable on the way to Copenhagen that, for the first time, key countries set out actions and targets for reductions and emissions. Also on the positive side was that the USA and China for the first time worked together to try to shape an agreement.

46There were, however, major disappointments. The participants were unable to agree or recognise the overall global reductions that would be consistent with 2oC, and which I described above. And there is nothing that would lead us to expect that when all individual country commitments are submitted that the totals for expected commitments would be consistent with levels necessary for 2oC. Further, whilst only a “political agreement” was expected, the form in which it arose (an Accord which was “noted”) involves weaker individual country commitments than might have been hoped, even from a “political agreement”.

47On balance, I would judge that whilst it is disappointing, it could have been much worse. There is a platform on which to build; perhaps we have to see Copenhagen as an “event” beginning in December 2009 and stretching to COP16 in Mexico at the end of 2010. On 2oC, on finance, on deforestation, on monitoring and reporting of emissions, there are practical avenues to follow. I will set out ways forward in my final lectures.

48Let us conclude, however, by asking about lessons for international collaboration. A sound scientific base has been essential, it has been established, and it has been key to progress. There are many uncertainties and more work to do but it is clear that the risks are very large. The sense of urgency it brings has enabled countries with difficult relationships to begin a genuinely serious dialogue on how to work practically together to manage the dangers. Analytical work on policy and a recognition of the importance of working together on technology and deforestation have also been major advances. There are, however, deep senses of injustice from the developing world, which are not only understandable but also a political reality. There is a double injustice in that rich countries are responsible for more than 60% of current concentrations in the atmosphere, yet poor countries will be hit earliest and hardest by the effects of climate change. Practical measures on strong targets for rich countries, and financial and technological support will be essential.

49The power of the example will be crucial. Some countries who embrace the argument early, such as Korea, some of the Scandinavian countries, and some parts of the developing world, such as Costa Rica, Guyana and Ethiopia are likely to demonstrate what can be done. But the developing world will expect strong progress in Europe generally, Japan and the USA if they are to find the low-carbon arguments convincing. And we have little time.

50Let us hope that the arguments of those who see low-carbon growth as exciting and dynamic will quickly come to broad recognition. This is the growth theory of the 21st century

51We must, however, do more than win intellectual arguments. We must also show as a world a new spirit of common humanity and interests. The world is more than ever facing problems which can be handled only on a global scale, and climate change, which is existential, is the most important. We require the greatest collaboration the world has ever seen.

52We will need new institutions. Indeed, I would argue that if John Maynard Keynes and Harry Dexter White were conducting a Bretton Woods Conference now instead of in 1944, they would have had three different institutions instead of World Bank, IMF, and WTO. We surely do need institutions for finance and for trade, but we now need one for the environment, a World Environmental Organisation.

53We are, however, at an intellectual gathering and must consider our own roles as academics and policy advisors. Our own responsibilities and opportunities have never been greater. We have to look ahead and anticipate. We cannot wait for bitter experience, as with two world wars and the great depression, that motivated Bretton Woods. Natural selection and experiments can reveal mistakes and ways forward when cities or regions follow paths which lead to destruction. People can migrate from a localised area of devastation or they may be able to rebuild. We have only one planet and we cannot wait for the severest impacts of climate change to show themselves before finally realising we have to act. It will be too late.

54Now is the time for reasoned argument and discussion involving all intellectual disciplines and we need to be reaching across to our colleagues across the world. This is the ultimate inter-disciplinary subject and the communication of the arguments and understanding is crucial to action. That is why it is such an honour for me to be delivering this inaugural lecture here at the Collège de France, one of the most pre-eminent and distinguished academic institutions of the world.

55Thank you.

Pour citer cet article

Référence électronique
Nicholas STERN, « Managing Climate Change and Promoting Growth, Development and Equity », in Gérer les changements climatiques. Climat, croissance, développement et équité, Paris, Collège de France / Fayard (« Leçons inaugurales », no 212), 2010, [En ligne], mis en ligne le 24 juin 2010, consulté le 25 décembre 2012. URL : http://lecons-cdf.revues.org/236

Auteur
Nicholas STERN
Professeur au Collège de France (2009-2010). Professeur à la London School of Economics

Droits d’auteur: © Collège de France
Haut de page
SommaireDocument précédent