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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 23 de maio de 2022

Recuerdos de Icaparay - Paulo Roberto de Almeida

Recuerdos de Icaparay 

Paulo Roberto de Almeida

 Se querem saber os ignaros, o PT e os lulopetistas me deixaram na geladeira do Itamaraty durante os 13,5 anos do regime dos corruptos neobolcheviques, pelo fato de eu simplesmente escrever o que pensava sobre a diplomacia partidária dos companheiros. 
Fiquei na Biblioteca lendo e escrevendo o que sempre achei deles e de suas políticas esquizofrênicas. Escrevi o que pensava dessas políticas em meu livro de 2014, Nunca Antes na Diplomacia, e depois complementei em Contra a Corrente (2919). Tivemos, de 2019 até aqui, o mais horrendo dos governantes desde Dom Tomé de Souza (1549), ou seja, desde sempre. 
Não sou de votar em corruptos, mas, parafraseando Winston Churchill, eu me aliaria ao demônio se o Bozo invadisse o inferno. 
Tudo para obliterar o psicopata perverso! Escrevi o que penso sobre a horrenda bolsodiplomacia em Apogeu e Demolição da Política Externa (2021), o quinto de uma série de livros que não deveriam existir, que começou com Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019). 

 Vou continuar incomodando os companheiros, se eles voltarem ao poder, não porque eles sejam de esquerda (pois acho todas as posições políticas legítimas, desde que ascendam democraticamente ao poder), mas porque eles geralmente são incompetentes em economia, corruptos na condução dos negócios públicos e ideológicos na política externa. 
Persistirei no meu quilombo de resistência intelectual. 

 Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 23/05/2022

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Mini-reflexão à margem das eleições intermediárias - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão à margem das eleições intermediárias

Paulo Roberto de Almeida 


Agora que o PT foi amplamente derrotado, de Norte a Sul, quantos bolsonaristas não ideológicos — isto é, os que apoiavam o capitão menos por convicção e mais por oposição, rejeição, medo ou ódio da esquerda — não se sentirão mal representados por um capitão tosco, ignorante, negacionista, que envergonha o Brasil no mundo, como aliás no próprio Brasil?

Tenho a impressão que muitos largarão esse lastro nauseabundo, jogando-o ao pequeno mar dos fanáticos, para seguir viagem no oceano da política de forma mais leve e menos angustiada com alguma paúra ideológica.

Quem ganhou, nas recentes eleições, não foi a direita, ou o conservadorismo, contra uma esquerda supostamente única, e sim a sensatez e o foco nos problemas reais das cidades, contra as divagações abstratas e vazias, de direita ou de esquerda.

Acredito que o número de eleitores “bolsonaristas” diminuirá significativamente daqui até 2022, inclusive porque o capitão não corre nenhum risco de melhorar. Ele continuará obtuso e fanático como sempre foi, envergonhando o Brasil e os brasileiros cada vez que pode, inclusive ao inventar inimigos imaginários: o voto eletrônico, o comunismo, as ONGs estrangeiras, etc.

Outro derrotado foi o projeto de poder de alguns caciques evangélicos.

Acreditem: o eleitorado brasileiro, na sua aparente baixa educação política, é menos ingênuo do que se supõe. 

E não é o conservadorismo que prevalece, e sim o bom-senso.

Quanto à esquerda, sim, ela continuará existindo e presente, enquanto o Brasil continuar com pobreza e concentração de renda de um lado, e crenças ingênuas no distributivismo estatal de outro.

O que faz falta, sim, tanto na esquerda quanto na direita, são estadistas. Esse, sim, será um artigo faltante no mercado da política enquanto nossas elites continuarem medíocres, predatórias e incompetentes.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 30/11/2020


sábado, 9 de maio de 2020

Do lulopetismo ao bolsopetismo: precisa de teoria?

No momento em que se propõe o conceito de "Bolsopetismo", lembrei-me dessa "Teoria geral do lulopetismo", que fiz quatro anos atrás, quando ele ainda estava vivo e ativo, e não moribundo como hoje. Agora, que um "valor mais alto se alevanta", é preciso propor algum exercício analítico sobre o Bolsopetismo. Mas eu começava meu mini-ensaio justamente pela afirmação de que o lulopetismo não tinha teoria, nem geral, nem parcial, e que ele era pura prática. O Bolsopetismo deve ser mais ou menos a mesma coisa, sem reflexão, sem doutrina, sem programa, puro instinto primitivo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de maio de 2020


sábado, 3 de setembro de 2016

Teoria geral do lulopetismo: treze teses preliminares - Paulo Roberto de Almeida


Teoria geral do lulopetismo: treze teses preliminares

Paulo Roberto de Almeida
 [Comentários sobre um cadáver insepulto, mas ainda ativo e presente nas mentalidades]


Mini-proposições improvisadas, sem desenvolvimento detalhado, por enquanto.

1) O lulopetismo não tem teoria, nem geral, nem parcial. Nada!

2) O lulopetismo é pura prática, da pior espécie. Repito: da pior...

3) O lulopetismo nasce da conjunção de um ego gigantesco, de uma personalidade megalomaníaca – com profundas deformações psicológicas, e uma raiva profunda vis-à-vis os “de acima” –, e do desejo de vingança de guerrilheiros reciclados, vis-à-vis aqueles que os derrotaram nos experimentos armados dos anos 1960-70. Some-se a isso, uma competição oportunista entre esses dois elementos por poder e dinheiro. Sobretudo dinheiro, mas para obtê-lo era preciso assegurar poder político.

4) O lulopetismo cresce na exploração das mazelas brasileiras, adubado por uma hábil propaganda mentirosa. O lulopetismo é uma imensa máquina de propaganda, financiada compulsoriamente por toda a sociedade brasileira.

5) O lulopetismo sempre procurou explorar o sentimento de inveja do “andar de baixo” contra os “privilegiados”, incitando o despeito, o ressentimento e o rancor das classes populares contra a “burguesia”. 

6) O lulopetismo perseguiu, incessantemente, poder e dinheiro, por todos os meios, os permitidos, e pelos não permitidos também. Sobretudo estes últimos...

7) O lulopetismo estabeleceu um método, ou vários, combinando declarações grandiosas em prol da justiça social e da ética na política, enquanto se encarregava, de um lado, de construir projetos de ascensão social de seus próprios líderes e apparatchiks, e, de outro lado, de conquistar o apoio dos piores bandidos da política brasileira para coloca-los a serviço dos objetivos exclusivos desses chefes, que não era nem justiça social, nem ética na política. Mas o lulopetismo conseguiu enganar muita gente dessa forma.

8) O lulopetismo ascendeu com a mentira e a corrupção, e se manteve durante bastante tempo no crime e na chantagem, dilapidando recursos públicos, desviando ativos das agências estatais, assaltando ou extorquindo empresários, conspirando com capitalistas promíscuos operando com compras governamentais, roubando inclusive a população mais pobre. Ele perseverou na mesma trajetória enquanto conseguiu comprar aliados nos meios políticos e econômicos mais propensos a participar dos seus esquemas fraudulentos e criminosos. O lulopetismo elevou a corrupção em escala e “qualidade”, tirando-a do seu nível “artesanal”, normal, e colocando-a num modo superior, “industrial”, de produção da corrupção, chegando ao estágio superior de uma organização criminosa de tipo mafioso, que é a conquista de todo o Estado.

9) O lulopetismo não tem teoria, mas seus “intelequituais (do partido, ou os chamados “gramscianos de academia”) se encarregaram de construir uma doutrina para essa construção única e singular da política brasileira, que é uma mistura de justiça social propagandeada de maneira mistificadora, com mentiras entranhadas, com arroubos de grandeza nacional que são, por sua vez, uma mistura de anacronismos patrioteiros e da falsa bandeira da defesa da soberania nacional. Na verdade, esta última foi constantemente sacrificada no altar da fidelidade canina que os chefes e cardeais do lulopetismo devotaram a seus chefes de fato, os comunistas castristas.

10) O lulopetismo não tem um pensamento econômico coerente, apenas prescrições ultrapassadas de políticas econômicas, retiradas de um cozido insosso fabricado a partir do keynesianismo vulgar que alguns dos seus quadros extraíram de orelha de alguns textos universitários produzidos por alguns gurus equivocados dessa seita. Eles aplicaram essa mistura incoerente da maneira mais desastrosa possível, produzindo então, e não apenas nos últimos anos, o grandioso espetáculo da recessão e do desemprego, com inflação e aumento da dívida pública, que pode ser chamado apropriadamente de Grande Destruição.

11) O lulopetismo não tem doutrina social, apenas prescrições assistencialistas mal concebidas e mal aplicadas – do tipo Fome Zero, Bolsa Família, etc. – que todas falharam em corrigir as graves distorções do Brasil. Ao contrário, elas mantiveram os grupos assistidos na mesma condição de origem, apenas que com algum subsídio ao consumo, mas o objetivo inicial, permanente, era esse mesmo, não resolver a questão social, mas constituir um curral eleitoral que mantivesse o lulopetismo no poder de forma indefinida.

12) O lulopetismo não tem nenhuma doutrina política – fora das mistificações produzidas por alguns servos do partido e por gramscianos de academia – mas pretende ser um caminho fora da política tradicional dos partidos e do congresso. Pela sua forte base sindical – que evoluiu do sindicalismo alternativo para uma convergência no mainstream do sindicalismo oficial, ou seja, empreendimentos de caráter quase mafioso – ele pode ser considerado um peronismo de botequim, ou seja, sem qualquer teorização justicialista, apenas baseado no carisma do grande chefe mafioso.

13) O lulopetismo foi a maior fraude política, e ideológica, que se abateu sobre o Brasil, desde muito antes de 2003, quando ele finalmente tomou de assalto o poder federal. Ele foi (parcialmente?) expelido desse poder, mas ainda permanece ocupando vastos espaços de poder parcial em dezenas, centenas, milhares de instâncias públicas, dada a gigantesca invasão de todos os interstícios e escaninhos do Estado, em todos os níveis, pelos apparatchiks, aliados inconscientes ou serviçais objetivos do vasto empreendimento lulopetista. Pior ainda: sua versão do cenário político, suas metas obsessivas, seus objetivos megalomaníacos, que só podem conduzir o Brasil a uma trajetória desastrosa de (não) desenvolvimento, permanecem vigorosamente presentes nos corações e mentes de muitos true believers, partidários do credo, tanto militantes ingênuos da causa social, quanto acadêmicos bem formados e supostamente bem informados. Essas características asseguram alguma sobrevivência política e ideológica ao lulopetismo, mesmo quando o grande chefe megalomaníaco for condenado a passar algum tempo na prisão.

Paulo Roberto de Almeida 
Porto Alegre, 3 de setembro de 2016

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Lulopetismo: o peronismo de botequim, e de porre - Lula, e este blogueiro

Afonso Arinos, sempre arguto, disse a respeito de Jânio Quadros que este era a "UDN de porre".
Pois eu, talvez menos arguto do que o grande jurista, digo que o lulopetismo é o peronismo de porre, ou de botequim, sempre...
Perón é o cadaver que continua sequestrando a Argentina.
O Perón sem doutrina, de porre, continua sequestrando o Brasil, mesmo ainda capaz de se embebedar.
Suas acusações contra a justiça deveriam ser objeto de processo, pois o que ele diz é grave. Se não der processo, a opção seria a internação na ala dos Napoleões de hospício.
Vejamos:

Lula acusa os magistrados
Estadão, 26/01/2018

Um dia depois de ser condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) a 12 anos e 1 mês de prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não respeitará a decisão da Justiça. Em ato político que aprovou sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, nesta quinta-feira, 25, Lula conclamou os militantes a defendê-lo nas ruas e pregou o enfrentamento político.

"Esse ser humano simpático que está falando com vocês não tem nenhuma razão para respeitar a decisão de ontem", afirmou o ex-presidente, em reunião da Executiva Nacional do PT, em São Paulo. "Quando as pessoas se comportam como juízes, sempre respeitei, mas quando se comportam como dirigentes de partido político, contando inverdades, realmente não posso respeitar. Se não perderei o respeito da minha neta de 6 meses, dos meus filhos e perderei o respeito de vocês."

Lula chegou a se comparar a Jesus Cristo, ao afirmar que ele foi condenado à morte. "E olhe que não tinha empreiteira naquele tempo", disse. Logo em seguida, porém, o ex-presidente se corrigiu. "Eu sei que a imprensa vai dizer 'Lula se compara a Jesus Cristo'. Longe disso".

Com a voz que ficou embargada algumas vezes, o ex-presidente disse que manterá as caravanas pelo Brasil, mas conclamou o PT e os movimentos sociais a ajudá-lo no embate nas ruas. "Espero que a candidatura não dependa do Lula. Que vocês sejam capazes de fazê-la, mesmo se acontecer alguma coisa indesejável, e colocar o povo brasileiro em movimento", insistiu o ex-presidente.

VAI RECORRER

O ex-presidente afirmou que sua defesa vai recorrer "naquilo que for possível" sobre a decisão do TRF-4. "Eles tomaram uma decisão política com o objetivo que eu não volte à Presidência", disse.

Segundo ele, a decisão unânime dos desembargadores foi para valorizar a categoria dos juízes. "Não consigo explicar outra explicação, porque se encontrassem um crime que cometi, não estaria aqui pedindo desculpas para vocês. O julgamento de ontem foi mais valorizar a categoria dos juízes, o corporativismo do que crime que estava em julgamento, porque não havia crime." Segundo Lula, os desembargadores construíram um cartel para decisão unânime por 3 a 0 no TRF-4. "Só ontem descobri que era um cartel, tinham que chamar o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)", disse.

O ex-presidente disse também que está com a consciência tranquila, diferente dos juízes, segundo ele. "Eles sabem que condenaram um inocente. Mas não sofri tanto, porque sempre acreditei que iria ser do jeito que foi. Obviamente que não estou feliz, mas duvido que alguns deles que me julgaram estão com consciência tranquila como estou hoje com vocês."

O ex-presidente afirmou que o lançamento da sua candidatura não é só para disputar o pleito. "Vou para ganhar e governar", disse. O petista ainda disse que não está sendo candidato para se proteger da Justiça. "Minha proteção é minha inocência. Vou ser candidato para governar decentemente esse País."

Durante discurso de formalização de seu nome como candidato, Lula disse que estava criando o "Dia do Aceito", em referência ao "Dia do Fico" de D. Pedro.

domingo, 27 de novembro de 2016

Samuel Pinheiro Guimarães e a alucinação da teoria conspiratória

Faço questão de postar por inteiro o mais recente artigo do diplomata (nunca foi embaixador, a despeito do título) Samuel Pinheiro Guimarães, para que se tenha uma ideia de até onde pode chegar a demência política e a falta de caráter daqueles que se empenham em salvar da cadeia um vulgar chefe de quadrilha, um mafioso confirmado, a maior fraude nunca antes vista na história brasileira.
Paulo Roberto de Almeida 
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A Contra Reforma de Temer e das classes hegemônicas

por Samuel Pinheiro Guimarães

A Contra Reforma de Temer e das classes hegemônicas
por Samuel Pinheiro Guimarães
1.      De 1500 a 2003, as classes hegemônicas brasileiras, estreitamente vinculadas as classes hegemônicas das metrópoles coloniais, hoje às classes hegemônicas dos Estados Unidos, organizaram a economia, a sociedade, o sistema político e o Estado brasileiros de acordo com seus interesses e em seu benefício.
2.       A extrema concentração de riqueza e de renda, a situação de pobreza de grande parte da população, as condições de saúde, alimentação, saneamento, educação, transporte, segurança e cultura da enorme maioria demonstram cabalmente que a organização da sociedade feita pelas classes hegemônicas não beneficiou e não beneficia a esmagadora maioria do povo brasileiro.
3.      Em 2003, com a vitória, de forma democrática e legitima, do Partido dos Trabalhadores e de seu candidato Lula, torneiro mecânico e líder sindical, essas classes hegemônicas perderam parte, apenas parte, do controle que exerciam sobre a sociedade, a economia e o Estado brasileiros.
4.      O Presidente Lula implantou programas sociais de grande alcance e impacto; criou melhores condições de competitividade para as empresas de capital nacional; ampliou o sistema educacional em termos de número de estudantes e de condições de acesso; ampliou o sistema de saúde através do SUS, da Farmácia Popular e outros programas; expandiu as exportações; fortaleceu a agroindústria e a agricultura familiar; manteve sob controle a inflação; ampliou o crédito de forma notável; fortaleceu os programas estratégicos das Forças Armadas; reduziu a vulnerabilidade do País ampliando as reservas monetárias; fez uma política externa altiva e ativa, expandindo as relações políticas e econômicas com todos os Estados, desenvolvidos e subdesenvolvidos, e promoveu a integração sul-americana.
5.      O Presidente Lula terminou seu segundo mandato em 2010, com 87% de aprovação popular e elegeu sua sucessora, Dilma Rousseff.
6.      Desde então se iniciou uma conspiração das classes hegemônicas com o objetivo de recuperar totalmente, em 2014 ou em 2018, o Poder político e econômico.
7.      Desta conspiração participaram políticos envolvidos em denúncias de corrupção; os partidos de oposição,  inconformados com a derrota em 2014; políticos conservadores; o próprio vice-presidente Michel Temer; os meios de comunicação, em especial o sistema Globo, com suas dezenas de estações de televisão, de rádios, jornais e revistas; o Poder Judiciário, desde o Juiz Sergio Moro, disposto a praticar atos ilegais de toda ordem, aos Ministros do Supremo que, podendo e devendo,  não o disciplinaram; os interesses estrangeiros que viram, nas dificuldades econômicas e políticas, a  oportunidade de reverter políticas de defesa das empresas nacionais para promover a  redução do Estado e a abertura aos bens e capitais estrangeiros inclusive para explorar seu maior patrimônio natural que é o petróleo do pré-sal; do mercado financeiro, isto é, dos  grandes investidores, milionários e rentistas, temerosos de uma política de redução de taxas de juros; das associações de empresários como a FIESP, a FEBRABAN, a CNI, a CNA ; dos defensores de políticas de austeridade que visam o equilíbrio fiscal pela redução do Estado, dos programas sociais, dos investimentos do Estado, dos direitos trabalhistas e previdenciários e, finalmente, de economistas e jornalistas, intérpretes, porta-vozes e beneficiários destes interesses.
8.      A partir de 2010, e em especial a partir de 2014, a estratégia das classes hegemônicas para recuperar o Poder se desenvolveu em várias etapas:
·     fazer o Governo adotar o programa econômico e social do “mercado”, isto é, da minoria multimilionária e de seus associados externos;
·     ocupar os cargos de direção da Administração pública (Ministérios, Secretarias Executivas, agências reguladoras) com representantes do “mercado”;
·     enfraquecer política e economicamente o Governo;
·     enfraquecer o PT e os partidos progressistas com vistas às eleições de 2018;
·     aprovar leis de interesse do “mercado”;
·     e, se nada disso ocorrer, fazer o Governo “sangrar” e aí, então, se necessário e possível, exigir e promover o impeachment da Presidente.
9.      367 Deputados e 61 Senadores, muitos deles acusados de corrupção, representantes dos setores mais conservadores, dos indivíduos (e empresas) mais ricos em uma das sociedades mais desiguais do mundo e dos interesses estrangeiros mais vorazes, anularam o resultado de eleições em que 54 milhões de brasileiros escolheram a Presidente Dilma Rousseff e, assim interromperam a execução de um projeto de desenvolvimento social, econômico e político do Brasil que se iniciara em 2003.                                           
10. Derrubado o Governo Dilma, de forma jurídico-processual e com a conivência do Judiciário, se inicia a grande reforma econômica e política de Temer, em realidade uma Contra-Reforma, com inspiração e amplo apoio das classes hegemônicas e de seus aliados no Poder Judiciário, no Legislativo, no Ministério Público e na Polícia Federal.
11. A Contra-Reforma econômica conservadora de Temer, como representante e executivo das classes hegemônicas brasileiras, em estreita sintonia com as classes hegemônicas dos países desenvolvidos, em especial dos Estados Unidos, significa a implantação definitiva das políticas preconizadas pelo Consenso de Washington:
·     abrir a economia do ponto de vista comercial e financeiro, unilateralmente e sem contrapartida;
·     privatizar (desnacionalizar) as empresas estatais;
·     desregulamentar (ou regulamentar de forma favorável ao capital) as atividades econômicas;
·     manter uma política tributária favorável (regressiva) ao capital nacional e estrangeiro;
·     desestimular o desenvolvimento industrial e desarticular  as empresas nacionais de maior porte, estatais ou privadas, a começar pela Petrobrás;
·     reduzir o Estado ao mínimo e aniquilar sua capacidade de regulamentar a atividade econômica e de proteger os trabalhadores e os excluídos;
·     “flexibilizar”, “modernizar”, o mercado de trabalho em favor do capital;
·     consagrar essas políticas na legislação, de preferência constitucional.
12. Os principais instrumentos para a execução dessas políticas são:
·     a PEC 241, que se tornou PEC 55 no Senado,  que congela, durante vinte anos, de forma absolutamente anti-social, antidemocrática e inconstitucional, as despesas primárias do Estado e libera totalmente as despesas financeiras, isto é o  pagamento dos juros e da amortização da dívida pública;
·     a reforma da Previdência e sua privatização;
·     a revisão da legislação trabalhista em benefício do capital, isto é, das empresas ;
·     a desvinculação geral de despesas do Estado em relação ao salário mínimo;
·     a utilização do BNDES para financiar as privatizações e a restrição de crédito para a empresa brasileira.
13. Este programa econômico, de extraordinária amplitude e profundidade,  vem sendo executado:
·     sem mandato popular;
·     com a conivência do Judiciário;
·     com a conivência da maioria do Legislativo, em parte devido à  sua convicção conservadora, em parte  corrupto e em parte “aliciado” pelo Governo Temer.
14.Este programa conservador e ultra-neoliberal, que dá continuidade ao programa iniciado pelos Governos Fernando Collor e depois Fernando Henrique, que fracassaram, será consagrado, eventualmente, por acordos de livre comércio com as Grandes Potências industrializadas, a começar com a União Europeia, a que se seguirão acordos com os Estados Unidos e o Japão e também com a China.
14. Com a execução dos programas da Contra Reforma Temer  e com sua  consolidação internacional através de eventuais acordos de “livre comércio” destes programas, o Brasil se consagraria definitivamente como o “celeiro do mundo” e uma “província” agroindustrial do Império americano e das filiais de megaempresas multinacionais instaladas no Brasil para exploração de seu mercado interno e do mercado regional.
15. Resta às classes hegemônicas um obstáculo importante a vencer para garantir que este conjunto de políticas econômicas e sociais não venha a ser derrotado e derrubado pela vontade popular dele vítima.
16. Este obstáculo seria a possibilidade de eventual vitória nas eleições presidenciais de 2018 de um candidato progressista, nacionalista e independente.
17. Assim, pretendem Temer, seus mestres e seus acólitos :
·     acelerar a aprovação de seus projetos econômicos e sociais no  Legislativo;
·     desmoralizar e fragmentar os partidos de esquerda;
·     demonizar e desmoralizar os líderes de esquerda;
·     despolitizar a população;
·     criminalizar os movimentos sociais;
·     conter a insatisfação popular através de métodos de violenta repressão policial e  eventualmente
·     implantar o voto facultativo;
·     implantar o parlamentarismo;
·     implantar o voto distrital.
18. Existe apenas um candidato viável das forças progressistas a Presidente da República, que é Luiz Inácio Lula da Silva.
19. Esta é a razão do ataque quotidiano e incessante dos órgãos da grande mídia a Lula, com a orquestração cuidadosa dos vazamentos de delações não comprovadas, e das ações espetaculosas da Policia, permitidas e promovidas pelo Juiz Sergio Moro e pelos procuradores do Ministério Público de Curitiba, com a conivência do STF em conjunto e de cada um de seus Ministros.
20. Somente a união das forças progressistas, nacionalistas e de esquerda da sociedade brasileira; dos líderes sindicais e dos movimentos sociais; dos estudantes e suas organizações; dos intelectuais, dos cientistas, dos professores, dos médicos; dos militares nacionalistas e progressistas; dos artistas e dos empresários nacionais, em defesa do Presidente Lula, da democracia e de um programa de desenvolvimento econômico, social e político do Brasil  poderá fazer com que a sociedade brasileira, a principal interessada e vitima desta conspiração das classes hegemônicas, de seus associados estrangeiros e de seus representantes, seja ouvida e que este processo seja barrado no Congresso Nacional e no Judiciário.
Samuel Pinheiro Guimarães - Embaixador

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Caminhos cruzados: eu de um lado, os companheiros de outro - trabalhos Paulo Roberto de Almeida

Trabalhos escritos no corrente ano que têm a ver com o universo conceitual do lulopetismo e minhas reflexões sobre a batalha de ideias em curso no Brasil:

2958. “Da democracia na América do Sul: o que Tocqueville diria das atuais mudanças políticas e econômicas no continente?”, Brasília, 13 abril 2016, 43 p. Notas para palestra no Instituto Liberal do Centro-Oeste, feita na UnB, em 14/04/2016. Inserido em formato pdf na plataforma Academia.edu (https://www.academia.edu/s/7fe09f1081) e anunciado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/04/da-democracia-na-america-do-sul.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1132837243446391).

2969. “Epitáfio do lulopetismo diplomático”, Brasília, 2 maio 2016, 3 p. Contribuição para o Estadão. Publicado no jornal O Estado de S. Paulo (17/05/2016; link: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,epitafio-do-lulopetismo-diplomatico,10000051687), reproduzido no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/epitafio-do-lulopetismo-diplomatico.html), e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1155247367872045).

2976. “Desafios ao Brasil na política e na economia numa fase de transição”, Brasília, 5 maio 2016, 5 p. Compilação de argumentos para alimentar o debate sobre os grandes temas da agenda brasileira nos âmbitos político e econômico, em previsão de debates a ocorrer nos dias 12 e 13 de maio de 2016 (Uniceub). Publicado no blog Diplomatizzando (14/05/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/grandes-desafios-ao-brasil-politica-e_14.html), disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1152984281431687). Primeiro vídeo do evento realizado em 12/05/2016, sobre política, disponibilizado no canal YouTube do Uniceub em 14/06/2016 (link: https://youtu.be/3A3PJxsHLIU), e no canal do ILCO (link: https://www.facebook.com/ILCOLiberdade/?fref=nf), alertas no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/06/grandes-desafios-ao-brasil-video-da.html).

2977. “O Itamaraty e a diplomacia profissional brasileira em tempos não convencionais”, Brasília, 15 maio 2016, 10 p. Entrevista concedida por escrito ao blog Jornal Arcadas, um jornal independente totalmente produzido por estudantes do Largo de São Francisco (http://www.jornalarcadas.com.br/), sobre aspectos da carreira e do funcionamento do Itamaraty na fase recente. Publicado, sob o título de “Entrevista: a crise e o anarco-diplomata”, no blog Jornal Arcadas (15/05/2016; link: http://www.jornalarcadas.com.br/acriseeoanarcodiplomata/); reproduzido no Diplomatizando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/um-anarco-diplomata-fala-sobre.html) e disseminado no Facebook (link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1154258514637597).

2982. “Do lulopetismo diplomático a uma política externa profissional”, Brasília, 22 maio 2016, 7 p. Adaptação revista do trabalho 2840 (“O renascimento da política externa”, Anápolis, 11 julho 2015, 4 p.; inédito), com alguns trechos do trabalho n. 2865, fazendo digressões sobre um retorno à normalidade na frente diplomática, depois dos anos bizarros do lulopetismo diplomático. Mundorama (Brasília, n. 105, 23/05/2016, link: http://www.mundorama.net/2016/05/23/do-lulopetismo-diplomatico-a-uma-politica-externa-profissional-por-paulo-roberto-de-almeida/); reproduzido no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/do-lulopetismo-diplomatico-uma-politica.html) e disseminado no Facebook (link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1159581290771986).

2985. “Política externa e política econômica no Brasil pós-PT”, Brasília, 29 maio 2016, 6 p. Artigo para Mundorama (7/06/2016; link: http://www.mundorama.net/2016/06/07/politica-externa-e-politica-economica-no-brasil-pos-pt-por-paulo-roberto-de-almeida/). Divulgado no blog Diplomatizzando em 8/06/2 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/06/politica-externa-e-politica-economica.html) e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1169681333095315).

2991. “Uma seleção de trabalhos sobre a política externa brasileira na era Lula: Paulo Roberto de Almeida, 2002-2016”, Brasília, 6 junho 2016, 13 p. Listagem seletiva, na ordem cronológica inversa, dos trabalhos mais importantes, inéditos e publicados, produzidos no período em apreço em temas da diplomacia e do sistema político brasileiro. Disponível no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/06/a-politica-externa-brasileira-na-era.html) e na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/26393585/Trabalhos_PRA_sobre_a_politica_externa_brasileira_na_era_Lula_2002-2016_ (versão revista e atualizada); http://www.academia.edu/25901782/Trabalhos_PRA_sobre_a_politica_externa_brasileira_na_era_Lula_2002-2016_ ). Atualizada em 15/08/2016, postado novamente no Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/08/trabalhos-pra-sobre-diplomacia.html).

2993. “Partidos políticos e política externa brasileira na era da globalização”, Brasília, 8 junho 2016, 16 p. Texto-guia para palestra no curso de pós-graduação em Relações Internacionais da UERJ, proferida em 16/06/2016, como complemento ao artigo redigido, de forma integral, como trabalho n. 327 (“A Política da Política Externa: os partidos políticos nas relações internacionais do Brasil, 1930-1990” (1993), in: José Augusto Guilhon de Albuquerque (org.), Sessenta Anos de Política Externa Brasileira (1930-1990), IV volume: Prioridades, Atores e Políticas. São Paulo: Annablume/Nupri/USP, 2000, pp 381-447. Disponível na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/26037730/Os_Partidos_Politicos_nas_Relacoes_Internacionais_do_Brasil_1930-1990_1993_), e de forma resumida, como trabalho n. 332 (“Os Partidos Políticos nas Relações Internacionais do Brasil, 1930-1990”, Brasília: 29 março 1993, 57 pp. Versão resumida do trabalho nº 327, publicado na revista Contexto Internacional (Rio de Janeiro: vol. 14, nº 2, julho/dezembro de 1992, pp. 161-208; disponível na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/26037730/Os_Partidos_Politicos_nas_Relacoes_Internacionais_do_Brasil_1930-1990_1993_). Disponível no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/06/partidos-politicos-e-politica-externa.html), na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/7b1096f364) e em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/303851189_Partidos_politicos_e_politica_externa_brasileira_na_era_da_globalizacao?ev=prf_pub). Informação consolidada em 13/06/2016, no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/06/research-gate-minhas-estatisticas-de.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1173662509363864).

2999. “Auge e declínio do lulopetismo diplomático: um depoimento pessoal”, Brasília, 22 junho 2016, 18 p.; revisto: 26/06/2016: 19 p. (...) Divulgado no blog Diplomatizzando (1/07/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/07/ufa-um-depoimento-meu-sobre-o.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/26661272/Auge_e_declinio_do_lulopetismo_diplomatico_um_depoimento_pessoal) e em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/304351768_Auge_e_declinio_do_lulopetismo_diplomatico_um_depoimento_pessoal?ev=prf_pub). Divulgado na revista Amálgama (2/07/2016, link: http://www.revistaamalgama.com.br/07/2016/auge-e-declinio-do-lulopetismo-diplomatico/). Postado novamente no Diplomatizzando, com nova introdução, em 15/08/2016 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/08/auge-e-declinio-do-lulopetismo.html) e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1218660558197392).

3029. “Da arte de suportar o arbítrio reservadamente”. Gramado, RS, 2 setembro 2016, 2 p. Texto sobre os treze anos de “exílio interno”, no Itamaraty, a propósito de depoimento pessoal de Bolívar Lamounier sobre os arbítrios que sofreu em decorrência do AI-5. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/09/de-memorias-e-lembrancas-bolivar.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1241614375902010).

3030. “Populismo econômico e ‘destruição destrutiva’ na América Latina”, Brasília-Gramado, 10 agosto, 3 setembro 2016, 12 p. Texto guia para palestra na Primeira Semana Pela Liberdade, promovida pelo capítulo de Brasília dos Estudantes pela Liberdade (Auditório de Ciência Política, UnB; 16/09/2016, 15:10hs; EPL-Brasília, Alexandre Meneghel (alexandre_df9@epl.org.br). Publicado em Mundorama (9/09/2016; link: http://www.mundorama.net/2016/09/09/populismo-economico-e-destruicao-destrutiva-na-america-latina-por-paulo-roberto-de-almeida/). Divulgado no blog Diplomatizzando (10/09/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/09/populismo-economico-e-destruicao.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1252508028145978); divulgado na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/28383707/3030_Populismo_economico_e_destruicao_destrutiva_na_America_Latina_2016_). Relação de Publicados n. 1241.

3031. “Teoria geral do lulopetismo: treze teses preliminares”, Porto Alegre, 3 setembro 2016, 3 p. Considerações sobre uma grande fraude política. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/09/teoria-geral-do-lulopetismo-treze-teses.html) e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1244412482288866). Postado, junto com o trabalho 3032 (lulopetismo diplomático) em Academia.edu (7/09/2016; link: https://www.academia.edu/s/e8880aed7d/teoria-geral-do-lulopetismo-o-lulopetismo-diplomatico). Postado igualmente em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/307862578_Teoria_geral_do_lulopetismo_treze_teses_preliminares_O_lulopetismo_diplomatico_um_experimento_exotico_no_Itamaraty?ev=prf_pub), que gerou um DOI para os dois papers combinados: DOI: 10.13140/RG.2.2.24865.20324.

 3032. “O lulopetismo diplomático: um experimento exótico no Itamaraty”, Porto Alegre, 4 setembro 2016, 5 p. Considerações sobre um parêntese bizarro na trajetória da política externa brasileira. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/09/o-lulopetismo-diplomatico-um.html) e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1245517138845067). Postado, junto com o trabalho 3031 (teoria geral do lulopetismo) em Academia.edu (7/09/2016; link: https://www.academia.edu/s/e8880aed7d/teoria-geral-do-lulopetismo-o-lulopetismo-diplomatico). Postado igualmente em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/307862578_Teoria_geral_do_lulopetismo_treze_teses_preliminares_O_lulopetismo_diplomatico_um_experimento_exotico_no_Itamaraty?ev=prf_pub), que gerou um DOI para os dois papers combinados: DOI: 10.13140/RG.2.2.24865.20324.

 3039. “Problemas Públicos, Soluções Privadas? Nem sempre, não necessariamente”, Brasília, 12 setembro 2016, 9 p. Reflexões de um liberal contrarianista para palestra organizada pelos Estudantes Pela Liberdade, capítulo de Belo Horizonte, em 20 de setembro, tentando demonstrar a importância de não ser fundamentalista de mercado no encaminhamento de questões de interesse relevante para a sociedade. Palestra divulgada no site dos Estudantes Pela Liberdade (link: http://epl.org.br/2016/09/15/professor-e-diplomata-paulo-roberto-almeida-escreve-sobre-problemas-publicos-solucoes-privadas/). (Contato: mmatos@epl.org.br; tel.: (31) 97513-6483). Texto disponibilizado no mesmo site (link: https://epl.org.br/files/2016/09/Problemas-P%C3%BAblicos-Solu%C3%A7%C3%B5es-Privadas.pdf) e na plataforma Academia.edu (13/09/2016; link: https://www.academia.edu/s/e4d696a571/3039-problemas-publicos-solucoes-privadas-nem-sempre-nao-necessariamente-2016). Divulgado no blog Diplomatizzando (13/09/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/09/problemas-publicos-solucoes-privadas.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1257549490975165).

 3040. “Quem mudou, de fato, a humanidade? Uma reflexão contrarianista”, Brasília, 19 setembro 2016, 3 p. Novas reflexões a propósito da palestra objeto do trabalho 3039, para o encontro organizado pelos Estudantes Pela Liberdade, capítulo de Belo Horizonte: uma mensagem de ponderação, no espírito do ceticismo sadio que busco imprimir a minhas análises dos problemas humanos e sociais. Incorporado ao site do EPL (link: http://epl.org.br/2016/09/15/professor-e-diplomata-paulo-roberto-almeida-escreve-sobre-problemas-publicos-solucoes-privadas/; no link específico: https://epl.org.br/files/2016/09/Quem-mudou-a-humanidade.pdf). Acréscimo de uma página de introdução à minha palestra em Belo Horizonte, em 20/09/2016, e divulgação completa no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/09/estudantes-pela-liberdade-bh-mg-o-que.html).

 3046. “Falcatruas lulopetistas (subintelequituais) dos acadêmicos gramscianos”, Brasília, 10 outubro 2016, 6 p. Considerações sobre a organização criminosa que governou o Brasil de 2003 a 2016. Divulgado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/10/falcatruas-lulopetistas.html) e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1286369308093183).

 3048. “Pesquisa sobre a diplomacia lulopetista: 2003-2016 (maio, RIP)”, Brasília, 15 outubro 2016, 4 p. Consulta pública sobre algo que não existiu, mas que produziu efeitos na vida prática. Divulgado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/10/pesquisa-sobre-diplomacia-lulopetista.html) e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1292488430814604).

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Treze teses sobre o lulopetismo e treze argumentos sobre o lulopetismo diplomatico - Paulo Roberto de Almeida


Minhas treze teses (ou contra-teses) sobre o lulopetismo, e mais treze argumentos CONTRA o lulopetismo diplomático, abertas à contestação (mas não armada, por favor) dos apoiadores dos simpáticos companheiros que dilapidaram o Brasil. Juro que o número treze veio por acaso: fiquei escrevendo uma tese, depois outra, e mais outra, e de repente a veia poética extinguiu-se justo no número treze. Não deixa de ser uma homenagem.
Paulo Roberto de Almeida 

Teoria geral do lulopetismo: treze teses preliminares 
seguido de 
O lulopetismo diplomático: um experimento exótico no Itamaraty
Postados, trabalhos 3031 e 3032, em Academia.edu 
Postado igualmente em Research Gate 

sábado, 3 de setembro de 2016

Lulopetismo: o resumo da grande fraude - Editorial Estadão

O fim do torpor
Editorial do Estadão, 31 de agosto de 2016

O impeachment da presidente Dilma Rousseff será visto como o ponto final de um período iniciado com a chegada ao poder de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, em que a consciência crítica da Nação ficou anestesiada. A partir de agora, será preciso entender como foi possível que tantos tenham se deixado enganar por um político que jamais se preocupou senão consigo mesmo, com sua imagem e com seu projeto de poder; por um demagogo que explorou de forma inescrupulosa a imensa pobreza nacional para se colocar moralmente acima das instituições republicanas; por um líder cuja aversão à democracia implodiu seu próprio partido, transformando-o em sinônimo de corrupção e de inépcia. De alguém, enfim, cuja arrogância chegou a ponto de humilhar os brasileiros honestos, elegendo o que ele mesmo chamava de “postes” – nulidades políticas e administrativas que ele alçava aos mais altos cargos eletivos apenas para demonstrar o tamanho, e a estupidez, de seu carisma.
Muito antes de Dilma ser apeada da Presidência já estava claro o mal que o lulopetismo causou ao País. Com exceção dos que ou perderam a capacidade de pensar ou tinham alguma boquinha estatal, os cidadãos reservaram ao PT e a Lula o mais profundo desprezo e indignação. Mas o fato é que a maioria dos brasileiros passou uma década a acreditar nas lorotas que o ex-metalúrgico contou para os eleitores daqui. Fomos acompanhados por incautos no exterior.
Raros foram os que se deram conta de seus planos para sequestrar a democracia e desmoralizar o debate político, bem ao estilo do gangsterismo sindical que ele tão bem representa. Lula construiu meticulosamente a fraude segundo a qual seu partido tinha vindo à luz para moralizar os costumes políticos e liderar uma revolução social contra a miséria no País.
Quando o ex-retirante nordestino chegou ao poder, criou-se uma atmosfera de otimismo no País. Lá estava um autêntico representante da classe trabalhadora, um político capaz de falar e entender a linguagem popular e, portanto, de interpretar as verdadeiras aspirações da gente simples. Lula alimentava a fábula de que era a encarnação do próprio povo, e sua vontade seria a vontade das massas.
O mundo estendeu um tapete vermelho para Lula. Era o homem que garantia ter encontrado a fórmula mágica para acabar com a fome no Brasil e, por que não?, no mundo: bastava, como ele mesmo dizia, ter “vontade política”. Simples assim. Nem o fracasso de seu programa Fome Zero nem as óbvias limitações do Bolsa Família arranharam o mito. Em cada viagem ao exterior, o chefão petista foi recebido como grande líder do mundo emergente, mesmo que seus grandiosos projetos fossem apenas expressão de megalomania, mesmo que os sintomas da corrupção endêmica de seu governo já estivessem suficientemente claros, mesmo diante da retórica debochada que menosprezava qualquer manifestação de oposição. Embalados pela onda de simpatia internacional, seus acólitos chegaram a lançar seu nome para o Nobel da Paz e para a Secretaria-Geral da ONU.
Nunca antes na história deste país um charlatão foi tão longe. Quando tinha influência real e podia liderar a tão desejada mudança de paradigma na política e na administração pública, preferiu os truques populistas. Enquanto isso, seus comparsas tentavam reduzir o Congresso a um mero puxadinho do gabinete presidencial, por meio da cooptação de parlamentares, convidados a participar do assalto aos cofres de estatais. A intenção era óbvia: deixar o caminho livre para a perpetuação do PT no poder.
O processo de destruição da democracia foi interrompido por um erro de Lula: julgando-se um kingmaker, escolheu a desconhecida Dilma Rousseff para suceder-lhe na Presidência e esquentar o lugar para sua volta triunfal quatro anos depois. Pois Dilma não apenas contrariou seu criador, ao insistir em concorrer à reeleição, como o enterrou de vez, ao provar-se a maior incompetente que já passou pelo Palácio do Planalto.
Assim, embora a história já tenha reservado a Dilma um lugar de destaque por ser a responsável pela mais profunda crise econômica que este país já enfrentou, será justo lembrar dela no futuro porque, com seu fracasso retumbante, ajudou a desmascarar Lula e o PT. Eis seu grande legado, pelo qual todo brasileiro de bem será eternamente grato.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Minha revisao da era lulopetista: o que eu pensava no final de 2002 - Paulo Roberto de Almeida

Antes do início da era do Nunca Antes no Brasil, eu já me preocupava com as políticas que seriam colocadas em prática, e ousava contrariar o otimismo dominante: eu achava que o PT iria "salvar" a burguesia, e continuaria deixando as crianças pobres na mesma situação, e com uma educação deplorável.
Aparentemente fui desmentido durante um bom tempo, enquanto vicejavam favores para os pobres e dezenas de políticas ditas sociais, mas parece que a realidade se encarregou de me confirmar em meus temores mais evidentes, no final de 2002, ou seja, antes mesmo que começasse o reino dos companheiros.
Paulo Roberto de Almeida


Pensando adiante: como a nova maioria salvou a burguesia e todos os seus bens
(advertência preventiva)

Paulo Roberto de Almeida

Sou um amigo, simpatizante e mesmo um promotor ativo da causa transformadora do Brasil, isto é, do partido da “reforma social profunda”, ainda que não seja membro efetivo de nenhum partido, seita ou agrupação política ou religiosa. Minha adesão à reforma é, contudo, total e de nenhuma forma subscrevo às velhas maneiras de fazer política, assim como não me considero neoliberal ou ainda um reformista “abstrato”. Como qualquer outro brasileiro engajado no movimento mudancista, portanto, recebi como extremamente auspiciosa a vitória do partido da reforma e aguardo com muitas expectativas otimistas a assunção da nova maioria e sua implementação dos projetos de reforma anunciados durante tanto tempo.
Apenas acontece que, ademais de simpático à causa da mudança, sou também um bom observador da realidade política e, acima tudo, um “racionalista” em políticas econômicas, uma vez que minha experiência de observador social indica que certas aventuras econômicas redundaram em indizível sofrimento para as camadas mais humildes da população, geralmente por via do imposto inflacionário e por políticas redistributivas altamente regressivas do ponto de vista dos que mais necessitam (usualmente via “serviços” educacionais e previdenciários que se dirigem aos mais privilegiados). Por isso, tomei a iniciativa de registrar no presente texto “prospectivo” algumas reflexões preventivas que – a despeito de não serem destinadas a publicação – se dirigem aos que, como eu, seguem a atualidade política e pretendem contribuir para a manutenção dos compromissos com a mudança, de uma maneira responsável e sensata, preservando equilíbrios econômicos fundamentais mas avançando no sentido de diminuir os graus anormalmente elevados de iniquidade social que ainda caracterizam a Nação brasileira.
Os pontos que se seguem não observam nenhum ordenamento particular, mas são indicativos de um cenário que está sendo implementado gradualmente, qual seja, o discurso pré-posse, a atitude voluntarista na assunção ao poder, a atuação de velhos e novos grupos de interesse em direção da nova maioria, a reação dos velhos militantes e comprometidos com o “projeto nacional”, os resultados esperados das políticas implementadas, e as conclusões práticas que podem ser tiradas preventivamente dessa movimentação excepcional a que está assistindo a sociedade brasileira. Finalmente, permito-me formular algumas recomendações genéricas que refletem minha própria visão do mundo e que servem como fecho a um texto que pretende continuar sob reserva até nova conferência dentro de algum tempo (2 ou 4 anos a partir de dezembro de 2002).

1. Mudou o mundo, mudou o Brasil e mudou o partido: nessa ordem?
O Brasil assistiu, em meados de 2002, a uma das mais importantes mudanças políticas já ocorridas na história republicana, movimento que tentei captar nos textos de meu livro A Grande Mudança (São Paulo: Códex Editora, 2003). Ocorreu aquilo que os marxistas chamariam de transformação da “superestrutura política da sociedade”, colocando-a em compasso mais afirmado com sua infra-estrutura social. Essa mudança relevante tem sido apresentada, pelos principais protagonistas, como uma “conseqüência natural” das transformações em curso no mundo e no próprio Brasil, mas quero crer que ela é, antes de mais nada, o resultado de uma mudança de atitude e de mentalidade das próprias lideranças políticas que agora converteram-se na nova maioria social e política da Nação.
Em outros termos, a conversão à responsabilidade fiscal, as declarações de respeito aos contratos e o novo realismo nas relações com o FMI, para citar três exemplos dessa mudança paradigmática, não foram ditadas pelas circunstâncias externas, que não se alteraram dramaticamente nos poucos meses de campanha eleitoral presidencial. Ou, se mudança houve, ela foi no sentido do aprofundamento da “crise da globalização”, de uma acrescida dependência do Brasil dos “mercados financeiros globalizados”, de um sensível agravamento da nossa “fragilidade financeira externa”, ou seja, em todos aqueles elementos que figuravam no lado perverso do figurino da “ruptura”, ainda proclamada no último encontro oficial do partido mudancista.
Cabe registrar, em todo caso, a bem-vinda mudança de atitude, que constitui o primeiro passo na direção de novas responsabilidades governativas, o que só pode ser saudado de maneira otimista. O que se espera agora é que essa mudança de atitude se traduza em atos concretos no sentido da mudança de cenário social com preservação da estabilidade macroeconômica e da continuidade da inserção do Brasil no sistema internacional globalizado, pois foi esse o mandato recebido nas urnas. A conferir, portanto.

2. O que fazer com a memória do passado?: as virtudes do autocontrole
As declarações de mudança não bastaram, contudo, para instilar confiança nos “mercados”, que continuaram a atribuir notas baixas ao chamado “risco Brasil”, com uma deterioração lamentável do valor da moeda e dos títulos de crédito brasileiro negociados externamente (e conseqüente elevação dos prêmios para renovação de crédito). Em virtude desse fenômeno, muito bem percebido pela nova equipe dirigente, passou-se a ostentar tremendo autocontrole, com poucas declarações públicas no sentido daquelas teses antes proclamadas como integrando o menu da ruptura: redução dos juros, políticas setoriais ativas, medidas redistributivas e de correção de “desequilíbrios” sociais ou regionais, enfim, a panóplia de iniciativas de tipo voluntarístico que denotavam a tendência, consciente ou inconsciente, de “querer fazer algo” para corrigir as tremendas iniquidades que obviamente ainda caracterizam o cenário social brasileiro.
Há, todavia, uma tendência latente a “resolver” esses “problemas urgentes” via implementação de políticas ativas em vários setores de notórias carências sociais e, de fato, a componente “social” do novo governo cresceu bastante em relação à estrutura administrativa existente até então, com as previsíveis novas fontes de pressão sobre o orçamento. Resta saber se a política do “pau na máquina” permite, efetivamente, resolver os problemas que se pretende encaminhar por via administrativa. Alimentar os carentes, por exemplo, é uma tarefa gigantesca e auto-perpetuadora, com dispêndio de recursos nos meios – cadastro, distribuição física e controle dos resultados – e uma ingente repetição dos mesmos “remédios” em todas as fases do processo. Existem certamente formas mais eficientes de se despender o dinheiro público, atuando talvez na “produção” de emprego e na “criação” de renda de maneira a gerar um circulo virtuoso no próprio processo produtivo, não necessariamente na demanda agregada (elogiável e keynesianamente correta, mas de difícil sustentação em condições de precário equilíbrio orçamentário).
Um pouco de auto-contenção seria recomendável nesta fase de testes.

3. Os novos “amigos do social”: atenção com os aliados
Todo governo tem amigos sinceros, os de sempre (e conhecidos), um imenso contingente de novos amigos, pouco sinceros e de fato oportunistas, e um número indeterminado de novos lobistas em favor de alguma “causa importante”. Na verdade, se trata dos velhos lobbies do passado, mas reciclados em “amigos do social”, mas que são ainda mais amigos do poder e de suas inestimáveis possibilidades de distribuição de recursos. Basta conferir uma agenda de endereços ou a lista de chamadas telefônicas registradas pela secretária para verificar como a mesma fauna se reproduz nos mesmos gabinetes, agora sob responsabilidade de novos ocupantes, pouco afeitos a esse tipo de manobras em favor de políticas ativas em tal ou qual setor.
Mesmo entre os velhos amigos, existem aqueles unicamente preocupados em reivindicar a “recuperação das perdas do passado”, o que promete uma irônica inversão de papéis entre velhos e novos guardiães do Tesouro. Velhos acadêmicos por certo retomarão o antigo slogan sobre a necessidade de um governo que se ocupe de “algo além da estabilidade monetária”, o que também não deixa de ser incômodo do ponto de vista ideológico. Configura-se, portanto, uma pressão irreprimível pela conformação de políticas setoriais ativas e pela “restauração” de vários segmentos sociais “massacrados” por anos de política austera e insensível. Todos – industriais, agricultores, universitários, cientistas, funcionários, aposentados, artistas, coletores de frutas nativas – têm uma causa a defender, que geralmente se confunde com o interesse nacional ou com alguma prioridade estratégica do ponto de vista do emprego e da renda agregada. Difícil resistir.

4. A turma do “Projeto Nacional”: o que fazer com ela?
Justamente, falando de interesse nacional, existe uma categoria especial de formuladores do destino pátrio que invariavelmente se reflete nas lamúrias em torno da falta de um “projeto nacional”. Ele pode ser setorial – no terreno científico e tecnológico, por exemplo – ou pode mesmo ser global, como algumas velhas receitas acadêmicas (geralmente anti-globalização) recomendam. Em qualquer hipótese, é promessa de dias e dias, noites e noites, meses de discussão acalorada para uma “proposta de consenso”, geralmente um grosso calhamaço com muitos pontos de dissenso e várias generalidades que ainda necessitarão detalhamento operacional e (sobretudo) quantificação orçamentária. Alguém tem idéia de quantos “projetos nacionais” existiram na história do Brasil (no regime republicano obviamente)? Eles foram registrados, têm copyright ou, pelo menos, funcionaram na prática? Foram de baixo para cima – alguém é capaz de citar um? – ou de cima para baixo (ao estilo varguista)?
Enfim, sempre existirão os que acham absolutamente indispensável dispor de um projeto nacional antes de passar à ação. Que seja: o pacto social está aí para isso mesmo e pode-se mesmo trabalhar de maneira concreta, com idéias registradas e prontas para serem testadas, mediante um conselho de desenvolvimento econômico e social que precisa ser representativo de todos aqueles setores que “contam” (no PIB e na opinião pública). Um pouco de utopia não faz mal a ninguém e ela existe precisamente para impulsionar novas idéias, mobilizar iniciativas e energias e permitir um grau superior de esforço concentrado em favor de algum objetivo transcendente.
Tudo depende de bem determinarmos em que direção deve incidir esse esforço. Eu, por exemplo, proponho que ele incida prioritariamente sobre a escola pública nos dois primeiros níveis e no ensino técnico profissionalizante: como melhorar sua qualidade, como introduzir mecanismos de aperfeiçoamento e de avaliação contínuos dos professores, como aumentar os recursos para o ensino em todos os níveis. De modo geral, não recomendaria que se fizessem esforços no setor produtivo, pois aqui as possibilidades são propriamente infinitas e a iniciativa privada pode fazer melhor que qualquer governo.

5. Medindo resultados antes que eles aconteçam: um pouco de futurologia
Se ouso praticar um pouco de astrologia social, meu ceticismo natural – que não é doentio, mas geralmente desconfiado das virtudes dos governos, talvez por anarquismo – indicaria que as energias e esforços da nova maioria social vão acabar reproduzindo as preferências das coalizões organizadas em torno do governo, cujo perfil não é difícil adivinhar. Pode-se esperar, assim, várias “políticas ativas” em setores considerados estratégicos do ponto de vista econômico (com ênfase na indústria), do desenvolvimento tecnológico, da defesa da soberania do País, enfim, aqueles que lograrem transmudar-se em projetos coerentes e quantificados. A peça orçamentária de 2004 começará a refletir essa nova realidade, que cabe portanto seguir com um certo grau de detalhamento no curso dos próximos meses. Estarei sendo pessimista?

6. Tirando minhas conclusões: conseguiremos nos lembrar das crianças?
Se ouso ser realista – ou estarei sendo apenas maldoso? –, diria que a nova maioria social conseguirá, ao cabo de três ou quatro anos de políticas ativas, salvar a burguesia e todos os seus bens (industriais e banqueiros reunidos no mesmo partido reformista). Os antigos ganhadores continuarão ganhando numa situação de mudança que será lenta, gradual e restrita, e os antigos perdedores continuarão perdendo relativamente, ainda que com direito a discurso e afagos desta vez.
Quem são os perdedores? Do meu ponto de vista são as crianças em geral, as crianças pobres em particular, que necessitariam de quatro vezes mais recursos do que o disponível atualmente para mantê-las bem alimentadas, vestidas e provistas de livros nas escolas que deveriam funcionar em turnos ampliados. Não há maneira de resolver, agora, o problema dos adultos pobres, mesmo analfabetos e sem emprego, pois o dispêndio teria de ser então muito maior, para resultados duvidosos no terreno da prática. O investimento nas crianças não produz, obviamente, resultados em quatro anos, talvez em dez ou quinze, mas se não começarmos agora não teremos resultado algum nem em quatro ou em oito anos.
Não gostaria de, ao retomar este texto em quatro anos, chegar à conclusão de que a burguesia vai muito bem, obrigado, no novo Brasil, e que as crianças pobres continuam, sim, existindo como antes, “a despeito dos esforços conduzidos”.

7. Uma proposta modesta: que tal, por uma vez, nos ocuparmos dos pobres?
A mudança social no Brasil deveria começar por objetivos muito modestos, quase que prosaicos em sua simplicidade governativa: coloquemos todas as crianças em escolas de qualidade, façamos um esforço brutal na formação e treinamento de professores (bem remunerados obviamente) e acompanhemos essas crianças em direção de estágios mais avançados de formação, não necessariamente no caminho do ensino superior, mas do ensino médio de igual ou melhor qualidade que a melhor das escolas primárias no Brasil e dos cursos de capacitação profissional que, melhor do que os “canudos”, contribuirão para incorporar ao mercado de trabalho imensos contingentes de cidadãos brasileiros hoje excluídos de qualquer possibilidade de aumento de renda e de bem estar.
Reputo essencial que esse esforço concentrado se faça, à frente e acima de quaisquer outras prioridades “setoriais” do novo governo, pois ele é a única garantia de que, dentro de quatro ou oito anos, o panorama social brasileiro comece de fato a ser transformado no sentido pretendido pela nova maioria. Não tenho certeza de que o famoso coeficiente de Gini (que mede a concentração da renda) – teimosamente estacionado em patamares vergonhosos durante os últimos anos, ou décadas, de baixo crescimento econômico – será alterado de forma dramática ao cabo desse esforço concentrado, mas tenho sim certeza de que ele não se modificará se nada for feito no terreno educacional e da capacitação profissional.

Anexo: Pensando um pouco adiante: como conciliar políticas sociais e políticas setoriais na administração da nova maioria.
Para não terminar de maneira pessimista, gostaria de reafirmar minha confiança na capacidade da nova administração em conduzir o processo de mudança no sentido apontado acima, com a preservação da estabilidade econômica e da abertura econômica internacional, que considero indispensáveis à consecução dos demais objetivos sociais.
O problema que vejo na consecução das metas transformistas se situa na própria concepção do processo governativo que parecem ostentar determinados setores da nova maioria. Essa concepção se situa na linha de continuidade do Estado interventor, na mentalidade de que o governo “precisa” corrigir, redirecionar, estimular determinados impulsos “naturais” dos mercados, de molde a poder criar um ambiente mais “propício” ao crescimento econômico com desenvolvimento social. Longe de mim proclamar uma volta ao laissez-faire e a concepções doutrinais típicas de um liberalismo impraticável nas modernas condições do jogo econômico. Mas denoto uma inclinação espontânea dos principais responsáveis políticos da nova maioria por um tipo de ação que faça do Estado uma entidade capaz de orientar o mercado na direção das “boas políticas” setoriais (elas só podem ser setoriais, pois os mercados normalmente são segmentados), o que redunda na inevitável concentração de recursos públicos nos setores politicamente mais ativos (que nunca são, obviamente, as crianças pobres, mas marmanjos fortes e espertos).
Talvez um critério simples possa permitir separar as políticas “necessárias” daquelas que são apenas “complementares” ao objetivo principal, que suponho ser o da diminuição da desigualdade social, não a transformação do Brasil em grande potência econômica, tecnológica ou mesmo militar (condições que serão sempre decorrência dos investimentos educacionais, não suas fontes primárias). Esse critério seria o de que, na formulação das políticas setoriais, atenção especial deve ser dada aos efeitos que tais investimentos terão na disseminação de políticas horizontais de igualdade de chances. Em termos concretos e para citar apenas um exemplo, algum acréscimo de investimentos na educação de terceiro grau teria de ser pensado na perspectiva de seus efeitos sobre os ciclos iniciais de ensino público, em suas diversas vertentes, diretas e indiretas. Não é obviamente fácil determinar o grau de “inclusividade educacional” de determinadas ações do “Estado indutor”, na medida em que essa indução se prende a objetivos diretamente produtivos, mas um pouco de treino e algum bom-senso podem ajudar.
Em todo caso, deixo aqui registrado (ainda que de forma reservada e não destinada a publicação) o meu pensamento geral – contra políticas setoriais muito ativas por parte do Estado, em especial contra políticas intervencionistas no setor produtivo – e o meu pensamento particular – a prioridade absoluta para o ensino público de qualidade e o apoio às crianças pobres – neste início de um novo governo que promete, mais do que em qualquer outra época da história nacional, transformar o Brasil de maneira radical no curso dos próximos quatro ou oito anos. Não podendo eu mesmo contribuir diretamente – por especialização profissional de origem ou falta de oportunidade administrativa – para esse processo de mudanças, pretendo registrar escrupulosamente, de maneira honesta e objetiva, a substância mesma do movimento mudancista e oferecer, ao cabo daqueles prazos, uma avaliação ponderada sobre os resultados alcançados.
Os dados estão lançados: rendez-vous na primeira etapa de balanço da nova situação.

Washington, 984: 16 e 17 novembro 2002;
 revisão, atualização: 29 dezembro 2002

terça-feira, 24 de maio de 2016

Fundo Soberano: um dos grandes crimes economicos do lulopetismo - Paulo Roberto de Almeida

Meu take sobre uma das medidas anunciadas neste dia 24 de maio de 2016 pelo governo interino: 

Um dos grandes "crimes econômicos" do PT: o Fundo Soberano.
O governo interino anunciou hoje a liquidação do mal denominado "Fundo Soberano", que não era nem Fundo, nem Soberano, e que NUNCA deveria ter sido criado, uma vez que o Brasil NUNCA reuniu os dois principais requerimentos para exibir um: superávit fiscal e superávit de transações correntes. Esse Fundo foi uma completa fraude, e talvez uma medida para que o governo inepto e corrupto dos companheiros tivesse acesso a alguns bilhões de reais (em dólares) para seu uso SEM CONTROLE do Legislativo.
O governo anunciou que pretende recolher R$ 2 BILHÕES desse Fundo, mas não é dito que esse Fundo já contou, de forma muito heterodoxa aliás, mais de R$ 15 BILHÕES, que poderiam ter rendido pelo menos mais 5 ou 6 bilhões.
Acontece que o governo corrupto do PT enfiou pelo menos um valor equivalente em ações da Petrobras, compradas na alta, que simplesmente se VOLATILIZOU com a Grande Destruição perpetrada pelos assassinos econômicos. Ou seja, nós, brasileiros, o Brasil, perdeu mais de 15 bilhões com a inépcia (para não dizer a corrupção) companheira.
Este é um dos MAIORES CRIMES ECONÔMICOS do PT, que deve ser devidamente contabilizado pelos analistas.
 
Dois anos atrás eu já escrevia sobre essa fraude companheira: 

Crimes econômicos do lulo-petismo: o Fundo Soberano do Brasil


Dentre todos os crimes econômicos do lulo-petismo - e eu não estou considerando as patifarias deliberadas, que são muitas, apenas os erros catastróficos de gestão - este avulta como um dos maiores, disputando acirradamente o primeiro lugar com as incompetências no setor de energia (todas as formas: eletricidade, combustíveis, exploração de petróleo, etc.), os gastos inacreditáveis com as refinarias (Pasadena, Abreu e Lima, Maranhão), os "investimentos" do BNDES ou a ainda mais inacreditável transposição das águas do São Francisco.
Começa que o FSB não é um Fundo, não é Soberano e tampouco é do Brasil, sendo mais apropriadamente uma Falcatrua Surpreendente dos Bolcheviques do PT, uma inacreditável história de incompetência, de má gestão e desastres sucessivos, que causaram um imenso prejuízo contábil efetivo, e uma outra perda incomensurável, pouco aferível, do lado do custo-oportunidade. Começa pelo fato de que o Brasil, comparado a todos os demais países que mantêm FSs, é justamente um país que reúne todas as condições para NÃO ter um FS. Ele não tem nem superávit fiscal, nem de transações correntes. De onde saíram os recursos para o FSB? Como é que um país, administrado por idiotas e criminosos econômicos, se endivida em Selic - média de 11% - para obter um rendimento abaixo de 4%??? Como se fez isso? Quem permitiu? Onde estão o Congresso, o TCU, o MP, a PG-FN, que nunca controlaram isso? Onde estão os relatórios de gestão do FSB?
Esses criminosos econômicos do PT, a começar pelo Ministro da Fazenda e pelo Secretário do Tesouro, deveriam ser processados por crimes repetidos de responsabilidade econômica, serem demitidos e enfrentar cadeia, o que aconteceria em qualquer país sério. 
Procurem neste blog tudo o que eu já escrevi contra o FSB, um dos maiores crimes econômicos, dentre muitos outros, cometidos pelos lulo-petistas, neste caso petralhas, contra o Brasil. 
Paulo Roberto de Almeida
 
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 Meu colega blogueiro Felippe Hermes, do blog Spotniks, também escreveu sobre esse Fundo numa postagem feita nesse blog em 23 de setembro de 2014, sob este conjunto de ações alopradas:

 (...)
Fundo Soberano
Prática comum em países com um forte superávit em transações correntes – ou seja, em excedente de dólares – a prática de criar um fundo de investimentos para aplicar em outros países e projetos seduziu o governo brasileiro, na onda da “descoberta” do Pré-Sal.
Assim como não possuiu um superávit em transações correntes – o que em geral ocorre em países produtores de petróleo, como os árabes – o fundo soberano brasileiro também não possui foco em investimentos no exterior. Seus recursos, cerca de R$15 bilhões, foram destinados a compra de ações de empresas estatais brasileiras, como a Petrobrás, em parte do processo de capitalização da empresa para suportar os investimentos no Pré-Sal.
O Fundo, que era dono de R$12 bilhões em ações da estatal, viu seu valor cair 40%, e invertendo a lógica do mercado, vendeu na baixa, depois de ter comprado na alta.
Atualmente o fundo ainda é dono de R$2,5 bilhões em ações do Banco do Brasil, e possui 80% de seu patrimônio investido em uma conta do próprio governo, com remuneração de 98% da taxa Selic.
Prejuízo estimado – R$4,4 bilhões.