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domingo, 8 de novembro de 2020

Joe Biden, discurso da vitória: Wilmington, DE, 7/11/2020


Discurso da vitória de Joe Biden como presidente eleito

Democrata pregou a cura da alma dos EUA após eleição tensa

Folha de SP, 7/11/2020

Joe Biden, presidente eleito dos EUA, fez um discurso da vitória na noite de sábado (7), em Wilmington, Delaware. Leia a íntegra a seguir.

"Meus conterrâneos americanos, o povo deste país falou. Ele nos deu uma clara vitória, uma vitória convincente, uma vitória para "Nós, o povo". Nós vencemos com o maior número de votos já dados a uma chapa presidencial na história deste país —74 milhões.

Estou comovido pela confiança e a fé que vocês depositaram em mim.

Prometo ser um presidente que não busca dividir, mas unir. Que não vê estados vermelhos e azuis, mas os Estados Unidos. E que trabalhará com todo o seu coração para conquistar a confiança de toda a população.

Joe Biden durante discurso em Wilmington, Delaware - Jim Bourg/Reuters

Pois isso é do que se trata a América: o povo. E é disso que tratará nosso governo.

Eu quis ter este cargo para restaurar a alma da América. Para reconstruir a espinha dorsal do país —a classe média.

Para fazer a América ser respeitada em todo o mundo novamente e nos unir aqui em casa. É a maior honra da minha vida que tantos milhões de americanos tenham votado nessa visão. E agora o trabalho de realizar essa visão é a tarefa de nossa época.

Como eu já disse muitas vezes, sou o marido de Jill. Eu não estaria aqui sem o amor e o apoio incansável de Jill, Hunter, Ashley, todos os nossos netos e seus cônjuges e toda a nossa família. Eles são meu coração.

Jill é uma mãe —uma mãe militar— e uma educadora. Ela dedicou sua vida à educação, mas ensinar não é só o que ela faz --é quem ela é. Para os educadores da América, este é um ótimo dia: vocês terão uma de vocês na Casa Branca, e Jill vai ser uma ótima primeira-dama.

E eu terei a honra de servir com uma fantástica vice-presidente, Kamala Harris, que fará história como a primeira mulher negra, a primeira mulher de origem sul-asiática e primeira filha de imigrantes já eleita para um cargo nacional neste país.

Isso já devia ter acontecido há muito tempo, e somos lembrados hoje à noite de todos os que lutaram firmemente durante tantos anos para que acontecesse. Mas mais uma vez a América curvou o arco do universo moral em direção à justiça.

Kamala, Doug, gostem ou não, vocês são da família. Vocês se tornaram Bidens honorários e não há como escapar.

A todos os voluntários, que trabalharam nas pesquisas no meio desta pandemia, autoridades eleitorais locais —vocês merecem um agradecimento especial deste país.

À minha equipe de campanha, e todos os voluntários, a todos os que deram tanto de si para tornar possível este momento, eu devo tudo a vocês.

E a todos os que nos apoiaram: orgulho-me da campanha que fizemos e conduzimos. Estou orgulhoso da coalizão que formamos, a mais ampla e diversificada da história. Democratas, republicanos e independentes. Progressistas, moderados e conservadores. Jovens e velhos. Urbanos, suburbanos e rurais. Gays, héteros, transgêneros. Brancos, latinos, asiáticos, americanos nativos.

E especialmente por aqueles momentos em que esta campanha esteve mais frágil, a comunidade afro-americana se ergueu novamente por mim. Eles sempre terão meu apoio, e eu o de vocês.

Eu disse desde o começo que queria uma campanha que representasse a América, e acho que a fizemos. Agora é assim que eu quero que seja o governo.

E, aos que votaram no presidente Trump, eu compreendo sua decepção nesta noite. Eu mesmo já perdi algumas eleições. Mas agora vamos dar uma chance uns aos outros. Está na hora de pôr de lado a retórica dura. De baixar a temperatura. De vermos uns aos outros de novo. De escutarmos uns aos outros de novo.

Para progredir, precisamos parar de tratar nossos oponentes como inimigos. Não somos inimigos. Somos americanos.

A Bíblia nos diz que para tudo há um tempo certo, um tempo para construir, um tempo para colher, um tempo para semear. E um tempo para curar. Este é o momento de curar a América.

Agora que a campanha terminou —qual é o desejo da população? Qual é nosso mandato? Acredito que seja este: os americanos nos chamaram para controlar as forças da decência e as forças da justiça. Para controlar as forças da ciência e as forças da esperança nas grandes batalhas de nossa época.

A batalha para controlar o vírus. A batalha para construir prosperidade. A batalha para garantir tratamento de saúde para sua família. A batalha para conseguir justiça racial e extirpar o racismo sistêmico deste país. A batalha para salvar o clima. A batalha para restaurar a decência, defender a democracia e dar a todos neste país uma chance justa.

Nosso trabalho começa por controlar a Covid. Não podemos reparar a economia, restaurar nossa vitalidade ou desfrutar os momentos mais preciosos da vida, abraçar um neto, aniversários, casamentos, formaturas, todos os momentos mais importantes para nós, enquanto não tivermos esse vírus sob controle.

Na segunda-feira vou nomear um grupo de importantes cientistas e especialistas como assessores da transição para ajudar a pegar o plano Biden-Harris para a Covid e transformá-lo em um plano de ação que começa em 20 de janeiro de 2021. Esse plano será construído sobre um alicerce científico. Será construído com compaixão, empatia e preocupação.

Não pouparei esforços —ou dedicação— para reverter esta pandemia.

Eu disputei como um orgulhoso democrata. Agora serei um presidente americano. Vou trabalhar duro por aqueles que não votaram em mim —assim como para os que votaram. Deixem esta triste era de demonização na América terminar aqui e agora.

A recusa dos democratas e republicanos a cooperar uns com os outros não se deve a uma força misteriosa fora de nosso controle. É uma decisão. É uma opção que fazemos.

E se podemos decidir não cooperar também podemos decidir cooperar. E acredito que isso faz parte do mandato para a população americana. Vocês querem que nós cooperemos.

Essa é a opção que farei. E eu peço ao Congresso —democratas e republicanos igualmente— que façam essa opção comigo.

A história americana tem a ver com a lenta mas constante ampliação das oportunidades. Não se enganem: muitos sonhos foram retardados por um tempo longo demais. Devemos tornar a promessa do país real para todos, não importa sua raça, etnia, religião, identidade ou deficiência.

A América sempre foi moldada por pontos de inflexão —por momentos no tempo em que tomamos decisões difíceis sobre quem somos e o que queremos ser.

Lincoln em 1860 —vindo para salvar a União.

Franklin Roosevelt em 1932 —prometendo um New Deal a um país perturbado.

John Kennedy em 1960 —prometendo uma Nova Fronteira.

E 12 anos atrás —quando Barack Obama fez história— e nos disse: "Sim, nós podemos".

Estamos novamente em um ponto de inflexão. Temos a oportunidade de derrotar o desespero e construir uma nação de prosperidade e propósitos.

Podemos fazer isso, sei que podemos.

Já falei muito sobre a batalha pela alma da América. Devemos restaurar a alma da América. Nosso país é moldado pela batalha constante entre nossos melhores anjos e nossos impulsos mais obscuros. Está na hora de nossos melhores anjos prevalecerem.

Nesta noite, o mundo inteiro está olhando para a América. Acredito que em nosso melhor momento a América é um farol para o mundo. E lideramos não pelo exemplo de nosso poder, mas pelo poder de nosso exemplo.

Eu sempre acreditei que podemos definir a América em uma palavra: possibilidades. Que na América todos devem ter a oportunidade de ir tão longe quanto seus sonhos e a capacidade dada por Deus os levarem.

Vocês veem, eu acredito na possibilidade deste país. Estamos sempre olhando à frente. À frente para uma América mais livre e mais justa. Para uma América que cria empregos com dignidade e respeito. À frente para uma América que cura doenças —como câncer e Alzheimer. À frente para uma América que nunca deixa ninguém para trás.

Uma América que nunca desiste, nunca se rende. Esta é uma grande nação. E nós somos um bom povo. Isto são os Estados Unidos da América. E nunca houve nada que não conseguimos fazer quando o fizemos juntos.

Nos últimos dias da campanha, tenho pensado em um hino que representa muito para mim e minha família, especialmente para meu filho Beau, já falecido. Ele captura a fé que me sustenta e que eu acredito que sustenta a América.

E espero que possa dar algum conforto e alívio às mais de 230 mil famílias que perderam um ser amado para esse vírus terrível neste ano. Meu coração está com cada um de vocês. Espero que este hino lhes dê alívio também.

"E Ele os erguerá com asas de águia,
Os sustentará no sopro do amanhecer,
Os fará brilhar como o sol,
E os segurará na palma de Sua mão."

E agora, juntos — nas asas da águia— embarcamos no trabalho que Deus e a história nos pediram para fazer.

Com corações plenos e mãos firmes, com fé na América e nos outros, com amor pelo país —e sede de justiça—, sejamos a nação que sabemos que podemos ser.

Uma nação unida. Uma nação fortalecida. Uma nação curada. Os Estados Unidos da América.

Deus os abençoe. E que Deus proteja nossas tropas.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.


Biden, o Brasil e a América Latina - Folha de Vitória, Paulo Roberto de Almeida

 https://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/11/2020/biden-um-conhecedor-do-brasil-e-da-america-latina

A matéria me cita, mas não sei quem foi o repórter; em todo caso, a transcrição é correta.

Biden, um conhecedor do Brasil e da América Latina

Joe Biden chega à Casa Branca como um conhecedor do Brasil e da América Latina. Há mais de 40 anos na vida pública norte-americana, ele é reconhecido como um político conciliador e dedicado ao relacionamento internacional. Liderou, como vice-presidente a diplomacia de Barack Obama na América Latina. Presidiu e foi membro do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA por 12 anos. E dá nome a um centro de pesquisa na Universidade da Pensilvânia, o Centro Penn Biden para a Diplomacia e o Engajamento Global.

Em 2013, o democrata atuou diretamente na relação com o Brasil. Numa visita a Brasília, Biden ajudou a abrir caminho para uma visita de Estado que Dilma faria, a contragosto de próceres petistas, aos Estados Unidos para melhorar o patamar das relações. Dilma, no entanto, abortaria a viagem. O motivo foi a revelação de que comunicações da presidente e da Petrobras haviam sido bisbilhotadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana.

Coube a Biden voltar ao Brasil, durante a Copa do Mundo de 2014, para apaziguar a relação. Eles já haviam conversado em Santiago meses antes, na posse da presidente chilena Michelle Bachelet. O pretexto era assistir ao jogo em que os Estados Unidos venceram Gana por 2 a 1 na Arena das Dunas, em Natal (RN).

Mas Biden não tinha assim tanto interesse no jogo - ele chegou atrasado ao estádio e perdeu o primeiro gol do atacante Dempsey, antes do primeiro minuto. Logo depois do futebol com a neta e um sobrinho, decolou a Brasília. No dia seguinte, conversou a sós longamente com Dilma. Biden usou da simpatia que conquistou - a presidente disse que ele era "sedutor" - para tentar convencê-la de que Obama ordenou uma "revisão imediata" no programa de vigilância. E que mudaria a abordagem com o Brasil.

Na ocasião, Biden trouxe um presente sob medida para a presidente. O vice de Obama entregou a Dilma um lote de documentos até então secretos dos arquivos dos EUA sobre violações na ditadura militar. Os papéis reforçariam a coleta de provas da Comissão Nacional da Verdade, para irritação de oficiais brasileiros.

Após superar o choque de espionagem, Biden voltaria a Brasília em janeiro de 2015, por ocasião da posse de Dilma no segundo mandato. Numa carta de agradecimento com linguagem diplomática, a presidente registrou que os "laços de amizade e apreço" uniam não só os dois povos, mas "a nós pessoalmente".

Dois anos depois, Biden foi encarregado de receber em Washington o presidente Michel Temer (2016-2018), empossado com o afastamento de Dilma, e dar o sinal de reconhecimento americano a sua legitimidade na presidência. No auge da Operação Lava Jato, Biden criticou escândalos de corrupção no continente e respaldou a transição de poder.

Ele afirmou que "o Brasil seguiu sua Constituição para navegar um momento econômico e político difícil". O embaixador Paulo Roberto de Almeida, ex-diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (Ipri), estudioso da história da diplomacia e crítico da atual gestão do Itamaraty, destaca que as diferenças entre republicanos e democratas são mais de "aparência" na relação com o Planalto.

Ele observa que houve períodos áureos e baixos nas relações entre os dois partidos. "Os Estados Unidos são um império, buscam segurança em primeiro lugar e abertura em segundo. Mas para eles, abertura é quando outros países se abrem para os investimentos e o comércio, os produtos americanos", analisa o embaixador, também adversário de gestões petistas no Itamaraty. "Depois eles impõem restrições, espionam a qualquer um, inimigos ou aliados."

A relação com Brasília sempre passou, nas gestões democratas afeitas ao multilateralismo, pela posição de influência regional do Brasil na América do Sul. Atualmente, Jair Bolsonaro vive em conflito político com a Argentina de Alberto Fernández e a Bolívia, de Luis Arce, ambos de esquerda. De imediato, ele tentará se reconectar aos socialistas bolivianos, ao enviar o chanceler Ernesto Araújo à posse de Arce. Analistas e diplomatas dos dois lados concordam que caberá a Bolsonaro mostrar abertura ao diálogo e moderação para acessar Biden.




sábado, 7 de novembro de 2020

De "Trump e o Ocidente" a "Biden e o Ocidente" ? - Paulo Roberto de Almeida

 Tendo acompanhado a vida política do Brasil e dos Estados Unidos nos últimos anos, estava pensando em algumas coisas:

Imagino, por exemplo, que um oportunista conhecido pode tomar a decisão de "dump Trump", e se dispor agora a escrever um novo artigo:

Biden e o Ocidente

Explico: 

Quem publicou o tristemente famoso "Trump e o Ocidente" fui eu, ainda que a contragosto, nos Cadernos de Política Exterior, em 2017, do qual eu era o editor; não tinha porque fazer censura, a despeito de achar o artigo propriamente ridículo. 

Mas, quem olhar a página de expediente desse número 6, ("Coordenação editorial"), vai constatar que meu nome não figura ali, por essa única vez, pelo tempo em que estive na direção dos Cadernos. Achei melhor me dissociar desse número, mas não por causa desse patético artigo: todo mundo tem o direito de se mostrar ridículo. Só mais tarde, já em dezembro de 2018, foi que soube que o futuro chanceler acidental tinha pego vários número dos Cadernos n. 6 e levado pessoalmente, no primeiro semestre de 2018, para o seu guru da Virgínia, o Rasputin de Subúrbio; aí percebi, ex post, que o oportunista estava construindo sua candidatura. Conseguiu, pelo menos essa...

O que se pode dizer agora é que ele foi muito obediente a todos esses aloprados na tarefa de DESTRUIR o Itamaraty e a política externa brasileira.
Não passará impune no registro histórico, pelo menos não no que depender de mim.

Eu fiz uma análise detalhada desse artigo bizarro (ele nunca seria aceito por qualquer journal sério, com blind peer-review, pois não atenderia a critérios mínimos de um artigo acadêmico, scholarly work), num dos capítulos de meu livro Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019), como informo abaixo.

PS1: Quem quiser ler o artigo original do então "candidato clandestino" à chancelaria pode acessar aqui:

PS2: Quem quiser ler o meu capítulo 2, no livro Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, pode fazê-lo no livro completo, como abaixo, ou neste arquivo destacado:

2. O Ocidente e seus salvadores: um debate de ideias 

     1. A decadência e o Ocidente: algum perigo iminente?

     2. Quais são as “teses” principais de “Trump e o Ocidente”?

     3. O grande medo do Ocidente cristão: realidade ou paranoia?

     4. Contradições insanáveis no projeto de salvamento do Ocidente cristão


Coloquei o capítulo em minha página na plataforma Academia.edu, e quando fui dar chamada para o nome de chanceler acidental, descobri que ele tem "ZERO seguidores". Este é o link para o capítulo:


O livro completo está disponível nos seguintes links:

e

O novo mapa da diplomacia bolsolavista - Adriana Erthal Abdenur

 O novo mapa da política externa brasileira: isso dá, para o chefão do bolsolavismo, quatro viagens internacionais, como naquela famosa letra do Aldir Blanc: “são dois pra lá, dois pra cá” e “um torturante band-aid no calcanhar”. Sobrou isso.

Paulo Roberto de Almeida



Em direção de um mundo orwelliano? Não necessariamente - Fortune, on Chinese surveillance system

Será que o mundo vai caminhar para um Estado orwelliano? 

Não acredito. Os instintos de liberdade são mais poderosos do que quaisquer tentações totalitárias, mesmo vindas do famoso, longevo, tradicional, "despotismo oriental", que um dia deixará de sê-lo, pelas mãos e decisão do próprio povo chinês, não por pressão "ocidental".

Paulo Roberto de Almeida  

INTERNATIONALCHINA

The world’s largest surveillance system is growing—and so is the backlash

BY GRADY MCGREGOR

Fortune, November 3, 2020 12:38 PM GMT-3

https://fortune.com/2020/11/03/china-surveillance-system-backlash-worlds-largest/

 

China already has the world’s largest surveillance network; it deploys over half of all surveillance cameras in use around the world. Now, a new report shows just how fast that system is expanding.

From 2010 to 2019, government procurement orders for equipment like facial recognition cameras and maintenance services related to surveillance increased nearly 1,900%, according to a report from ChinaFile, a publication of the Asia Society’s Center on U.S.-China Relations. In 2019 alone, the report found, nearly one-third of all Chinese counties purchased surveillance-related equipment.

 

ChinaFile, which operates as a nonprofit organization and works with a network of China-focused analysts and researchers, published the stand-alone State of Surveillance report after reviewing 76,000 publicly available government procurement orders of surveillance technologies from 2004 to May 2020. The report provides a comprehensive look at the scale of China's surveillance program; Beijing does not widely publicize such information through other means.

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The report showcases China's yearslong push to become a global surveillance superpower.

China’s facial recognition cameras and surveillance systems are now being used to conduct seemingly innocuous tasks, such as monitoring visitors at tourist sites and conducting security checks at airports, and for more invasive purposes, like predictive policing and helping carry out repressive policies. Authorities in the western province of Xinjiang, for example, have deployed widespread surveillance systems to collect facial recognition, smartphone, and other tracking data to monitor and detain members of the region's minority Uighur population.

At the same time, local-level backlash to the new technologies is prompting legislation that may introduce new data privacy standards in a country with relatively few to speak of.

 

Sharp Eyes

Multiple news reports in recent years have detailed how Beijing uses tech surveillance in Xinjiang to repress its Uighur population. But China's efforts to track its citizens on a mass scale and introduce tech-enabled practices like predictive policing appear to have gone nationwide.

In Xiqiao, a city of roughly 300,000 in southern China, for example, officials have installed more than 1,400 video cameras and over 300 facial recognition cameras since 2006, ChinaFile found. The report said officials have blanketed most of the city's public spaces with the cameras to address "the difficult problem of how to control people," according to a government document obtained by ChinaFile.

Mass surveillance in lower-profile cities and territories reflects the 2018 launch of China's Project Sharp Eyes, an ambitious attempt to equip 100% of Chinese public spaces—street corners, parks, train stations—with video-monitoring capabilities and amass the data into one central platform. China's government says the project is aimed at improving public safety and security, but it's seen outside China as a means for more state control.

Still, surveillance is not universally used in China. The country faces significant bureaucratic barriers in coordinating its surveillance and data-sharing efforts among city, provincial, and central-level authorities, the report found.

 

A backlash

At least some Chinese citizens appear to be wary of the technological intrusion.

This week, Hangzhou, a city in eastern China that's home to Chinese tech giant Alibabapublished a draft law that would ban property managers from deploying facial recognition cameras in residential compounds without permission from local residents.

The proposed legislation follows a first-of-its-kind lawsuit over facial recognition technology filed in Hangzhou. In that case, Guo Bing, a professor at Hangzhou's Zhejiang University, sued a local wildlife park after it tried to subject him to new, mandatory facial scans months after he had purchased a yearlong pass.

He claims the park violated his consumer rights when it failed to refund his ticket after he objected to the new policy. A park official told Chinese media that the policy was intended to make the experience more convenient for customers. The park later changed its policy to give customers the option of using a fingerprint registration system. Guo, however, does not appear to have dropped the lawsuit. He's said his complaint is about challenging the "abuse of facial recognition technology" and not about a refund. As of Oct. 29, his case was still pending.

If the proposed legislation in Hangzhou passes, the law would be China’s first ban on the mandatory use of facial recognition technology on private citizens. Chinese state media, which often acts as a messaging tool for Beijing, suggests that it may become model legislation for cities across China.

The legislation may align with Chinese public opinion.

A December 2019 survey of 6,000 people by the Nandu Personal Information Protection Research Centre in Beijing found that 57% of respondents said they were concerned about their movements being tracked, and 74% said they would opt for analog identification methods over facial recognition.

China's government may have already built the world's largest mass surveillance system, but its citizens appear ready to impose some limits.

 

O cronista misterioso do Itamaraty fazendo sucesso nas redes: crônicas do Itamaraty bolsolavista

 A plataforma Academia.edu me manda uma nota: 

Hi Paulo Roberto, 

Congratulations! You uploaded your paper 2 days ago and it is already gaining traction. 

Total views since upload: 

You got 131 views from Brazil, the United States, Germany, Belgium, Canada, Nicaragua, Chile, Ireland, and Cyprus on "Um Ornitorrinco no Itamaraty: cronicas do Itamaraty bolsolavista - Ereto da Brocha (2020)". 

Thanks,
The Academia.edu Team


Descarregar aqui: 

Trump contra Deus e o mundo - José Augusto Guilhon Albuquerque

Trump contra Deus e o mundo
José Augusto Guilhon Albuquerque
6/11/2020

Ainda tenho que estudar melhor os casos e precisar as hipóteses mas, neste momento, posso dizer que é preciso desmontar a máquina do Executivo e envolver os demais poderes. 
No populismo pós-Guerra Fria, Chávez obteve a adesão do Legislativo, graças à omissão da oposição, mais a adesão direta do Judiciário, e desmontou ou comprou a máquina executiva, inclusive as Forças Armadas. 
Trump desmontou o Departamento de Estado, as Agências de Inteligência, o Ministério da Justiça, sem falar nas áreas de Saúde e Meio ambiente, Comércio Exterior, Educação, etc, e tentou, até agora sem sucesso total, envolver a Defesa. 
No Legislativo, conseguiu paralisar em grande medida a Câmara, contando com  um misto de omissão  e adesão do Senado. E operou por iniciativa do Presidente do Senado, Mitch McConnell, a maior operação de nomeações de novos  juízes federais escolhidos dedo a dedo - graças à omissão do governo Obama.
Isso permitiu sua absolvição pelos crimes de alta traição que cometeu, graças ao Senado, que o declarou inimputável. 
Mas não teve tempo para obter a adesão integral do Judiciário, mas bem que tentou, por isso está perdendo a eleição. 
Se ganhasse o segundo mandato, iria tentar se perpetuar no poder, como fizeram Chavez, Evo, e Ortega, sem falar nos que tentaram, mas desistiram a tempo.

Dr.José Augusto Guilhon Albuquerque
Professor of International Relations, University of São Paulo (USP)
Senior Fellow, USP Research Center for International Relations (NUPRI)
Director, Brazilian Society for the Study of Transnational Enterprises and Globalization
Senior Research Fellow, Wong Center for the Study of Multinational Corporations
+55.11.4704.1627(ho)  +55.11.99890.5568 (cel)