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quinta-feira, 15 de julho de 2021

Vasco Leitão da Cunha: laços diplomáticos entre Brasil e União Soviética durante a ditadura - Lourival Santana (OESP)

 Livro revela laços diplomáticos entre Brasil e União Soviética durante a ditadura

        
Lourival Sant'Anna
O Estado de S. Paulo, 14 de julho de 2021 | 14h35


A União Soviética pressionou em 1964 o recém-instalado regime militar a não abrigar no Brasil um governo cubano no exílio, de oposição a Fidel Castro. A revelação está no novo livro do diplomata brasileiro Henri Carrières, “A gestão de Vasco Leitão da Cunha no Itamaraty e a Política Externa Brasileira”, que reúne, em dois volumes, 170 documentos do período entre 1964 e 1965, muitos deles originalmente sigilosos.

Na insólita data de 30 de dezembro de 1964, o diplomata Celso Diniz, chefe da Divisão de Europa Oriental no Itamaraty, foi convidado para um almoço na embaixada soviética.

De acordo com memorando secreto assinado por Diniz, o embaixador da URSS no Brasil, Andrei Fomin, “declarou-se seriamente preocupado com as especulações ultimamente veiculadas pela imprensa brasileira sobre a possibilidade de constituição de um governo cubano no exílio, com sede no Brasil”.

Fomin advertiu que “tal iniciativa seria certamente interpretada como uma agressão ao campo socialista, com gravíssimas repercussões internacionais”.
Se isso se concretizasse, “os países socialistas poderiam ver-se compelidos, por força do princípio de solidariedade, a interromper suas relações com os países que viessem a apoiar tal governo no exílio, e mesmo a tomar outras medidas mais sérias, em retaliação”.

O chanceler Leitão da Cunha havia se reunido em 17/12/1964, em Washington, com o ex-presidente cubano Carlos Prío Socarrás, que “exortou o Brasil a reconhecer um governo cubano no exílio”. Socarrás foi deposto em 1952 por Fulgencio Baptista, por sua vez derrubado pela Revolução Cubana em 1.º de janeiro de 1959. Leitão da Cunha conhecia bem Cuba: ele era embaixador em Havana na época da revolução, pela qual manifestou simpatia, inicialmente. E chegou a desenvolver certa proximidade com Fidel Castro.

Em entrevista publicada em 2/3/1965 pelo jornal mexicano La Prensa, Leitão da Cunha declarou, a propósito do possível reconhecimento de um governo de exilados cubanos, que “estudaria a solicitação com o critério de um governo revolucionário, que lutou contra o comunismo no Brasil e tem reafirmado sua posição contrária à permanência do comunismo em nosso continente”.

Duas semanas depois, em entrevista ao Jornal do Brasil, o escritor Rubem Braga criticou o chanceler pela “dúbia complacência com que ele encara a possibilidade de se instalar no Brasil um governo cubano de exílio”.

Durante a reunião, antes de fazer a advertência, “o embaixador Fomin se referiu à Revolução brasileira de 31 de março, reafirmando tratar-se de problema exclusivamente brasileiro e que seu país, como tem feito até aqui, se absterá de intervir, sob qualquer forma ou pretexto, no processo político brasileiro, esforçando-se, ao contrário, para melhorar e aperfeiçoar suas relações com o Brasil, em todos os terrenos”.

O golpe militar teve como objetivo declarado evitar que o Brasil sucumbisse ao comunismo e se tornasse mais um satélite da União Soviética, a exemplo do que havia acontecido com Cuba. Entretanto, o governo brasileiro demonstrou preocupação em não romper com a chamada Cortina de Ferro.

Mais que isso, houve uma decepção gradual com a falta de engajamento dos Estados Unidos nas questões latino-americanas, enquanto a Guerra do Vietnã consumia as energias das políticas externa e de defesa americana. “A realidade do relacionamento não se mostrou à altura das expectativas do governo brasileiro”, observa Carrières.

Em 1965, o presidente Humberto Castello Branco chamou de volta ao Brasil o embaixador em Washington, Juracy Magalhães, político experiente e muito alinhado com o governo. Acomodou-o por breve período no Ministério da Justiça e, em seguida, no Itamaraty. Para compensar Leitão da Cunha, de quem gostava pessoalmente, Castello Branco ofereceu-lhe a Embaixada em Washington. Além de ser uma figura de grande prestígio, Leitão da Cunha tinha boas relações com a equipe do presidente americano, Lyndon Johnson.

Ou seja, Leitão da Cunha e Magalhães fizeram um roque. Ambos acreditavam na necessidade de estreitar relações com os Estados Unidos, analisa Carrières, formado em história pela Universidade Federal Fluminense, com parte da graduação cursada na Universidade Paris VII, e hoje servindo justamente na embaixada do Brasil em Washington.

Ao mesmo tempo, numa amostra da dupla estratégia da política externa da época, Magalhães foi um entusiasta da viagem a Moscou do então ministro Roberto Campos, ícone do pensamento liberal e avô do atual presidente do Banco Central.

Em 11/9/1965, Magalhães disse ao presidente Castello Branco, no Palácio das Laranjeiras: “A missão do ministro do Planejamento em Moscou será, por certo, muito proveitosa. Tanto, talvez, quanto a missão Fulbright, que veio introduzir elementos novos na dinamização das nossas relações com os EUA”.

No auge da Guerra Fria, mesmo tendo maior convergência com os Estados Unidos, o regime militar não deixou de cuidar de seus interesses na relação com a superpotência soviética. E vice-versa: a URSS também cultivou o relacionamento com o Brasil.

A versão em PDF do livro está disponível gratuitamente nesse link: http://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/37-1151-1

https://internacional.estadao.com.br/blogs/lourival-santanna/livro-revela-lacos-diplomaticos-entre-brasil-e-uniao-sovietica-durante-a-ditadura/


quarta-feira, 14 de abril de 2021

Beijing’s Message to America: We’re an Equal Now - Lingling Wei, Bob Davis (WSJ)

 Beijing’s Message to America: We’re an Equal Now 

Xi Jinping is confronting Biden administration with a new world view

BY LINGLING WEI AND BOB DAVIS

The Wall Street Journal, April 13, 2021


It quickly became obvious in Anchorage, Alaska, last month that Chinese President Xi Jinping’s diplomatic envoys hadn’t come carrying olive branches. Instead they brought a new world view.

As Biden administration officials expected in their first meeting with Chinese counterparts, Yang Jiechi, Mr. Xi’s top foreign-policy aide, and Foreign Minister Wang Yi asked them to roll back Trump-era policies targeting China. Beijing wanted to restore the kind of recurring “dialogue” Washington sees as a waste of time, say U.S. and Chinese officials briefed on the Alaska meeting.

Mr. Yang also delivered a surprise: a 16minute lecture about America’s racial problems and democratic failings. The objective, say Chinese officials, was to make clear that Beijing sees itself as an equal of the U.S. He also warned Washington against challenging China over a mission Beijing views as sacred— the eventual reunification with Taiwan.

That is a big shift for Chinese leaders, who for decades took care not to challenge the U.S. as the world’s leader and followed the dictum Deng Xiaoping set decades ago: “Keep a low profile and bide your time.” Some senior Chinese officials privately—often sarcastically— called the U.S. Lao Da, or Big Boss.

Now Mr. Xi is reshaping the relationship. As far as he is concerned, China’s time has arrived.

“China can already look at the world on an equal level,” he told the annual legislative sessions in Beijing in early March, a remark widely interpreted in Chinese media as a declaration that China no longer looks up to the U.S.

The U.S. routinely describes China as a strategic rival, but Beijing has rarely if ever used such terms, emphasizing terms like “win-win” and cooperation.

“One of the more obvious changes in China’s attitude is that China now recognizes the existence of competition, which was never expressed in the past,” says Wang Huiyao, an adviser to China’s State Council and president of the Center for China and Globalization, a Beijing think tank.

The increasingly contentious relationship has created competition for allies, with American diplomats jetting to Japan, South Korea and Western Europe, while Chinese equivalents sew up deals in Southeast Asia, Russia and Iran.

Mr. Yang’s warning in Alaska on Taiwan reunification is an ominous inkling of how a competitive relationship between the world powers could lead to conflict.

The U.S. is committed to helping Taiwan preserve its autonomy under pledges including the 1979 Taiwan Relations Act, and the Biden team trumpets its plans to strengthen economic and political links to Taipei. Mr. Xi has made reunification with Taiwan, which Beijing regards as a breakaway province, a big part of his “China Dream” of national revival.

China’s Foreign Ministry says of Mr. Yang’s Anchorage warning: “The Chinese side pointed out that the Taiwan issue is related to China’s sovereignty and territorial integrity and China’s core interests.” It adds that “There is no room for compromise.”

There is little sign of imminent Chinese actions to take back the island, though there have been plenty of symbolic gestures. Soon after the Alaska meetings, Mr. Xi inspected Fujian province, across the strait from Taiwan. Chinese airplanes in recent weeks have stepped up incursions into Taiwan’s air-defense zone.

Days after the Alaska encounter, the White House’s China coordinator, Kurt Campbell, told a private conference hosted by the University of California at San Diego that Beijing had become “impatient” at the pace of reunification, according to participants.

Adm. Phil Davidson, who heads the U.S. Indo-Pacific Command, warned the Senate Armed Services Committee earlier in March that China could try to take control of Taiwan by decade’s end, perhaps in as little as six years. China might act rashly, says a senior U.S. official, because of an exaggerated belief that the U.S. is a declining power.

Relations between the countries plummeted during the Trump administration. After both sides fought a two-year trade war to a wary truce, the U.S. president blamed Beijing for unleashing the coronavirus. China rejected the charges and labeled Secretary of State Mike Pompeo a “doomsday clown.”

After President Biden’s election, academics and officials in Beijing reached out to American contacts to try to figure out whether the new administration would change course. They were quickly discouraged.

Even before Mr. Biden took office, Chinese diplomats sought to schedule a high-level meeting between the two sides, people close to the matter say. Biden officials never approved the request and instead repeatedly talked about working with allies to confront China.

China’s concerns were reinforced in January, when Mr. Biden’s choice for secretary of state, Antony Blinken, used his confirmation hearing to declare that China had committed genocide against Uyghur Muslims in the northwestern region of Xinjiang. China has called the charge “the lie of the century.”

The Biden team shares its predecessor’s view of China as America’s greatest military, technological and economic challenger. From the new administration’s perspective, Chinese provocations never ceased. Beijing cut off imports from Australia over its call for an investigation into the origins of the coronavirus, skirmished with India over the countries’ Himalayan border, and sought to intimidate Philippines and Vietnam ships in the South China Sea.

Beijing, as Chinese officials put it, sought to “duo hui hua yu quan ,” or take back the narrative. China’s diplomats and state-media outlets aggressively denounced Western meddling in its domestic affairs and heralded China’s rise.

Muscular approach

Before the Alaska meeting on March 18 and 19, the U.S. signaled a muscular approach. Mr. Biden met online with the leaders of India, Australia and Japan. Mr. Blinken and Jake Sullivan, the national security adviser, flew to Tokyo and Seoul to confer with security counterparts and insisted that Messrs. Yang and Wang fly to Alaska for the U.S.-China session rather than meeting in Asia. A day before the Anchorage meeting, the U.S. expanded sanctions against two dozen Chinese officials over the repression of Hong Kong’s pro-democracy protesters.

Some U.S. foreign-policy experts thought the Americans went overboard, including Jeffrey Bader, a senior China official in the Clinton and Obama administrations, now a senior fellow at the Brookings Institution. “The more you assert you’re not a declining power,” he says, “the less convincing you are.”

With cameras rolling in Anchorage, Mr. Blinken briefly criticized China’s actions in Hong Kong and Xinjiang and threats against Taiwan. Mr. Yang, a member of the Communist Party’s ruling Politburo, gave his blistering 16-minute rejoinder, which the Chinese officials say was meant to show China’s new world view.

After rattling off his country’s achievements under Mr. Xi, he said China wouldn’t follow “what is advocated by a small number of countries as the so-called rule-based international order.” He criticized the U.S. as having “deepseated” human-rights problems and declared that “the U.S. itself doesn’t represent international public opinion.”

After the doors closed, say the officials briefed on the meeting, the Chinese laid out the differences between the nations in three categories. The first category was what could be dealt with fairly easily.

The second would require more negotiations. Issues involving both sides relaxing restrictions on diplomats and journalists belong to the first two groups. The third category, largely concerning China’s sovereignty, was off limits.

On the second day, the diplomats addressed Taiwan. Control of the island has been a Communist Party goal since Mao Zedong’s forces drove Chiang Kai-shek’s Nationalist government there in 1949.

As he turned to the West after Mao’s death, Deng made clear that reunification could wait while China focused on developing its economy. For Mr. Xi, the wait is wearing thin. As Mr. Xi heads for an unprecedented third term as China’s leader late next year, his talk of national revival has broad support. There is little that would cement his legacy more forcefully than bringing the island back into Beijing’s fold, China watchers say.

In Anchorage, the U.S. reaffirmed its adherence to the “One China” policy, under which Washington agrees not to recognize Taiwan as an independent nation, but also reiterated pledges to help Taiwan economically and militarily.

Beamed back to China, Mr. Yang’s lecturing made him a national hero. It also represented a sharp departure from the policy of cooperation with the U.S. that Deng had adopted shortly after the two countries established diplomatic ties. “As we look back, we find that all of those countries that are with the U.S. have become rich,” Deng told aides in 1979, according to official accounts, “while all of those against the U.S. have remained poor. We should be with the U.S.”

That principle guided his successors. Jiang Zemin pushed through Beijing’s negotiations with Washington to get China into the global trading system in 2001. He wooed American and other CEOs to showcase the country’s greater opening to the world. The next leader, Hu Jintao, went further in following the U.S. lead. During the 2008 financial crisis, Mr. Hu signed up to a plan laid out by President George W. Bush to stimulate the Chinese economy to help lift the world from recession.

Mr. Xi started his reign on a similar path. His “China Dream” slogan nodded to the appeal of the American Dream. In late 2017, he entertained President Donald Trump at a private dinner in the Forbidden City, despite Mr. Trump’s threats to punish China.

“We have a thousand reasons to get the China-U.S. relationship right,” he regularly told Chinese underlings and foreign visitors, “and not one reason to spoil it.”

But as the Trump administration piled tariffs on Chinese imports and blacklisted major Chinese companies, which it argued were stealing U.S. intellectual property and helping to build up the Chinese military, Mr. Xi soured. From his perspective, the U.S. had become an unreliable partner, and he worked to make China less reliant on America, especially on technology.

Trump as ‘unifier’

In Beijing’s corridors of power, Mr. Trump was derisively known as “a great unifier”— America’s aggressive actions were unifying support in China for the party and Mr. Xi.

America’s chaotic pandemic response, followed by a summer of racial upheaval and the Jan. 6 Capitol storming, solidified his faith in the Chinese system’s superiority, Chinese officials say. In internal meetings, they say, he compares American democracy to “a sheet of loose sand” and declares that the one-party system allows him to get things done.

With Mr. Biden in the White House, China has continued a hard-line approach, signaling that companies not following Beijing’s rules will lose access to the Chinese market. Swedish clothing brand Hennes & Mauritz AB recently met with a strong social-media rage and consumer boycott in China over its stance against sourcing cotton from Xinjiang. Chinese authorities have restricted military personnel and employees of certain state-owned companies from using electric vehicles made by America’s Tesla Inc., citing national security risks including concerns about the cars’ cameras. H& M declined to comment. Tesla, which didn’t respond to requests for comment, said last week that its cameras aren’t activated outside North America.

Since the Alaska meeting, the competition has played out in a search for allies. Within a week, Mr. Blinken organized joint condemnation of China’s Xinjiang policy with Canada, the European Union and the U.K., which included the first EU human-rights sanctions on China since the 1989 crackdown on Tiananmen Square protesters.

Even Japan, typically wary of angering China, its largest trading partner, appears to be tying itself more tightly to the U.S. Last week ahead of a trip by Prime Minister Yoshihide Suga to Washington for an April 16 summit with Mr. Biden, Foreign Minister Toshimitsu Motegi called on Beijing to improve human-rights conditions for Uyghurs and stop the Hong Kong crackdown.

Mr. Wang, the foreign minister, met his Russian peer in late March, prompting the nationalist Chinese newspaper Global Times to headline, “China, Russia to break US hold on ‘world order.’ ” Then he traveled to the Middle East and signed a wide-ranging economic and security agreement with Iran.

Countries like India are trying to avoid getting caught between the two sides. Mr. Biden’s plan to hold a Summit for Democracy will sharpen the divide.

China retaliated against the EU sanctions by blacklisting European lawmakers and think tanks, although that might make the EU Parliament’s ratification of a pending investment treaty with China harder.

“It’s a high-stakes gamble for the Chinese,” says Daniel Russel, a former Obama China official, now a vice president at the Asia Society Policy Institute, a think tank. “But it’s not a gamble they are certain to lose.”

The contentious relationship has created competition for allies.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Contra Maduro, Itamaraty deixa de emitir carteira diplomática a diplomatas chavistas (FSP)

Seria preciso ver o que determina a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, e sua congênere sobre Relações Consulares. O MRE não poderia se furtar a emitir documentos a funcionários diplomáticos devidamente acreditados, como devem ser os nossos em Caracas e nas cidades venezuelanas onde funcionam consulados brasileiros.

Paulo Roberto de Almeida

Contra Maduro, Itamaraty deixa de emitir carteira diplomática a chavistas

Documento já é concedido a representantes de Guaidó no Brasil

Em mais um gesto para isolar os diplomatas chavistas no Brasil, o Itamaraty deixou de emitir a chamada carteira de registro diplomático para os representantes do governo Nicolás Maduro no país.
Estão suspensas as emissões do documento —uma espécie de RG para diplomatas— para todos os venezuelanos que estão no Brasil a serviço do regime Maduro. 
O mesmo vale para os pedidos de renovações da carteira, que estão sendo negados pela chancelaria brasileira. 
O Ministério das Relações Exteriores passou a adotar essa política contra os diplomatas chavistas desde que o governo Jair Bolsonaro reconheceu o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, no início do ano passado.
A cédula é conhecida informalmente como “carteirinha diplomática” e, segundo diplomatas ouvidos pela Folha, é usada para serviços básicos, como abertura de contas bancárias e embarque em voos nacionais.
De acordo com interlocutores, há hoje na embaixada em Brasília seis representantes de Maduro, sendo que a metade está com o documento de identificação vencido.
Procurado, o Itamaraty disse que não comenta o caso. 
A Venezuela não conta com um embaixador no Brasil desde o governo Michel Temer (MDB), e atualmente o principal representante de Maduro no país é o diplomata Freddy Efrain.
A ausência de carteirinha diplomática válida não significa que esses diplomatas sejam obrigados a deixar o país. Mas a decisão de sustar a emissão de um documento básico para o seu dia a dia é um sinal de que o governo pressiona para que eles deixem o Brasil.
Desde o início da administração Bolsonaro, o Itamaraty reduziu ao mínimo sua relação diplomática com a Venezuela de Maduro. Não estão sendo aceitos, por exemplo, pedidos de credenciamento de novos funcionários na missão chavista no Brasil nem há trocas de notas diplomáticas entre os governos. 
O Brasil reconheceu Guaidó como presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro do ano passado. 
Em junho, o presidente Jair Bolsonaro recebeu as cartas credenciais de María Teresa Belandria, indicada pelo líder opositor como embaixadora no Brasil. 
A chancelaria brasileira forneceu carteirinhas diplomáticas a Belandria e a seu subordinado, Tomás Silva. Para o governo Bolsonaro, eles são os únicos representantes do país vizinho no Brasil.
A situação dos venezuelanos que estão em Brasília a serviço do regime Maduro é considerada um tema sensível no Itamaraty. 
Na chancelaria, qualquer ação contra os chavistas que estão no Brasil traz preocupações sobre possíveis consequências para os funcionários brasileiros que atualmente trabalham na embaixada brasileira em Caracas.
Essa é uma das razões que levaram o Ministério das Relações Exteriores a não ter, até o momento, atuado para expulsar o corpo diplomático de Maduro do país.
A avaliação é a de que as autoridades chavistas na Venezuela aplicariam a mesma medida contra diplomatas brasileiros lá.
Interlocutores disseram à Folha, por exemplo, que os funcionários brasileiros em Caracas também não estão mais conseguindo renovar as cédulas diplomáticas junto ao regime. 
O ponto mais crítico da coexistência em Brasília de duas delegações da Venezuela ocorreu em 13 novembro, durante a cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Brasília.
Na manhã daquele dia, um grupo partidário a Guaidó liderado por Tomás Silva entrou no edifício da embaixada, sob o argumento de que foram convidados por funcionários de Maduro que teriam abandonado o regime. 
Os chavistas contestam a versão e dizem que o edifício foi invadido. Após mais de 12 horas de tensão e impasse, os aliados de Guaidó deixaram a embaixada escoltados por policiais.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

EUA reconhecem a URSS em 1933 - This Day in History (NYT)

ON THIS DAY

On Nov. 16, 1933, the United States and the Soviet Union established diplomatic relations. President Roosevelt sent a telegram to Soviet leader Maxim Litvinov, expressing hope that United States-Soviet relations would "forever remain normal and friendly.'' 
 
 
[Permito-me citar aqui a biografia de George Kennan por John Lewis Gaddis, pois ele foi um dos arquitetos desse reconhecimento de relações diplomáticas.]
 

UNITED STATES RECOGNIZES SOVIET, EXACTING PLEDGE ON PROPAGANDA; BULLITT NAMED FIRST AMBASSADOR



PRESIDENT REVEALS PACT
Reads to Press Letters in Which He and Litvinoff Bind Nations.
FREE WORSHIP CONCEDED
Russia Also Agrees to Allow Americans Own Counsel if Brought to Trial
WORLD PEACE IS STRESSED
Russo-American Claims Will Be Adjusted Through Regular Diplomatic Channels.

By WALTER DURANTY

Special to THE NEW YORK TIMES
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'Triumph' Hailed by Soviet People: Recognition is Likened to the Tale of the Ugly Duckling Which Became Swan: News Too Late For Fetes: Mezhlauk and Sokolnikoff Are Regarded as Candidate for Envoy to Washington
Litvinoff Pledges Soviet Friendship: Looks to Cooperation With America for Peace Under Economic and Cultural Ties: Assurance on Nationals: Roosevelt Got This First, He Says in Speech - Disavows Moscow Link to Reds Here
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Seek A Woman Aide In Hart Abduction: Police on Coast Think She Helped in Ransom Notes to Dead Boy's Father: New Witnesses Found: Seller of 22-Pound Bricks for Murder Identifies Thurmond - Victim's Body Still in Sea
Brewers Win Fight On Alcohol Label: State Board Rules They Need Not Show Strength of Beer After Repeal: Rush for Liquor Permits: 10,000 Seek Applications for Licenses for Restaurants, Hotels, and Clubs
Writ Bars Tax Aid For City Subway; 5-Cent Fare Hit: Appellate Division Finds That 3 Years of Trial Operation Began Sept. 10, 1932: $12,000,000 Saving Seen: Huge Service Charge Must Be Taken From Budget if Decision is Upheld: Laguardia to Act at Once: Will Speed Negotiations as Unity Is Seen as Sole Hope of Averting Fare Rise
Bolan and Aide Quell Fire in Car on 5th Avenue
Roosevelt Leave for Warm Springs; Will Speak of Savannah This Morning
Australia Plans to Cut Curbs on Immigration
Washington, Nov. 17--Official relations between the United States and the Soviet were established at ten minutes before midnight yesterday. Or, to express it more simply, the United States recognized the U. S. S. R. at that hour after sixteen years and nine days of the Soviet Government's existence. The fact of the establishment of relations was announced this afternoon by President Roosevelt, but historically speaking the date was 11:50 P.M., Nov. 16.
The undertakings of the two governments were set forth in eleven letters and a memorandum exchanged between the President and Maxim Litvinoff, Soviet Commissar for Foreign Affairs, covering agreements and concessions completed in ten days of negotiation.
Subject to the approval of the Soviet Government, William C. Bullitt of Philadelphia, special assistant to the Secretary of State, was designated to be the first American Ambassador to the U. S. S. R.
The pact read to the press by Mr. Roosevelt at his press conference this afternoon, covers propaganda, freedom of worship, protection of nationals and debts and claims.
Anti-Propaganda Pledge
The United States receives the most complete pledge against Bolshevist propaganda that has ever been made by the Soviet Government, and includes "organizations in receipt of any financial assistance from it" as well as persons or organizations under the jurisdiction or control of the government. Complete freedom of worship is assured Americans, as well as assurance against discrimination because of "ecclesiastical status."
To Americans is accorded "the right to be represented by counsel of their choice" if brought to trial in the U. S. S. R., which represented perhaps the most definite concession that M. Litvinoff made. The President made reciprocal pledges except regarding religion, which the Soviet did not desire.
Debts and claims were left to be thrashed out later for "a final settlement of the claims and counterclaims" between the governments "and the claims of their nationals." Claims arising out of the military occupation of Siberia by American forces, or assistance to military forces in Siberia after 1917, were waived, but the Murmansk occupation was not mentioned.
One may surmise that the article relating to propaganda was drawn up after the most careful consideration by the Americans of the propaganda treaties or clauses between the Soviet and Latvia and the Soviet and Afghanistan, or both, but it goes further than either of these two, and might almost be termed a diplomatic victory of high order.
The question of religious freedom has great political importance and is treated with corresponding detail. Americans are allowed everything they can want in this respect, but it is worth noting that M. Litvinoff takes the opportunity of "slipping something over" in a quiet way by quoting the laws of the Soviet Union to show that many of the reports upon the restriction of religious liberty in that country have been exaggerated.
The American side, however, scores a tactical success in M. Litvinoff's admission that "no persons having ecclesiastical status" shall be refused visas to enter the U.S.S.R. on that account.
With regard to the protection of American nationals, President Roosevelt has succeeded in obtaining one sentence which will have a considerable reverberation and cause no small heartburning in Downing Street, London, namely:
"Americans shall have the right" (if brought to trial in the U. S. S. R.) to "be represented by counsel of their choice." That sounds like something rather different from the circumstances of the Metro-Vickers trial, not to mention the earlier Shakta trial in which three Germans were involved.
In the matter of debts and claims, the honors are more evenly divided than appears at first sight. The important phrase here is "preparatory to a final settlement of the claims and counter-claims between the two governments" in the first paragraph of M. Litvinoff's letter, which to a certain extent detracts from the apparent importance of the waiving of immediate claims by the Soviet.
M. Litvinoff stated that there would be no mixed claims commission to adjust various Russo-American claims. They will all be handled through regular diplomatic channels.
It is also within the bounds of possibility that some more far-reaching agreements, at least with regard to the private debts, may be arrived at shortly, although they do not form part of the documents published today.
It is not surprising that the Russians agreed to waive a claim against the effects of the American Expeditionary Force in Siberia, because both in fact and intent it was far from damaging to Soviet interests. But here, too, what looks like any American victory is somewhat modified by the point that there is no reference to the American Expeditionary Force in Murmansk, which undoubtedly will provide the basis for a Soviet claim, according to the Alabama precedent.
Speaking by and large, it is probable that claims and counter-claims, so far as the two governments are concerned, and not impossibly the pre-revolution debts as well, will more or less cancel each other, whereas the American claims for money or property of American nationals seized by the Soviet will fall in another category.
President Reads Treaty
There must have been 200 newspaper men in the circular study of the Chief Executive when he made his historic announcement, and the way he did it gave an interesting illustration of the character of Franklin D. Roosevelt, his sense of drama--I hope the word "showmanship" is not "lese-majeste"--and his profound knowledge of psychology. Every one present was on tiptoe waiting for news about the result of the negotiations with M. Litvinoff.
Mr. Roosevelt smiled pleasantly at the crowd, cast an affectionate eye round the walls at his splendid collection of colored prints of old New England scenes and stated in a conventional tone that he had gratifying news from the iron and steel industry about the working of their NRA code. This he thought was important news, and it seemed, too, that there were encouraging reports along the same line from the textile industry.
It was a genuine "coup de theatre," and there was something like a gasp of suspense from his hearers.
Reporters are supposed to be toughened by their profession against surprises but, speaking personally at least, there was one of them who was startled. And the President knew it and got th full flavor of that moment of thrill.
Then quietly and calmly he proceeded to read the preamble to what is tantamount to an American-Soviet treaty.
The preamble consists of a letter from the President to the Commissar stating:
"I am very happy to inform you that as a result of our conversations, the Government of the United States has decided to establish normal diplomatic relations with the Government of the Union of Soviet Socialist Republics and to exchange Ambassadors.
"I trust that the relations now established between our peoples may forever remain normal and friendly, and that our nations henceforth may cooperate for their mutual benefit and for the preservation of the peace of the world."
Formal recognition was followed immediately by the designation of Mr. Bullitt as Ambassador to Russia. Hard on the heels of this announcement came publication by the State Department of the correspondence terminating the tenuous hold of representatives of the old Kerensky regime on the Russian diplomatic and consular service in this country.
No Russian Ambassador to the United States has been designated, but it is taken for granted that an announcement will be made in the very near future.
At the National Press Club this evening, while President Roosevelt was speeding toward Warm Springs, Ga., for a Thanksgiving holiday, M. Litvinoff in a brief speech and in reply to questions reviewed the negotiations for the benefit of Washington newspaper correspondents.
It is worth noting that the final phrase in the President's letter is "for the preservation of the peace of the world."
That is no formal insertion. Indeed there is hardly a word or line in the whole exchange of letters which does not merit the most careful scrutiny and attention.
M. Litvinoff replied in almost the same phrasing, and he, too, stressed the preservation of world peace which, as I cabled from Moscow, was the keynote of the first official Soviet reaction to the news of the President's message to Kalinin.
The letters cover four points of vital moment and are listed, one may presume, in the order of their importance. I venture that presumption because if ever there has been a conference in world history, and historically this conference may be found to rank among the most decisive, which really did "proceed according to plan," at least according to President Roosevelt's plan, it is this one.
You can hardly call it "an open covenant openly arrived at," that is to say, not so far as the last three words are concerned, but as a piece of "State planning," to employ the phrase familiar in Moscow and not unknown in Washington, it stands unique in post-war international events.
Put briefly, the points are propaganda, freedom of worship, protection of nationals and the question of debts and claims.
Right here there is to be noticed a most interesting point. As to propaganda, M. Litvinoff's letter comes first, expressing what the Soviet undertakes in this matter. The President's letter follows, recording, registering, and approving the said undertaking.
In the case of protection of nations, M. Litvinoff announces that certain steps shall be taken and the President assents, after which M. Litvinoff adds a short note of explanation upon the somewhat obscure question of economic espionage, which he clarifies. Once more M. Litvinoff leads in the matter of debts and claims and the President takes note of and records what he says.
To discuss the four points in detail, the propaganda letter of the Commissar contains four articles which admirably illustrate upon what a fair and reciprocal footing these negotiations have been conducted. Because, although all four articles are apparently undertakings by the Soviet, the first two are specifically things in which the United States is interested, whereas the two latter are things in which the Soviet is interested.
President Accepts Terms
The fourth article is reminiscent of a clause in the Franco-Soviet non-aggression pact which referred primarily to "White Russian," or Nationalist Georgian and Ukrainian anti- Bolshevist organization.
The President's reply recapitulates the four articles, but adds significantly "it will be the fixed policy of the Executive of the United States within the limits of the powers conferred by the Constitution and laws of the United States to adhere reciprocally to the engagements above expressed."
The agreement was described in informed circles as including every concession the Soviet government has ever made singly to any other country. The significant thing is that in this case the concessions are lumped into one vastly important international document--and were made prior to recognition.
To sum up, it would seem to me, with a certain knowledge of both countries, that this is one of the best and fairest international agreements I have ever read because it has a solid basis of mutual understanding and respect.
If one wants to estimate the "horse trade," I should say M. Litvinoff has got perhaps a shade the worst of it, but on the other hand, to vary the metaphor, M. Litvinoff is taking home a pretty fat turkey for Thanksgiving.
And don't forget that there is no mention of future credits and business in these documents, save rather vague allusions to consular conventions, and so forth. It is absurd to suppose that such subjects have not been discussed and may lead to great mutual benefits.
There are other points of international and political interest which have perhaps been covered. The negotiations have taken ten days, and, without being oversanguine, it may happen that, in view of the gravity of the issues involved in this moment of international confusion, general perplexity and danger, too, some future historian will term them "ten days that steadied the world."
 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Diplomacia companheira vs Indonesia: "um passo muito extraordinário e anti-diplomático"; recusa de credenciais "inaceitável"

Que coisa, hem gente?!
Nunca Antes do Nunca Antes a gente tinha visto uma coisa dessas: esses indonésios devem ser irrascíveis ante a nossa proverbial simpatia e non-chalance.
Como é que eles tomam uma atitude hostil dessas, justo com o Brasil e a sua fabulosa diplomacia???!!!
Sinceramente, não dá para entender...
Paulo Roberto de Almeida

Indonésia espera pedido de desculpas do Brasil e analisa cooperação bilateral

Da Agência Brasil
O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira em cela na Indonésia

  • O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira em cela na Indonésia
A Indonésia espera um pedido de desculpas do governo brasileiro pelo adiamento da apresentação das credenciais do embaixador indonésio no Brasil e está analisando todas as áreas da cooperação bilateral, disse nesta segunda-feira (23) o porta-voz da diplomacia indonésia, Armanatha Nasir, à Agência Lusa.
Nasir afirmou que "um pedido de desculpa está subjacente" na declaração enviada ao governo brasileiro sobre os passos que deve tomar para resolver a situação diplomática criada pelo adiamento da apresentação das credenciais do embaixador indonésio, Toto Riyanto.
Nasir falou com os jornalistas após uma reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, na qual o embaixador Toto Riyanto relatou o que ocorreu.
O diplomata foi chamado a Jacarta, após a presidente Dilma Rousseff ter adiado, na sexta-feira (20), o recebimento das suas credenciais.
"Achamos que é importante que haja uma evolução na situação para que a gente tenha clareza em que condições estão as relações da Indonésia com o Brasil. O que nós fizemos foi atrasar um pouco o recebimento de credenciais, nada mais que isso", explicou a presidente após a cerimônia.
"Trata-se de um passo muito extraordinário e anti-diplomático", disse Nasir, explicando que Riyanto foi convidado formalmente para apresentar as suas credenciais e, quando já se encontrava no Palácio do Planalto, "foi-lhe dito que tal não iria acontecer".
Dilma recebeu as credenciais dos embaixadores da Venezuela, do Panamá, de El Salvador, do Senegal e da Grécia.
Em resposta, o governo indonésio enviou uma declaração às autoridades brasileiras informando que chamou Riyanto de volta "até que o governo do Brasil determine quando as credenciais deverão ser apresentadas" e onde constam todos os "passos que devem ser tomados pelo Brasil", disse o porta-voz, sem dar mais detalhes.
"Todos os aspectos das nossas relações estão atualmente sendo analisados e revistos, bem como o que poderemos fazer para seguir em frente e o que precisa ser feito nos próximos meses, semanas e dias", disse Nasir.
O diretor-geral para os Assuntos Europeus e Americanos no Ministério dos Negócios Estrangeiros indonésio, Dian Triansyah Djani, que também falou com os jornalistas, destacou que a Indonésia "é um país amigável", mas "toda a cooperação deve ser baseada no respeito mútuo e na aceitação da sua soberania".
A diplomacia indonésia convocou o embaixador brasileiro no país, Paulo Soares, logo após a recusa das credenciais para transmitir a sua nota de protesto em relação ao que ocorreu, que qualificou de "inaceitável".
Nasir ressaltou que a Indonésia tem explicado ao Brasil, "em nível técnico, em nível ministerial e até em nível dos chefes de Estado", que a condenação de dois brasileiros à pena de morte é uma questão de "implementação da lei" indonésia. "Esperamos que eles entendam isso", acrescentou o porta-voz.
Em janeiro, a execução de Marco Archer por tráfico de drogas gerou mal-estar entre os dois países, após Dilma ter falado com o presidente indonésio, Joko Widodo,  pedindo clemência. Outro brasileiro, Rodrigo Gularte, que também foi condenado por tráfico de drogas, está no corredor da morte.
Atualmente, o Brasil e a Indonésia estão também divididos em um contencioso no âmbito da Organização Mundial do Comércio relativo ao bloqueio à carne bovina brasileira, que vigora na Indonésia desde 2009.
Jacarta e Brasília têm acordos em várias áreas, desde defesa à proteção das florestas, sendo que a Indonésia é o principal parceiro comercial do Brasil no Sudeste Asiático.
A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.

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quarta-feira, 2 de julho de 2014

Regime militar: desencontros Brasil-China - Elio Gaspari

O caso dos nove chineses

Elio Gaspari
O Globo, 2/07/2014

No dia 16 chega ao Brasil o presidente da China, Xi Jinping. Ele governa uma ditadura de vitrine, a segunda economia do mundo, e é o maior parceiro comercial de Pindorama.
Semanas depois, chegará às livrarias O caso dos nove chineses, dos jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo, um magnífico trabalho de pesquisa histórica onde está contada a história de um episódio de vergonhosa marquetagem e histeria do amanhecer da ditadura.
Aconteceu o seguinte:
No dia 3 de abril de 1964, logo depois da deposição do presidente João Goulart, a polícia do governador Carlos Lacerda prendeu no Rio de Janeiro nove cidadãos chineses. Perigosos agentes, comandavam uma rede de 191 pessoas, tinham agulhas envenenadas, bombas teleguiadas e uma lista de personalidades que deveriam ser assassinadas durante a revolução comunista.
Tudo mentira. Dois eram jornalistas da agência estatal e estavam no Brasil desde 1961. Quatro haviam chegado em junho de 1963 para tratar de uma exposição comercial e três vieram em janeiro de 1964, para comprar algodão.
Todos tinham vistos oficiais. Começaram a apanhar no momento da prisão, em suas casas, e depois alguns deles foram espancados pela polícia. Tiveram os apartamentos saqueados e as contas confiscadas (R$ 865 mil em dinheiro de hoje.)
No dia 16, quando Xi Jinping descer em Brasília, completam-se 50 anos dos dias em que os nove chineses estavam trancados em quartéis. Só puderam escrever para as famílias dois meses depois. Só receberam a visita das mulheres (vigiadas por 32 agentes), em agosto.
“O caso dos nove chineses” conta uma história de acovardamento da qual emerge, altaneiro, o advogado Sobral Pinto, que aceitou a defesa dos presos. A Sobral juntaram-se intelectuais como Augusto Frederico Schmidt e jornalistas como Antonio Callado e Carlos Heitor Cony. (Seus destemidos artigos da época, publicados no livro “O ato e o fato”, foram reeditados há pouco.)
Como era tudo mistificação, violência e histeria, em poucos meses o governo ficou com uma batata quente nas mãos. Condenara os chineses a dez anos de prisão, enfrentava uma campanha internacional e não tinha como se explicar. Em fevereiro de 1965, eles foram expulsos e recebidos como heróis em Pequim.
Aí o jogo virou. Desde então, o Império do Meio mostra que tem memória. Não cria caso, mas não esquece. Sempre que surge a ocasião, refere-se ao “contencioso” do episódio. Cinco dos nove estão vivos.
Um deles tornou-se diretor da agência de notícias para a qual trabalhava, outro dirigiu a área de América Latina do Ministério das Relações Exteriores e foi embaixador em Moçambique e Angola. Wang Yaoting chegou a presidente do Conselho para a Promoção do Comércio Internacional. Em 1979, quando o general João Figueiredo visitou a China, ele conversou com um brasileiro:
— Morei um ano no Rio.
— Então o senhor deve conhecer bem o Brasil.
— Conheço muito pouco, porque fiquei aquele ano quase todo preso.
Foram-se os militares, vieram Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma. Os tempos seriam outros. Talvez, mas até hoje o Império do Meio não recebeu satisfação pelo que sucedeu aos seus cidadãos, nem o dinheiro de volta. Mais: em 1997 (governo Fernando Henrique), um dos jornalistas tentou vir ao Brasil com a mulher, mas não conseguiu visto.

Elio Gaspari é jornalista

domingo, 25 de agosto de 2013

Ai minha Nossa Senhora do Rio Branco, o que vai acontecer agora? - Nao contavam com a astucia do Senador...



  atualizado às 22h47

"Fuga" de senador pode afetar relações entre Brasil e Bolívia

Roger Pinto estava refugiado na embaixada brasileira em La Paz desde o dia 28 de maio de 2012



O senador boliviano Roger Pinto, em foto de 2008 Foto: EFE
O senador boliviano Roger Pinto, em foto de 2008
Foto: EFE


O senador opositor boliviano Roger Pinto, que estava refugiado na embaixada brasileira em La Paz desde o dia 28 de maio de 2012, deixou a delegação diplomática e está no Brasil, segundo confirmaram neste sábado à Agência Efe diversas fontes, que anteciparam uma "tempestade diplomática" entre ambos os países.
"Fuga" foi a palavra mais usada por fontes diplomáticas dos dois países frente a um fato com que, embora não tenha sido confirmado oficialmente, a Efe pôde constatar com diversas pessoas próximas ao caso, tanto em La Paz como em Brasília.
"Já está no Brasil e nas próximas 48 horas convocará uma entrevista coletiva, que possivelmente será em Brasília", disse o advogado de Pinto, o brasileiro Fernando Tibúrcio, que não quis dar detalhes sobre a saída do senador por "razões de segurança".
Essa versão foi confirmada por diversas fontes diplomáticas, que inclusive disseram que o senador estava neste sábado na cidade de Corumbá, muito próxima à fronteira entre ambos os países e em frente à cidade boliviana de Puerto Suárez. Por outro lado, a família do senador foi para Brasília, e planejava se reunir "nas próximas horas" com Pinto.
Outras fontes disseram que o governo brasileiro já foi informado sobre o assunto e que houve uma reunião de emergência na qual participaram altos cargos, como o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, sobre a qual nada foi informado.



Pinto, acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia, se apresentou na embaixada brasileira em La Paz no dia 28 de maio de 2012, que lhe deu amparo desde então.
Dez dias depois de ter sido recebido na embaixada, o governo da presidente Dilma Rousseff lhe outorgou a condição de asilado político, mas a Bolívia se negou a conceder-lhe o salvo-conduto necessário para viajar ao Brasil, sob a alegação que ele deve responder a diversas acusações de corrupção.
De fato, em junho passado, Pinto foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado calculados em cerca de US$ 1,7 milhão.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, que tinha previsto viajar neste sábado para a Finlândia para uma visita oficial, disse em junho que o Governo de Dilma "garantia" a "segurança" do senador boliviano. Ele também explicou que o Governo brasileiro prosseguia com "negociações confidenciais" com as autoridades bolivianas para tentar "solucionar" a situação de Pinto.
Algumas das fontes diplomáticas consultadas pela Efe disseram que a Bolívia prepara uma "resposta duríssima" para a saída de Pinto da embaixada e que em La Paz se considera que houve uma "ruptura" da "confiança" entre ambos os Governos.
O único pronunciamento oficial sobre o assunto foi feito, embora mediante sua conta na rede social Twitter, pela ministra de Comunicação boliviana, Amanda Davila, dizendo que a saída de Pinto "deve ser confirmada pelo Brasil via diplomática"
Amanda enfatizou que o salvo-conduto para que Pinto deixasse a Bolívia, que o governo de Evo Morales negava, "era imprescindível", por isso que se estaria frente a uma "suposta fuga". "O governo boliviano não deu, porque a lei o impede, nenhum salvo-conduto a Pinto, para o Brasil nem para outro país", ressaltou Amanda.
Também via Twitter, o vice-ministro de Gestão Comunicacional da Bolívia, Sebastián Michel, sustentou que "quem tem que oficializar a saída de Pinto é a embaixada do Brasil" e que as autoridades de La Paz não podem "especular".
Mas o ex-governador opositor da região amazônica boliviana de Beni Ernesto Suárez se uniu a quem confirma a saída de Pinto e, também nessa rede social, comemorou o fato de que "finalmente pôde se reunir com sua família um grande amigo, um perseguido político".


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Senador boliviano veio ao Brasil com Eduardo Sabóia

25 de agosto de 2013 | 20h 21
LISANDRA PARAGUASSU - Agência Estado
O senador boliviano Roger Pinto Molina foi trazido ao Brasil pelo encarregado de negócios da embaixada em La Paz, o ministro Eduardo Sabóia, que estava no comando da embaixada desde o início de julho. O diplomata foi chamado neste domingo (25) de volta a Brasília pelo Ministério das Relações Exteriores, que abriu inquérito para investigar a entrada do senador boliviano no Brasil - aparentemente, feita sem conhecimento do Itamaraty.
De acordo com o relato do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Molina viajou em uma comitiva de dois carros da embaixada, com placas consulares, e acompanhado não apenas de Sabóia, mas de dois fuzileiros navais que fazem a segurança da embaixada. Nas missões no exterior, os militares respondem não ao Ministério da Defesa, mas ao chefe da representação consular - no caso, Saboia.
Ao final de uma viagem de 22 horas de carro, onde passaram por cinco controles militares, inclusive na fronteira, o diplomata teria ligado para Ferraço. "Ele me ligou e disse que estava com o senador em Corumbá mas não tinha como levá-lo até Brasília. Eu tentei falar com o presidente do Senado (Renan Calheiros) e com outras autoridades, sem sucesso. Então consegui um avião e fui buscá-lo e levá-lo para Brasília", contou Ferraço. Pinto Molina está desde a madrugada passada na casa do senador brasileiro e dará uma entrevista na CRE na próxima terça-feira.
Plano. Ferraço diz que Sabóia contou a ele que vinha conversando há algum tempo com o Itamaraty sobre a situação do senador boliviano. "Ele me disse que falou que a situação estava se tornando inadministrável, que Molina estava com depressão, que sua saúde estava se deteriorando. Ele se sentia frustrado com a falta de uma solução e disse que se tivesse uma oportunidade ia resolver", explicou Ferraço. "Não sei se o governo acreditou".
O senador brasileiro disse que não conversou sobre os detalhes de planejamento da fuga de Molina e não pode garantir, mas acredita que a iniciativa foi do diplomata, em uma atitude "ousada e corajosa". Se tomou a decisão sem esperar a aprovação do Itamaraty, Sabóia possivelmente criou um problema para sua carreira diplomática e pode ser responsabilizado por criar um constrangimento para o governo brasileiro.
Na última quinta-feira, em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Antonio Patriota afirmou que a libertação de Molina estava sendo "negociada no mais alto nível", mas que o governo brasileiro se recusava a tirá-lo da embaixada sem garantir sua segurança. Mas, no início de junho, o Itamaraty informava nos bastidores que negociava uma "saída discreta" para o caso, em que o presidente Evo Morales permitiria a saída de Molina em segurança, mas sem dar o salvo-conduto.
Hoje, diplomatas se recusaram a fazer qualquer comentário sobre o caso além das informações que constavam da nota divulgada pela manhã. 

domingo, 2 de junho de 2013

China e Trinidad-Tobago: o elefante e a joaninha... curioso

O que podem empreender juntos um país que deve representar algo como 300 vezes o tamanho econômico, a importância mundial e o potencial geopolítico do seu pequeno sócio caribenho?
Deve haver algo não esclarecido na matéria, provavelmente algo a ver com facilidades financeiras e de investimentos, dirigidos a um outro gigante da região...
Paulo Roberto de Almeida


Xi seeking 'new, strong vitality' in Trinidad ties

Source: Xinhua  |   2013-6-2  |     NEWSPAPER EDITION
President Xi Jinping and his wife Peng Liyuan arrive in Port of Spain, Trinidad and Tobago, in heavy rain on Friday night.

VISITING Chinese President Xi Jinping said yesterday he was confident that his visit to Trinidad and Tobago will "inject new and strong vitality into ties" between the Caribbean nation and China.

Xi met his counterpart of Trinidad and Tobago Anthony Carmona yesterday to discuss further cooperation between China and the Caribbean nation.

Xi arrived in Port of Spain late Friday for a state visit to Trinidad and Tobago, the first by a Chinese president since the two countries established diplomatic relations in 1974.

The two presidents were expected to exchange views on the further development of bilateral ties and all-round cooperation.

Following the meeting, Xi was scheduled to hold talks with Prime Minister Kamla Persad-Bissessar. The leaders were to witness the signing of cooperation deals by representatives of the two countries.

"I look forward to having in-depth exchange of views on bilateral relations and international and regional issues of mutual interest with President Anthony Carmona, Prime Minister Kamla Persad-Bissessar and other leaders of Trinidad and Tobago," Xi said in a written statement issued upon his arrival in Port of Spain Friday.

"I am confident that with our joint efforts, my visit will achieve full success and inject new and strong vitality into the growth of friendly relations between our two countries," he said.

Xi would also hold bilateral meetings in Port of Spain with the leaders of Antigua and Barbuda, Barbados, the Bahamas, Dominica, Grenada, Guyana, Suriname and Jamaica, all of which are Caribbean countries with diplomatic ties with China, according to Chinese officials.

Xi said that he looks forward to discussing bilateral ties with the leaders and exploring together ways to boost cooperation. 

"I believe that with the concerted efforts of all participants, these meetings will be successful and elevate the friendly relations and cooperation between China and Caribbean countries to a new level," he said.

Trinidad and Tobago is an important partner of China in the English-speaking Caribbean region. The two countries advanced to a friendly and cooperative relationship of mutual benefit and development in 2005.

Two-way trade stood at US$449 million in 2012, according to official figures.

From Port of Spain, the Chinese president will travel to Costa Rica and Mexico for state visits.

Xi said ahead of the trip that he had "full confidence in the prospects of China-Latin America relations."

While there is "a vast ocean between China and Latin America, our hearts are closely linked," Xi told regional media outlets.

After his Latin American tour, Xi will fly to California for a summit meeting with US President Barack Obama on Friday and Saturday. 

The China-US summit will be the first of its kind since both nations completed their most recent leadership transitions.