O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Boletim Mundorama, etc., etc., etc... - felicidades e feliz ano novo... (Draft de 29/12/2014)

Meus cumprimentos ao Prof. Antonio Carlos Lessa, e a todos os "trabalhadores manuais" (no caso, digitais), que colaboram e promivem esse belo instrumento que é Mundorama, bem como meu sincero recinhecimento pela excelência das realizações em todos os demais programas e projetos associados, especialmente a RBPI, o boletim Meridiano 47, e demais iniciativas. Excelente 2015, e mais além, para todos esse magníficos produtos acadêmicos.
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Descobri que meu blog está com um número enorme de "drafts", ou seja postagens que eu estava preparando e que por uma ou outra razão (geralmente dormi em cima do teclado) acabaram ficando sem publicação; vou tentar publicar agora o que ainda pode ser publicado, de aproveitável, o resto eu descarto)
(Draft de 29/12/2014)
 Boletim Mundorama, foi criado em agosto de 2007 como uma atividade de divulgação científica do projeto integrado de pesquisa “Parcerias Estratégicas do Brasil: as experiências em curso e a construção do conceito”, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Brasília e de diversas outras instituições brasileiras e estrangeiras entre 2007 e 2012, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Ele é o herdeiro direto do projeto RelNet – Rede Brasileiro de Relações Internacionais, que foi estabelecido em 1997, quando a internet mal era utilizada nas universidades brasileiras, as conexões eram discadas e o Google ainda nem existia.
A partir de 2012, o Boletim Mundorama (o seu nome de batismo era Mundorama – Iniciativa de Divulgação Científica em Relações Internacionais) passou a ser uma atividade permanente do Centro de Estudos sobre as Relações Internacionais do Brasil Contemporâneo, um dos laboratórios do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade de Brasília.
Ao longo da sua trajetória o Boletim se constituiu como uma alternativa importante e prestigiada para a veiculação de artigos breves de análise de conjuntura, resenhas de livros e notícias de eventos, que se somam à indexação de revistas científicas da área e a publicação de séries documentais. Nesse último campo de ação, especificamente, temos atuado para preservar o acesso a publicações importantes da área, fazendo um trabalho de indexação constante das edições publicadas (são os casos da  Revista Brasileira de Política Internacional,Revista Contexto Internacional e do Boletim Meridiano 47), ou para revistas e séries documentais extintas ou paralisadas atualmente (como a Revista Cena Internacional, o Boletim Via Mundi, a Resenha da Política Exterior do Brasil e séries de livros, teses de doutorado e dissertações de mestrado).
Temos privilegiado a publicação de artigos de opinião de pesquisadores da área, que se dirigem a uma audiência cativa e influente, em ascensão ano após ano.
Em 2014 o site do projeto atingiu a marca de 376.102 visualizações, o ponto alto de uma evolução consistente, como se observa no gráfico abaixo:
Em seus pouco mais de sete anos de existência, foram publicados em Mundorama, 3.965 artigos, de natureza diversa, incluindo documentos e fichas de indexação.  Somente em 2014, foram publicados 306 artigos. Alguns textos são extraordinariamente populares e demandados – a tabela abaixo lista os 10 documentos mais acessados em 2014, alguns dos quais nem mesmo foram publicados neste ano:
Título
Visualizações
1Brasil, Manifestações Populares e Grandes Eventos: Questões de (In)Segurança e Imagem Internacional, por Bernardo Wahl G. de Araújo Jorge16.784
2O Atual Conflito no Sudão do Sul: Conflito Étnico ou Sintoma dos Problemas estruturais do SPLM/A?, por Paulo Gilberto Fagundes Visentini e Livi Gerbase4.809
3O “Fim da História”, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?, por Paulo Roberto de Almeida4.382
4O Papel das Redes Sociais na Primavera Árabe de 2011: implicações para a ordem internacional, por Viviane Brunelly Araújo Tavares.4.181
5Resenha de “Por Que as Nações Fracassam: as Origens do Poder, da Prosperidade e da Pobreza”, de Daron Acemoglu e James Robinson, por Gustavo Resende Mendonça3.564
6Resenha de “Tempos Líquidos”, de autoria de Zygmunt Bauman, por Márcio Pereira Basílio3.550
7A espionagem norte-americana no Brasil e a hegemonia dos Estados Unidos, por Joana Soares3.446
8China e Índia: Perspectivas Acerca da Grande Corrida Econômica Asiática, por Gustavo Resende Mendonça2.718
9Análise das relações entre Cuba e EUA (1961-2011), por Pedro Ernesto Fagundes2.439
10Integração Regional da África – a saída para o desenvolvimento do continente, por João Bosco Monte2.435
A origem das visualizações é diversa, e bastante fragmentada. Obviamente, a grande parte dos leitores do Boletim vem do Brasil, mas Mundorama chegou a ter leitores em 132 países. O site do Boletim tem 4.308 seguidores, dos quais 1.788 recebem os artigos por e-mail ou acessando o canal agregador (feed) e sua página no Google+, 890 seguem o seu perfil no Twitter e 1.630 seguem a sua fan page no Facebook. Abaixo, são listados os países de origem do fluxo de seguidores:


Macroeconomia da America Latina: visao de conjunto - Itau Macro - Ilan Goldfajn

MACRO VISÃO - O que vem pela frente para as economias da América Latina?
Ilan Goldfajn
Itau Macroeconomia
(Draft de 2/02/2015)

Seis anos se passaram desde a última crise financeira global. O pior ficou para trás, mas a normalidade ainda não foi restaurada. Os EUA tem conseguido sustentar taxas robustas de crescimento e criar empregos, mas a expansão de salários e a inflação ainda estão baixas e dúvidas em relação a uma estagnação secular persistem. A Zona do Euro evitou um colapso, mas está apresentando dificuldades para sustentar níveis moderados de crescimento. O Japão renovou esforços para combater a deflação, com resultados mistos até agora. O juro básico segue próximo de zero nos EUA. A expansão monetária ainda está sendo implementada na Europa e no Japão.

A China se recuperou rapidamente da crise financeira global, com forte estímulo do governo, em sua maioria medidas parafiscais. Mas as políticas de estímulo criaram distorções: as taxas de investimento, já acima do desejado, aumentaram ainda mais. A capacidade ociosa se acumulou em diversos setores. Hoje a China cresce bem menos e a desaceleração é estrutural, na medida em que as autoridades buscam reequilibrar o crescimento: menos investimento, mais consumo e, talvez, menos danos ao meio ambiente. Em suma, crescimento econômico menor, porém mais equilibrado.

O banco central americano está removendo gradualmente o estímulo monetário implementado durante a crise. À medida em que os juros sobem nos EUA, os títulos de mercados emergentes ficam menos atraentes. A liquidez vai ficar mais cara e os países latino-americanos enfrentarão condições financeiras externas mais apertadas.

Um novo quadro global desponta no horizonte: os EUA estão prestes a iniciar um ciclo de aperto monetário e o crescimento chinês continuará se desacelerando. O que isso significa para a América Latina? Em alguns aspectos, isso significa um ambiente mais desafiador e arriscado para o crescimento adiante.

Os fundamentos vão distinguir os países

O investimento na região é parcialmente financiado pela poupança externa, como mostram os déficits em conta corrente moderados, porém generalizados. Até agora, investidores em busca de rendimentos mais elevados têm estado dispostos a financiar economias emergentes, mas na medida em que os retornos dos títulos americanos subam, isso pode mudar. A disponibilidade de poupança externa vai diminuir. Para manter os níveis atuais de investimento, a poupança interna precisará aumentar.


Os preços das commodities deixarão de jogar a favor dos investimentos nos países latino-americanos. Na última década, os termos de troca na América Latina melhoraram à medida que a urbanização na China impulsionou a demanda por commodities. Termos de troca mais robustos ajudaram a impulsionar o investimento nesta região de baixa poupança. Com o arrefecimento dos investimentos na China, os preços das commodities serão mais baixos do que no passado. A região enfrentará termos de troca menos benignos adiante.


Assim, as condições globais para o investimento serão mais difíceis. Para continuar crescendo, as economias latino-americanas precisarão ganhar produtividade. Chile, Colômbia e Peru se destacam devido ao bom ambiente institucional, à abertura ao comércio internacional e reformas. O processo de reformas e a recuperação dos EUA podem elevar as taxas de crescimento no México. Já a Argentina precisará corrigir políticas micro e macroeconômicas para alcançar taxas de crescimento maiores e controlar a inflação.


No Brasil, há desafios pela frente. A inflação está próxima do teto da meta e os déficits fiscais em termos nominais estão elevados. Além dos desequilíbrios macroeconômicos, persistem os problemas estruturais, como falta de infraestrutura adequada e excesso de burocracia. Restaurar a confiança e implantar reformas é necessário para o País voltar a crescer a taxas altas.


Ambiente mais arriscado para a América Latina

A princípio, a normalização da política monetária nas economias desenvolvidas será suave. Porém, na prática, problemas podem ocorrer — e geralmente são imprevisíveis. A história ensina que longos períodos de política monetária frouxa são frequentemente seguidos por volatilidade financeira e econômica.

Algumas commodities essenciais sofreram recentemente acentuadas quedas de preços, como petróleo, minério de ferro e soja. Os preços mais baixos e voláteis das commodities são uma tendência? Ainda é cedo para tirar conclusões, mas esta certamente é uma possibilidade. A oferta reagiu, com grande defasagem, aos preços elevados praticados nos últimos anos. E agora a China cresce mais lentamente do que no passado.

Independentemente dos fundamentos ou das políticas macroeconômicas domésticas, existe uma tendência comum entre os exportadores de commodities da região: a regra é a desaceleração do crescimento. Isso se aplica à Argentina, Brasil, Chile, Peru e Venezuela. Evidentemente, os fundamentos fazem a diferença: Chile, Colômbia e Peru crescem mais rapidamente do que os outros países. A Argentina enfrenta uma recessão dura e o Brasil está no meio do caminho. O México pertence a outra categoria, por não ser um exportador de commodities e sim um exportador de manufaturados para os EUA.


O ambiente global tornou-se mais arriscado. Os países latino-americanos estão preparados para repentinas fugas de capital? E para preços de commodities mais baixos e possivelmente mais voláteis? A resposta a ambas as perguntas é: mais preparados agora do que no passado. Por quê?

Diversos países da região aproveitaram os anos de ambiente global favorável para aprimorar os fundamentos domésticos. As posições externas ficaram bem mais resistentes. A dívida pública foi reduzida e sua composição se tornou bem mais saudável. Regimes de metas de inflação foram implantados com sucesso, permitindo que as taxas de câmbio absorvam choques vindos de fora. A melhora dos fundamentos macroeconômicos criou espaço para enfrentamento do ambiente externo mais difícil com políticas anticíclicas. Chile, Colômbia, México e Peru se encaixam nessa categoria.

A dívida de curto prazo hoje representa uma parcela pequena das obrigações externas. A maior parte das obrigações é denominada em moeda local, uma vez que investimentos diretos e em carteira representam a maioria dos influxos estrangeiros nos países da América Latina. Além disso, os bancos centrais acumularam reservas internacionais durante o período de bonança, de forma que muitos governos agora são credores líquidos em dólar. As taxas de câmbio retomaram seu papel de garantir o equilíbrio do balanço de pagamentos.


A dívida pública como percentual do PIB recuou significativamente e seu perfil também melhorou: os prazos da dívida se alongaram e a parcela de dívidas denominadas em dólares diminuiu substancialmente. Em alguns países, houve progresso no arcabouço de política fiscal. Os governos começaram a implantar regras fiscais anticíclicas em vez de buscar um nível específico de saldo orçamentário.


Os anos de liquidez global também permitiram aumento da taxa de investimento naqueles países que usaram as condições positivas a seu favor. Nesse contexto, destacam-se Colômbia e Peru, que aumentaram de forma significativa suas taxas de investimento, para níveis maiores do que os observados em seus pares. Ao mesmo tempo, os níveis de investimento na Argentina aumentaram, mas continuam relativamente baixos, enquanto no Brasil a taxa de investimento permaneceu praticamente estável.


A política monetária ganhou mais credibilidade. Os bancos centrais evoluíram de regimes de câmbio fixo para regimes de metas de inflação. As expectativas de inflação são ancoradas na meta de inflação e não na taxa de câmbio. Assim, o repasse da variação cambial à inflação diminuiu bastante. Esses ganhos de credibilidade permitem o uso de política monetária anticíclica.


No entanto, alguns países da região estão em posição pior. Nos anos de bonança, as políticas fiscais e monetárias foram extremamente expansivas e, juntamente com regimes de câmbio fixo, levaram a grandes desequilíbrios internos e externos. Argentina e Venezuela estão nessa categoria.



Ilan Goldfajn
Felipe Salles

Pesquisa macroeconômica - Itaú
Ilan Goldfajn - Economista-Chefe



Para acessar nossas publicações e projeções visite nosso site:
http://www.itau.com.br/itaubba-pt/analises-economicas/publicacoes/

O Brasil e a OCDE - Rubens Barbosa (OESP) (Draft de 10/02/2015)

No que depender desse governo, não tem nem papo...
Paulo Roberto de Almeida

O BRASIL E A OCDE
Rubens Barbosa
O Estado de São Paulo, 10 de Fevereiro de 2015

No início dos anos noventa, por iniciativa do Itamaraty, conjuntamente com outros órgãos governamentais e instituições privadas, o Brasil partiu acertadamente para uma aproximação gradual com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esta estratégia segue sendo aplicada pelo Governo atual, embora de forma reativa e menos coordenada.
O Brasil nunca procurou uma adesão formal à OCDE, que dependeria de reformas e da defesa de interesses nacionais à luz do conjunto de regras da Organização. A estratégia de aproximação sempre visou à participação nos trabalhos da OCDE como mais um instrumento para apoiar o desenvolvimento do País: modernizar a economia, fortalecer os mecanismos de regulação, aprimorar as politicas públicas e promover reformas estruturais e institucionais.
O nosso engajamento na OCDE serviria para enriquecer os processos de reflexão e de formulação de políticas. Permitiria colher lições de experiências de 34 países que em conjunto somam cerca da metade da corrente de comércio do Brasil, a maioria esmagadora dos investimentos diretos estrangeiros no País e da capacitação dos nossos cientistas e engenheiros em pesquisa, doutorado e pós-doutorado no exterior.
Em contraste com outros organismos econômicos (como o BIRD, o FMI, a OIT e a OMC), a OCDE tem um escopo temático mais abrangente. Reúne capacidade para integrar temas de diferentes perspectivas. Atua em várias frentes do G20, tais como: monitorar medidas restritivas do comércio e dos investimentos internacionais; combater a corrupção e outros ilícitos transnacionais; aprimorar a governança corporativa e a responsabilidade social das empresas; revisitar as regras internacionais de tributação contra a erosão fiscal; compreender as relações entre emprego e comércio e o papel das cadeias globais de valor; identificar politicas e reformas estruturais para revigorar o crescimento de cada país de modo sustentado e equilibrado.
O reconhecimento do papel da OCDE na construção da ordem econômica internacional não pode ser passivo, mas ativo e crítico. Deveria estimular a Organização a reconciliar interesses e objetivos de países desenvolvidos e em desenvolvimento – uma missão implícita nos mandatos que lhe atribui o G20. Cabe ao Brasil, membro desse Grupo e tradicional advogado do desenvolvimento, ser um dos líderes nesse processo. Como outras organizações econômicas internacionais, a OCDE não logrou antecipar a crise financeira internacional iniciada nos EUA, tampouco denunciar convincentemente desequilíbrios – mesmo entre países membros. Ao Brasil e à comunidade internacional interessa que a OCDE corrija consideráveis falhas em análises e prescrições, feitas individual ou coletivamente, para países desenvolvidos e em desenvolvimento.
            Hoje a OCDE negocia a adesão da Colômbia e da Rússia, entre outros países e intensifica relações com países do sudeste asiático. Deseja, sobretudo, a participação ampla e regular e, mesmo, se possível, a adesão do Brasil e dos outros BRICS.
Da integração dos BRICS – a OCDE não esconde - dependerão não só o alcance e a credibilidade dos seus trabalhos, mas também a superação de seu déficit de representatividade. São essenciais todas essas condições para que a OCDE continue a desempenhar papel influente e global. Por essa razão, a OCDE já vem incluindo os BRICS sistematicamente em todos os seus principais estudos e relatórios. Ademais, faculta a estes participar de virtualmente todos os 200 Comitês e organismos da OCDE, dedicados a distintos setores e temas.
De sua parte, o Brasil, como outros BRICS, participa, em diferentes modalidades, de cerca de 1/3 desses Comitês e organismos. Essa presença é, porém, ainda discreta, sem que o País exerça a influência correspondente ao seu peso internacional dentro da OCDE, exceto em alguns poucos foros - por exemplo, o encarregado do programa internacional de testes de educação  (PISA).
Tanto diante da internacionalização da economia como para a consecução dos objetivos de desenvolvimento do Pais,  são três as vantagens que se tornam cada vez mais evidentes para o Brasil numa eventual adesão `a OCDE:
1) comparar políticas econômicas e públicas aplicadas por países, muitos dos quais mais desenvolvidos, e aperfeiçoarmos praticas, por exemplo em matéria de eficiência de políticas econômicas em prol do crescimento, de desenvolvimento da capacitação em C&T e da inovação industrial, de aprimoramento das políticas nas áreas de educação, saúde e inclusão social em geral,
2) influenciar, com base em nossa experiência e nossos interesses, inclusive como país em desenvolvimento, a concepção de estatísticas internacionais, bem como a identificação e a difusão de "boas práticas" de políticas econômicas públicas;
3) participar ativamente - e não reativamente - da definição de parâmetros e regras internacionais que, inicialmente aplicadas pelos países membros, acabam tornando-se elementos centrais em negociações multilaterais, (inter-)regionais e mesmo bilaterais, por exemplo nas áreas de tributação, comercio, investimentos, agricultura, finanças (inclusive créditos e garantias à exportação), propriedade intelectual, energia e mudança do clima.
As mudanças comandadas pelo Ministro Joaquim Levy para dinamizar a economia e torná-la mais produtiva e competitiva podem se beneficiar da adesão à OCDE. O Brasil poderia retirar lições comparadas, identificar subsídios para nossas políticas, fortalecer a ação de nossa diplomacia econômica e melhor projetar no mundo nossas experiências e “boas práticas”.
            Novo governo, novas ideias. O ingresso do Brasil na OCDE seria uma estimulante decisão de politica externa com amplos reflexos na economia.

RUBENS BARBOSA, Presidente do Conselho de Comercio Exterior da Fiesp

Academia.edu: os dez mais dos 60 dias: livros de diplomatas, corrupcao na Petrobras - Paulo R. Almeida

Estou bastante orgulhoso pelo primeiro lugar obtido na minha página no Academia.edu pelo meu livro sobre os livros de diplomatas: mini-resenhas, resenhas grandes, médias, enormes e variadas de obras de colegas e de terceiros, sempre na perspectiva dos temas de relações internacionais e de políticas externa do Brasil.
Mas, não deixo de sentir uma ponta de tristeza pelo segundo lugar, um relato de um funcionário anônimo da Petrobras sobre os roubos ocorridos no que se pode legitimamente chamar, agora, de Petralhabras, o mais gigantesco assalto à companhia, e o mais horroroso espetáculo de extorsão jamais cometido no Brasil por gangsteres, como devem ser classificados todos os que assim atuaram deliberadamente, sendo que o chefe da quadrilha ainda corre o risco de passar impune pelos seus crimes. Triste.
Esta é a visão apenas dos dez mais descarregados nos últimos 60 dias, mas vendo a lista sob outras formas de organização (palavras-chave, por exemplo), não deixa de ser engraçado constatar o que certos malucos andam buscando. Deixa prá lá...

Title60-Day Views60-Day Uniques60-Day DownloadsAll-Time ViewsAll-Time Downloads
22) Prata da Casa: os livros dos diplomatas (Edição de Autor, 2014)292246261,314165
O roubo mafioso na Petrobras: depoimento de funcionario à DPF3142165431454
19) Integração Regional: uma introdução (2013)1110616951
2469) Vision 2050: A New Political and Economic Map of the World (2013)77030449
21) Nunca Antes na Diplomacia: a politica externa brasileira em tempos não convencionais (2014)2218915245
26) Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial (2014)3525814539
2723) Produção intelectual sobre relações internacionais e política externa do Brasil (1954-2-14)35221013739
25) Rompendo Fronteiras: a academia pensa a diplomacia (2014)107510633
16) O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (2010)6152825732
24) Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (2014)7155720030

Mas, também, devo dizer que poucos escrevinhadores colocam tantos materiais à disposição dos estudantes como este modesto escriba (que só pode ser maluco também).
Bem, tenho mais o que fazer. Eu só faço essas postagens para ver como anda o mundo aí fora. Aqui está muito frio: - 20C, ideal para ficar em casa lendo. Deixa eu voltar para os meus textos.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 24 de fevereiro de 2015.

SwissLeaks: ah, essa inveja dos ricos, essa curiosidade malsa; quem sao os bilionarios brasileiros?

Desproporção gritante, neste meu blog, entre as buscas pelos nomes de brasileiros com contas no HSBC de Genebra, e as demais buscas por quaisquer outros motivos, como se pode constatar por estas estatísticas dos últimos dias (no caso do SwissLeakes apenas cinco dias):

Posts


Será que todo mundo quer saber quem são os felizes proprietários de contas na Suíça?
Simples curiosidade ou voyeurismo financeiro?
Nem vou buscar: quem achar o meu nome, favor avisar...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil "vs" Indonesia: defesa de traficante pode trazer prejuizo de US$ milhoes ao Brasil

Pois é: todo gesto mal pensado tem consequências inesperadas. Qualquer pessoa enfronhada no assunto, sabe como é difícil concretizar vendas no setor militar, extremamente sensível, no qual considerações de ordem política e estratégica superam facilmente argumentos de natureza econômica.
Neste caso, as indústrias de defesa do Brasil podem ter de amargar um prejuizo de algumas centenas de milhões de dólares, não só em função da defesa de um reles traficante profissional, mas sobretudo pela desfeita, descortesia e atitude altamente irresponsável, no plano diplomático, da recusa de aceitação de credenciais do novo embaixador indonésio no Brasil.
Até onde pode chegar a inconsciência de certas pessoas...
Acho que no dia 15 de março haverá até mais razões de tipo econômico, do que no plano estritamente político, ou de corrupção, para manifestar.
Paulo Roberto de Almeida

Indonésia ameaça reconsiderar compra de material militar do Brasil

Em Bancoc (Tailândia)



O governo da Indonésia ameaçou reconsiderar a compra de material militar do Brasil após a deterioração das relações entre os dois países devido à execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira em janeiro, informou nesta terça-feira (24) a imprensa local.

A Indonésia chamou de volta, no sábado, seu representante no Brasil e apresentou um protesto formal às autoridades brasileiras porque a presidente Dilma Rousseff se recusou a receber as credenciais do novo embaixador indonésio, Toto Riyanto.

Após o incidente, o vice-presidente da Indonésia, Jusuf Kalla, disse que Jakarta poderia reconsiderar a compra de 16 aviões de combate EMB-314 Super-Tucano e lança mísseis de fabricação brasileira, segundo o jornal "The Jakarta Post".

As relações entre Brasil e Indonésia atravessam um período de crescente tensão desde que o país asiático executou Marco Archer por tráfico de drogas, apesar do pedido de clemência da presidente.

Dilma, que chamou para consultas o embaixador em Jacarta após a execução de Marco Archer, também pediu clemência para Rodrigo Muxfeldt Gularte, também condenado por tráfico e cuja execução esta prevista para este mês, por um pelotão de fuzilamento.

Neste caso, o Brasil pede a suspensão da execução e a hospitalização de Rodrigo, que sofre de esquizofrenia, conforme admitiram as próprias autoridades da Indonésia.

Politica fiscal: a heranca super-maldita deixada pela equpe economica precedente - Mansueto Almeida

Leiam os dados impressionantes em postagem desta terça 24/02/2015, no blog do economista Mansueto Almeida:

Hoje os jornais trazem matérias bastantes interessantes. Conversei com jornalistas sobre alguns desse tópicos e, por esse motivo, sou citado. Mas os jornalista fazem um trabalho minucioso de investigação e têm uma capacidade impressionante de resumo e de explicação que falta a nós economistas.

Para assinantes do Valor, leiam a matéria “Saúde faz gasto de custeio em janeiro superar expectativa” (clique aqui) do Ribamar Oliveira e Leandra Peres. Essa matéria mostra algo que descobri em janeiro bem interessante: apenas no primeiro mês do ano, as despesas de exercícios anteriores já superaram todo o valor pago em 2014.

Mas que diabos é isso? são despesas que ocorreram, mas que os recursos não chegaram nem mesmo a serem empenhados e, assim, não foram inscritas em restos a pagar. Esse é um tipo diferente de truque contábil e uma conta salgada deixada para nova equipe econômica.

A outra matéria no Estado de São Paulo com a jornalista Lu Aiko é sobre um levantamento que fiz sobre restos a pagar de subsídios (clique aqui). No início deste ano, o saldo desses restos a pagar que o Tesouro deve a bancos público alcançou R$ 34 bilhões, mas o valor real já ultrapassa R$ 50 bilhões ou 1% do PIB. Restos a pagar não são contabilizados como dívida, mas o governo mais cedo ou mais tarde terá que pagar essa conta seja com receita corrente ou com dívida.  Adicionalmente, o governo não tem nem mesmo espaço fiscal para pagar apenas a conta deste ano. Este ‘um problema ainda sem solução.

A matéria trata também do crescimento real negativo da receita em janeiro deste ano (clique aqui). Assim, por enquanto, o crescimento baixo e os “fantasmas do passado” estão dificultado o trabalho na nova equipe econômica. Apenas reforçando, a culpa é da equipe econômica que estava na Esplanada até 2014.

Ecologistas sonhaticos: um perigo para a Natureza, e para a Humanidade - book review (The City Journal)

Books and Culture
Jerry Weinberger
The Earth Is Not a God
The false theology of radical environmentalists
The City Journal, 23 February 2015
Photo by Christian
The Moral Case for Fossil Fuels, by Alex Epstein (Portfolio, 256 pp., $27.95)

The seventeenth-century philosopher Sir Francis Bacon argued that the human mind had been squandered on superstition: metaphysical speculation, theological disputation, and violent political delusions. Bacon’s greatest American disciple, Benjamin Franklin, agreed. It would be better, both believed, to focus on the conquest of man’s common enemy: nature. Bacon and Franklin were right, but they misjudged superstition’s staying power. Fast-forward to a conversation I had with the late Arne Naess, the Norwegian father of “deep ecology” and guru of the European Green movement. With a straight face, Naess told me that the eradication of smallpox was a technological crime against nature. For Naess’s deep ecology, the smallpox virus “deserved” and needed our protection, despite having maimed, tortured, and killed millions of people.
In his sprightly recent book, The Moral Case for Fossil Fuels, Alex Epstein takes on Naess’s American progeny—people such as Bill McKibben and David M. Graber—who have become influential opinion-makers on the environment, fossil fuels, and technology. Epstein asks us to imagine someone transported to the present from a virtually fossil fuels-free England in 1712, when the Newcomen steam engine was invented. What would that person think of our world, where 87 percent of all energy is produced from fossil fuels? In short, he’d be amazed to find clean drinking water, sanitation, enviable and improving air quality, long life, freedom from much disease, material prosperity, mobility, and leisure.
Epstein makes a compelling “big picture” case that the interaction of technology and fossil fuels provides everything we take for granted today. He also reminds us of earlier hysterical predictions of doom concerning fossil-fuel use. In the late 1960s and early 1970s, environmentalists such as Paul Ehrlich predicted mass starvation by the year 2000 because “world food production could not keep up with the galloping growth of population.” Flat wrong: the world’s population doubled, and the average person today is far better fed than when the starvation apocalypse was announced. That’s because the other apocalypse proclaimed back then—the depletion of oil and natural gas by 1992 and 1993, respectively—also proved wrong. Since 1980, worldwide usage of fossil fuels increased massively, yet both oil and natural gas supplies have more than doubled, and we have enough coal to last 3,000 years.
Epstein explains what the environmental doomsayers could not or would not see: first, that “fossil fuel energy is the fuel of food”; and second, that the human mind is as powerful as Franklin and Bacon said it was. Humans discovered more fossil fuels, and technology used those fuels to industrialize food production. Moreover, fossil fuels enabled Norman Borlaug’s Green Revolution in food science, which, unlike the political movement of that name, actually did something to improve world nutrition and relieve the suffering of millions. Ehrlich was also wrong about fossil-fuel pollution in the developed world. In the U.S., though the use of fossil fuels climbed steadily since 1970, emissions of pollutants decreased dramatically—thanks to technology.
Predictions of starvation, depletion, and pollution didn’t pan out. What about global warming? Epstein’s warming discussion should be required reading. He acknowledges the greenhouse effect of carbon dioxide, which can be demonstrated in a laboratory. But the effect is not linear; if it was, every new molecule of carbon dioxide added to the atmosphere would add a unit of heat equivalent to the one preceding it. Rather, the greenhouse effect is decelerating and logarithmic, which means that every additional molecule of carbon dioxide is less potent than the preceding one. Many theories of rapid global warming are based on speculative models of carbon dioxide interacting in positive feedback loops with increases in atmospheric water vapor. Most climate models are based on so-called “hindcasting,” coming up with explanatory schemes that predict what has happened in the past. There’s nothing inherently wrong with this, since the only alternative would be clairvoyance—but predicting the past with a computer model is not the same as accurately predicting the future.
Most climate models, says Epstein, have consistently and dramatically over-predicted mid-tropospheric global warming. We haven’t “burned up,” as McKibben predicted we would in 1989. Some suggest that the warming is occurring in the oceans; but mean sea levels around the world have been stable or declining for the last 100-plus years. Since the beginning of the industrial revolution, atmospheric carbon-dioxide levels have increased by .03 percent to .04 percent and since 1850, temperatures have risen less than one degree Celsius (an increase that has happened in many earlier time periods). And for the past 15 years—a period of record emissions—there has been little to no warming.
The warming models may prove correct in the long term, of course, so Epstein asks a reasonable question: What if it becomes clear that, in the next 100 years, the seas will rise by two feet and the globe will warm by 2 degrees Celsius, as predicted by many climate scientists? The answer is simple, though often ignored by climate alarmists: we’ll adapt. Since the Industrial Revolution, and especially in the last 30 years, the human race has become progressively better at remediating the harmful effects of storms, heat, cold, floods, and so on. It’s irresponsible, says Epstein, to trivialize the power of technology to solve the problems generated by fossil fuels. Much of that technology could consist of fossil-powered techniques to capture and recycle or sequester carbon dioxide.
Epstein exposes the profound misanthropy motivating much contemporary environmentalism. He quotes Graber: “Human happiness, and certainly human fecundity, are not as important as a wild and healthy planet . . . human beings have become a plague upon ourselves and upon the Earth . . . and until such time as Homo Sapiens should decide to rejoin nature, some of us can only hope for the right virus to come along.” Alexis de Tocqueville noted that democratic peoples have a tendency toward pantheism in religion: given their passion for equality, they come to think that everything is God. To radical Greens like Naess, Graber, and McKibben, everything is God, with one exception: the human being, whose “impact” spoils the “independent and mysterious” divine.
Why do hysterical warnings about sustainability and depletion persist despite the failure of the crackpot 1960s and 1970s predictions? Because the non-impact standard—conceiving of the environment as a loving but finite God—sees the environment as having a limited “carrying capacity” of gifts, such as arable land, water, and crucial minerals, in addition to fossil fuels. The more people on the planet, the closer we are to maxing out that carrying capacity, the thinking goes. Thus the urgent call, made in 2010 by White House Office of Science and Technology director John P. Holdren, to “de-develop the United States.” This notion of a finite carrying capacity discounts the powerful role of human ingenuity in finding natural resources. But the deeper problem is rooted in the divinization of the planet as something that simply is what it is.
Epstein argues brilliantly that the carrying-capacity superstition amounts to a “backward understanding of resources.” The fact is that nature by itself gives us very few directly supplied energy resources: most resources “are not taken from nature, but created from nature,” he maintains. Every raw material in nature is but a “potential resource, with unlimited potential to be to be rendered valuable by the human mind.” Right now we have enough fossil fuels and nuclear power to last us thousands of years. “The amount of raw matter and energy on this planet,” Epstein writes, “is so incomprehensibly vast that it is nonsensical to speculate about running out of it. Telling us that there is only so much matter and energy to create resources from is like telling us that there is only so much galaxy to visit for the first time. True, but irrelevant.”
Bill McKibben says that the post-Ice Age Holocene period is the only climate that humans can live in. Epstein responds that the Holocene is an abstraction that summarizes “an incredible variety of climates that individuals lived in. And in practice, we can live in pretty much any of them if we are industrialized and pretty much none of them if we aren’t.” Until the Industrial Revolution, the climate was dangerous for all human beings. Since then, we have marched steadily toward “climate mastery.” Fewer people die today from the weather than at any time in history. “We don’t take a safe climate and make it dangerous,” according to Epstein. “We take a dangerous climate and make it safe.”
The non-impact standard is a pervasive but irrational prejudice—irrational because it’s a neo-pagan faith that the earth is in effect an uncreated God, and a prejudice because it’s asserted dogmatically by those who profess it and taken for granted by a public unaware of being in its grip. The default position on environmental matters is “respect” for the planet. It tilts opinion to focus only on the harms of fossil fuels and technology, not their benefits. The bottom line is always the same: humans should minimize their impact on nature.
Alex Epstein’s book is a breath of fresh air in this polluted opinion climate. The Moral Case for Fossil Fuels shows why fossil fuels are good for human flourishing in general and good for the world’s poor in particular. Epstein is a true friend of the earth—an earth inhabited and made better by human beings.

Petrolao e Petralhabras: intelequitualoides veem complo estrangeiro na roubalheira dos petralhas

Eu me pergunto como é que devem ser classificadas as pessoas que assinaram um manifesto que pretende, entre outras coisas, isto:

Está à vista de todos a voracidade com que interesses geopolíticos dominantes buscam o controle do petróleo no mundo, inclusive através de intervenções militares. Entre nós, esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia a eles subserviente e em parlamentares com eles alinhados.
 
Bem, elas já foram classificadas no título desta postagem, e creio que basta isso.
De resto, merece registro de quão baixo pode ser o "intelequito" de certas pessoas para se conformarem em assinar um lixo como este que segue abaixo.
Elas devem achar que os companheiros roubaram e dilapidaram a Petralhabras porque foram obrigados por "interesses políticos dominantes".
Ou eles são muito sedentos por dinheiro, ou eles são muito calhordas e vendidos. Eu fico com as duas hipóteses.
Paulo Roberto de Almeida

Manifesto de intelectuais defende Petrobras e “governo legitimamente eleito”

“O Brasil viveu, em 1964, uma experiência da mesma natureza. Custou-nos um longo período de trevas e de arbítrio. Trata-se agora de evitar sua repetição”, diz trecho do documento


Ichiro Guerra/Blog do Planalto
Manifesto denuncia golpe e visa proteger patrimônio nacional
Um manifesto foi divulgado nesta sexta-feira (20) e subscrito por 48 intelectuais e personalidades dos mais diversos setores com o objetivo de defender a Petrobras e o “governo legitimamente eleito” da presidenta Dilma Rousseff. O texto denuncia o que chama de “campanha” para enfraquecer a estatal e, consequentemente, a gestão Dilma. Estão entre os signatários o filósofo e teólogo Leonardo Boff; o jurista e escritor Fábio Konder Comparato; o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence; o sociólogo e cientista político Emir Sader; a economista e professora Maria da Conceição Tavares, e o documentarista Silvio Tendler. Na argumentação, os autores do documento fazem uma analogia entre a ação de instituições da República, setores da imprensa e parlamentares, na esteira da Operação Lava Jato, e o golpe de 1964, que tirou o então presidente João Goulart do poder e deu início ao regime de exceção da ditadura militar (1964-1985). Segundo o texto, a derrocada da petrolífera representaria a extinção de cerca de 500 mil empregos diretor e indiretos, e reconduziria o Brasil a uma situação “subalterna e colonial” frente ao mercado financeiro internacional.
“Com efeito, há uma campanha para esvaziar a Petrobras, a única das grandes empresas de petróleo a ter reservas e produção continuamente aumentadas. Além disso, vem a proposta de entregar o pré-sal às empresas estrangeiras, restabelecendo o regime de concessão, alterado pelo atual regime de partilha, que dá à Petrobras o monopólio do conhecimento da exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas. Essa situação tem lhe valido a conquista dos principais prêmios em congressos internacionais”, registra o manifesto.
Intitulado “O que está em jogo agora”, o texto não menciona nomes, mas deixa claro o papel das hostes oposicionistas nas investigações da Lava Jato, da Polícia Federal, que desvendou um bilionário esquema de corrupção na Petrobras. Para os autores do documento, os opositores de Dilma apostam na invenção de uma “comoção nacional” para tirá-la do poder.
“Por outro lado, esses mesmos setores estimulam o desgaste do Governo legitimamente eleito, com vista a abreviar o seu mandato. Para tanto, não hesitam em atropelar o Estado de Direito democrático, ao usarem, com estardalhaço, informações parciais e preliminares do Judiciário, da Polícia Federal, do Ministério Público e da própria mídia, na busca de uma comoção nacional que lhes permita alcançar seus objetivos, antinacionais e antidemocráticos”, diz outro trecho do manifesto.
Confira quem o assina e leia sua íntegra abaixo:
“Manifesto:
O que está em jogo agora
A chamada Operação Lava Jato, a partir da apuração de malfeitos na Petrobras, desencadeou um processo político que coloca em risco conquistas da nossa soberania e a própria democracia.
Com efeito, há uma campanha para esvaziar a Petrobras, a única das grandes empresas de petróleo a ter reservas e produção continuamente aumentadas. Além disso, vem a proposta de entregar o pré-sal às empresas estrangeiras, restabelecendo o regime de concessão, alterado pelo atual regime de partilha, que dá à Petrobras o monopólio do conhecimento da exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas. Essa situação tem lhe valido a conquista dos principais prêmios em congressos internacionais.
Está à vista de todos a voracidade com que interesses geopolíticos dominantes buscam o controle do petróleo no mundo, inclusive através de intervenções militares. Entre nós, esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia a eles subserviente e em parlamentares com eles alinhados.
Debilitada a Petrobras, âncora do nosso desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, serão dizimadas empresas aqui instaladas, responsáveis por mais de 500.000 empregos qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição subalterna e colonial.
Por outro lado, esses mesmos setores estimulam o desgaste do Governo legitimamente eleito, com vista a abreviar o seu mandato. Para tanto, não hesitam em atropelar o Estado de Direito democrático, ao usarem, com estardalhaço, informações parciais e preliminares do Judiciário, da Polícia Federal, do Ministério Público e da própria mídia, na busca de uma comoção nacional que lhes permita alcançar seus objetivos, antinacionais e antidemocráticos.
O Brasil viveu, em 1964, uma experiência da mesma natureza. Custou-nos um longo período de trevas e de arbítrio. Trata-se agora de evitar sua repetição. Conclamamos as forças vivas da Nação a cerrarem fileiras, em uma ampla aliança nacional, acima de interesses partidários ou ideológicos, em torno da democracia e da Petrobras, o nosso principal símbolo de soberania.
20 de fevereiro de 2015”
Alberto Passos Guimarães Filho
Aldo Arantes
Ana Maria Costa
Ana Tereza Pereira
Cândido Mendes
Carlos Medeiros
Carlos Moura
Claudius Ceccon
Celso Amorim
Celso Pinto de Melo
D. Demetrio Valentini
Emir Sader
Ennio Candotti
Fabio Konder Comparato
Franklin Martins
Jether Ramalho
José Noronha
Ivone Gebara
João Pedro Stédile
José Jofilly
José Luiz Fiori
José Paulo Sepúlveda Pertence
Ladislau Dowbor
Leonardo Boff
Ligia Bahia
Lucia Ribeiro
Luiz Alberto Gomez de Souza
Luiz Pinguelli Rosa
Magali do Nascimento Cunha
Marcelo Timotheo da Costa
Marco Antonio Raupp
Maria Clara Bingemer
Maria da Conceição Tavares
Maria Helena Arrochelas
Maria José Sousa dos Santos
Marilena Chauí
Marilene Correa
Otavio Alves Velho
Paulo José
Reinaldo Guimarães
Ricardo Bielschowsky
Roberto Amaral
Samuel Pinheiro Guimarães
Sergio Mascarenhas
Sergio Rezende
Silvio Tendler
Sonia Fleury
Waldir Pires
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Diplomacia companheira vs Indonesia: "um passo muito extraordinário e anti-diplomático"; recusa de credenciais "inaceitável"

Que coisa, hem gente?!
Nunca Antes do Nunca Antes a gente tinha visto uma coisa dessas: esses indonésios devem ser irrascíveis ante a nossa proverbial simpatia e non-chalance.
Como é que eles tomam uma atitude hostil dessas, justo com o Brasil e a sua fabulosa diplomacia???!!!
Sinceramente, não dá para entender...
Paulo Roberto de Almeida

Indonésia espera pedido de desculpas do Brasil e analisa cooperação bilateral

Da Agência Brasil
O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira em cela na Indonésia

  • O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira em cela na Indonésia
A Indonésia espera um pedido de desculpas do governo brasileiro pelo adiamento da apresentação das credenciais do embaixador indonésio no Brasil e está analisando todas as áreas da cooperação bilateral, disse nesta segunda-feira (23) o porta-voz da diplomacia indonésia, Armanatha Nasir, à Agência Lusa.
Nasir afirmou que "um pedido de desculpa está subjacente" na declaração enviada ao governo brasileiro sobre os passos que deve tomar para resolver a situação diplomática criada pelo adiamento da apresentação das credenciais do embaixador indonésio, Toto Riyanto.
Nasir falou com os jornalistas após uma reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, na qual o embaixador Toto Riyanto relatou o que ocorreu.
O diplomata foi chamado a Jacarta, após a presidente Dilma Rousseff ter adiado, na sexta-feira (20), o recebimento das suas credenciais.
"Achamos que é importante que haja uma evolução na situação para que a gente tenha clareza em que condições estão as relações da Indonésia com o Brasil. O que nós fizemos foi atrasar um pouco o recebimento de credenciais, nada mais que isso", explicou a presidente após a cerimônia.
"Trata-se de um passo muito extraordinário e anti-diplomático", disse Nasir, explicando que Riyanto foi convidado formalmente para apresentar as suas credenciais e, quando já se encontrava no Palácio do Planalto, "foi-lhe dito que tal não iria acontecer".
Dilma recebeu as credenciais dos embaixadores da Venezuela, do Panamá, de El Salvador, do Senegal e da Grécia.
Em resposta, o governo indonésio enviou uma declaração às autoridades brasileiras informando que chamou Riyanto de volta "até que o governo do Brasil determine quando as credenciais deverão ser apresentadas" e onde constam todos os "passos que devem ser tomados pelo Brasil", disse o porta-voz, sem dar mais detalhes.
"Todos os aspectos das nossas relações estão atualmente sendo analisados e revistos, bem como o que poderemos fazer para seguir em frente e o que precisa ser feito nos próximos meses, semanas e dias", disse Nasir.
O diretor-geral para os Assuntos Europeus e Americanos no Ministério dos Negócios Estrangeiros indonésio, Dian Triansyah Djani, que também falou com os jornalistas, destacou que a Indonésia "é um país amigável", mas "toda a cooperação deve ser baseada no respeito mútuo e na aceitação da sua soberania".
A diplomacia indonésia convocou o embaixador brasileiro no país, Paulo Soares, logo após a recusa das credenciais para transmitir a sua nota de protesto em relação ao que ocorreu, que qualificou de "inaceitável".
Nasir ressaltou que a Indonésia tem explicado ao Brasil, "em nível técnico, em nível ministerial e até em nível dos chefes de Estado", que a condenação de dois brasileiros à pena de morte é uma questão de "implementação da lei" indonésia. "Esperamos que eles entendam isso", acrescentou o porta-voz.
Em janeiro, a execução de Marco Archer por tráfico de drogas gerou mal-estar entre os dois países, após Dilma ter falado com o presidente indonésio, Joko Widodo,  pedindo clemência. Outro brasileiro, Rodrigo Gularte, que também foi condenado por tráfico de drogas, está no corredor da morte.
Atualmente, o Brasil e a Indonésia estão também divididos em um contencioso no âmbito da Organização Mundial do Comércio relativo ao bloqueio à carne bovina brasileira, que vigora na Indonésia desde 2009.
Jacarta e Brasília têm acordos em várias áreas, desde defesa à proteção das florestas, sendo que a Indonésia é o principal parceiro comercial do Brasil no Sudeste Asiático.
A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.

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Politica brasileira: Partido Novo, pela reducao de impostos, do Estado, pelas liberdades economicas

Quero deixar bem claro que nunca fui membro de nenhum partido, nem pretendo ser, de qualquer um, jamais. Sou independente de partidos e de organizações. Apenas defendo causas.
As do Novo me parecem não só defensáveis como necessárias.
Se alguma não for, eu direi e combaterei. Por enquanto concordo com essas ideias.
Paulo Roberto de Almeida

A campanha presidencial de 2030 já começou para o liberal partido Novo

Grupo aguarda registro no TSE para eleger presidente que "enxugue" o Estado brasileiro

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João Amoêdo, presidente do Novo, em palestra. / DIVULGAÇÃO (PARTIDO NOVO)

Chegar ao poder para diminuir o poder de quem governa. É com essa proposta aparentemente contraditória que o Partido Novo espera eleger um presidente da República. Nas eleições de 2030. “A gente sempre falou que é um projeto de longo prazo”, explica o presidente do partido, João Dionisio Amoêdo, que é conselheiro do banco Itaú-BBA e da João Fortes Engenharia. Ciente de que terá de mudar a forma como seus potenciais eleitores enxergam o Estado brasileiro, a legenda, que ainda aguarda o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pretende usar os próximos 15 anos para intensificar seu trabalho por uma “mudança cultural”, iniciado em 2011.

“O Estado não precisa ser provedor de tudo. A gente quer mostrar que essa forma de pensar faz sentido”, diz o vice-presidente do partido, Fabio Ribeiro, um gestor de investimentos que se desdobra há quatro anos com quatro colegas em palestras de apresentação do ideário liberal por todo o Brasil. No segundo semestre de 2014, o grupo — formado originalmente por empresários e gestores do mercado financeiro e baseado principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro — chegou a organizar até quatro palestras em uma semana (uma delas em Porto Alegre, num sábado, e outra em Porto Velho, na quinta-feira seguinte), graças ao auxílio dos presidentes dos atuais nove diretórios estaduais do partido.

“Queremos falar para as pessoas que estão cansadas da política. Estamos procurando trazer a militância de um grupo da sociedade que está desiludido. Não tem como enganar essas pessoas, só vamos conseguir se a gente mantiver dentro do partido essas ideias novas”, diz Ribeiro. Segundo ele, o grupo é constantemente procurado por políticos, inclusive de partidos como PT e PSDB, e até um senador buscou aproximação. Mas todos tendem a perder o interesse ao saber de detalhes como o de que o partido pretende proibir uma segunda reeleição consecutiva para eleitos do Legislativo.

No nosso entendimento, você deve escolher qual partido quer financiar”

vice-presidente do Partido Novo, Fabio Ribeiro

Falar em enxugamento do Estado não costuma render votos no Brasil, mas os membros do Novo dizem que o número de interessados que aparecem nas palestras tem surpreendido, em um momento em que as ideias liberais ganham espaço no Brasil. "Estamos investindo na formação de pessoas para dar palestras, mas temos reduzido os gastos, e a meta agora é fazer dois eventos por mês”, comenta Ribeiro — o próximo deles está marcado para 26 de fevereiro, no Recife.

Pensado a partir da lógica empresarial, o grupo calcula que 5 milhões de reais já saíram dos bolsos de seus 181 fundadores nos quatro anos de existência do projeto. Eles apostam na formalização da sigla no TSE para atrair os filiados que, esperam, vão sustentar o partido a partir de então. Nos cálculos do Novo, sua atual estrutura demanda 190.000 reais por mês. O valor seria alcançado se pelo menos um terço dos 30.000 cadastrados no site do partido se filiarem quando o Novo começar a existir, pagando a mensalidade mínima de 27 reais.

O partido também dissemina a marca por meio de produtos como canecas e camisetas. / DIVULGAÇÃO (PARTIDO NOVO)

“No nosso entendimento, você deve escolher qual partido quer financiar”, diz Ribeiro, que defende a extinção do fundo partidário, por meio do qual os partidos políticos brasileiros dividiram 371,9 milhões de reais no ano passado. Pelo mesmo motivo, o Partido Novo também é contra o tempo de propaganda gratuito na televisão. Entre as propostas defendidas pelo grupo ainda estão a desestatização de empresas, como a Petrobras, e o incentivo ao empreendedorismo e a redução da carga tributária e do protecionismo.

O Novo também é contra a "reserva de mercado" para produções brasileiras, como a que já garante uma cota de exibição de filmes e seriados nacionais nas emissoras de TV a cabo — o Governo estuda expandir a exigência para os serviços sob demanda, como o Netflix. Apesar de deixar claro o objetivo de enxugar o Estado brasileiro, contudo, o partido admite que ainda não tem propostas para todas as áreas e planeja atrair conselheiros nos próximos anos para estruturar projetos sobre temas como educação e saúde, ambas áreas com grandes estruturas estatais envolvidas.

E o que os liberais do Novo pensam do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, doutor pela ortodoxa Universidade de Chicago e escolhido pela presidenta Dilma Rousseff para sanear a economia brasileira? “Ele está fazendo o que dá pra fazer, tentando diminuir o déficit fiscal. Mas a alternativa que lhe sobra é o aumento da carga tributária, e isso o país já mostrou que é um caminho esgotado”, diz Amoêdo. “Acho que a atuação [de Levy] é boa, é firme e transparente, pé no chão. O grande problema do governo atual é não lidar com a realidade, não aceitar os problemas. Levy encara os problemas, mas tem restrição política, está num governo onde o partido não compra essas ideias”, completa o presidente do Novo, que diz não ter aspirações eleitorais: "Minha utilidade maior está no processo de formação do partido".