Escritos de maneira errática ao longo dos anos, meus minitratados não se destinam a fazer acordos internacionais sobre coisas sérias, apenas a oferecer momentos de reflexão sobre temas anódinos, ou triviais. Puro divertissement, como já disse várias vezes, agora compilado num volume único.
Tratado geral dos minitratados: reflexões sobre
algumas contradições humanas, Brasília, 4 fevereiro 2018, 67 p. Compilação de todos os minitratados.
Colocado na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/35836710/Tratado_Geral_dos_Minitratados).
Índice
geral dos minitratados
Tratados e minitratados: o que seria mais importante?, 9
1. Minitratado das reticências , 11
2. Minitratado das entrelinhas , 16
3. Minitratado das interrogações , 19
4. Brevíssimo tratado da subserviência , 25
5. Minúsculo tratado do anonimato , 27
6. Minitratado da imaginação , 30
7. Minitratado da reencarnação , 34
8. Minitratado das improbabilidades , 38
9. Minitratado dos desencontros , 41
10. Minitratado dos
reencontros , 43
11. Minitratado das corporações de ofício , 46
12. Minitratado do inusitado , 50
13. Minitratado das inutilidades burocráticas , 53
14. Minitratado das dedicatórias , 57
Livros de Paulo Roberto de
Almeida , 61
Nota sobre o autor , 65
Paulo Roberto de Almeida
Segundo as definições mais comuns, um tratado, no caso
dos Estados soberanos, é um acordo formal entre duas ou mais partes, e por isso
constituem atos das relações internacionais, geralmente registrados na ONU,
desde sua criação, como documentos oficiais que são. Existem tratados desde os
tempos mais remotos; esses atos de mútua conveniência tratam, geralmente, dos
mais diferentes assuntos: paz, aliança, comércio, investimentos, cooperação,
mas também podem incorporar diversos outros temas das relações bilaterais, como
cooperação judicial e policial. No caso dos tratados mais abrangentes, ou
multilaterais, sua conclusão é de ordinário bem mais delongada, por envolver a
aceitação, ou pelo menos a não oposição, de um número mais amplo de Estados,
que são dotados de interesses muito diversos, dadas as assimetrias existentes
no cenário internacional.
Como diplomata, ao longo da carreira, estive envolvido
na negociação e até na conclusão de alguns tratados, mais frequentemente nas
áreas de relações econômicas internacionais e de integração, nas quais
trabalhei boa parte de minha vida profissional. Como escrevinhador, o que sou
nas horas vagas, tenho me dedicado aos mais diversos assuntos, tão variados
quanto são os tratados no plano internacional. Como princípio, não gosto de
escrever nada por encomenda, escolhendo eu mesmo os temas sobre os quais vou
engajar meu tempo livre, que poderia ser de puro lazer ou de dolce far niente.
Mas esses temas aos quais eu tenho dedicado boa parte
de meus esforços intelectuais – ademais da leitura, sempre presente,
intensamente – se situam quase todos no terreno dos assuntos “sérios”, ou seja,
no domínio da política, da economia, das relações internacionais justamente. Em
alguns momentos, porém, escapo da aparente seriedade do trabalho corrente para
incorrer em digressões totalmente erráticas, sem um sentido preciso ou objetivo
pré-determinado: puro divertissement,
como gosto de dizer.
Estão neste caso, os minitratados que redigi ao longo
dos anos, e que não tinham nada a ver com o trabalho profissional ou as lides
acadêmicas, e sim respondiam a impulsos do momento, em torno de algum conceito
abstrato, subjetivo, de algum problema despertado por uma leitura ocasional, ou
até uma reflexão sobre os sinais de pontuação, contra os quais estamos lutando
todos os dias, os que nos dedicamos às artes da escrita. O resultado dessas
brincadeiras redigidas na última década – com longos intervalos entre uma e
outra – está aqui coletado neste volume que ainda considero incompleto, pois eu
tinha anotado algumas outras questões sobre as quais eu teria apreciado deitar
algumas linhas inconsequentes, como por exemplo: um minitratado das renúncias
inevitáveis, um outro da decadência, dois outros, respectivamente dos impulsos
criativos e dos impulsos destrutivos, sem esquecer um mais ambicioso, sobre o
contrarianismo, do qual sou um adepto confesso.
Mas por que esse nome de minitratados? Nenhuma razão
em especial, mas é que os verdadeiros eruditos, os sábios da academia, quando
pretendem discorrer sobre um assunto de importância, se dão ao esforço de logo
redigir um tratado completo sobre aquela coisa. Como meus assuntos de divertissement não apresentam
importância alguma do ponto de vista das relações internacionais, ou sequer
para a vida das nações, eu resolvi chama-los, provocadoramente, de
minitratados, o que seria em oposição aos acordos sérios existentes sobre
assuntos sérios. Existe uma outra razão, que tem a ver com o meu espírito
contrarianista, justamente. A despeito de ser um funcionário de Estado, e até
um representante da nação (salvo prova em contrário), em relação a todos os
assuntos que ocupam a minha mente eu tendo a pensar, sempre e essencialmente,
do ponto de vista do indivíduo, não do próprio Estado. Acho que os indivíduos
passam antes dos Estados, e considero que o objetivo dos tratados
internacionais deveria ser não a promoção dos interesses do Estado mas sim o
bem-estar, a prosperidade e a liberdade dos indivíduos, antes de qualquer outra
meta.
Meus minitratados têm por objeto, justamente, coisas
humanas, sentimentos, aspirações, frustrações, posturas, não grandes objetivos
estatais. Eles atendem a esses simples impulsos momentâneos no sentido de
discorrer sobre temas irrelevantes, mas que servem à sua finalidade expressa:
puro divertissement... Assim seja!
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de fevereiro de 2018
Se desejar perder tempo e insistir em ler, veja na plataforma Academia.edu,
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