Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Miseria da educacao no Brasil: perdas agora e para a frente
O Brasil, como já disse Roberto Campos, é um país que não perde a oportunidade de perder oportunidades.
Tudo isso era previsível e esperado. Há pelo menos 15 anos ouço falar da carência de professores de ciências (física, química) e de matemática para os cursos médios.
Os alunos simplesmente saem despreparados, razão da enorme evasão nesses cursos: eles não conseguem acompanhar.
E o pior é que estamos caminhando para o pior, justamente.
Com bobagens obrigatórias como as que foram introduzidas pelos companheiros -- espanhol e estudos afrobrasileiros no primário, filosofia e sociologia no curso médio -- a previsão é que continuemos a formar perfeitos analfabetos nas ciências elementares e nas matemáticas.
O Brasil perde, todos perdemos.
Acho que isso não se corrige facilmente. Daí meu enorme pessimismo educacional.
Paulo Roberto de Almeida
País perde US$ 15 bi com má formação de engenheiro
Agnaldo Brito
Folha de S. Paulo, 21.06.2010
De 150 mil que entram em engenharia, 30 mil se formam
A baixa qualidade do ensino médio, sobretudo em disciplinas como física, química e matemática, tornou-se obstáculo para a formação de engenheiros no Brasil. Essa falha, agravada pela alta demanda gerada com o crescimento do país, tem custo -e não é pequeno.
Cálculos de entidades de engenharia mostram que o país perde US$ 15 bilhões (R$ 26,5 bilhões) por ano com falhas nos projetos das obras públicas. A cifra, equivalente a 1% do PIB, foi apresentada em encontro nacional de engenheiros, em Curitiba, na semana passada.
A reunião levou à capital do Paraná 850 engenheiros de todo o país com o único propósito: buscar meios de frear a crise sem precedentes da engenharia nacional.
GUERRA
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) calcula que 150 mil vagas de engenheiros não terão como ser preenchidas até 2012. Tamanha demanda diante da falta de profissionais criou uma guerra por engenheiros.
Em 2003, a formação de um engenheiro custava US$ 25 mil. Hoje, US$ 40 mil, diz a IBM, uma das empresas que mais contrataram engenheiros e técnicos de computação desde quando o Brasil tornou-se base mundial para oferta de serviços.
Essa escassez já atinge a competitividade brasileira. Em 2009, exportamos US$ 1,5 bilhão em serviços. Só a IBM respondeu por US$ 500 milhões. A Índia exportou US$ 25 bilhões, disse Paulo Portela, vice-presidente de Serviços da IBM, em seminário promovido pela Amcham, em São Paulo.
Essa disputa por engenheiros não ajuda. Vamos perder se entrarmos numa guerra e ampliar a inflação dos custos da mão de obra. O salário inicial, de R$ 1.500 em 2006, já atinge R$ 4.500.
EVASÃO
O diagnóstico da realidade nos 1.374 cursos no país mostra que a evasão nos cursos de engenharia é de 80%; dos 150 mil que ingressam no primeiro ano, 30 mil se formam.
Só um 1 em cada 4 possui formação adequada. O Brasil forma menos de 10 mil engenheiros com competência e esses são disputados pelas empresas, diz José Roberto Cardoso, diretor da Escola Politécnica da USP, uma das mais importantes faculdades de engenharia do país.
A Amcham (Câmara Americana de Comércio) quer o tema na campanha eleitoral. O documento com o diagnóstico e as propostas compiladas por Jacques Marcovitch, professor da USP e conselheiro do Fórum Econômico Mundial, será entregue ao governo e aos candidatos.
É certo que ficará para o próximo governo a busca da resposta para a pergunta: Por que o jovem quer ser médico e advogado e não quer ser engenheiro e professor de matemática?.
Exemplo de baixa procura pela área ocorreu em concurso para professor de física em São Paulo. De 931 vagas, só 304 foram preenchidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário