Mini-reflexão em período eleitoral
Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: apenas reflexão; finalidade: eleitores em geral]
Não se muda o Brasil da noite para o dia, certamente não a golpes de salvadores da pátria, negação de tudo isso que está ai (que significa na verdade a preservação de um pouco mais disso tudo que está aí).
Entre os problemas que temos, em épocas eleitorais, é a tradicional deseducação monstruosa do eleitorado – problema que vai persistir por muitas décadas –, a dominação das regras do jogo por partidos e políticos profundamente corruptos – e que farão tudo para deixar tudo como está – e a impossibilidade de candidaturas avulsas, num sistema eleitoral e partidário profundamente deformado (Fundo Partidário e Fundo Eleitoral, que deveriam ser simplesmente eliminados, por exemplo).
Pois bem, em face dessas tragédias que não têm data para terminar, o que cidadãos conscientes devem fazer. Sem pretender ditar conduta a ninguém, eu diria que – sem muitas ilusões – tentar eleger o menos pior para presidente (o que tem a melhor equipe econômica, por exemplo), e tentar melhorar um pouco o Congresso, que é muito mais importante do que o presidente para começar a mudar o Brasil.
Em lugar de esperar o salvador da pátria, portanto, tentar escolher os "representantes" (deputados, senadores e executivos e legisladores estaduais) que sejam os menos nocivos no plano das políticas públicas, o que confesso é difícil, mas que precisa ser tentado.
Concentrem-se na informação sobre os menos ruins dos candidatos às assembleias legislativas, e já é um bom começo para uma mudança que será muito gradual, lentíssima. Sorrypelo pessimismo, mas estou tentando ser pelo menos um pouco realista. Voto nulo, em branco, ignorância quanto aos legisladores não vão ajudar em nada. Escolham os menos piores...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28 de julho de 2018
Addendum: Respondendo a uma questão sobre se o Brasil e a América Latina têm jeito.
Minha resposta:
Sim, o Brasil e a América têm jeito, mas vai demorar mais um pouco, pelo menos três ou quatro gerações. Não é, infelizmente, para a nossa geração. Os erros acumulados, desde a origem, continuados e até agravados, por elites ineptas e corruptas, por políticos vagabundos e ladrões, são muito grandes, só inferiores à deseducação abissal da população, característica comum a nossos países. As pessoas são muito ignorantes pois não tiveram educação de qualidade. Depois tem a ideologia equivocada de certas esquerdas que persistem no erro das políticas econômicas distributivistas que levam ao baixo grau de produtividade e, portanto, de crescimento da renda, o que deixa os pobres vulneráveis e sujeitos à dominação de elites ineptas e corruptas e de mandarins do Estado (classe à qual eu pertenço) focados apenas em defender seus privilégios típicos da aristocracia do Ancien Régime. Ou seja, vai demorar, mas um dia chega.
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