Mini-reflexão à margem das eleições intermediárias
Paulo Roberto de Almeida
Agora que o PT foi amplamente derrotado, de Norte a Sul, quantos bolsonaristas não ideológicos — isto é, os que apoiavam o capitão menos por convicção e mais por oposição, rejeição, medo ou ódio da esquerda — não se sentirão mal representados por um capitão tosco, ignorante, negacionista, que envergonha o Brasil no mundo, como aliás no próprio Brasil?
Tenho a impressão que muitos largarão esse lastro nauseabundo, jogando-o ao pequeno mar dos fanáticos, para seguir viagem no oceano da política de forma mais leve e menos angustiada com alguma paúra ideológica.
Quem ganhou, nas recentes eleições, não foi a direita, ou o conservadorismo, contra uma esquerda supostamente única, e sim a sensatez e o foco nos problemas reais das cidades, contra as divagações abstratas e vazias, de direita ou de esquerda.
Acredito que o número de eleitores “bolsonaristas” diminuirá significativamente daqui até 2022, inclusive porque o capitão não corre nenhum risco de melhorar. Ele continuará obtuso e fanático como sempre foi, envergonhando o Brasil e os brasileiros cada vez que pode, inclusive ao inventar inimigos imaginários: o voto eletrônico, o comunismo, as ONGs estrangeiras, etc.
Outro derrotado foi o projeto de poder de alguns caciques evangélicos.
Acreditem: o eleitorado brasileiro, na sua aparente baixa educação política, é menos ingênuo do que se supõe.
E não é o conservadorismo que prevalece, e sim o bom-senso.
Quanto à esquerda, sim, ela continuará existindo e presente, enquanto o Brasil continuar com pobreza e concentração de renda de um lado, e crenças ingênuas no distributivismo estatal de outro.
O que faz falta, sim, tanto na esquerda quanto na direita, são estadistas. Esse, sim, será um artigo faltante no mercado da política enquanto nossas elites continuarem medíocres, predatórias e incompetentes.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30/11/2020