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sábado, 7 de julho de 2018

O ocaso do lulopetismo diplomatico? - Paulo Roberto de Almeida

Fim de reino na política externa: o ocaso do lulopetismo diplomático

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: compilação de textos; finalidade: divulgação]



Não é desconhecida de colegas, profissionais ou acadêmicos, assim como de leitores, ocasionais ou regulares, de meus textos, no blog Diplomatizzando– que eu sempre chamei de “quilombo de resistência intelectual” – ou em outros veículos, a minha aversão ao que (não só eu) designei de “lulopetismo diplomático”, o que, por si só, ao aceitar o conceito, parece conceder muita honra a esse animal bizarro em nossa paisagem política do início do presente século. Muitos dos que me leem regularmente, ou entre os que conhecem meus escritos pelos meios mais diversos, pensam que eu me posiciono tão acerbamente contra esse avatar medíocre de nossa política externa porque eu seria “de direita”, ou que eu sou contra o lulopetismo diplomático apenas porque este seria de esquerda, ou progressista, ou seja lá o que for nessa linha.
Nada mais equivocado. Nem o lulopetismo diplomático, nem a sua versão mais completa, nos terrenos político ou econômico, merecem o meu repúdio porque eles são, ou seriam, “de esquerda”, ou porque eu supostamente seria “de direita”. Errado! Eu sou visceralmente contra essas deformações políticas e diplomáticas implementadas no Brasil nos últimos três lustros (e um pouco mais, desde a formação desse bizarro animal partidário) basicamente porque ele apresenta duas características insanáveis no plano da doutrina política, no domínio das políticas públicas, assim como no terreno moral, ou ético, de ambas as dimensões: o lulopetismo é fundamentalmente inepto, como ator ou promotor de políticas públicas, mas principalmente ele é profundamente corrupto, em todos os aspectos que se possa conceber. Apenas por isto que eu sou contra todas as manifestações dessa gigantesca fraude que dominou o Brasil – e de certa forma ainda domina – nas últimas décadas, sendo ainda um fenômeno mais do que residual, um fator poderoso a influenciar corações e mentes de alguns milhares de abnegados militantes e de alguns milhões de brasileiros ingênuos, capturados pelo gênio do mal e seus fieis sequazes no empreendimento fraudulento e mistificador.
Eu teria, obviamente, como professor de economia política nos últimos 14 anos nos programas de mestrado e doutorado em direito de uma instituição universitária de Brasília, muito a dizer sobre os imensos equívocos cometidos pelo lulopetismo nos terrenos econômico e político, inclusive porque segui, passo a passo, cada uma das políticas macroeconômicas e setoriais implementadas pelos seguidores do culto e sacerdotes da doutrina, um bando de beócios conduzidos por um medíocre “flautista de Hamelin”, levando atrás de si uma tropa de seguidores descerebrados (pois que eles renunciaram a pensar com suas próprias cabeças, obedecendo disciplinadamente ao chefe da tropa sem sequer emitir um pio de contestação). Mas, por razões de ofício, dediquei-me também, ao lado da análise de alguns crimes econômicos cometidos pelo bando de aloprados (que se parecem, em vários casos, com crimes comuns), a um seguimento muito atento da política externa implementada pelos lulopetistas (os profissionais e os “sócios” na carreira), mesmo estando totalmente afastado de qualquer contato com a diplomacia prática, durante toda a duração do reino lulopetista no Brasil.
Minha atenção era um misto de olhar acadêmico e de visão profissional, tendo eu juntado essas duas vertentes numa observação tópica e geral de cada uma das ações e iniciativas tomadas por eles na frente externa. Como sempre fiz durante toda a minha vida adulta, sempre consignei tais observações em registros pontuais que eu guardava para mim, ou que eram apresentados sob a forma de artigos e comentários publicados ou divulgados de diversas formas, inclusive no formato de livros que foram sendo acumulados ao longo das últimas três décadas. Uma síntese desses meus escritos aparece no livro Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014), mas diversos outros textos – ensaios, notas, resenhas, comentários rápidos em postagens dispersas – foram sendo agregados à série de análises que eu fiz sobre esse nosso “acidente de percurso”, numa trajetória política também errática, como foi a do Brasil nas três décadas desde a redemocratização.
Muitos desses escritos foram compilados em “livros de autor” oferecidos e disponibilizados livremente nas redes de comunicação social, ou nas plataformas acadêmicas às quais me filio e das quais me sirvo para divulgar minha produção de natureza intelectual (e quase toda ela o é). Um exemplo é o “livro” Miséria da diplomacia: apogeu e declínio do lulopetismo diplomático (Brasília, 18 fevereiro 2018, 188 p.), tornado disponível, como vários outros, em plataformas acadêmicas (ver lista abaixo). Suponho que eles sejam acessados ocasionalmente ou regularmente pelos interessados na “literatura” sobre o lulopetismo em geral e sobre o lulopetismo diplomático em especial, o que na verdade conforma uma comunidade bastante reduzida de acadêmicos e alguns outros curiosos no assunto. Raramente recebi, dos leitores ocasionais, comentários a respeito de minhas opiniões, análises e críticas feitas contra (sim, contra) o lulopetismo diplomático, embora eu imagine que esses trabalhos sejam lidos por aderentes ou adversários desse animal bizarro que contaminou durante algum tempo nossa diplomacia e nossa política externa. 
Sem pretender agora retomar o núcleo central de minhas críticas a esse avatar tremendamente prejudicial às tradições de nossa política externa, e sem pretender me arvorar em porta-voz de um “purismo” diplomático que pareceria arrogante, tenciono apenas neste momento apresentar uma pequena lista de meus escritos sobre esse fenômeno, que agora entendo estar em seu ocaso, como forma de, mais uma vez, esclarecer minhas posturas sobre um período que eu reputo negativa em nossa trajetória diplomática, o que pode não parecer evidente aos olhos de toda uma geração que nasceu e se formou sob o lulopetismo (uma vez que 15 anos é o tempo normal de formação de uma geração no plano educacional). Como sempre, meu ânimo é puramente o de manter um diálogo de alto nível, ou seja, no plano das ideias, sobre temas, conceitos e práticas que apresentam extrema relevância para a inserção global do Brasil, tanto no plano estritamente econômico, quanto no plano propriamente político. 
O que segue, portanto, é uma seleção de escritos diversos, com seus respectivos links de localização, começando pelas duas compilações que já reproduzem a íntegra desses trabalhos selecionados. Bom proveito.

1) Quinze anos de política externa: ensaios sobre a diplomacia brasileira, 2002-2017 (Brasília: Edição do Autor, 2017, 366 p.) Blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/05/quinze-anos-de-politica-externa-ensaios.html).
3) “Política externa brasileira recente: algumas questões tópicas” (Brasília, 10 fevereiro 2018, 12 p.) Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/02/politica-externa-brasileira-recente.html).
4) “Depois da diplomacia companheira: o que vem pela frente?” (Brasília, 26 novembro 2017, 3 p.) Gazeta do Povo (28/11/2017, link: http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/depois-da-diplomacia-companheira-o-que-vem-pela-frente-di5ffopc0ywu56cc29s8s5hsr), blog Diplomatizzando(28/11/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/11/depois-da-diplomacia-companheira-o-que.html).
5) “Crimes econômicos do lulopetismo na frente externa” (Brasília, 12 maio 2017, 7 p.; resenha do livro de Fabio Zanini, Euforia e fracasso do Brasil grande: política externa e multinacionais brasileiras na era Lula. São Paulo: Contexto, 2017, 224 p.; ISBN: 978-85-7244-988-5). Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/05/crimes-economicos-do-lulopetismo-na.html).
7) “O Itamaraty e a nova política externa brasileira” (Brasília, 19 novembro 2016, 18 p.) Blog Diplomatizzando(15/08/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/o-itamaraty-e-nova-politica-externa.html).
8) “O lulopetismo diplomático: um experimento exótico no Itamaraty” (Porto Alegre, 4 setembro 2016, 5 p.) Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/09/o-lulopetismo-diplomatico-um.html).
9) “Auge e declínio do lulopetismo diplomático: um depoimento pessoal” (Brasília, 26/06/2016: 19 p.) Blog Diplomatizzando(1/07/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/07/ufa-um-depoimento-meu-sobre-o.html).
10) “Política externa e política econômica no Brasil pós-PT” (Brasília, 29 maio 2016, 6 p.) Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/06/politica-externa-e-politica-economica.html).
11) “O renascimento da política externa” (Brasília, 25 maio 2016, 14 p.) RevistaInteresse Nacional(ano 9, n. 34, julho-setembro de 2016) blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/08/o-renascimento-da-politica-externa.html).
12) “Do lulopetismo diplomático a uma política externa profissional” (Brasília, 22 maio 2016, 7 p.) Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/do-lulopetismo-diplomatico-uma-politica.html).
13) “O Itamaraty e a diplomacia profissional brasileira em tempos não convencionais” (Brasília, 15 maio 2016, 10 p.) Entrevista concedida ao Jornal Arcadas;Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/um-anarco-diplomata-fala-sobre.html).
14) Epitáfio do lulopetismo diplomático” (Brasília, 2 maio 2016, 3 p.) O Estado de S. Paulo(17/05/2016); blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/epitafio-do-lulopetismo-diplomatico.html).

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de julho de 2018

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