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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Republica companheira (3): Estatisticas criativas para os numeros do governo

Existem progressos fantasticos na redução da pobreza, como vocês podem verificar nesta matéria da FSP. O governo pretende "acabar com a miséria" que existe no Brasil. Nobre intenção.
O que eu vejo, sinceramente, é um subsídio ao consumo dos miseráveis. Se o subsídio terminar, o pessoal volta para a miséria, ou para a insegurança alimentar, como eles gostam de dizer.
Isso significa acabar com a miséria, ou criar um exército de assistidos que se acostuma com a caridade pública?
Paulo Roberto de Almeida

13 mil famílias deixam lista da miséria após extra de R$ 2

DANIEL CARVALHO
ENVIADO ESPECIAL AO PIAUÍ
Folha de S.Paulo, 03/02/2013

"Com R$ 2 não dá para comprar nem meio quilo de frango. Comprei um coco hoje com R$ 2", afirma Luiza Sousa, 51, desempregada em Demerval Lobão, no Piauí.
Para o governo, ela e seus quatro filhos deixaram de ser "miseráveis" no fim de 2012, quando passaram a receber R$ 2 mensais do programa Brasil Carinhoso.
Com esse programa, famílias já beneficiadas pelo Bolsa Família recebem um complemento financeiro para tecnicamente deixar a miséria. Segundo os critérios do governo, uma família com renda mensal de até R$ 70 por pessoa é "miserável".
Ex-miseráveis vivem de maneira precária, mas têm o que comer
Programas de transferência de renda se encontram em fase de 'consolidação'
Famílias deixam pobreza extrema, mas ainda enfrentam dificuldades; leia histórias
Análise: Boa conta, sem truques, inclui mais parâmetros além da renda
Luiza já recebia R$ 140 do Bolsa Família. No final do ano passado, os R$ 2 do Brasil Carinhoso foram somados ao benefício, a doações e ao que ela, como lavadeira, e o filho mais velho, como caseiro, conseguem com bicos.
Com esses R$ 2 extras, Luiza e seus filhos passaram a engrossar a estatística oficial, que comemora 16,4 milhões de "ex-miseráveis" apenas nos últimos sete meses.
Próximo à Luiza vivem Joelina Maria de Sousa, 31, e a filha Jucélia, 7, que também receberam R$ 2 para sair oficialmente da miséria.

Beneficiários do Bolsa Família

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Eduardo Anizelli/Folhapress
Conheça histórias de quem recebe benefício do Brasil Carinhoso e, segundo o governo, deixou a miséria extrema, mas ainda enfrenta dificuldades
Para o governo, por exemplo, um casal com três crianças com renda mensal de R$ 350 é "miserável" (R$ 70 por pessoa). Com mais R$ 2 do Brasil Carinhoso, atinge R$ 352 e deixa oficialmente a "miséria" (com renda de R$ 70,40 por pessoa).
Segundo dados do programa obtidos pela Folha com base na Lei de Acesso à Informação, as piauienses Luiza e Joelina e outras 13,1 mil famílias em todo o país recebem R$ 2 por mês para integrar essa estatística que ajuda Dilma a chegar perto de sua promessa: acabar com essa "miséria" até o "início de 2014".
O programa foi lançado em meados do ano passado com o objetivo de erradicar a pobreza extrema.
"Quando a gente tem essa preocupação de retirar da miséria (...) estamos não só praticando um ato moral, um ato ético, mas, também, nós estamos olhando para o futuro do Brasil", disse a presidente Dilma em recente discurso em Teresina (PI).
Complementar ao Bolsa Família, o benefício do Brasil Carinhoso varia de R$ 2 a R$ 1.140, sendo que esse valor máximo é pago a apenas uma única família, segundo mostra documento do programa ao qual a reportagem teve acesso. O valor médio do complemento é de R$ 86.
Em média, uma família beneficiada pelo Bolsa Família e pelo Brasil Carinhoso recebe R$ 245 ao mês do governo.
META
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, há ainda cerca de 600 mil famílias na extrema pobreza em todo o país. Antes do lançamento do Bolsa Família, em 2003, havia 8,5 milhões de famílias nessa situação, segundo a pasta.
Economistas ouvidos pela Folha dizem que é preciso levar em consideração outros aspectos, além da renda da família, para se falar em erradicação da miséria.
"A saída da pobreza, efetivamente, é quando a pessoa tem condições de moradia, vestuário, educação, saúde e emprego para poder se autofinanciar", diz Socorro Lira, coordenadora do doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Jaíra Alcobaça, também da UFPI, afirma que iniciativas que trazem algum tipo de melhoria de vida são válidas, mas precisam ser encaradas como políticas emergenciais e também deveriam levar em conta as diferenças regionais.
As avaliações remetem à piauiense Luíza. Ela recebeu a Folha na casa de tijolos em que vive há dois anos. O imóvel foi erguido pelo irmão após a casa de taipa desmoronar.
Na cozinha, ela tinha pão, dois cocos e um pouco de arroz. "Só não fico sem porque como na casa da minha mãe", diz Luiza.

Editoria de Arte/Folhapress

2 comentários:

Gil Rikardo disse...

Caro Professor Paulo Roberto

Creio que o senhor já percebeu meu encantamento pelo conhecimento, pelo estudo, pela leitura e pelo ensino. Isso me acompanha desde os primeiros momentos que me percebi alguém neste mundo. Lá pelos quatro ou cinco anos de idade, quando por conta própria, surgiu o autodidata que ainda sobrevive... durante quarenta e sete anos alimentei minha curiosidade com aquilo que barato e facilmente me caísse nas mãos, desde as folhas de jornais e rótulos de latas até os últimos movimentos tecnólogicos, hoje traduzidos pela internet.

Infelizmente em épocas passadas não havia compartilhamento de idéias e aprendizados, era eu estudando coisas sem ter com quem partilhar, pois em meio a pobreza saciar a barriga sempre estará em primeiro lugar, e com razão. Assim continuei minha saga, sem imaginar aonde iria parar. E não parou, “hoje mais do que nunca”, dedico diariamente horas em busca de informações, além das linhas redigidas com o intuiro de refinar a minha prática de escrever. E em meio a tudo isso, e aos sonhos que a gente alimenta, brotou uma idéia que acredito ter algum valor ou fundamento.

MANTER E AMPLIAR O VÍNCULO ESCOLAR – Uma das formas de se popularizar o conhecimento seria manter o vículo com as escolas que frequentamos, além de ser possível aos alunos contribuir para a manutenção, ampliação e crescimento da escola. Através de doações, prestação de serviços e mesmo voluntariamente. Sei que hoje o serviço público proibe que assim se aja. Não entendo os motivos. Mas percebo que esse vinculo é para sempre, é um referencial que pode produzir muito mais se bem dirigido e alimentado. Seria uma força a empurrar o ensino e a escola sem estar atrelada aos governos que continuariam com a mesma responsabilidade. A escola para ser um farol em meio ao mar de ignorância precisa deste suporte isento de influências partidarias, e assim, com liberdade de produzir os avanços que sabemos serem possíveis. Tive essa inspiração ao visitar minha escola, acredito que se eu e outros que por lá passaram, mantivessem o vínculo teríamos contribuido por décadas com o bem estar daqueles alunos, e assim numa progressão geométrica há de se imaginar o tamanho da utopia.

A grosso modo seria este meu pensamento, acredito no potencial, nem tanto na viabilidade, por isso, encaminho-lhe na esperança de ouvir a palavra de alguém competente e comprometido com o ensino.

Vou continuar pesquisando em busca de viabilizar esse intento.

Atenciosamente,

Gilrikardo
Joinville SC

Paulo Roberto de Almeida disse...

Meu caro Gilrikardo,
Voce tem inteiramente razão e seria excelente se o Brasil, voluntariamente pela iniciativa de pessoas como você, e oficialmente, pela abertura das instituições públicas de ensino, permitisse esse tipo de interação criativa.
Creio que o monopólio das pedagogas freireanas, o exclusivismo estatal da maior parte dos dirigentes e as preferências políticas dos sindicatos dificultem esse tipo de iniciativa, mas seria bom que isso ocorresse.
Minha impressão, sem ser especialista na área, é que o ensino no Brasil (público E privado) é muito pior do que imaginamos, e que a ruidade e a erosão de qualidade vão persistir por muito tempo mais, até que as pessoas tomem conhecimento e tenham consciência de quão ruim é o ensino no Brasil.
Infelizmente, as mentalidades são ainda mais atrasadas do que os equipamentos e meios materiais. Vão introduzir modernidade superficial (computadores, tablets, etc), mas vão manter a mesma mentalidade atrasada da pedagogia freireana, que é a maior idiotice oferecida pelo Brasil ao mundo.
O abraço do
Paulo Roberto de Almeida