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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Nunca Antes na Diplomacia, de P. R. Almeida - resenha de Marcos Guterman (OESP)

Quando o livro foi lançado, eu me encontrava fora do país, ou seja, o livro não foi lançado.
Ainda assim, ele mereceu uma resenha simpática por parte do jornalista do Estadão Marcos Guterman, que devo ter visto pouco depois, mas já nem me lembrava mais.
Vou transcrever aqui.
Paulo Roberto de Almeida

O show de Lula
Resenha Marcos Guterman
O Estado de S. Paulo, 14/08/2014
Marcos Guterman é jornalista

A extensão dos danos causados ao Brasil pela diplomacia partidária do lulopetismo ainda é desconhecida. Por muito tempo o mundo se deixou encantar pelo hiperativismo de Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto seu governo fazia opções que afrontavam a tradição do Itamaraty e o próprio interesse nacional. Mesmo com Dilma Rousseff, isto é, mesmo sem a megalomania de Lula, resta evidente que a agenda petista continua a prevalecer e a única estratégia do governo parece ser a de confrontar o "Norte", ou seja, os países ricos, sempre que a oportunidade aparece. Os resultados dessa política certamente se farão sentir por muitos anos, porque inúmeras oportunidades comerciais e de desenvolvimento vêm sendo perdidas em favor da aproximação com regimes autoritários que nada têm a oferecer ao Brasil senão afinidade ideológica com os governantes de turno.
Embora esses equívocos sejam claros como o dia, escassas são as vozes que ousam apontá-los, pois são logo classificadas como "lacaias do império" por uma formidável máquina de propaganda petista, em especial nos meios universitários, justamente onde deveria prevalecer o pensamento crítico e independente. Um dos poucos que decidiram enfrentar esse consenso artificial é o diplomata Paulo Roberto de Almeida. Em seu novo livro, Nunca Antes na Diplomacia - A Política Externa Brasileira em Tempos Não Convencionais, Almeida propõe-se a fazer um raro balanço da política externa lulopetista, sempre tendo em vista seus equívocos basilares. Ainda que não seja possível dimensionar a amplitude total dos problemas levantados, pois não há distanciamento histórico suficiente, o fato é que o livro de Almeida é uma leitura genuinamente incômoda, pois revela como a política externa do Brasil está, neste momento, entregue a ideólogos de um partido que diz defender a soberania nacional enquanto a sacrifica no altar do altermundismo.
Almeida está na carreira diplomática desde 1977 e ocupou diversos cargos no Itamaraty. Com uma trajetória dessas, seria natural que mantivesse a discrição que marca o mundo da diplomacia. Mas Almeida é, no dizer do embaixador Rubens Barbosa, um "provocador" - a começar pela escolha do título do livro.
"Nunca antes" é a expressão de um tempo em que tudo o que diz respeito ao lulopetismo tem de ser considerado em termos superlativos, pois se trata, na visão de seus protagonistas, de uma "revolução". É a introdução obrigatória dos discursos não só de Lula, mas de todos aqueles empenhados em provar, a todo momento, que o ano de 2003, quando o PT chegou ao poder, marcou o início de fato da História do Brasil. Almeida dedica-se a desconstruir esse discurso, para provar que por trás da promessa de independência e altivez mal se esconde a submissão a interesses obscuros, articulados bem longe das fronteiras nacionais - o livro lembra diversas vezes a vinculação de petistas de alto coturno com Cuba e a ditadura dos irmãos Castro.
Um dos grandes problemas da diplomacia lulopetista, como mostra o livro, é o improviso, resultado direto da sujeição total da política externa aos desejos e impulsos de um chefe de Estado que imagina estar numa missão redentora. Com Lula, deixou-se de lado, por ociosa, qualquer forma de planejamento e de respeito aos limites da ação diplomática, razão pela qual muitas vezes se despendeu grande esforço para alcançar objetivos tão controversos quanto inúteis, apenas para satisfazer a sede presidencial pelos holofotes. Ainda que bem mais discreta que seu antecessor, Dilma manteve o desapreço pela diplomacia profissional.
O lulopetismo transformou a diplomacia em panfleto político. Com isso o País passou a classificar como "estratégica" qualquer parceria que cumprisse a função de reafirmar os propósitos anti-hegemônicos da cartilha do PT, sem considerar os interesses de longo prazo nem os recursos que devem ser gastos para manter essa fantasia.
Ao dar prioridade às relações com os países do "Sul", isto é, aqueles que não integram o mundo desenvolvido, Lula tinha em mente liderar uma revolução geopolítica - e, de lambujem, ganhar um Nobel da Paz. Pretendia colocar o Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Queria que o País fosse reconhecido como o motor de um novo modelo de desenvolvimento, melhor e mais justo do que o capitalista ocidental. Mas, como mostra o livro de Almeida, faltou combinar com os russos.
As iniciativas petistas foram rechaçadas, em primeiro lugar, pela Argentina e pelo México, entre outros países da América Latina, que não estavam nem um pouco inclinados a aceitar a liderança brasileira. O Mercosul, que deveria servir de plataforma para esse salto diplomático, foi transformado num estorvo para o desenvolvimento brasileiro e todas as outras entidades criadas na América Latina para dar corpo à ideia de integração regional raras vezes se prestaram a outra coisa senão a servir de palanque para as diatribes bolivarianas.
Em nome de seus propósitos delirantes, o lulopetismo adotou a leniência como padrão de relacionamento com os sócios ideológicos: aceitou afrontas da Bolívia à soberania nacional e da Argentina a acordos comerciais, ignorou violações de princípios democráticos, afagou ditadores. Tudo isso para provar que estava conferindo, pela primeira vez, verdadeira "independência" à política externa brasileira.
Após demonstrar que essa "independência" é uma ilusão e apontar os graves problemas que isso causa ao País, Almeida termina seu livro com um interessante exercício: ele especula o que o Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira, diria a Lula se fosse seu chanceler. Além de recomendar o fim da política "Sul-Sul", por reduzir demais as oportunidades para o Brasil, Rio Branco daria um conselho que, embora óbvio, é fundamental nestes "tempos não convencionais": um verdadeiro estadista serve a seu país, e não a seu partido.

O euro tem futuro? A UE tem futuro?: um burocrata do BCE questiona - Ad Van Riet

Parece que os tecnocratas do BCE, que deveriam ser todos economistas, e passar a maior parte do tempo fazendo exercícios econométricos sobre o meio circulante europeu, estão preocupados com a política da coordenação macroeconômica na UE.
Vários economistas americanos -- tanto conservadores, como "aloprados", como Joseph Stiglitz, por exemplo -- sempre tiveram dúvidas quanto à viabilidade do euro num ambiente em que aspectos básicos da fiscalidade, das contas nacionais (dívida pública, déficits orçamentários, etc.) e dos (des)equilíbrios externos (refletidos nos BPs), não são coordenados uniformemente, e sequer possuem a transparência requerida.
O dólar nãoé exatamente uma moeda sólida, dados os comportamentos erráticos tanto do governo quanto do Fed, mas na falta de alternativa melhor, ele se mantém como a grande moeda de reserva.
Será que o euro algum dia vai ser um concorrente credível ao dólar, ou vai ser ultrapassado em algum momento pelo yuan chinês, quando este se tornar moeda internacional e passar a integrar o SDR do FMI?
Paulo Roberto de Almeida

"Safeguarding the Euro as a Currency Beyond the State"
    ECB Occasional Paper No. 173

 Contact:  AD VAN RIET
             European Central Bank (ECB), Tilburg
             University
   Email:  ad.van_riet@ecb.int
Auth-Page:  http://ssrn.com/author=508520

Full Text:  http://ssrn.com/abstract=2797259

ABSTRACT: This paper reviews the debate on the longer-term requirements for safeguarding the euro as a currency beyond the state that is anchored through collective governance instead of a central government. The strengthening of EU economic and
financial governance in the wake of the euro area crisis goes a long way towards creating the minimum conditions for a more perfect EMU. At the same time, the current principle of nation states coordinating their sovereignty to ‘do whatever is required’ to stabilise the euro area as a whole rather than sharing their sovereignty in common institutions to achieve this common objective has its limitations. Challenges in this context relate inter alia to the effectiveness of market discipline and reinforced economic policy surveillance, the requirement of a truly single financial system, the demand for eurobonds and a euro area fiscal capacity, and the transnational democracy that should legitimate EMU decision-making based on common values. To safeguard the euro as a currency beyond the state, euro area countries should consider pooling their national sovereignty over
a wider range of EMU-related policy areas, as necessary to achieve more effective risk control and more efficient risk sharing.

Treze teses sobre o lulopetismo e treze argumentos sobre o lulopetismo diplomatico - Paulo Roberto de Almeida


Minhas treze teses (ou contra-teses) sobre o lulopetismo, e mais treze argumentos CONTRA o lulopetismo diplomático, abertas à contestação (mas não armada, por favor) dos apoiadores dos simpáticos companheiros que dilapidaram o Brasil. Juro que o número treze veio por acaso: fiquei escrevendo uma tese, depois outra, e mais outra, e de repente a veia poética extinguiu-se justo no número treze. Não deixa de ser uma homenagem.
Paulo Roberto de Almeida 

Teoria geral do lulopetismo: treze teses preliminares 
seguido de 
O lulopetismo diplomático: um experimento exótico no Itamaraty
Postados, trabalhos 3031 e 3032, em Academia.edu 
Postado igualmente em Research Gate 

Brasil: o incrivel caso do pais sem partidos de direita - Gabriel Castro (Veja)


O Incrível caso do país sem direita
Não há partidos conservadores no Brasil. O único liberal de peso agoniza depois de perder nomes importantes. E são poucas as perspectivas de mudança
Veja
Por Gabriel Castro


Espectro político baseado na auto-declaração dos presidentes dos partidos revela: somos um país sem direita (Arte: Luciana Martins/VEJA)

O espectro político brasileiro é peculiar: na ponta esquerda, tem o jurássico PCO. Passa por socialistas radicais, como o PSOL e o PSTU, pelos comunistas conformados do PPS, pelos social-democratas do PT e do PSDB, pela esquerda verde do PV e se encerra no centro, onde estão PP e DEM. Não há, entre os 27 partidos brasileiros, um que se assuma como direitista. E o recente anúncio da criação do PSD, que se define como social-democrata, abre um buraco no DEM e empurra o eixo da política brasileira ainda mais para a esquerda.

A situação é única. Todas as grandes democracias do mundo têm ao menos um partido conservador forte, como o PP espanhol, o Partido Republicano dos Estados Unidos, a UMP francesa e o PDL italiano. O que teria levado a direita brasileira à lona enquanto, em outros países, como os vizinhos Chile e Colômbia, ela ocupa o poder máximo? Para especialistas e políticos ouvidos pelo site de VEJA, a causa está na herança maldita da ditadura militar.
O primeiro a definir o conservadorismo como uma doutrina política foi o inglês Edmund Burke, no século XVII. Esta corrente política considera que os indivíduos realizam as coisas melhor do que o estado. Que as liberdades individuais devem ser mantidas a todo o custo. E que os valores tradicionais da sociedade devem ser preservados. Nas democracias modernas, o conservadorismo se traduz como uma recusa ao estatismo, a defesa do livre mercado, a proteção da família e a oposição a medidas como a legalização de drogas e do aborto.
No Brasil, o discurso adotado pelos partidos políticos pouco se diferencia: todos adotam termos como “justiça social”, “distribuição de riqueza”, “igualdade”. Obviamente, ninguém é contra essas bandeiras, mas o linguajar denuncia que todos, por razões diversas, adotam um vocabulário de esquerda. Expressões como “livre iniciativa”, “responsabilidade individual” e “valores morais” raramente são ouvidas pelos corredores do Congresso ou do Palácio do Planalto. As palavras “social” e “trabalhista” e “socialista” aparecem na maioria dos nomes das legendas. Há apenas um partido que faz referência ao liberalismo – o PSL, que, ainda assim, também se diz social – e nenhum que tenha a expressão “conservador” no nome.

Situações peculiares – O declínio de valores não-esquerdistas se acentuou a partir do governo Lula, quando o PT moderou seu posicionamento e roubou parte do discurso de partidos de centro. Legendas que a princípio eram pouco afeitas às ideias do partido deixaram as diferenças de lado para ingressar na partilha do poder: é o caso do PR, que resultou da fusão do PL com o Prona, do PTB, do PP e do PMDB. Todos se dizem centristas.
O adesismo inflou o bloco governista e juntou a esquerda moderada, a socialistas anacrônicos e a arrivistas de olho na divisão de benesses. Com isso , o PT arrastou consigo praticamente todos os partidos com algum peso. PSDB e DEM permaneceram na oposição mais por questões estratégicas do que programáticas. “Os partidos não se posicionam amparados em raízes históricas, mas em razões conjunturais”, opina o cientista político Leonardo Barreto. Para ele, há espaço para o surgimento de uma legenda conservadora no país.
Na falta de uma direita verdadeira, a esquerda acaba inventando a sua própria: “Oposição à direita é um erro grave porque você tem um país com contradições sociais gravíssimas, concentração de renda das maiores do mundo. Quer concentrar mais? À grande maioria isso não interessa”, diz o primeiro-secretário do PSB, Carlos Siqueira, para quem a direita trabalha para aumentar a injustiça no país.
Mesmo entre a oposição, o discurso ideológico não é afinado: o presidente do PPS, Roberto Freire, faz uma diferenciação: “Existe a oposição de esquerda, como o PSOL, PSTU e parte do PSDB. Na oposição de direita temos o DEM”. O rótulo, no entanto, é descartado pelos próprios democratas.
Trauma da ditadura – Mesmo o autoproclamado centrismo do DEM parece não ser bem recebido no meio político: o partido, em eterna crise de identidade, já se refundou duas vezes e tenta se livrar da pecha de conservador. Da última vez, tentou colar a imagem ao Partido Democrata americano – que, por lá, abriga diversos matizes da esquerda. Ainda assim, vem sofrendo sucessivos golpes, vindos de dentro e de fora. O último deles é o nascimento do PSD de Gilberto Kassab.
O presidente do DEM, José Agripino Maia, reconhece que as bandeiras de seu partido se limitam à defesa do “liberalismo moderno”. Ao site de VEJA, ele torceu o nariz quando indagado sobre a dicussão de temas que costumam pautar os partidos conservadores, como o casamento gay, o aborto e a liberação de drogas: “Isso não é o carro chefe do partido”.
De fato, o DEM não pode ser definido como um partido de direita: bandeiras como a redução da maioridade penal, o endurecimento da punição a criminosos e a oposição ao desarmamento civil não são bandeiras pela qual o DEM se empenha. “No Brasil, a direita é muito vinculada aos regimes totalitários e estamos totalmente fora disso. O que é esquerda? Muro de Berlim, Cuba? Estamos fora disso também”, diz Agripino Maia. O antigo PFL, aliás, esteve ao lado do governo petista na defesa do desarmamento da população civil, em 2005.
O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) se alinha a bandeiras clássicas do conservadorismo, como a defesa da livre iniciativa, a não-interferência do estado na vida do cidadão e oposição à legalização do aborto. Mas não se assume como direitista. Para ele, o rótulo só faria sentido em países onde há tradição de uma direita democrática, o que não existe no Brasil. “Aqui não existe essa tradição”, explica.
Não por acaso, os partidos não foram capazes de sintetizar a oposição do eleitorado brasileiro à legalização do aborto. Na última campanha eleitoral, o tema surgiu quase de forma clandestina, em discussões na internet e nas igrejas. O PSDB de José Serra veio a reboque, aproveitando-se do tema para criticar a petista Dilma Rousseff – que, por sua vez, se apressou em tentar apagar o passado e dizer que nunca havia defendido a legalização do aborto.
Petistas e tucanos, aliás, têm mais similaridades do que diferenças. O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, reconhece que a disputa tem mais a ver com a aplicação das ideias do que com a orientação ideológica: “O PT, no poder,adotou as propostas do PSDB. Não inovou. Não há nenhum programa social novo. Ocorre que a execução é que é diferente. Geralmente, a postura do PT é mais promíscua em relação ao Legislativo”, afirma.
Falta tradição – Para o cientista político Ricardo Caldas, a rejeição ao rótulo de direitista está ligada à herança negativa deixada pelas legendas conservadores no país. Estes partidos foram contra a abolição da escravidão, contra o fim da monarquia e, na figura da Arena, apoiaram o regime militar. Não é uma ficha corrida das melhores. “Eles tiveram dificuldade de conviver com a democracia e ficaram com essa pecha de antidemocráticos.”
O especialista acredita que a direita brasileira não se modernizou. Em vez disso, foi engolida pelo recente pragmatismo de esquerda, difundido pelo PT, ou aderiu ao outro lado por oportunismo eleitoral. Se o espectro político brasileiro vai da extrema-esquerda ao centro, a disputa pelos principais postos de poder está ainda mais restrita. Em 2010, só havia candidatos de partido de esquerda na disputa pela Presidência da República.
Leia também:

Empresas multinacionais no centro da historia economica mundial da modernidade - Book review

Published by EH.Net (September 2016)

Robert Fitzgerald, The Rise of the Global Company: Multinationals and the Making of the Modern World. Cambridge: Cambridge University Press, 2015. xii + 622 pp., $30 (paperback), ISBN: 978-0-521-61496-2.

Reviewed for EH.Net by Leslie Hannah, London School of Economics.

This is a long-awaited magnum opus from a scholar whose encyclopedic knowledge of multinationals is well displayed in this volume.

It has two great strengths. The first is its coverage of the changing political contexts within which multinationals operated. Other studies are, of course, aware of the devastating effects of wars on (particularly German) multinationals, but no existing work ranges so confidently over the complexities nor adequately conveys the blindness with which participants at the time navigated their ways through the uncertainties created by expropriations and occupations. Those of us who have forgotten which politicians Lockheed bribed, the brand complications created by post-war splits, why the Japanese took over Germany’s Pacific colonies, or how the Kuwait Investment Office was viewed by western intelligence agencies, will find useful pointers to the relevant literature in the text and endnotes. His examples also raise some doubts in my mind as to whether the existing literature’s stress that governments are now more interventionist than in an earlier (supposedly laissez-faire) era is correct.

The second strength is the book’s eclecticism. Fitzgerald is, of course, familiar with the “Anglo-Saxon” country that dominated multinational investing in the nineteenth century (where he begins) and the larger one which dominates it in the twenty-first (where he ends). Yet he appears equally at home with the 1920s competition between the Banque de l’Indochine and Paribas, the extension of Canadian influence in the Caribbean, and Japanese multinationals’ weak modern risk management in Iran. For that reason this book could become a valued and much-thumbed addition to any business historian’s research bookshelf. An added attraction for that purpose (too often neglected in this age of internet searches of online publications) is its superb fifty–page index.

Unfortunately that is not how the publishers and/or author and/or editors have positioned the book. This is a volume in the Economic History Society’s series New Approaches to Economic and Social History, supposedly offering a “concise” survey for “advanced school students and undergraduate historians and economists.” Such words applied to this book risk prosecution under the UK Trade Descriptions Act. There is some attempt to summarize each chapter and sub-sections, but the treatment is far too detailed and unorganized for this purpose. Most undergraduates would find the multiplication of examples impenetrable and directionless and any professor would be doing students a grave disservice in recommending this as a textbook. It would be useful as supplementary reading to generate leads for an essay project (where it is richer in citation of contemporary sources and contains useful warnings against “present-mindedness” in Whiggish perspectives on the past), but Geoffrey Jones’ Multinationals and Global Capitalism, published by Oxford, would more suitably serve as the main course text.

Leslie Hannah lives in Tokyo and is Visiting Professor at the London School of Economics. He recently published (with Makoto Kasuya), “Twentieth Century Enterprise Forms: Japan in Comparative Perspective,” Enterprise & Society (2015).

Copyright (c) 2016 by EH.Net. All rights reserved. This work may be copied for non-profit educational uses if proper credit is given to the author and the list. For other permission, please contact the EH.Net Administrator (administrator@eh.net). Published by EH.Net (September 2016). All EH.Net reviews are archived at http://eh.net/book-reviews/

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Politica externa do governo "golpista": ofensiva dos companheiros mentirosos continua...

Como eu criei diversos alertas para os temas de meu interesse pessoal, para estudar, conhecer, refletir, eventualmente escrever a respeito, o Google Alert cumpre a sua função: enviar-me todas notícias públicadas sob o critério escolhido, no caso:
"política externa brasileira".
Não é culpa do Google, se os companheiros são mais ativos do que os "golpistas" na defesa de suas posições respectivas.
Abaixo o que acabo de receber nesta segunda-feira, 5 de setembro de 2016.
Paulo Roberto de Almeida

    politica externa do Brasil
Atualização semanal ⋅ 5 de setembro de 2016
NOTÍCIAS   
"Brasil está retomando posição subordinada na política externa", avalia pesquisadora
Brasil de Fato
Segundo ela, a reorientação na política externa sinalizada pelo governo interino significa "retomar uma posição de subordinação passiva em relação ...

Partidos de extrema-esquerda na Europa pedem afastamento de Brasil de acordos
Estado de Minas
Partidos de extrema-esquerda na Europa pedem afastamento de Brasil de ... "Reiteramos nossa petição à alta representante (de Política Externa), ...

“A diplomacia brasileira voltará a defender os interesses nacionais”
Istoe
Ex-embaixador, Rubens Barbosa representou o Brasil em Londres, .... Precisamos aplicar os mesmos princípios em nossa política externa. Onde há ...

G20 será prova de fogo para imagem do Brasil no exterior
CBN
G20 será prova de fogo para imagem do Brasil no exterior ... A agenda para tentar fortalecer a política externa brasileira vai continuar. Para a cientista ...

Marco Aurélio Garcia: América do Sul precisa de um Brasil estável
Brasil 247
Garcia acrescentou que a actual situação política no Brasil afeta não só o ... Um bizarro comunista desse, que fez a política externa retroceder com ...

Volta ao passado: Brasil de costas para América Latina
Brasil 247
Foi em seu governo que a política externa brasileira fez uma forte inflexão em relação à América Latina. Em novembro de 1985, encerradas as ...

domingo, 4 de setembro de 2016

A biografia de Kissinger por Niall Ferguson - critica por Todd Gitlin

The Servile Fanatic: Niall Ferguson’s Grotesque but Telling New Biography of Henry Kissinger
Jackson, Polk, and—Kissinger?
By Todd Gitlin|
Tablet Magazine, October 28, 2015 12:00 AM

1.
American history does not lack for superintendents of devastation whom the taxidermy of whitewashed history puts on display as illustrious persons for the admiration of schoolchildren. While ghosts prowl the outskirts of national mythology, herds of admirers graze agreeably, ever cowed.
Consider Thomas Jefferson, who in 1803 wrote confidentially  to the governor of the Indiana Territory that if natives east of the Mississippi persisted in refusing to give up their hunting ways and take up sedentary agriculture instead, they should be rounded up and sent West. Consider his protégé Andrew Jackson , whose Indian Removal Act, the legal justification for grabbing Cherokee land in the southeast and force-marching the “savage hunters” westward, was, he said, a policy “not only liberal, but generous” and “a happy consummation” that might “perhaps cause” the natives “to cast off their savage habits and become an interesting, civilized, and Christian community.” Or consider Jackson’s protégé James K. Polk, who then-Congressman Abraham Lincoln  showed had provoked war with Mexico in 1848. Thirteen thousand Americans died  in the ensuing Mexican War, but the story told to American schoolchildren is that the memorable local event was the martyrdom of the Anglo victims of the earlier battle of the Alamo. None of this is even to speak of the several presidents and other high officials of the United States who owned slaves—which entailed holding onto them by force and violence, which may not technically qualify as war criminality but may surely be understood as the continuation of war (on Africans) by other means. At his death in 1845, Jackson owned about 150 slaves , his protégé James Polk  more than 50. (Writes one historian: “More than half of the children among Polk’s slaves died before reaching age 15”—a mortality rate  more than 50 percent higher than that for all blacks in America.) But that’s by the by. The official website about Jackson baronial home “The Hermitage,” the same that tells us about the slaves, calls him “The People’s President,” and his face still adorns the $20 bill.

2.
Or consider Henry Kissinger, who finds America self-evidently glorious and the expansion of American power an unquestionable virtue. In a 1956 article that his often reverent biographer Niall Ferguson characterizes mildly as “self-confident,” Kissinger deplored Americans’ penchant for blind optimism. Americans, he wrote, lack the ability to “grasp … the nuances of possibilities,” as (surprise!) none other than Henry Kissinger was adept at doing. Eighteen years after arriving in the United States as a refugee from Nazi Germany, Kissinger had stars in his eyes. Poor enfeebled Americans: They suffered from a “lack of tragic experience.” They needed close encounters with the abyss. They need a gravel-voiced, heavily accented refugee from the old country—Henry Kissinger.
How the historian Niall Ferguson (late of Harvard, now heading to Stanford’s Hoover Institution on War, Revolution, and Peace) will assess Kissinger’s years in Richard Nixon’s White House we shall see when he brings out his second volume, which will take up the saga in 1969, when Kissinger assumes the office of national security adviser and more than 21,000 Americans and between 800,000  and 1.5 million Vietnamese who would die before Nixon left the White House in disgrace are still breathing.
But it is not a happy forecast of what is to follow that Ferguson sees Kissinger’s critics as grudge-bearing self-seekers. The flavor of Ferguson’s approach emerges as early as page 16 in Vol. I, subtitled “1923-1968: The Idealist.” Ferguson tells the tale of 13 former Harvard colleagues descending upon Washington to meet with Kissinger in May 1970. “We’re a group of people,” the game-theory pioneer Thomas Schelling, no radical and a later Nobel Prize-winner in economics, told Kissinger, “who have completely lost confidence in the ability of the White House to conduct our foreign policy, and we have come to tell you so. We are no longer at your disposal as personal advisers.”
Ferguson goes on that the Schelling “group’s stated reason for breaking with Kissinger was the invasion of Cambodia. (As their spokesman Schelling put it, ‘There are two possibilities. Either, one, the President didn’t understand … that he was invading another country; or, two, he did understand. We just don’t know which one is scarier.’)” Ferguson goes on to acknowledge that “[n]o doubt Schelling and his colleagues had cogent reasons to criticize Nixon’s decision.” But he does not tarry to present any of those “cogent reasons.” Instead, Ferguson’s next sentence reads: “Still, there was something suspiciously staged about their showdown with Kissinger. Each one [of the 13] … had experience in government, and at high levels. … For these men, publicly breaking with Kissinger … was a form of self-exculpation.”
In this view from Ferguson’s planet Kissinger’s Harvard critics were not only pinkly fatuous moralists but dishonest, carping, bitter men trying to whitewash their own dirty records. Some of them were, in fact, eminently conventional Cold Warriors themselves who had come to see that the wheels were coming off the express. But to mention their conventionality would deprive Ferguson of his main line of argument: namely, that Kissinger was the reasonable statesman-hero in action. It’s of interest, then, to compare the historian Greg Grandin’s longer version of the Schelling story in his own useful survey, Kissinger’s Shadow, published concurrently, as if to haunt Ferguson’s dithyrambic tome. Grandin, unlike Ferguson, includes Schelling’s comment about the invasion of Cambodia:  “Sickening.” And Schelling spoke this most un-Schelling-like word at a time when neither he nor his colleagues knew yet about the secret, pulverizing B-52 bombing of Cambodia that Kissinger had been personally directing for a year.

3.
Not only was Kissinger possessed of “tremendous drive and discipline,” Ferguson writes, he was “brillian[t] as a prose stylist.” Another way to introduce Kissinger would be to note that until 1968, the only remarkable aspect of his career as an pedestrian Cold Warrior was his skill at acquiring bedazzled patrons. His thinking was the standard stuff of the defense intellectuals whom C. Wright Mills reasonably dubbed “crackpot realists.” It is true that Kissinger’s wartime and immediate postwar reports from embattled and then occupied Germany were sparkling—these, quoted at length, are the Ferguson book’s chief revelations, signs of the intelligence that Kissinger had to keep contained, if not drowned, in order to make his illustrious career in social climbing. It is to Ferguson’s credit that he and his research assistants have dredged through so many cubic feet of Kissinger diaries, correspondence, and drafts that they have unearthed more than enough material to demonstrate that Kissinger was not only an accomplished stylist but an intellectual hack when he was not a raving hysteric.
Much of what Ferguson credits as “brilliance” reads as the sheerest banality, yet it leaves the biographer breathless. For example, Kissinger’s dissertation on Metternich and post-Napoleonic Europe, published in 1957 as A World Restored, contains, Ferguson tells us, “striking formulations” such as these:
• “To plan policy on the assumption of the equal possibility of all contingencies is to confuse statesmanship with mathematics.”
• “[C]alculations of absolute power lead to a paralysis of action … strength depends on the relative [Kissinger’s italics] position of states.”
1 + 1 = 2, writes the great man. But there is worse. Ferguson is also “struck” by this Kissingerian aperçu:
[T]o divine the direction on a calm sea may prove more difficult than to chart a course through tempestuous waters, where the violence of the elements imparts inspiration through the need for survival.
Which is to say that only the inspired, the action freaks, are entitled to rule. The agonist is the divine.
Indeed, as early as his Harvard undergraduate thesis, written in 1950 at age 27, Kissinger insisted that “inaction has to be avoided” to overcome the bureaucracy’s “incentive for inaction.” The state has its reasons about which citizens need not inquire, and the belligerence that Kennedy would later call “vigor” is always imperative. Because the state is august, its struggles are near-holy. One theme that runs throughout Kissinger’s writing of the fifties and sixties is his dismay over the inefficiency that arises from diffusion of power.
The struggle to overcome the self-canceling inefficiencies and indecisions of bureaucrats would become Kissinger’s lifelong cause, probably the single conviction that recommended him most to Richard M. Nixon, who had his own reasons to conquer his own underlings. Grandin, by the way, makes too much of Kissinger’s undergraduate work, a mishmash of Spengler and, weirdly, Kant (thus Ferguson’s subtitle, “The Idealist”), but he is right to note that Kissinger’s saw grandeur in his ideal of the self-justifying nation-state that is morally (though incoherently) bound to bring forth its own purpose like a rabbit out of a hat.

4.
In A World Restored, Kissinger wrote of the otherwise admirable Austrian Prince Metternich that he lacked
the attribute which has enabled the spirit to transcend an impasse at so many crises of history: the ability to contemplate an abyss, not with the detachment of a scientist, but as a challenge to overcome—or to perish in the process.
Kissinger could stare at the abyss with aplomb. As he applied his heroics to the problem of making the world safe for “limited nuclear war,” Kissinger had what he construed to be the courage to accept that millions, tens or hundreds of millions of human beings might actually perish along with Kissinger’s ideal hero-statesman. Kissinger would neglect Nietzsche’s warning that “if you gaze long enough into an abyss, the abyss will gaze back into you.” No matter. Kissinger seemed to revel in bringing abyss news from abysmal Europe to impress naïve Americans. His complaint about Metternich served, among other things, as Kissinger’s memo to himself to stay tougher than suckers, the self-description of a man of limitless ambition and no small gift for self-promotion learned early to put his European aura to huge use making connected friends and influencing impressionable people.
So, seemingly discontented with the haughty provincialism that grows on trees in Harvard Yard, Kissinger went about working his way up the greasy influence pole. As rubber-jointed sage he could go ponderous or he could go witty. He cultivated, among many others who might be of use, Harvard’s McGeorge Bundy, dean of the faculty and later national security adviser and leading war hawk under both Presidents Kennedy and Johnson. Bundy got Kissinger a job at the Council for Foreign Relations, which led, in turn, to years of service at the side of—or elsewhere near the anatomy of—New York Gov. and putative Republican front-runner Nelson Rockefeller. Kissinger proved a virtuoso of sycophancy. And one good feat of sycophancy deserved others: Not surprisingly, “Dr. Kissinger” was lionized for years by Nightline’s Ted Koppel and still is so, by Koppel’s current epigones.
How, apart from his gravitas-bearing accent, did Kissinger pull off this feat? Part of the explanation was that Kissinger was not original; he was, for the most part, conventional. Virtually everything he wrote during his surprising climb to fame in the 1950s was either a) the taken-for-granted wisdom of his time (the Russians, a revolutionary power, were always coming), or b) nonsense (a passage from his diary: “Spiritual force, multiplied by economic force, multiplied by military force, is roughly equal to security”); or—and here is where some originality crept in—c) wild-eyed hysteria in the face of the USSR’s conventional military might and its accumulating nuclear bombs.
The hysterical mode gave rise to sentences like this (from 1955): “If we refused to fight in Indo-China [on the French side] when the Soviet nuclear capability was relatively small because of the danger that a limited war might become general, we shall hardly be readier to risk nuclear bombing for the sake of Burma or [the Shah’s] Iran or even Jugoslavia.” Such unmanly unreadiness to risk nuclear bombing was, in Kissinger’s world, a very bad thing. But he breathed easier at more pleasant prospects in Southeast Asia: “In Indo-China, an all-out American effort may still save at least Laos and Cambodia.” Kissinger worried about “substantial Soviet gains among the uncommitted peoples of the world” but did not begin to grasp that they were not only uncommitted peoples but poor and ex-colonial peoples who were ready to follow compelling nationalists like Ho Chi Minh.
The wild-eyed part was Kissinger’s panic about Soviet nuclear weapons. He criticized President Eisenhower let-’er-rip strategy to blast away all the Soviet Union’s cities if the Red Army went on the move. “There had to be some alternative to massive retaliation,” as Ferguson puts it. Kissinger came up with that alternative: Prepare for limited nuclear war. In his overblown, lavishly reviewed and 1957 “magnum opus” (as Ferguson calls it), Nuclear Weapons and Foreign Policy, Kissinger built up the fantasy of a nuclear war that could be kept “limited.” Richard Nixon admired this book, Ferguson tells us. Ferguson calls the book “coherent” and lauds its “appealing toughness”—although Kissinger delicately called for “pauses for calculation between bouts of fighting and negotiation between two sides even as the [limited nuclear] war was going on. Ferguson does note: “Conspicuous by its absence … was any serious discussion of what a limited nuclear war might actually be like.” But any flaws in the book, he insists, were not Kissinger’s but “reflect the reality that … the book remained, at root, the work of a committee.”
Weirdly, Nuclear Weapons and Foreign Policy became a best-seller. The Sputnik scare helped by pumping up American panic. It was as if a casting call went out for a gravel-voiced, heavily accented German-Jewish sage, heavy with tragic aura, to intone that the world was complicated and therefore it was necessary to prepare to fight a limited nuclear war in Central Europe. Mind you, such a war, Kissinger proposed, should obey rules. One was this: each “battlefield nuclear weapon” should observe “a 500-kiloton maximum”—that is, the equivalent of 25 Hiroshimas. After Central Europe was to be rendered a smoking radioactive ruin, the United States would pause to chat with the Kremlin about what would happen next.
Kissinger had long patented, as if original, the boilerplate notion that “it was an inherently moral act to make a choice between lesser and greater evils.” He brandished such self-justifications so often, it was as if he thought he was making a grand contribution to moral philosophy. In truth, the limited nuclear war fantasy was sheer lunacy. Indeed, three years later, Ferguson tells us, Kissinger had “repudiated” the thesis that had established him as the nation’s Big-Thinker-in-Chief, noting that “[s]ince no country has had any experience with the tactical use of nuclear weapons, the possibility of miscalculation is considerable.” Oh.

5.
To judge from Ferguson’s biography, when it suited Kissinger to take credit for noting the uncertainties of the world, because they made the world safe for vigorous statesmanship, he did so. At other times, it suited him to argue, as in 1957, after the Soviets’ panic-inducing satellite launch:
We’re really in trouble now. We’ve been pushed back gradually, position by position. … The basic trend is against us. [The Soviets] had “superior organization and superior doctrine. … If things continue as they are, our expulsion from Eurasia is a mathematical certainty.”
A mathematical certainty. This was sheer hysteria speaking. As it continued to speak in 1958: “We’re losing the Cold War.” “We simply lost our nerve.” In 1959, Kissinger was so distraught at hearing that his patron Rockefeller was withdrawing from a run as presidential nominee, he described a “feeling almost of despair. … We are heading, I am convinced, for dark, perhaps desperate times.” By which he did not mean that nuclear war was a clear and present danger—it came within a hair’s breadth of breaking out on Oct. 27, 1962, in the midst of the Cuban missile crisis. Kissinger meant that Western collapse was nigh and the Western alliance was crumbling because Washington was guilty of an “abdication of doctrine.” That is, Washington lacked himself.
Picking up part-time work running errands for the Kennedy White House, Kissinger brandished his résumé as a hack militarist plumping for precisely that “credibility” fetish that delivered the United States into the grotesque and, in the strategic terms beloved of Kissinger, utterly pointless, war in Southeast Asia. It wasn’t just that he participated in what Ferguson delicately calls “the missile gap era” (as if everyone believed in such nonsense at a time when the gap was vastly in America’s favor). “By June 1960,” Ferguson tells us, “Kissinger was no longer debating that ‘the “missile gap” will materialize in the period 1960-64”; the only question was whether it would lead to “a Soviet surprise attack or merely to ‘the piecemeal erosion of the free world.’ ”
For such sagacity, Kissinger was courted not only by Rockefeller (who put up a grateful Kissinger in his Caribbean “palace”) but by John F. Kennedy. Desperate to get to the right hand of power, Kissinger courted the two at the same time. Ferguson exempts him from the charge of obsequiousness on the ground that Kissinger must have understood that his patron Nelson Rockefeller would never be president. But his time with Rockefeller was time well spent legitimizing Kissinger as a Great Mind. By 1961, in the midst of Kennedy’s Berlin crisis, he was grumpy about being treated as a mere “idea man.” For Kissinger craved the thick of the diplomatic action.
To speak of his power lust is a decided understatement. When it came to power, Kissinger had an urgent zipper problem. When the time came for the Richard Nixon he “loathed” to come calling, Kissinger could adapt. He was ever-ready. His wartime mentor Fritz Kraemer warned him that “the trap is in your own character.”
When Kissinger said, in 1962, that the United States must make “the internal commitment to ourselves to see that a sufficient military effort is made to end the guerrilla attacks” in Vietnam, Ferguson speaks of “the conditional nature of Kissinger’s position.” He claims that in August 1965 Kissinger “already knew” that “this was a war that could not be won by military means.” For this claim, for all the thousands of pages he had access to, Ferguson offers no serious evidence. While Kissinger recognized that the military briefers in Vietnam were obfuscating, he still welcomed “an outcome in which we achieve a major pacification.” A couple of months later, after briefly forfeiting his standing as an insider by giving a press briefing, Kissinger whined to Bundy about the injustice of it all when he, Henry Kissinger, had “consistently supported Administration policy in Vietnam.” The nerve of Johnson’s ungrateful underlings! It was this Kissinger who, Ferguson writes, was not the sort of gullible fool whom Graham Greene brilliantly described in The Quiet American. For one thing, Ferguson says, Kissinger lacked the “insufferable self-assurance” of  Greene’s character. Right.

6.
It’s to Ferguson’s credit that he lays before careful readers ample—bulging—material for such severe judgment. Look no further than his own numerous quotations for heaps of testimony to Kissinger’s banality. Ferguson also, to my eyes, makes mincemeat of the charge that Kissinger, by relaying inside information about the 1968 Paris negotiations that Lyndon Johnson was sponsoring, helped sabotage those talks and therefore to elect Richard Nixon. (Even Grandin, who concludes that Kissinger was “implicated in Nixon’s preelection machinations” to get the Saigon government to scuttle the talks so that Johnson could not announce a deal that might put his acolyte Hubert Humphrey over the top, thinks Kissinger has been over-blamed for sabotage on that occasion.) And even as he is swallowing Kissinger’s conventionality as insight, Ferguson is not without criticisms of his own. When Kissinger went on about America’s “margin of survival” having “narrowed dangerously” to the point that “national disaster” loomed and the United States was “in ‘mortal danger’ of a Soviet surprise attack,” Ferguson allows that his uproar “seems overdone.” But don’t count on Ferguson to point to the sheer craziness of so much that Kissinger maintained.
Kissinger was surely one of the most gifted exponents of an intellectual disaster that led to moral disaster. But such exponents were legion. Mario Del Pero , a professor of international history at Sciences Po in Paris and author of The Eccentric Realist: Henry Kissinger and the Shaping of American Foreign Policy, has it right:
Kissinger has been a quintessential 1950s U.S. Cold War intellectual. He was not particularly original or bold, once we scratch away from his writings the deliberately opaque and convoluted prose he often used, possibly to try to render more original thoughts and reflections that were in reality fairly conventional…. What the archival record has so far revealed is that Kissinger was often simplistic, binary and even uninformed….His often broadcasted realism notwithstanding, he tended to adhere to a dogmatic, zero-sum-game of the international game. In short, he wasn’t a war criminal, he wasn’t a very deep or sophisticated thinker, he rarely challenged the intellectual vogues of the time (even because it would have meant to challenge those in power, something he always was—and still is—reluctant to do), and once in government he displayed a certain intellectual laziness vis-à-vis the intricacies and complexities of a world that he still tended to see in black-and-white.
Ferguson’s readers need reminding what kind of thought was conventional during the years of Kissinger’s ascent and his White House reign as (to borrow the brilliant title of Russell Lees’s 1974 play) Nixon’s Nixon. Kissinger’s heedlessness was thought with a bludgeon. As for his time in the White House, no better introduction to Kissinger’s wartime achievement there can be found than that contributed by his onetime Harvard colleague (they taught classes together), the most hard-headed realist Stanley Hoffmann. Hoffmann, whose inspiration was the underrated French liberal Gaullist political writer Raymond Aron, early in his Harvard career was raking peaceniks like this writer, then his admiring though skeptical student, over the coals. By the late Sixties, Hoffmann had fervently turned against Kissinger and the war. When a British journalist named William Shawcross published his devastating 1979 bookSideshow: Kissinger, Nixon and the Destruction of Cambodia, Hoffmann began his review with this quote from the work: “Cambodia was not a mistake; it was a crime.” Hoffmann continued:
This is what William Shawcross demonstrates in his careful, detailed, and incisive book. Sideshow is both masterly and horrifying. It lays bare the fallacies and the shame of the Vietnam war with so much evidence and force that recent attempts at rewriting this tragic story in order to vindicate American policy appear as ludicrous as the policy itself….[It] presents hard and irrefutable documentary evidence showing that the monsters who decimated the Cambodian people [the Khmer Rouge, who slaughtered at least 1.7 million Cambodians between 1975 and 1979 until they were brought down by the Vietnamese invasion, as case of “liberal Intervention” if there ever was one] were brought to power by Washington’s policies…. the ordeal inflicted on the Cambodian people by its rulers since April 1975 was not merely preceded but prepared by America’s own atrocious policy
Hoffmann came round to describing Kissinger’s view of the world as an “Olympian but distorted view,” which “was accompanied by another form of hubris: a self-intoxicating confidence in our capacity to manipulate other societies.”
But such hubris could not be purchased without a massive capacity for dissembling. In 25 small-print pages in a 1987 Appendix to Sideshow, Shawcross amply demonstrated that Kissinger was a serial liar. He lied in 1970 about the Cambodia bombing. When, in 1979, the interviewer David Frost, working for NBC, and Kissinger, looking angry, admitted to making a public statement then that was “not correct,” Kissinger moved “heaven and earth” to convince NBC executives to eliminate this exchange from the broadcast. He called them “dozens of times,” Shawcross wrote. He lied, and covered up, and lied about lying and about covering up. Examples are legion; see, for example, accounts by Nick Thimmesch , Bob Woodward ,Walter Isaacson , Seymour Hersh , Rep. Joshua Eilberg , and the late Christopher Hitchens , among others . This is a man who does not stint at self-taxidermy or taking evasive action. An authorized rebuttal published under the name of Kissinger’s amanuensis, Peter Rodman, smeared Shawcross for “political apologetics” and called it “obscene.” Pot, meet kettle.
Shawcross noted that the final 894 pages of Kissinger’s first memoir, White House Years, included no mention at all of the horrors that the American bombing and the consequent Khmer Rouge takeover (itself inconceivable without the American bombing) brought to Cambodia. “Indeed,” as Shawcross wrote, “White House Years demonstrates more forcefully and more conclusively than any of his critics could do that for Kissinger Cambodia was a sideshow, its people expendable in the great game of large nations.” It will be interesting to see how Ferguson deals with the horrors of Cambodia, and Kissinger’s dissembling about how they came to pass, in his second volume.
One also looks forward to seeing how Ferguson will deal, for example, with a 2001 book by Kissinger called Does America Need a Foreign Policy? (Spoiler alert: Yes, it does; and guess who can supply it.) There, Kissinger wrote that America’s allies held themselves “aloof” from the Vietnam war—Aloof! In truth, France’s Charles de Gaulle and Great Britain’s Harold Wilson both tried mightily to dissuade the Americans from their nightmare course. Before, during, and after Kissinger served Nixon, it never dawned on him that what actually threatened the Western alliance was the American insistence on defying sound advice against the nation’s deep dive into the wicked and doomed Vietnam war.
We shall see if the Ferguson of Vol. II agrees with Kissinger’s congratulating Nixon for what he called “negotiated extrication from Vietnam.” With extrication like that, who needed war? It will be interesting, too, to see how Ferguson deals with such items as Kissinger’s memorandum  of his 1976 conversation with Chile’s dictator Agosto Pinochet, in which, by his own account, Kissinger told the murderous Pinochet: “My evaluation is that you are a victim of all left-wing groups around the world and that your greatest sin was that you overthrew a government that was going Communist.”
Where Henry Kissinger is concerned, so many smoking guns are still smoking, it will take superhuman strength for the biographer to hold his nose as the stench reaches high heaven.
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Todd Gitlin, professor of journalism and sociology and chair of the Ph.D. program in Communications at Columbia University, is the author of The Sixties: Years of Hope, Days of Rage; Occupy Nation: The Roots, the Spirit, and the Promise of Occupy Wall Street; and, with Liel Leibovitz, The Chosen Peoples: America, Israel, and the Ordeals of Divine Election.
Find this story online: http://www.tabletmag.com/jewish-news-and-politics/194356/niall-ferguson-henry-kissinger
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O lulopetismo diplomatico: um experimento exotico no Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida


O lulopetismo diplomático: um experimento exótico no Itamaraty

Paulo Roberto de Almeida
 [Comentários sobre a degradação da diplomacia brasileira pelo lulopetismo.]
 
Meus comentários adicionais à “teoria geral do lulopetismo” (ver neste link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/09/teoria-geral-do-lulopetismo-treze-teses.html), desta vez adstritos ao terreno da política externa e da diplomacia.

1) O lulopetismo diplomático não estava formado ainda, quando o partido totalitário assaltou o Estado central. Ele se limitava a um conjunto fragmentado de proposições parciais, geralmente equivocadas, sobre a política internacional e sobre o papel do Brasil no mundo, baseadas em concepções totalmente anacrônicas, derivadas das obsessões e preconceitos típicos dos partidos esquerdistas da América Latina, mas com a peculiaridade de que os apparatchiks que os exibiam mantinham “relações carnais”, de fidelidade e identidade de propósitos, com seus mestres cubanos.

2) O lulopetismo diplomático foi sendo formulado gradualmente, a partir de um comando político exótico à diplomacia profissional, e pode contar com o auxílio e a colaboração prática de “técnicos” voluntários e de profissionais escolados, integralmente devotados à causa e comprometidos com os objetivos gerais do lulopetismo no plano interno, doravante voltados para o grande mundo da política mundial. Foram esses técnicos e profissionais que completaram a formação rudimentar dos líderes petistas em política internacional e lhes forneceram todos os meios para enfim expressar no cenário externo todas as suas más concepções e preconceitos anacrônicos, dando-lhes uma linguagem e um formato adequados à projeção internacional do Brasil, transformada em novo cenário para a expansão do lulopetismo dessa vez em âmbito mundial.

3) O lulopetismo diplomático passou a servir, com total subserviência, ao mesmo ego gigantesco da mesma personalidade megalomaníaca já transformada em carisma nacional: todos os profissionais foram gentilmente convidados a “vestir a camisa” do governo lulopetista – isto é, do partido totalitário –, para a maior glória daquele que passou a ser denominado de Nosso Guia. Durante todo o seu reinado, tudo foi feito para contemplar suas obsessões e desejos, até o limite dos meios disponíveis.

4) O lulopetismo diplomático passou a ser exercido com relativa proficiência graças ao bom funcionamento do aparelho estatal colocado a seu serviço, máquina operada por profissionais competentes, vários convencidos dos bons propósitos da causa, e até entusiastas por se engajar, enfim, na expressão externa de uma política enfim correspondendo ao Brasil real, já que a antiga diplomacia teria padecido de um indesejado viés elitista e conservador. O lulopetismo diplomático começou então a ser exibido como a nova representação de um Brasil finalmente comprometido com a transformação das relações iníquas e injustas que sempre prevaleceram na sociedade brasileira e, de forma geral, no mundo, o que permitia oferecer um bônus extra de legitimidade política, já que supostamente identificado com as “boas causas”.

5) O lulopetismo diplomático foi exercido principalmente pelos profissionais da área, mas estreitamente vigiado, controlado e guiado pelos apparatchiks do partido, mas devidamente orientados, todos eles, pelo Nosso Guia, cuja palavra era lei, para o bem e para o mal, nas grandes definições e iniciativas então tomadas nessa projeção internacional do demiurgo da causa. Todos os padrões tradicionais da instituição se dobraram ao novo gênio da política internacional, que se permitia até zombar dos profissionais, desprezar seus subsídios mais ou menos eruditos e talhados no formato aceitável ao ambiente externo, e que foram devidamente substituídos pelas mesmas arengas de sindicalista empírico, toleradas e até saudadas como sendo à imagem e semelhança do Brasil profundo, popular e popularesco como deveria ser.

6) O lulopetismo diplomático alcançou todos os terrenos da diplomacia profissional, com ênfase nas questões regionais e do mundo em desenvolvimento em geral, este eleito como o terreno de ação privilegiada da nova doutrina, pois que supostamente em contradição política com os antigos poderes “hegemônicos”, e consequentemente aliados na grande causa mudancista em escala mundial. Todas as consultas bilaterais passaram a ser guiadas por novas “alianças estratégicas”, invariavelmente escolhidas, até preventivamente, entre parceiros supostamente engajados nas mesmas causas.

7) O lulopetismo diplomático definiu quais seriam as novas linhas de atuação, de forma independente das bases econômicas e materiais das relações internacionais do Brasil, doravante concentradas numa suposta identidade de interesses que partia das mesmas concepções políticas equivocadas que guiavam o partido em sua Weltanschauung.

8) O lulopetismo diplomático passou então a se exercer em toda a sua plenitude, primeiro para exaltar o Nosso Guia, que tinha especial prazer em reforçar sua diplomacia personalista e megalomaníaca, já visando atingir os pináculos da glória nos palcos internacionais, sobretudo nas esferas regional e africana, nas quais brilhou como nunca, na base de mistificações políticas (“sem tutela do império) e históricas (a tal de “dívida brasileira” derivada do tráfico escravo). Os profissionais da área lhe forneceram os meios e os modos de expulsar o império do âmbito regional, criando e recriando organismos que fossem exclusivamente sul-americanos ou latinos, o que correspondia inteiramente às diretrizes emanadas dos dirigentes castristas em direção de seus serviçais no partido totalitário. A ação externa se exerceu obviamente além desses interesses vinculados, mas nenhuma das iniciativas e atuações contradisse ou deixou de servir aos ditos interesses vinculados aos verdadeiros patrões espirituais do lulopetismo, doméstico e diplomático.

9) O lulopetismo diplomático foi grandioso na sua mediocridade operacional, sabendo falar grosso com os poderosos e fino com os supostos oprimidos, segundo a imagem consagrada. De forma geral, consoante o espírito e a prática do partido totalitário, o lulopetismo diplomático esteve invariavelmente do lado das, e no apoio às, piores tiranias e ditaduras do continente e alhures, desde que tais regimes servissem à causa anti-hegemônica pré-determinada e aos objetivos de “mudança nas relações de força” nos planos regional e mundial, sem esquecer a bizarra edificação de uma “nova geografia do comércio internacional”, unicamente defendida pelos companheiros.

10) O lulopetismo diplomático, justamente, substituiu a definição sensata da política comercial em função dos interesses exclusivos do setor privado – que é quem, finalmente, exporta e importa, e cria empregos e riqueza segundo seus critérios basicamente microeconômicos – para grandiosos planos de redefinição completa dos fluxos de comércio segundo parâmetros ideológicos, começando pelo unilateralismo da diplomacia Sul-Sul para se estender a uma completa estupidez proposta pelo Nosso Guia, consistindo na “substituição de importações” brasileiras em favor desses parceiros do Sul, sobretudo os regionais, mesmo que – e isto está documentado – os produtos ofertados fossem mais caros do que alternativas “hegemônicas”, uma vez que se tratava de “ajudar países mais pobres do que o Brasil”.

11) O lulopetismo diplomático consistiu, basicamente, numa política externa exótica, feita de um enorme engajamento em ambiciosas iniciativas, em grande medida fora da agenda diplomática tradicional do Itamaraty, por certo permitindo uma enorme projeção externa do Brasil (sobretudo em benefício do seu propulsionador original), mas que tampouco redundaram em ganhos permanentes para o país. A projeção externa também se deu por meio de uma exagerada expansão da representação oficial no plano bilateral – com custos cumulativos pesando permanentemente sobre um orçamento não muito elástico, além de sujeito às flutuações do câmbio – e de criação de novos organismos e foros politicamente alinhados com as preferências dos companheiros, de duvidosa utilidade do ponto de vista dos interesses nacionais. O Mercosul, por exemplo, deixou de ser um espaço de integração econômica e de liberalização comercial, para se converter num palanque político, com retrocesso real em relação a seus objetivos originais.

12) O lulopetismo diplomático se exerceu, sobretudo, segundo orientações claramente partidárias, quando não sectárias, uma vez que diversas iniciativas adotadas ou todos os apoios concedidos – aos bolivarianos da América Latina, por exemplo – seguiram as preferências ideológicas dos companheiros no poder, não uma análise isenta, de caráter técnico, feita pelos profissionais da área. O fato de haver uma diplomacia paralela, de nítido corte partidário, favorecendo regimes ditos de esquerda na região, foi expressamente reconhecido pelo próprio demiurgo, como sendo um complemento útil às relações de Estado a Estado. Daí decorreram graves infrações a dispositivos constitucionais rigorosamente observados pelo Itamaraty ao longo de toda a história diplomática brasileira – como o da não ingerência do Brasil em assuntos internos de outros países, com a recorrente interferência do Nosso Guia nos processos eleitorais em curso em países vizinhos – bem como outro aspecto sumamente preocupante para a reconstituição dos processos decisórios que envolveram questões delicadas da ação diplomática brasileira, que é a ausência de documentação sobre os temas tratados em diversos entendimentos bilaterais (justamente em tratativas com os aliados políticos preferencias, ou a propósito de negócios obscuros tratados de forma clandestina pelos companheiros envolvidos, inclusive alguns profissionais da cúpula).

13) O lulopetismo diplomático deixou atrás de si uma terra arrasada nas relações internacionais do Brasil, afetando a credibilidade externa do país e também a de sua diplomacia, e isso até mesmo no momento e depois de sua derrota política interna, já que se expressando ainda por um sem número de canais para enfatizar o “golpe” de que tinha sido objeto, e poder assim firmar a sua versão mentirosa da história tanto no plano interno quanto no externo. Como a grande fraude lulopetista conta ainda com número razoável de aliados internos e externos, os inefáveis true believers nos bons propósitos da causa, os ingênuos políticos e os subintelequituais acadêmicos, o lulopetismo diplomático vai sobreviver por certo tempo, uma vez que, mais do que fatos, ideias e concepções podem ser imorredouras quando internalizadas solidamente em mentes enviesadas.
  
Paulo Roberto de Almeida
Porto Alegre, 4 de setembro de 2016

Palestina: descambando para o gangsterismo político? - Khaled Toameh (Gatestone)

  • A Autoridade Palestina está pagando o preço por abrigar, financiar e incitar gangues e milícias que até recentemente eram saudadas por muitos palestinos como "heróis" e "combatentes da resistência".

  • O sonho do Hamas de estender seu controle para englobar a Cisjordânia agora parece mais real do que nunca -- a menos que Mahmoud Abbas acorde e perceba que cometeu um grande equívoco ao autorizar a realização de eleições locais e municipais.

  • O sangue que está jorrando em Nablus e em outras cidades palestinas confirma que Abbas está a caminho de perder o controle sobre a Cisjordânia, assim como perdeu a Faixa de Gaza para o Hamas em 2007. Em uma reunião de emergência realizada em 25 de agosto em Nablus, várias facções e autoridades palestinas chegaram à conclusão de que seria impossível realizar a eleição diante das atuais circunstâncias.

Horas depois que agentes de segurança lincharam um detento, o Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas exortou empresários palestinos, que vivem no exterior, a darem suporte à economia palestina investindo nos territórios palestinos. A Autoridade Palestina (AP), segundo ele, "estava trabalhando no sentido de proporcionar segurança e oferecer garantias para incentivar investimentos."

Segundo Abbas "nos territórios palestinos há estabilidade e segurança e estamos trabalhando para proporcioná-las aos residentes e investidores impondo o estado de direito, aprimorando a transparência e a prestação de contas."

Deve ser agradável criar a sua própria realidade, especialmente se ela for a de Abbas que está com 81 anos.

Em seu discurso perante os empresários Abbas deixou de lado qualquer referência a mais recente onda de "caos na segurança" em áreas controladas pela AP na Cisjordânia, especificamente em Nablus, a maior cidade palestina.

Cinco palestinos, incluindo dois policiais da AP, foram mortos nas piores cenas de violência interna que já tomaram conta da Cisjordânia nos últimos anos. De duas uma, ou Abbas acha que os empresários são tolos ou espera que eles compartilhem da sua cegueira e surdez.

A violência em Nablus não causou nenhuma surpresa para aqueles que têm acompanhado a situação na Cisjordânia nos últimos meses.

Na realidade as cenas de anarquia e "caos na segurança" se tornaram lugar comum em muitas cidades, vilarejos e campos de refugiados palestinos -- um indício de que a AP pode estar perdendo o controle para gangues armadas e milícias. Os palestinos chamam esta situação defalatan amni, isto é: "caos na segurança". Um artigo publicado no Gatestone, em junho, já assinalava as crescentes instâncias de anarquia e desordem nas áreas controladas pela AP na Cisjordânia, acima de tudo em Nablus.

Os palestinos se referem a Nablus como "Montanha de Fogo" - uma referência aos inúmeros ataques armados desfechados contra os israelenses por moradores da cidade desde 1967. Os últimos acontecimentos em Nablus, no entanto, têm mostrado como é fácil o fogo queimar o incendiário. A Autoridade Palestina está pagando o preço por abrigar, financiar e incitar gangues e milícias que até recentemente eram saudadas por muitos palestinos como "heróis" e "combatentes da resistência". Como seria de se esperar, a maioria desses "criminosos" (conforme a AP os descreve) estão associados, de uma forma ou de outra, à facção Fatah de Mahmoud Abbas.

Nablus, a assim chamada Montanha de Fogo, ameaça se transformar em um vulcão que está prestes a entrar em erupção na cara de Abbas e do governo da AP.

A situação em que se encontra Nablus, nos últimos, dias levanta sérias dúvidas sobre a capacidade da AP de colocar em prática medidas essenciais de segurança e controlar gangues armadas e milícias. Além disso, a violência sem precedentes abalou ainda mais a confiança dos palestinos na AP e em seus líderes, justamente agora, antes das eleições locais e municipais programadas para 8 de outubro.

O sonho do Hamas de estender seu controle para englobar a Cisjordânia agora parece mais real do que nunca. Nas atuais circunstâncias, Abbas estará oferecendo a Cisjordânia, de bandeja, para o Hamas -- a menos que ele acorde e perceba que cometeu um grande equivoco ao autorizar a realização de eleições locais e municipais.

E os empresários que se reuniram com Abbas? Dá para imaginar que eles são perspicazes o suficiente para não se arriscarem em um investimento condenado. É o que sem dúvida irá acontecer em Nablus: eles provavelmente sairão correndo do caos nos territórios controlados pela AP.

Recentemente as coisas começaram a ruir quando, em 18 de agosto na Cidade Velha de Nablus, Shibli bani Shamsiyeh e Mahmoud Taraira, dois agentes de segurança da Autoridade Palestina foram mortos em um confronto com homens armados.

Horas depois policiais da AP mataram a tiros dois palestinos armados que, segundo consta, estavam envolvidos no assassinato dos policiais. Os dois foram identificados como Khaled Al-Aghbar e Ali Halawah. As famílias de ambos acusaram a AP de prática de execução "extrajudicial", alegando que seus filhos foram capturados vivos e somente depois foram mortos a tiros. As famílias pediram que uma comissão de inquérito independente investigasse as circunstâncias que causaram a morte de s eus filhos. Organizações palestinas de direitos humanos também aderiram para exigir a formação de uma sindicância para determinar os fatores que levaram às mortes.

 

Em 18 de agosto dois policiais da Autoridade Palestina foram mortos em um confronto com homens armados em Nablus (esquerda). Em abril deste ano uma intensa troca de tiros irrompeu entre policiais da Autoridade Palestina e membros do clã Jaradat no acampamento de refugiados de Jenin (direita). O confronto começou em maio na tentativa de prender um membro do clã.

 

Em junho mais dois agentes de segurança da AP, Anan Al-Tabouk e Uday Al-Saifi, também foram mortos durante um tiroteio com homens armados em Nablus. A AP alegou que "criminosos" estavam por trás dos assassinatos e prometeram punir os culpados.

Em 23 de agosto a tensão em Nablus atingiu o ápice quando um sem número de policiais da AP lincharam Ahmed Halawah, um ex-policial suspeito de liderar uma gangue execrável, pertencente à facção Fatah de Abbas. Halawah foi espancado até a morte por policiais da AP assim que foi detido e levado para a prisão Jneid, dirigida pela AP em Nablus.

A liderança da AP que desde então admitiu que Halawah foi linchado por seus policiais, diz ter dado ordens para a instauração de um inquérito para cuidar do caso. Ela tem descrito o linchamento como um "erro inaceitável".

O linchamento do detento provocou protestos generalizados por toda a Cisjordânia, com muitos palestinos exigindo uma investigação imediata sobre as circunstâncias envolvendo a morte, demandando que os responsáveis sejam levados a julgamento.

A Ordem dos advogados da Palestina emitiu um comunicado condenando veementemente o linchamento de Halawah como um "crime e uma violação dos direitos humanos." A associação pediu que os responsáveis respondam pelos seus atos, adicionando: "os eventos lamentáveis e dolorosos, incluindo o crime de assassinar Ahmed Halawah não servem ao interesse do cidadão e da pátria e aprofundam as divisões em nossa sociedade." Ela também exortou a AP e as forças de segurança a cumprirem a lei e respeitarem os direitos humanos dos palestinos e as liberdades públicas.

Alarmados com as condenações generalizadas sobre o linchamento de Halawah, alguns funcionários da Autoridade Palestina começaram a fazer ameaças, tanto diretas quanto veladas, aos críticos palestinos.

O advogado palestino Wael Al-Hazam, que pediu a Abbas que "retirasse" suas forças de segurança de Nablus, recebeu a visita de homens armados, não identificados, que desfecharam 14 tiros contra a sua casa. O advogado e os membros de sua família não foram feridos no tiroteio que teve a clara intenção de enviar uma mensagem a qualquer um que se atreva a levantar a voz contra as violações dos direitos humanos cometidos pelas forças de segurança da AP. E neste caso a mensagem foi entregue.

Logo após o ataque a sua casa, o advogado emitiu um comunicado no qual ressalta: "14 balas são suficientes para me silenciar. Sou um homem da lei e não consigo enfrentar tiros. Minha caneta e a minha voz são as únicas armas que eu tenho. Não conto com milícias armadas para me defender." O ataque à casa dele veio logo depois que agentes de segurança da AP ameaçaram o advogado, alertando-o a não aparecer em nenhum programa de TV para debater a mais recente onda de violência na cidade.

A violência em Nablus levou muitos palestinos a exortarem Abbas a tomar a decisão de adiar a próxima eleição municipal na cidade. Em uma reunião de emergência realizada em 25 de agosto em Nablus, várias facções e autoridades palestinas chegaram à conclusão de que seria impossível realizar a votação diante das atuais circunstâncias.

Sarhan Dweikat, um dos caciques da facção Fatah de Abbas, salientou que o adiamento se fazia necessário para

"proteger o tecido social e preservar nosso projeto nacional, que está diante de uma ameaça existencial em face do caos na segurança e da anarquia em Nablus. A situação em Nablus não oferece um ambiente positivo para a realização de eleições."

É difícil ver como Abbas, delirante como aparenta estar, iria atender os pedidos para adiar as eleições locais e municipais. Sua tentativa patética de persuadir os empresários palestinos a investirem seu capital em áreas controladas pela AP justamente quando as chamas estão engolindo seu quintal é mais um sinal da sua recusa -- ou incapacidade -- de enxergar a realidade no palco dos acontecimentos.

Este é o mesmo presidente que diz buscar liderar seu povo na direção de um estado e um futuro melhor. É inacreditável que Abbas possa continuar enganando os líderes mundiais e fazê-los acreditar que ele e a Autoridade Palestina estão preparados para governar um estado soberano. No entanto o sangue que está jorrando em Nablus e em outras cidades e vilarejos palestinos confirma que Abbas está a caminho de perder seu controle sobre a Cisjordânia, assim como perdeu a Faixa de Gaza para o Hamas em 2007. Se até agora havia a impressão que era o Hamas que representava a maior ameaça ao governo Abbas na Cisjordânia, agora já ficou óbvio que não é bem assim. A verdadeira ameaça, apresentada pelo sangue na Cisjordânia, é proveniente de pessoas leais a Abbas, da própria Cisjordânia, que viraram rebeldes.

Khaled Abu Toameh é um jornalista premiado radicado em Jerusalém.