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domingo, 4 de fevereiro de 2018

Tratado geral dos minitratados: um divertissement - Paulo Roberto de Almeida

Escritos de maneira errática ao longo dos anos, meus minitratados não se destinam a fazer acordos internacionais sobre coisas sérias, apenas a oferecer momentos de reflexão sobre temas anódinos, ou triviais. Puro divertissement, como já disse várias vezes, agora compilado num volume único.

Tratado geral dos minitratados: reflexões sobre algumas contradições humanas, Brasília, 4 fevereiro 2018, 67 p. Compilação de todos os minitratados. Colocado na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/35836710/Tratado_Geral_dos_Minitratados).


Índice geral dos minitratados

Tratados e minitratados: o que seria mais importante?, 9

1.     Minitratado das reticências , 11
2.     Minitratado das entrelinhas , 16
3.     Minitratado das interrogações , 19
4.     Brevíssimo tratado da subserviência , 25
5.     Minúsculo tratado do anonimato , 27
6.     Minitratado da imaginação , 30
7.     Minitratado da reencarnação34
8.     Minitratado das improbabilidades38
9.     Minitratado dos desencontros , 41
10.   Minitratado dos reencontros , 43
11.   Minitratado das corporações de ofício46
12.   Minitratado do inusitado , 50
13.   Minitratado das inutilidades burocráticas , 53
14.   Minitratado das dedicatórias57

Livros de Paulo Roberto de Almeida , 61
Nota sobre o autor , 65


Paulo Roberto de Almeida 

Segundo as definições mais comuns, um tratado, no caso dos Estados soberanos, é um acordo formal entre duas ou mais partes, e por isso constituem atos das relações internacionais, geralmente registrados na ONU, desde sua criação, como documentos oficiais que são. Existem tratados desde os tempos mais remotos; esses atos de mútua conveniência tratam, geralmente, dos mais diferentes assuntos: paz, aliança, comércio, investimentos, cooperação, mas também podem incorporar diversos outros temas das relações bilaterais, como cooperação judicial e policial. No caso dos tratados mais abrangentes, ou multilaterais, sua conclusão é de ordinário bem mais delongada, por envolver a aceitação, ou pelo menos a não oposição, de um número mais amplo de Estados, que são dotados de interesses muito diversos, dadas as assimetrias existentes no cenário internacional.
Como diplomata, ao longo da carreira, estive envolvido na negociação e até na conclusão de alguns tratados, mais frequentemente nas áreas de relações econômicas internacionais e de integração, nas quais trabalhei boa parte de minha vida profissional. Como escrevinhador, o que sou nas horas vagas, tenho me dedicado aos mais diversos assuntos, tão variados quanto são os tratados no plano internacional. Como princípio, não gosto de escrever nada por encomenda, escolhendo eu mesmo os temas sobre os quais vou engajar meu tempo livre, que poderia ser de puro lazer ou de dolce far niente.
Mas esses temas aos quais eu tenho dedicado boa parte de meus esforços intelectuais – ademais da leitura, sempre presente, intensamente – se situam quase todos no terreno dos assuntos “sérios”, ou seja, no domínio da política, da economia, das relações internacionais justamente. Em alguns momentos, porém, escapo da aparente seriedade do trabalho corrente para incorrer em digressões totalmente erráticas, sem um sentido preciso ou objetivo pré-determinado: puro divertissement, como gosto de dizer.
Estão neste caso, os minitratados que redigi ao longo dos anos, e que não tinham nada a ver com o trabalho profissional ou as lides acadêmicas, e sim respondiam a impulsos do momento, em torno de algum conceito abstrato, subjetivo, de algum problema despertado por uma leitura ocasional, ou até uma reflexão sobre os sinais de pontuação, contra os quais estamos lutando todos os dias, os que nos dedicamos às artes da escrita. O resultado dessas brincadeiras redigidas na última década – com longos intervalos entre uma e outra – está aqui coletado neste volume que ainda considero incompleto, pois eu tinha anotado algumas outras questões sobre as quais eu teria apreciado deitar algumas linhas inconsequentes, como por exemplo: um minitratado das renúncias inevitáveis, um outro da decadência, dois outros, respectivamente dos impulsos criativos e dos impulsos destrutivos, sem esquecer um mais ambicioso, sobre o contrarianismo, do qual sou um adepto confesso.
Mas por que esse nome de minitratados? Nenhuma razão em especial, mas é que os verdadeiros eruditos, os sábios da academia, quando pretendem discorrer sobre um assunto de importância, se dão ao esforço de logo redigir um tratado completo sobre aquela coisa. Como meus assuntos de divertissement não apresentam importância alguma do ponto de vista das relações internacionais, ou sequer para a vida das nações, eu resolvi chama-los, provocadoramente, de minitratados, o que seria em oposição aos acordos sérios existentes sobre assuntos sérios. Existe uma outra razão, que tem a ver com o meu espírito contrarianista, justamente. A despeito de ser um funcionário de Estado, e até um representante da nação (salvo prova em contrário), em relação a todos os assuntos que ocupam a minha mente eu tendo a pensar, sempre e essencialmente, do ponto de vista do indivíduo, não do próprio Estado. Acho que os indivíduos passam antes dos Estados, e considero que o objetivo dos tratados internacionais deveria ser não a promoção dos interesses do Estado mas sim o bem-estar, a prosperidade e a liberdade dos indivíduos, antes de qualquer outra meta.
Meus minitratados têm por objeto, justamente, coisas humanas, sentimentos, aspirações, frustrações, posturas, não grandes objetivos estatais. Eles atendem a esses simples impulsos momentâneos no sentido de discorrer sobre temas irrelevantes, mas que servem à sua finalidade expressa: puro divertissement... Assim seja!

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de fevereiro de 2018



Se desejar perder tempo e insistir em ler, veja na plataforma Academia.edu, 

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