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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Contestando Bolsonaro: rebatendo o discurso na AGNU 2021 - Paulo Roberto de Almeida

 Contestando Bolsonaro: rebatendo o discurso na AGNU 2021

 

Paulo Roberto de Almeida

 

Texto liberado pela PR

Paulo Roberto de Almeida

Venho aqui mostrar o Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões.

A mídia em geral, na sua diversidade, reflete o que se vê na realidade. Quem não concorda, quer mentir. 

O Brasil mudou, e muito, depois que assumimos o governo em janeiro de 2019.

Sim, mudou para pior: aumentou o desmatamento, o despeito à democracia, as mentiras oficiais, a mediocridade.

Estamos há 2 anos e 8 meses sem qualquer caso concreto de corrupção.

Mentira: toda a família está envolvida em corrupção, assim como a Saúde e outros. 

O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição e seus militares, valoriza a família e deve lealdade a seu povo.

Demagogia barata: mudou de religião por oportunismo; desrespeita a CF-1988 e já teve várias famílias, o que não é bom sinal. Só tem lealdade à sua tribo!

Isso é muito, é uma sólida base, se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo.

Ridículo: nem o PCdoB ou o PT queriam o socialismo; só queriam extorquir os capitalistas, para viver bem.

Nossas estatais davam prejuízos de bilhões de dólares, hoje são lucrativas.

MENTIRA! Continuam dando prejuízos e são deficitárias na maior parte.

Nosso Banco de Desenvolvimento era usado para financiar obras em países comunistas, sem garantias. Quem honra esses compromissos é o próprio povo brasileiro.

Bobagem: o BNDES dos companheiros financiou sim projetos em países governados pela esquerda. Mas não consta que tenha se envolvido em falcatruas deliberadas.

Tudo isso mudou. Apresento agora um novo Brasil com sua credibilidade já recuperada.

Mudou para pior. Nunca foi tão baixa a credibilidade do Brasil, que se deteriora cada vez mais, por causa do capitão.

O Brasil possui o maior programa de parceria de investimentos com a iniciativa privada de sua história. Programa que já é uma realidade e está em franca execução.

Fantasia pura; existem muitos projetos, pois o Brasil carece de infraestrutura, mas o programa não é o maior da história; no regime militar foi muitas vezes mais, e poderá ser ainda.

Até aqui, foram contratados US$ 100 bilhões de novos investimentos e arrecadados US$ 23 bilhões em outorgas.

Dados sujeitos à caução; o Brasil não é o imenso canteiro de obras que se apregoa e muitos projetos estão parados por desconfiança em relação ao futuro.

Na área de infraestrutura, leiloamos, para a iniciativa privada, 34 aeroportos e 29 terminais portuários.

Isso é programa para o ministério setorial, não para discurso na ONU. A informação é ridícula para a AGNU.

Já são mais de US$ 6 bilhões em contratos privados para novas ferrovias. Introduzimos o sistema de autorizações ferroviárias, o que aproxima nosso modelo ao americano. Em poucos dias, recebemos 14 requerimentos de autorizações para novas ferrovias com quase US$ 15 bilhões de investimentos privados.

Não tem a mínima importância ser parecido ou não ao modelo americano. Essa continha de padeiro, contabilizando valores e projetos não é tema para discurso na AGNU, que se destina a posicionamentos do país em face dos grandes problemas da agenda internacional; disso não há sequer um traço do discurso medíocre.

EM NOSSO GOVERNO PROMOVEMOS O RESSURGIMENTO DO MODAL FERROVIÁRIO.

So what?, perguntaria o inglês. O que isso tem a ver com a postura do Brasil no plano da agenda internacional? 

Como reflexo, menor consumo de combustíveis fósseis e redução do custo Brasil, em especial no barateamento da produção de alimentos.

Esse é um programa doméstico, que não tem nenhum interesse para a audiência da AGNU: o custo Brasil não é um assunto para esse tipo de discurso.

Grande avanço vem acontecendo na área do saneamento básico. O maior leilão da história no setor foi realizado em abril, com concessão ao setor privado dos serviços de distribuição de água e esgoto no Rio de Janeiro.

My God! O que a distribuição de água no RJ interessa à comunidade internacional? Discurso de vereador que está pensando na sua próxima eleição, não de um estadista que pretende falar em nome do seu país.

Temos tudo o que investidor procura: um grande mercado consumidor, excelentes ativos, tradição de respeito a contratos e confiança no nosso governo.

Por acaso se trata de um caixeiro-viajante tratando de vender boas oportunidades de mercado? Quem redigiu esse discurso regula bem da cabeça?

Também anuncio que nos próximos dias, realizaremos o leilão para implementação da tecnologia 5G no Brasil.

O Brasil já está atrasado, e o governo mais ainda na questão do 5G, porque ficou cedendo a instintos anti-chineses da administração americana anterior.

Nossa moderna e sustentável agricultura de baixo carbono alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e utiliza apenas 8% do território nacional.

Manipulando dados para ver se impressiona a plateia, mas o público presente está focado em outras questões, completamente alheias a isso.

Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa.

Pena que o seu governo se empenha em destrui-la sistematicamente todos os dias.

Nosso Código Florestal deve servir de exemplo para outros países.

Nenhum país do mundo tem as necessidades setoriais do Brasil. 

O Brasil é um país com dimensões continentais, com grandes desafios ambientais.

Qual é a novidade nisso? As dimensões todo mundo sabe; os desafios não estão sendo enfrentados, ao contrário.

São 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 66% são vegetação nativa, a mesma desde o seu descobrimento, em 1500.

O Brasil não tinha isso tudo em 1500. E é mentira que dois terços da vegetação nativa tenham sido preservados tal qual desde aquela data.

Somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta. Lembro que a região amazônica equivale à área de toda a Europa Ocidental.

O governo do capitão está empenhado sistematicamente em destruir o bioma amazônica, desenvolver mineração em terras indígenas, pastoreio, pensando que isso é desenvolvimento. 

Antecipamos, de 2060 para 2050, o objetivo de alcançar a neutralidade climática. Os recursos humanos e financeiros, destinados ao fortalecimento dos órgãos ambientais, foram dobrados, com vistas a zerar o desmatamento ilegal.

O capitão já estará morto em 2050 ou 2060, e não adianta prometer; o mundo quer saber o que está sendo feito agora para proteger o meio ambiente; os órgãos de controle continuam sucateados, sem pessoal, e sem os recursos necessários para desenvolver suas tarefas.  

E os resultados desta importante ação já começaram a aparecer!

Não apareceram até agora; o que se viu foi destruição, total e completa.

Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior.

MENTIRA! O que ocorreu, na verdade, foi o aumento do desmatamento, o maior em dez anos, em agosto. O capitão tenta enganar os incautos, mas não conseguirá. 

QUAL PAÍS DO MUNDO TEM UMA POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL COMO A NOSSA?

Pode ter, mas o desgoverno do capitão se empenha em destruir a política de preservação ambiental melhor do mundo.

Os senhores estão convidados a visitar a nossa Amazônia!

Virou agente de viagem, o que não é exatamente o momento mais oportuno.

O Brasil já é um exemplo na geração de energia com 83% advinda de fontes renováveis.

E isso não se deve absolutamente nada ao seu governo, e sim às três gerações anteriores de planejadores setoriais.

Por ocasião da COP-26, buscaremos consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global. Esperamos que os países industrializados cumpram efetivamente seus compromissos com o financiamento de clima em volumes relevantes.

O ex-antiministro do ½ ambiente já havia feito chantagem semelhante na COP-25: se vocês querem que a Amazônia seja preservada, paguem, enviem recursos, do contrário esse governo não pode garantir que cumprirá com suas obrigações estipuladas em acordo multilateral.

O futuro do emprego verde está no Brasil: energia renovável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento básico, tratamento de resíduos e turismo.

Quadro idílico que não combina com a realidade. Os demais países estão até mais empenhados na agenda da sustentabilidade, sem, no entanto, fazer propaganda do que é agenda estabelecida.

Ratificamos a Convenção Interamericana contra o Racismo e Formas Correlatas de Intolerância.

Bastava comunicar a ratificação ao departamento apropriado das Nações Unidas, sem tirar vantagem desse ato. 

Temos a família tradicional como fundamento da civilização. E a liberdade do ser humano só se completa com a liberdade de culto e expressão.

Conversa fiada para o público interno. A família tradicional já não é o único fundamento da civilização. Os revolucionários de 1789 já sabiam disso.

14% do território nacional, ou seja, mais de 110 milhões de hectares, uma área equivalente a Alemanha e França juntas, é destinada às reservas indígenas. Nessas regiões, 600.000 índios vivem em liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades.

Quer sinalizar que são um exagero em termos de dimensões? Melhor para o futuro do Brasil. Os índios já podem desenvolver atividades econômicas em suas terras, e o fazem; o que está ocorrendo, na verdade, é uma deformação desses objetivos, com o fito de repassar a grileiros e madeireiros.

O Brasil sempre participou em Missões de Paz da ONU. De Suez até o Congo, passando pelo Haiti e Líbano.

Isso também já se sabe, e nenhuma delas ocorreu em seu governo, que ainda falta pagar compromissos com algumas delas.

Nosso país sempre acolheu refugiados. Em nossa fronteira com a vizinha Venezuela, a Operação Acolhida, do Governo Federal, já recebeu 400 mil venezuelanos deslocados devido à grave crise político-econômica gerada pela ditadura bolivariana.

Outros países acolheram muitos mais refugiados da ditadura bolivariana. A nossa Constituição e a Lei da Imigração já estabelecem esses deveres de solidariedade humana nesse tipo de caso, sem que a ideologia esteja em causa. A intenção deve ser puramente humanitária.  

O futuro do Afeganistão também nos causa profunda apreensão. Concederemos visto humanitário para cristãos, mulheres, crianças e juízes afegãos.

Os cristãos constituem uma minoria extremamente reduzida no Afeganistão; asilo deve ser dado em bases universais, não discriminado por religião. Ou seja, homens muçulmanos não podem vir?

Nesses 20 anos dos atentados contra os Estados Unidos da América, em 11 de setembro de 2001, reitero nosso repúdio ao terrorismo em todas suas formas.

Um cumprimento oportunista e desprovido de sentimentos reais, pois nunca se estabeleceu um diálogo direto entre os dois presidentes.

Em 2022, voltaremos a ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Agradeço aos 181 países, em um universo de 190, que confiaram no Brasil. Reflexo de uma política externa séria e responsável promovida pelo nosso Ministério de Relações Exteriores.

A rotatividade nessas ocupações de vagas nos cargos onusianos se desenvolve de modo mais ou menos natural, sem questionamentos quanto à ideologia do país. Ditaduras são escolhidas para o Conselho de Direitos Humanos da ONU: é a hipocrisia diplomática normal...

Apoiamos uma Reforma do Conselho de Segurança ONU, onde buscamos um assento permanente.

O tema da reforma da Carta, e ampliação do CSNU, não está em causa atualmente, e com o seu governo não existe chance.

A pandemia pegou a todos de surpresa em 2020. Lamentamos todas as mortes ocorridas no Brasil e no mundo.

Hipócrita! Sempre demonstrou total desprezo pelo número de vítimas no Brasil e se empenhou em aumentá-lo.

Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo.

Canalha! Se opôs a todas as medidas de controle da pandemia. Isolamento ou lockdown (que nunca ocorreu) nunca foram causas de inflação e muito menos de falta de alimentos no mundo. Existe um problema de renda, não de produção. 

No Brasil, para atender aqueles mais humildes, obrigados a ficar em casa por decisão de governadores e prefeitos e que perderam sua renda, concedemos um auxílio emergencial de US$ 800 para 68 milhões de pessoas em 2020.

Canalha e mentiroso; governos e prefeitos foram responsáveis com as vidas humanas, o que nunca foi o caso do capitão genocida. Esse número está claramente inflado e não corresponde aos valores reais pagos à população. 

Lembro que terminamos 2020, ano da pandemia, com mais empregos formais do que em dezembro de 2019, graças às ações do nosso governo com programas de manutenção de emprego e renda que nos custaram cerca de US$ 40 bilhões.

Mais números fantasiosos e inflados, quando a realidade mostra um aumento do desemprego de 2019 para 2021. Todos os países investiram no auxílio emergencial, mas o Brasil o fez de modo improvisado e com impulsos erráticos. 

Somente nos primeiros 7 meses desse ano, criamos aproximadamente 1 milhão e 800 mil novos empregos. Lembro ainda que o nosso crescimento para 2021 está estimado em 5%.

Os números são sujeitos à caução novamente, e de toda forma, o discurso deveria ser sobre temas da agenda global, não sobre medidas de política interna que não estão na pauta das discussões ali. 

Até o momento, o Governo Federal distribuiu mais de 260 milhões de doses de vacinas e mais de 140 milhões de brasileiros já receberam, pelo menos, a primeira dose, o que representa quase 90% da população adulta. 80% da população indígena também já foi totalmente vacinada. Até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil, serão atendidos.

O Brasil está claramente atrasado na vacinação, por culpa exclusiva da vacinação. Dados brutos não interessam muito, pois o que vale, sempre, é a proporcionalidade da população coberta pelas medidas e nesse terreno estamos claramente em defasagem com respeito às médias mundiais. Grande parte desse esforço se deveu a governadores, não ao governo federal, que só fez corrupção. 

Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina.

O capitão insiste no negacionismo e na oposição às medidas não farmacológicas de controle da pandemia. Tampouco fez grande coisa na vacinação. 

Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina.

CANALHA! Continua fazendo propaganda do tratamento precoce, contra qualquer recomendação científica comprovada, e se escondendo atrás do CFM bolsonarista.

Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label.

MENTE mais uma vez, e esconde os métodos que usou quando foi infectado. Esconde sua carteira de vacinação sob um sigilo de CEM ANOS. CANALHA COMPLETO, PSICOPATA!

Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial.

GRANDE IDIOTA! Pessoas e países responsáveis sempre apoiaram os métodos científicos comprovados.

A história e a ciência saberão responsabilizar a todos.

Demagogia barata. A história o condenará como um GENOCIDA que é!

No último 7 de setembro, data de nossa Independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às ruas, na maior manifestação de nossa história, mostrar que não abrem mão da democracia, das liberdades individuais e de apoio ao nosso governo.

Demagogo e mentiroso. As manifestações foram claramente encomendadas com o uso maciço de recursos públicos, e deverá haver responsabilização criminal pela violação da legislação eleitoral e sobre probidade no serviço público.  

Como demonstrado, o Brasil vive novos tempos. Na economia, temos um dos melhores desempenhos entre os emergentes.

Seria patético se não fosse ridículo. O Brasil é um dos países de menor sucesso na recuperação econômica, e voltamos aos velhos tempos da inflação.

Meu governo recuperou a credibilidade externa e, hoje, se apresenta como um dos melhores destinos para investimentos.

É tão ridícula a afirmação, que não merece nenhum crédito. O Brasil vem perdendo bilhões de dólares de fuga de capitais, de brasileiros e estrangeiros.

É aqui, nesta Assembleia Geral, que, vislumbramos um mundo de mais liberdade, democracia, prosperidade e paz.

Frase banal, aliás, total déjà vu, já que se trata de uma afirmação gratuita, sem qualquer fundamento na realidade. 

Autores: burocratas da presidência e familiares ignorantes.

Autor: Paulo Roberto de Almeida, em meu próprio nome e responsabilidade

 

Brasília, 22 de setembro de 2021.


 

Um comentário:

Francisco Gomes de Amorim disse...

Paulo Roberto: que saudades do lula, hein?
È só voltar no PT que acaba este "horror" de estarmos há quase 3 anos seu roubar.
Parabéns pelo seu interesse pelo Brasil