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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
Contra Maduro, Itamaraty deixa de emitir carteira diplomática a diplomatas chavistas (FSP)
Seria preciso ver o que determina a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, e sua congênere sobre Relações Consulares. O MRE não poderia se furtar a emitir documentos a funcionários diplomáticos devidamente acreditados, como devem ser os nossos em Caracas e nas cidades venezuelanas onde funcionam consulados brasileiros.
Paulo Roberto de Almeida
Contra Maduro, Itamaraty deixa de emitir carteira diplomática a chavistas
Documento já é concedido a representantes de Guaidó no Brasil
Estão suspensas as emissões do documento —uma espécie de RG para diplomatas— para todos os venezuelanos que estão no Brasil a serviço do regime Maduro.
O mesmo vale para os pedidos de renovações da carteira, que estão sendo negados pela chancelaria brasileira.
O Ministério das Relações Exteriores passou a adotar essa política contra os diplomatas chavistas desde que o governo Jair Bolsonaro reconheceu o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, no início do ano passado.
A cédula é conhecida informalmente como “carteirinha diplomática” e, segundo diplomatas ouvidos pela Folha, é usada para serviços básicos, como abertura de contas bancárias e embarque em voos nacionais.
De acordo com interlocutores, há hoje na embaixada em Brasília seis representantes de Maduro, sendo que a metade está com o documento de identificação vencido.
Procurado, o Itamaraty disse que não comenta o caso.
A Venezuela não conta com um embaixador no Brasil desde o governo Michel Temer (MDB), e atualmente o principal representante de Maduro no país é o diplomata Freddy Efrain.
A ausência de carteirinha diplomática válida não significa que esses diplomatas sejam obrigados a deixar o país. Mas a decisão de sustar a emissão de um documento básico para o seu dia a dia é um sinal de que o governo pressiona para que eles deixem o Brasil.
Desde o início da administração Bolsonaro, o Itamaraty reduziu ao mínimo sua relação diplomática com a Venezuela de Maduro. Não estão sendo aceitos, por exemplo, pedidos de credenciamento de novos funcionários na missão chavista no Brasil nem há trocas de notas diplomáticas entre os governos.
O Brasil reconheceu Guaidó como presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro do ano passado.
A chancelaria brasileira forneceu carteirinhas diplomáticas a Belandria e a seu subordinado, Tomás Silva. Para o governo Bolsonaro, eles são os únicos representantes do país vizinho no Brasil.
A situação dos venezuelanos que estão em Brasília a serviço do regime Maduro é considerada um tema sensível no Itamaraty.
Essa é uma das razões que levaram o Ministério das Relações Exteriores a não ter, até o momento, atuado para expulsar o corpo diplomático de Maduro do país.
A avaliação é a de que as autoridades chavistas na Venezuela aplicariam a mesma medida contra diplomatas brasileiros lá.
Interlocutores disseram à Folha, por exemplo, que os funcionários brasileiros em Caracas também não estão mais conseguindo renovar as cédulas diplomáticas junto ao regime.
O ponto mais crítico da coexistência em Brasília de duas delegações da Venezuela ocorreu em 13 novembro, durante a cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Brasília.
Na manhã daquele dia, um grupo partidário a Guaidó liderado por Tomás Silva entrou no edifício da embaixada, sob o argumento de que foram convidados por funcionários de Maduro que teriam abandonado o regime.
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