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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Alianca do Pacifico avanca agressivamente para o livre comercio; enquanto outros...

Parece que as comparações são inevitáveis, com certos "foot-draggers" (ou seja, os indecisos) do outro lado do continente.
Os desafios existem, inclusive o de aprofundar o déficit comercial, temporariamente, como preço a pagar pelo aumento geral dos fluxos comerciais. Mais adiante os desequilíbrios são corrigidos, via câmbio ou investimentos diretos, e o país fica melhor.
Só não acham os protecionistas renitentes...
Paulo Roberto de Almeida

Pacific Alliance: moving forward

Peru's Ollanta Humala, Chile's Sebastián Piñera, Colombia's Juan Manuel Santos, Mexico's Enrique Peña Nieto and Costa Rica's Laura Chinchilla in Cartagena, Colombia
Peru's Ollanta Humala, Chile's Sebastián Piñera, Colombia's Juan Manuel Santos, Mexico's Enrique Peña Nieto and Costa Rica's Laura Chinchilla in Cartagena, Colombia
It’s all about free trade. The Pacific Alliance, a growing bloc in Latin America that stands among the world’s 10 largest economies, sealed a deal on Monday to eliminate tariffs on 92 per cent of goods and services in a move that distances it further from some of its more protectionist neighbours.
“I don’t think there has been an integration process that has taken decisions so fast as the Pacific Alliance has done,” Colombia’s President, Juan Manuel Santos, told beyondbrics.
Formed in June 2012 and cemented in May last year, the tie-up links the free-trading economies of Chile, Colombia, Mexico and Peru, and is moving quickly to fulfil the goal of unrestricted movement of capital, goods and services, as well as people.
Santos, Ollanta Humala of Peru, Enrique Peña Nieto of Mexico, and outgoing Sebastián Piñera of Chile shook hands at a presidential summit in Colombia’s colonial city of Cartagena, also agreeing that the remaining tariffs for agricultural goods will be eliminated gradually over the coming years.
The total output for the four members accounts for more than a third of Latin America’s total gross domestic product. According to the latest available data, in 2o12 the bloc attracted some 41 per cent of all foreign direct investment inflows. Exports were $550bn and imports $561bn in the same year.
Even if trade between the nations has been flowing thanks to bilateral agreements that were in place before the Pacific rim union was established, the alliance also opens the door for member countries to export to markets where some of them had limited or no access, strengthening their value chains to be more competitive in the global supply chain, with a particular focus on Asia.
Santos added:
“We have a common vision on how to manage our economies, common attitudes regarding foreign investment, the role of the market in the economy, respect for private property.”
“Because we have common denominators, we would be able to play with more specific weight on the global economy.”
Other regional economies such as Brazil, Argentina and Venezuela – which are part of another regional bloc called Mercosur – are more inward-looking when it comes to trade and capital flows, and have been struggling with slippery economic growth.
Notwithstanding, late last week, Brazil’s foreign minister, Luiz Alberto Figuereido ,said Mercosur was interested in trade integration with members of the Pacific bloc.
The Pacific Alliance is set to expand in coming months with the entrance of Costa Rica as a full member. Panama and then Guatemala are likely to follow suit. Several other countries inside and outside the region act as observers – including the US, the UK and China.
In addition to removing trade barriers, member countries have opened joint trade offices and diplomatic missions around the world in places such as Ghana, Azerbaijan and Vietnam.
Sceptics say that, for the moment, the Pacific club is not much more than a very successful marketing strategy that highlights how the member countries are open for business. Eduardo Ferreyros, Peru’s former foreign trade minister, shrugs off the argument, saying “what’s been agreed today demonstrates there are concrete results, there is dynamism.”

sábado, 28 de setembro de 2013

Comparacoes economicas internacionais - Carlos Alberto Sardenberg

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Globo, 26/09/2013

Tudo somado e subtraído, aqui e lá fora, o Brasil hoje consegue crescer entre 2% e 2,5% ao ano, com inflação ao consumidor no ritmo anual de 6% e taxa de desemprego de 5,6% em julho último. Está bom ou ruim? Depende da comparação, não é mesmo? Espanha, Grécia e Portugal, por exemplo, quase não têm inflação, mas sofrem com recessão e desemprego acima dos 25%. Por outro lado, China, Coréia do Sul e Chile crescem mais, com menos inflação e menos desemprego. O México tem crescimento um pouco menor que o Brasil, mas também com inflação e desemprego menores.

A comparação, entretanto, não deve ficar ao gosto do freguês. Falando francamente, não tem cabimento comparar com os países europeus afetados por uma difícil combinação de crises financeira, fiscal e de contas externas.
O mais correto é olhar para países parecidos, emergentes de expressão e que têm capacidade de se tornarem ricos em um horizonte razoável. E neste caso, o Brasil está com o pé trocado.
Neste momento, alguns desses países estão reduzindo suas taxas de juros para combater a desaceleração do crescimento, que é geral no mundo emergente. Também estão acomodando a desvalorização de suas moedas, outro fenômeno global, aproveitando para turbinar as exportações.
Já por aqui, o Banco Central está subindo os juros e segurando o dólar, porque foi apanhado nesta mudança da conjuntura internacional com a inflação perigosamente elevada. E tem que subir os juros mesmo com o baixo volume de investimentos.
O que nos leva a outra comparação, a mais importante, do Brasil de fato com o Brasil que poderia ser. O país poderia estar melhor ─ e não está por equívocos internos de política econômica.
Talvez o principal ponto fraco esteja na falta de investimentos públicos e privados em infraestrutura. E a culpa por isso é inteiramente do governo, que nem consegue turbinar suas obras, nem criar condições favoráveis ao capital privado que está disponível aqui e no exterior. E bobeou com a inflação.
Eis o resumo da ópera: o Brasil está perdendo oportunidade de deslanchar. Não está bom.
15 mil homens
Esta história me foi contada por um engenheiro-aquicultor da Costa Rica que, nos anos 80, integrou uma equipe de especialistas em cultivo de camarões, enviada à China. Missão: instalar as fazendas e ensinar o pessoal local. Coisa grande.
Os especialistas disseram que dava para fazer, mas com maquinário pesado. Isso incluía uma bateria de tratores bulldozer, operando 24 horas, para escavar e remover enormes volumes de terras.
Não temos esses tratores, disseram os chineses. E perguntaram quantos trabalhadores substituiriam os bulldozers. Uns 15 mil, foi a resposta, recebida com naturalidade pelos responsáveis chineses.
Já os aquicultores estrangeiros ficaram estupefatos quando, na data combinada, encontraram pronto o acampamento para 15 mil homens, que se apresentaram para o serviço uniformizados e armados com pás e picaretas. Assim foram instaladas as primeiras fazendas.
Na década de 90, a produção chinesa de camarões apareceu nas estatísticas globais. Nos primeiros anos deste século, a China já integrava, com Tailândia, Malásia e Vietnã, o grupo de países responsáveis por 70% das exportações mundiais de camarões.
E não apenas já utiliza máquinas pesadas, como fabrica aqueles bulldozers que faltavam nos anos 80.
Olhando por esse lado, não se pode negar que é um bom exemplo de uma história bem sucedida. O que os chineses tinham? Um país em ruínas por causa da revolução cultural de Mao, um monte de gente sem trabalho, sem renda e , ao milhões, sem comida.
Foi quando Deng Xiao Ping introduziu as reformas que abriram o país aos capitais privados estrangeiros e às iniciativas empreendedoras dos próprios chineses. Numa palavra: um modo capitalista de crescer, ao lado de um Estado forte e dominante em grande parte da economia.
Comparando hoje com a China dos anos 80, parece claro que a coisa deu certo.
Já olhando só para o presente, não faltam problemas, a começar pela enorme poluição ─ ao mesmo tempo crônica e aguda ─ incluindo as degradações ambientais causadas pelas fazendas de camarões. A corrupção no governo e no Partido Comunista é outro problema de grande proporção. O domínio estatal levou a investimentos ineficientes, exagerados e caros em diversos setores de infraestrutura. Os salários e o nível de vida continuam baixos, embora já tenha sido formada uma classe média consumidora. A desigualdade de renda aumentou. E não tem democracia.

Eles fazem e comem camarões, alguns, mas a que custo. Comparações?