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sábado, 10 de novembro de 2018

Por que sou um contrarianista? - Paulo Roberto de Almeida

Por que sou um contrarianista?


Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: minha postura básica; finalidade: caráter didático]


No contexto do imenso supermercado de ideias, que todos nós frequentamos na vida acadêmica, na vida profissional, ou em qualquer outro tipo de situação social ou de condição pessoal – e em face de todas as ofertas de ideias, ideologias, opções políticas, filosóficas, religiosas, ou quaisquer outras que são oferecidas nas estantes abertas e nas geladeiras fechadas desses estabelecimentos, em sua variedade infinita, e com produtos sempre renovados, alguns até atraentes e “novedosos” –, confesso que a postura que melhor se enquadra em minhas preferências pessoais, a que melhor combina com meu modo de ser, com a minha maneira de encarar o mundo, o ceticismo sadio me parece ser a mais adequada a meu espírito rebelde. Já explico do que se trata, mas, antes, uma outra digressão sobre minhas opções preferidas no supermercado de ideias.
Considero-me não apenas um cético – mas não doentio, como pode revelar o adjetivo sadio –, mas sobretudo um contrarianista, condição que deve ser vista não como o equivalente de algo próximo a um negativista sistemático, mas justamente como o complemento, talvez radical, de minha atitude básica em favor do ceticismo sadio. O contrarianista é aquele que, apresentado a qualquer argumento, afirmação, lição, tese, hipótese ou defesa de tal ou qual postura ou proposta, levanta o dedo e diz de imediato: “Espere um pouco, vamos examinar essa questão mais de perto”. Ou então: “Certo, mas vamos considerar o que poderia desmentir tal afirmação, vamos examinar em quais circunstâncias sua proposta pode ser válida, ou se existem elementos que a contestem, ou invalidem”. Resumindo, pode ser algo próximo da frase em inglês que diz: “Think again”. Ou seja, pense duas vezes, antes de concretizar sua proposta ou de validar a sua afirmação. Desse ponto de vista, minha postura ao considerar-me um contrarianista corrobora, de certa forma, minha opção pelo ceticismo sadio.
Os dois parágrafos acima querem simplesmente dizer que eu nunca vou “comprar” um produto, no supermercado de ideias, sem antes examinar cuidadosamente seus componentes, proceder a uma análise, mesmo rudimentar, de custo-benefício – isto é, o produto vale o que se pede por ele? –, pensar nas consequências de seu consumo ou utilização, e verificar se não existem produtos alternativos, que melhor se encaixem em minhas preferências de “consumidor”, ou de aderente a uma ideia ou ideologia que se me oferece naquela feira livre de opiniões, no supermercado de ideias e ideologias. Tem sido assim desde os tempos remotos de minha formação intelectual, e antes em face de certas angustias religiosas, que se me apresentaram na catequese da primeira comunhão, antes, portanto, de adentrar na adolescência. 
Desconfie sempre do que pretendem lhe fazer acreditar, foi essa a minha atitude precoce quando, vindo de um ambiente familiar marcado por uma adesão natural ao culto católico, fui levado a frequentar os bancos da igreja, onde eu simplesmente deveria decorar, e repetir, aquele conjunto de respostas simples, e simplistas, que deveriam nos preparar a uma santa primeira comunhão. Em resumo, primeiro me tornei um agnóstico – o que já quer dizer um cético –, depois fui sendo levado a uma postura de indiferença prática com respeito aos cultos religiosos, o que combina inteiramente com a minha definição no que tange essa questão: sou um irreligioso, ponto. 
Atenção: isso não quer dizer ateu, pois o ateu é comumente definido como aquele que não crê em Deus, ou em qualquer deus. Isso não tem nada a ver com a minha posição em face dessa questão, que para mim é uma não-questão: a ideia de deus não faz o menor sentido para mim, não tem qualquer substância lógica, qualquer fundamento empírico, e portanto não posso considerar que se trate de uma questão de escolha, acreditar ou não acreditar. Devo essa primeira atitude contrarianista em relação à religião às minhas leituras de história e de ciências sociais em geral, que eu fazia na biblioteca pública de meu bairro desde que aprendi a ler na escola primária. Monteiro Lobato foi uma constante nessa fase, em especial o livro “História do Mundo para as Crianças”, uma tradução e adaptação de obra original americana, que li várias vezes, e posso dizer que praticamente devorei e decorei o livro. Com ele, muitos outros desse autor, e quaisquer outras leituras interessantes que se me apresentassem, em especial literatura de viagens e de aventuras, como Jules Verne, Emílio Salgari, Karl May.
A postura política, ou a filosofia social, ou ainda, a ideologia social veio depois, quando eu já tinha resolvido aquela primeira questão, e foi colocada simultaneamente ao golpe militar de 1964, quando eu entrava na adolescência e buscava, portanto, me informar melhor sobre o que estava acontecendo no país. Fui naturalmente levado a me posicionar contrariamente ao regime militar, depois de uma primeira e feliz adesão ao “golpe”, que correspondia ao “alívio” que uma família de classe média baixa, como era a minha, podia sentir em face do término da grande bagunça, da ameaça inflacionista, do grevismo agressivo, que marcaram os anos turbulentos do governo João Goulart. Digo que fui “naturalmente levado” porque quase toda a literatura de cunho político a que se tinha acesso naqueles primeiros anos do regime militar, nos estabelecimentos de ensino em que convivi, ou tinha contatos, era predominantemente de esquerda, a despeito de um esforço sincero do governo, mas canhestro e mal apresentado, de convencer os brasileiros que eles tinham sido “salvos do comunismo”. 
Lembro-me, por exemplo de uma edição especial da revista americana, fartamente distribuída naqueles anos, Seleções do Readers’ Digest, com a tradução em português de um longo artigo que se chamava algo assim: “A nação que se salvou a si mesma” (ou seja, os americanos não tinham nada a ver com o golpe). Os materiais da esquerda, por sua vez, asseguravam que “o golpe começou em Washington”. Mesmo jornalistas que, ao início se posicionaram a favor da intervenção militar, logo se colocaram em oposição ao regime, sem que eu percebesse imediatamente as razões. Também me lembro de ter lido, logo em 1965, uma seleção de artigos de Carlos Heitor Cony, “O Ato e o Fato”, que já traduzia essa contrariedade com os caminhos do regime militar. Isso já era contemporâneo às minhas primeiras leituras de literatura marxista.
Pois bem, mesmo lendo já intensamente o material de esquerda disponível, de nível universitário (a que tive acesso precocemente, talvez dois ou três anos antes de ingressar no ensino de terceiro ciclo), eu nunca deixei de acompanhar o “outro lado”, como se poderia dizer. Em outros termos, a despeito de ter sido conquistado, também precocemente, por uma posição de esquerda, e de me ter familiarizado muito cedo toda a literatura marxista, eu nunca deixe de ler todas as críticas disponíveis ao marxismo, que também entravam em minha lista de leituras. Ou seja, ao lado de Marx e Lênin, eu lia Raymond Aron e Roberto Campos, o que me fez afirmar, desde muito cedo, que eu era um “marxista não religioso”, ou seja, não aderente a um culto exclusivo.
Assim foi sendo construída minha formação intelectual, impregnada desde cedo de marxismo, ou de socialismo, e no entanto aberta à leitura dos críticos inteligentes de “direita”, como podiam ser considerados os dois acima citados. No plano prático, sendo um aderente a certas ideias, mas não um “true believer”, nunca considerei me filiar a qualquer partido político de qualquer tendência que fosse, ainda que partilhasse de modo amplo das posições da esquerda, mas de uma esquerda não dogmática, não religiosa, como já afirmei. Sendo de esquerda, como estava convencido que era, sendo socialista pelo lado da ideologia econômica, nunca apreciei o sistema soviético, e menos ainda o ridículo das posições maoístas, que me pareciam justamente beirar um tipo de fanatismo religioso. Por leituras também precoces de Rosa Luxemburgo – uma crítica de esquerda do bolchevismo –, sempre tive objeção ao sistema opressivo construído pelos bolcheviques e mais rejeição ainda tinha às posturas ridículas dos maoístas brasileiros, que me pareciam uma seita tresloucada. No auge de minha adesão às posturas de esquerda, no máximo fui um defensor da Revolução cubana, como muitos jovens de esquerda de minha época, mas desde o final dos anos 1960 eu estava acompanhando o que se passava na ilha, a repressão aos intelectuais e a condenação praticamente stalinista de “dissidentes” do PCC, como a fração Escalante. Na verdade, eu também já tinha lido a biografia de Stalin, por Isaac Deutscher, um trotsquista, e não podia, obviamente, aderir a um psicopata exemplar, ainda que comunista. 
Fui portanto aperfeiçoando a minha cultura política e econômica, com base num conjunto de leituras que eu chamaria de ecléticas, ou seja, pertencendo a todas as correntes de opinião e a todas as vertentes da teoria e do universo doutrinal das ideias políticas. Mais importante ainda: fui, desde muito cedo, um leitor constante de jornais, sobretudo do reacionário e burguês O Estado de S. Paulo, extremamente interessante, ainda que de direita. Não perdia um suplemento cultural nos fins de semana, e lia todos os grandes artigos de opinião e ensaios eruditos, traduzidos, que eram publicados nas edições de domingo. E mais importante ainda: sempre fui um observador atento da realidade, mais do que um aderente ingênuo ao que lia nas páginas dos livros ou nas folhas de jornais. Viajante precoce no Brasil e no Cone Sul, também pude ver o Brasil e o mundo sob outras perspectivas que não as exclusivamente nacionais, e também esforçava-me desde cedo para ler em outras línguas, com dicionário do lado. 
Quando saí pela primeira vez do Brasil, ainda jovem estudante universitário, abandonando no segundo ano o curso de Ciências Sociais da famosa FFLCH da USP, fui direto ao socialismo – na então República da Tchecoslováquia –, decidido a continuar ali meus estudos. Começou ali mesmo a revisão também precoce de minhas crenças, se existiam, nas virtudes do socialismo: a experiência prática de um sistema fatalmente erigido sobre a utopia é o melhor antídoto que se possa ter contra qualquer adesão ingênua a credos a partir apenas da leitura dos profetas do culto. Abandonei o socialismo em menos de três meses, e me instalei por quase sete anos no capitalismo da Europa ocidental, para trabalhar e dar prosseguimento a meus estudos de ciências sociais. A primeira coisa que fiz quando retomei esses estudos na universidade de Bruxelas foi elaborar uma lista imensa de leituras, o que me levou a permanecer a maior parte do tempo na Biblioteca do Instituto de Sociologia. Foram anos e anos de contato direto com as estantes internas, graças à boa vontade das bibliotecárias. 
Mantive, durante muitos anos, cadernos quadriculados para anotações de leituras, cada um dedicado a um campo do conhecimento: sociologia, antropologia, história, Brasil, e naturalmente marxismo. Ainda os conservo, embora minhas notas tenham sido retomadas no computador, desde que o equipamento esteve disponível, mas isso foi bem depois de terminar a tese de doutorado: esta foi feita inteiramente na máquina de escrever, uma elétrica, que me custou quase tanto quanto um carro usado.
Nunca deixei de viajar, por todos os capitalismos reais e socialismos surreais, o que é uma boa maneira de aprender, bem como de desmentir, e recusar, afirmações desprovidas de qualquer fundamentação empírica, o que podia ocorrer de ambos os lados das ideologias então em disputa: as democracias burguesas e o capitalismo, de um lado, as repúblicas populares de sistemas socialistas, de outro. Não é preciso dizer o que resultou dessa confrontação direta, na teoria e na prática, entre os dois sistemas de crenças, ou de realidades. Depois de ter sido um socialista estatizante, tornei-me um socialista light, ou seja, reformista e alinhado com a socialdemocracia, até converter-me totalmente aos regimes de democracia de mercado e de livre economia. Mas isso não apenas teoricamente, o que também seria válido, mas basicamente em função de uma vivência direta, um conhecimento íntimo sobre como não funcionam os sistemas socialistas, e como podem ser obstrutores da criação de renda e riqueza os sistemas dominados pelo Estado.
O que explica o atraso do Brasil, o que está na origem dos nossos problemas e o que nos impede de nos tornarmos uma nação rica, uma economia avançada e uma sociedade próspera e aberta? Acho que nem preciso responder. O Brasil acaba de ser rebaixado, no mais recente relatório sobre as liberdades econômicas no mundo, à quarta categoria de países, aqueles que simplesmente não são livres, depois de ter estacionado durante anos na terceira categoria, os parcialmente não livres, o que é uma vergonha. 
Por isso mesmo sou um contrarianista a tudo o que vejo em nosso país, e prefiro manter o meu ceticismo sadio a propósito de todas as políticas públicas implementadas em nosso país desde sempre, atualmente, e possivelmente no futuro também. O Brasil é, das supostas democracias de mercado o país mais “socialista” que existe, não tanto por um regime econômico estritamente definido, mas pelo peso do Estado, da burocracia, do corporativismo, do dirigismo, do intervencionismo, do protecionismo, das formas mais disformes de corporativismo, nepotismo, prebendalismo, fisiologismo, e vários outros ismos que, inevitavelmente, alimentam nossa frondosa e ativa corrupção, em todas as esferas da vida pública. 
Isso vai mudar um dia? Possivelmente, mas não antes de uma revolução mental que nos retira dessa humilhante crença nas virtudes supostamente distributivistas do Estado, e façam do Brasil um país simplesmente simpático à iniciativa privada, que nos remeta a um regime de amplas liberdades, em todas as esferas da vida pública, justamente. Vai ser difícil, reconheço, pois as mentalidades dos formadores de opinião – acadêmicos, jornalistas, “intelequituais” em geral – estão amplamente comprometidas com uma visão do mundo dominada pela regulação estatal, pela “justiça social”, pelo igualitarismo ingênuo, pelo anti-capitalismo visceral. É duro, mas é forço reconhecer que é assim.
Vou continuar defendendo meu ceticismo sadio, e sendo um contrarianista em todas as áreas de atividades que me forem concedidas atuar. Acho mais racional...


Paulo Roberto de Almeida


Na estrada, entre Porto Alegre e Santa Maria, RS, 9 de novembro de 2018

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Celso Lafer: dois volumes de seus escritos quase prontos (Funag)

Estamos ultimando a preparação deste livro, que deve ficar pronto ainda este mês:

Relações Internacionais, Política Externa e Diplomacia Brasileira: Pensamento e Ação
Celso Lafer
(Brasília: Funag, 2018, 2 Volumes)


Primeira orelha: 

            Um dos mais importantes intelectuais brasileiros, Celso Lafer foi por duas vezes ministro das Relações Exteriores (1992 e 2001-2002), ao lado de outros relevantes cargos exercidos tanto na academia – em especial como professor na Faculdade de Direito do Largo de S. Francisco –, quanto no setor público, no Brasil e no exterior – embaixador do Brasil em Genebra (1995-98), ministro do Desenvolvimento e da Indústria e Comércio (1999) –, bem como no setor privado, ademais de uma intensa presença na cultura brasileira, notadamente como um dos pioneiros do estudo das relações internacionais no Brasil. Sua produção intelectual se estende ao longo de várias décadas, sob a forma de livros, artigos, conferências e outras manifestações de seu vasto conhecimento sobre o Brasil e o mundo. Foi também editor da revista Política Externa.
            A presente coletânea recolhe uma significativa parte de seus muitos escritos, entrevistas e pronunciamentos, e pretende oferecer aos leitores interessados, assim como a todos os estudiosos da vida diplomática no Brasil e no mundo, uma amostra daquilo de mais significativo que sua inteligência, cultura e experiência profissional acumularam ao longo de mais de meio século de atividades intelectuais e no campo da política externa e diplomacia. Os textos foram distribuídos em função de sua vinculação temática em cinco partes sucessivas: a reflexão da experiência, o Itamaraty, as relações internacionais, a política externa brasileira e personalidades da política internacional e da cultura mundial.

Segunda orelha: 

Celso Lafer (São Paulo, 1941) foi até a sua aposentadoria em 2011 Professor-titular do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da USP, da qual é professor emérito, tendo exercido por duas vezes (1992e 2001-2002) o cargo de Ministro de Estado das Relações Exteriores; é PhD em Ciência Política pela Universidade de Cornell, EUA (1970) e obteve a livre-docência em Direito Internacional Público na Faculdade de Direito da USP em 1977. Foi presidente do Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio, em Genebra, assim como do seu órgão de solução de controvérsias. Tem obras publicadas no Brasil e em diversos outros países. 

Quarta Capa:

“É com satisfação que a Fundação Alexandre de Gusmão publica Relações Internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação, do professor Celso Lafer, embaixador e ex-ministro das Relações Exteriores. O livro reúne coletânea de textos ligados ao direito, às relações internacionais e à política externa brasileira, criteriosamente selecionados pelo autor e extraídos de sua vasta produção literária e científica. (...) A experiência como diplomata e chanceler colocou o extraordinário preparo acadêmico a serviço da arte da diplomacia e aos desafios de quem por ofício, em dois governos distintos, ajudou na formulação e respondeu pela condução da política externa brasileira. Seu papel e sua influência na sociedade transcendem essa experiência circunstancial. Seus livros, ensaios, artigos, entrevistas e comentários na mídia nas últimas décadas dão a medida de sua importância como formador de opinião. Na verdade, Celso inspirou várias gerações de brasileiros e despertou vocações pelo seu exemplo e pelo conhecimento profundo dos temas.”

Da apresentação do embaixador Sergio Eduardo Moreira Lima, presidente da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag).


“Há quase quarenta anos tenho o privilégio de conviver e conversar com Celso Lafer sobre alguns dos temas sobre os quais escreve. Conhecia praticamente todos os textos aqui publicados. Sobre alguns, trocamos ideias antes de sua versão final. Ainda assim, a leitura dos artigos me surpreendeu. Em primeiro lugar, pelo volume. Mais de uma centena de textos, de formatos diversos, que foram apresentados em periódicos, conferências, depoimentos no Congresso e em jornais. Há ensaios acadêmicos mais longos, com vocação analítica e, de outro lado, textos curtos, jornalísticos, em cima de questões candentes e polêmicas. Estavam dispersos, publicados em veículos diversos, alguns de difícil acesso. Daí ser tão oportuna e bem-vinda a sua republicação.”

Do prefácio do embaixador Gelson Fonseca Jr., diretor do Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD-Funag).


“A trajetória intelectual de Celso Lafer se confunde com a própria evolução dos estudos e da prática das relações exteriores do Brasil no último meio século, mas estes dois volumes reproduzem apenas uma pequena parte de sua gigantesca produção acadêmica, profissional ou jornalística... (...) Estes textos reproduzem meio século de ideias, reflexões, pesquisas, andanças e um exercício direto de responsabilidades à frente da diplomacia brasileira, em duas ocasiões, e, através dela, de algumas funções relevantes na diplomacia mundial, como a presidência do Conselho da OMC, assim como em outras instâncias da política global. Celso Lafer esteve à frente de decisões relevantes em alguns foros decisivos para as relações exteriores do Brasil, na integração regional, no comércio mundial, nos novos temas do multilateralismo contemporâneo.Esta obra, construída ao longo de alguns meses de garimpo documental e de lapidação formal, a partir de um aluvião torrencial de pepitas preciosas que vinham sendo carregadas pelo fluxo heteróclito de publicações no decorrer de várias décadas, apresenta, finalmente, o que se espera seja uma obra de referência e uma contribuição essencial ao conhecimento da diplomacia brasileira e da vida intelectual em nosso país, a partir dos anos 1960 até aqui.”

Do posfácio do embaixador Paulo Roberto de Almeida, diretor do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais (IPRI-Funag).

Coordenador de produção: Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 8/11/2018

 


Volume 1
Apresentação (aguardar)
Prefácio – Gelson Fonseca Jr.(aguardar)
Índice do Volume 1
Introdução geral

Parte I – A reflexão da experiência
Parte II –Itamaraty
A instituição
Diálogos
Memórias
Parte III – Relações internacionais
A necessidade do campo
O campo teórico
Tópicos específicos 

Volume 2
Sumário 
Índice do Volume 2
Parte IV – A inserção internacional do Brasil: a política externa brasileira
O Brasil no mundo
Lições do passado
Parceiros vitais do Brasil 
Questões polêmicas
Parte V – Personalidades

Posfácio
Biobibliografia do autor 

Índice onomástico

Sumário Volume I


Apresentação (aguardar)
Prefácio
Gelson Fonseca Jr. (aguardar)
Introdução geral 
PARTE I
A reflexão da experiência
1.     Uma vida na diplomacia: entrevista ao CPDOC (1993)
2.     Reflexões sobre uma gestão: 2000-2002 (2003)                 
3.     Uma trajetória diplomática: entrevista à revista Sapientia(2012)

PARTE II
Itamaraty
A instituição
4.     A autoridade do Itamaraty (1992)
5.     O Palácio do Itamaraty: Rio-Brasília (2001)
6.     Uma diplomacia de fundação: O Itamaraty na cultura brasileira (2001)
7.     Rio Branco e o Itamaraty: 100 anos em 10 (2002)
8.     Rio Branco e a memória nacional (2012)
9.     Desatar nós: posse do secretário-geral Osmar Chohfi (2001)
10.  O retorno ao Itamaraty (2001)       

Diálogos
11.  José Guilherme Merquior: A legitimidade na política internacional (1993)
12.  Gelson Fonseca Jr.: A legitimidade na vida mundial(1998)          
13.  Sergio Danese: Diplomacia presidencial(1998)                
14.  Synesio Sampaio Goes: Navegantes, bandeirantes e diplomatas (2000)
15.  Fernando Barreto: Os sucessores do Barão, 1912-1964(2001)   
16.  Rubens Ricupero: A viagem presidencial de Tancredo (2010)      
17.  Gelson Fonseca: A diplomacia multilateral do Brasil (2015)
17bis. Paulo Roberto de Almeida: Formação da diplomacia econômica no Brasil (2001)

Memórias
18.  Horácio Lafer (1900-1965): sua atualidade (2015)            
19.  Diplomatas contra o Holocausto (2001)
20.  Saraiva Guerreiro: um empregado do Itamaraty (1992)
21.  As lições das memórias de Lampreia (2010)
                        
PARTE III
Relações internacionais
A necessidade do campo
22. O estudo das relações internacionais: necessidade e perspectivas (1982)
23. Discurso de agradecimento pelo prêmio Moinho Santista (2001)            
24. Discurso de agradecimento como professor emérito do IRI-USP (2012)

O campo teórico
25. A política externa, a paz e o legado da Grécia clássica (1982)                              
26. Os dilemas da soberania (1982)                                        
27. Karl Deutsch e as relações internacionais (1982)                                      
28. Aron e as relações internacionais (2005)                                                   
29. A Escola Inglesa: suas contribuições (2013)                                             
30. Andrew Hurrell: sobre a ordem global (2008)                                           
31. Zelotismo-Herodianismo na reflexão de Helio Jaguaribe (2013)   

Tópicos específicos 
33. Guerra e Paz: o painel de Portinari na sede da ONU (2004)
34. O desarmamento e o problema da paz (1984)
35. Direito e legitimidade no sistema internacional (1989)
36. Obstáculos a uma leitura kantiana do mundo no século XXI (2005)                    
37. Direitos humanos e democracia no plano interno e internacional (1994)
38. O GATT, a cláusula de nação mais favorecida e a América Latina (1971)
39. Comércio internacional, multilateralismo e regionalismo (1991)   
40. Reflexões sobre a OMC aos 50 anos do comércio multilateral (1998)     
41. Perspectivas da Argentina: Felix Peña (2004)                                           
42. Empresas transnacionais: Luiz Olavo Baptista (1987)                                         
43. O significado da Rio-92 e os desafios da Rio+20 (2002)
44. Mundo, ciência, diplomacia (2015)
45. Cúpulas ibero-americanas (1992)                                                              
46. O Diálogo Transatlântico: Carlos Fuentes (2013)
47. Armas nucleares (2017)
48. O mundo e os refugiados (2016)
49. União Europeia, 50 anos: lições do passado, desafios futuros(2007)
50. 60 anos do GATT e da Declaração Universal dos Direitos Humanos (2008)
51. Proteção de nacionais no exterior: decisão da corte da Haia (2004)
52. A independência do Kosovo e a Corte de Haia (2010)
53. Sobre o Holocausto (2011)

55. Variações sobre o tempo (2011)

Volume 2: 

PARTE IV
A inserção internacional do Brasil: a política externa brasileira

O Brasil no mundo
56. Segurança e desenvolvimento: uma perspectiva brasileira (1972)
57. Panorama geral da situação internacional (1981)
58. Representação, controle e gestão em política externa (1984)
59. Dilemas da América Latina num mundo em transformação (1988)
60. A inserção internacional do Brasil (1992)
61. Diplomacia e parlamento (1992)
62. Relações internacionais do Brasil: palestra na ESG (1992)
63. O mundo mudou (2001)
64. Repúdio ao terrorismo (2001)
65. O Brasil, sua gente e o Oriente Médio (2012)
66. O Brasil num mundo conturbado (2016)

Lições do passado
67. 1ª e 2ª conferências da paz de Haia, 1899 e 1907 (2010)
68. O Brasil e a Liga das Nações (2000)
69. Conferência do Rio de 1992 (1998)
70. Gerson Moura: a política externa de Vargas e Dutra (1992)
71. Diplomacia de JK: dualidade a serviço do Brasil (2001)
72. Política exterior brasileira: um balanço da década de 1970 (1981)
73. Brasil-EUA: história e perspectivas das relações diplomáticas (1982)
74. Possibilidades diplomáticas do governo Tancredo Neves (1985)
75. A viagem presidencial de Tancredo Neves: seu significado (1985)
76. A política externa do governo Collor (2017)
77. Reflexões sobre o 11 de setembro (2003)
78. Um olhar sobre o mundo atual (2015)
79. A herança diplomática de FHC (2004)
80. Ação, experiência e narração em FHC (2006)

Parceiros vitais do Brasil
81. Brasil-Argentina – uma relação estratégica (2001)
82. Relações Brasil-Portugal: passado, presente, futuro (2000)
83. A política externa do Brasil para a América Latina (2014)
84. O Brasil na América Latina (2013)
85. Reflexões sobre a CPLP: lusofonia, sonhos e realidade (2013)
86. Reflexões sobre o tratado de 1895 com o Japão (2015)

Questões polêmicas
87. A ONU, Israel e o sionismo (1975)
88. Entusiasmo no Itamaraty? (2003)
89. Partidarização da política externa (2009)
90. A política externa: necessidades internas, possibilidades externas (2006)
91. A política externa e a crise política (2005)
92. Variações sobre a política externa (2006)
93. Novas variações sobre a política externa (2007)
94. Diplomacia brasileira: novas variações críticas (2010)
95. Ahmadinejad no Brasil: um equívoco (2009)
96. O Brasil e a nuclearização do Irã (2010)
97. O Mercosul, a Venezuela e a cláusula democrática (2009)
98. Asilo diplomático: o caso do senador Roger Pinto (2013)

PARTE V
Personalidades

Personagens
99. Gerson Moura (1939-1992): In Memoriam (1992)
100. José Guilherme Merquior: diplomacia da inteligência (2001)
101. Sérgio Vieira de Mello: uma vida na construção da paz (2003)
102. Em louvor de Aristides de Souza Mendes (1885-1954)(2004)
103. Homenagem a Celso Furtado (1920-2004) (2005)
104. Gilberto Dupas: uma homenagem (2009)
105. Com coragem, Mandela fez o impossível (2013)
106. De Klerk: um herói da retirada (2014)
107. Octavio Paz: a democracia no mundo ibero-americano (2014)
108. Sergio Paulo Rouanet e a questão da democracia (2014)
109. Shimon Peres (1923-2016): um estadista diplomata (2016)
110. Rubens Ricupero: saudação ao professor emérito (2016)
111. Koffi Annan e as Nações Unidas (2001)
112. Antonio Guterres na ONU (2017)

Posfácio
Biobibliografia do autor 
Índice onomástico (elaborar)