Mini-reflexão sobre os descaminhos do Brasil atual
Paulo Roberto de Almeida
Por que certas nações se deixam arrastar ao retrocesso nas mãos de populistas nefastos, alguns deliberadamente perversos?
Isso se deve ao desespero dos mais humildes, geralmente ignorantes e ingênuos, ansiosos por alguma mudança, qualquer uma.
Costuma dar errado, mas o mais triste é que reincidimos no erro de achar que existe essa coisa impossível chamada “salvador da pátria “.
Sabemos que não existe, mas o fato é que a maioria do eleitorado não têm capacidade cognitiva, discernimento ou conhecimento suficiente para escolher políticas públicas, projetos de nação, não personagens providenciais que prometem resolver os grandes problemas da nação. Aliás, nem as próprias elites, geralmente mesquinhas e autocentradas, sabem ou querem fazê-lo. Estão por demais concentradas na defesa egoista de seus privilégios.
Nações desprovidas de educação de massa não costumam produzir estadistas em profusão; só muito excepcionalmente.
E assim a nave vai, muitas vezes a nau dos insensatos.
É exatamente esta a situação do Brasil atual; só não sei se por muito tempo, por quanto tempo mais. Só sei que a restauração de padrões mínimos de políticas públicas consistentes, a construção de uma democracia de média qualidade — nem peço de alta qualidade — no Brasil, a redução das tremendas iniquidades sociais de que padecemos não é mais obra de minha geração, que falhou terrivelmente na missão de construir um país melhor, e agora deixa os comandos para uma geração mais jovem.
Que ela possa fazer melhor do que o cenário de terra arrasada que deixamos nas últimas duas décadas e meia (com nossas humildes desculpas).
De minha parte, continuarei na minha resistência contra a burrice e a irracionalidade, persistindo em minha ofensiva pedagógica em favor do conhecimento, do estudo, da reflexão a partir da observação do mundo e das experiências de vida. Devo isso aos mais jovens, em especial em direção daqueles que veem de meios modestos, de lares humildes, de situações de pobreza como era o caso de minha familia na origem.
O fato de pertencer hoje ao estrato minoritário dos privilegiados não me exime de responsabilidade pela sorte dos que não tiveram sorte na vida, como eu tive, ainda que pelo trabalho e pelo estudo.
Cabe persistir: nossos filhos e netos esperam o melhor de nós mesmos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23/04/2021
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