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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Brasil, isolado e sem liderança regional - William Waack (Estadão)

No canto da foto

Potências dos Brics estão no pesado jogo mundial de poder, e o Brasil?

William Waack, O Estado de S.Paulo 
14 de novembro de 2019 | 05h00 

Quando apareceu a sigla Brics, em 2006, pensava-se na redistribuição do poder global para além das potências como Estados Unidos e o bloco europeu. Avaliava-se o novo peso e importância dos “mercados emergentes” ali representados, mas dentro da ordem vigente. De fato, a redistribuição de poder ocorreu e está avançando, mas não pelo que os Brics fizeram como “bloco” de atuação, e não da forma benigna como se imaginava. 
É interessante notar que a ênfase recente nos encontros dos líderes do Brics tem sido na cooperação tecnológica e comercial entre eles mesmos, e menos nas fascinantes questões geopolíticas. Nem poderia ser diferente: no retrato dos cinco reunidos em Brasília estão três países (China, Índia e Rússia) centrais na luta atual pela redistribuição de poder global, cada vez mais conflituosa, e dois (África do Sul e Brasil) que jogam na periferia. 
Cada um por si, China e Rússia são as grandes forças revisionistas que contribuíram decisivamente para liquidar a “paz profunda” internacional do período de 25 anos que começou em 1989 com a queda do Muro de Berlin e terminou em 2014 com a anexação da Crimeia por Moscou. As posturas agressivas dos “revisionistas”, com forte conteúdo nacionalista, sugerem uma continuidade entre o mundo da Guerra Fria (de 1946 a 1989) e o mundo que ressurge depois desses 25 anos de “paz profunda”, período já batizado de “pós-Guerra Fria”. 
Assim como no mundo da Guerra Fria, no atual predomina a acirrada competição entre as principais potências por aumentar sua segurança. No período que se inicia em 2014 as potências voltam a conduzir as relações entre si sob a perspectiva de eventual conflito armado. Ou seja, após um período de pouca competição por segurança as relações internacionais se parecem de novo com o que sempre aconteceu. 
Os “revisionistas” enxergam os Estados Unidos como bem menos formidável, sobretudo depois da grave crise financeira de 2008. Na Europa e na Ásia (e, recentemente, no Oriente Médio), Rússia e China foram testando os limites e a solidez das alianças até aqui conduzidas pelos americanos, cada vez mais desafiados abertamente (de certa maneira, Trump os ajudou). Não que a relação entre China e Rússia seja tranquila – ou entre Índia e China –, mas eles convergem na contestação de dois pilares da ordem americana dos últimos 70 anos: um conjunto de regras internacionais e a defesa da democracia como valor universal. 
É nesse mundo multipolar muito mais perigoso, instável e imprevisível que África do Sul e Brasil têm de encontrar como fincar o pé. A África do Sul enfrenta competição da China por influência na sua própria área de atuação mais próxima. Além dessa, divide com o Brasil outra característica: o grau da crise doméstica, que parece fazer com que esses dois gigantes do Hemisfério Sul olhem apenas para dentro de si mesmos. 
No caso do Brasil, a perda de importância e liderança regional registrada sobretudo a partir do segundo mandato de Dilma – agravando a estapafúrdia ideia do confronto “Norte-Sul” – ficou clara em todos os episódios recentes de turbulência e confusão entre os vizinhos, sobre os quais a antiga influência brasileira praticamente deixou de existir. Putin parece ter mais peso sobre o que acontece na Venezuela do que o Brasil. 
Na foto do jogo do qual participam os integrantes do Brics o Brasil aparece no cantinho. Não é palco, parte ou tem atuação decisiva em qualquer dos principais conflitos que estão redistribuindo o poder global. Frases de efeito em redes sociais ou “alinhamento automático” que o próprio governo sugere em relação a Washington não são pilares de política externa. O Brasil não só corre atrás da liderança perdida: diante da velocidade das mudanças lá fora, parece ainda perdido na busca de seu papel.

terça-feira, 19 de abril de 2016

A tomada jabuticabal brasileira e uma resposta do Inmetro, feita em 1ro de Abril

Estava guardando para esperar passar o impeachment. OK, já passou, então volto ao assunto.
Para responder a uma consulta que fiz no site do Inmetro, a Ouvidoria desenvolveu todo um arrazoado de justificativas que afirmam em resumo que as nossas tomadas são as melhores do mundo.
Minha consulta era esta:
"Esperando que a atual diretoria do Inmetro revise o crime cometido contra o Brasil e os brasileiros, anos atrás, ao alterar a tomada elétrica para um padrão exclusivo e único ao Brasil, quando os padrões anteriores permitiam uma adaptação natural a sistemas estrangeiros. O padrão atual brasileira, estúpido absolutamente na sua formatação, apresenta problemas terríveis a quem viaja, a quem tem aparelhos adquiridos no exterior, a toda e qualquer empresa que precise produzir aparelhos numa economia de escala internacional, e não caipira, nacionalista rastaquera, como a que foi adotada (provavelmente com intenções mais corruptoras do que "normalizadoras". A tomada brasileira é uma jabuticaba criminosa."
A resposta do Inmetro, abaixo, não toca em nenhum aspecto da compatibilidade das novas tomadas com formatos e padrões existentes em outros países, como se o Brasil fosse um país isolado do mundo (o que de fato é, pois os nossos burocratas não se preocupam com inserção do Brasil na economia mundial).
Continuo achando que fomos vítimas de uma tramoia para dar dinheiro para um punhado de espertos. Acho que muita gente percebeu isto...
Êta povinho insatisfeito...
Paulo Roberto de Almeida

From: ouvidoria@inmetro.gov.br
Date: April 1, 2016 at 10:16
Subject: INMETRO - Resposta solicitação nº 619450

Prezado Sr). Paulo Roberto de Almeida

Em atendimento à crítica registrada em nossa Ouvidoria sob o n.º 619450, referente ao padrão de plugues e tomadas para uso doméstico e análogo, apresentamos as seguintes considerações.
Acompanhando a tendência mundial, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), fórum de normalização do País, iniciou o trabalho de criação de um padrão para plugues e tomadas. Essa discussão teve início no Brasil na década de 80 e foi concluída em julho de 1998, com a publicação da Norma ABNT NBR 14136, contando com ampla participação dos fabricantes de plugues, tomadas e equipamentos eletroeletrônicos.
Cabe destacar que os critérios fundamentais para a adoção do padrão foram a segurança dos usuários e a adaptabilidade, pois é compatível com 80% das conexões atuais,  e o melhor custo-benefício para os usuários e as empresas impactadas.
Posteriormente à publicação da ABNT NBR 14136, considerando as dificuldades do setor produtivo para se adequar às regulamentações, o Inmetro realizou dois Painéis Setoriais de Plugues e Tomadas no ano de 2006, com a participação de mais 200 representantes do setor produtivo, meio acadêmico, ONGs de defesa do consumidor e outras partes interessadas, com vistas a propiciar uma discussão focada, harmonizar interesses e obter o consenso quanto à implantação do padrão previsto na referida norma.
Na ocasião, foi ratificado o entendimento da necessidade de se implantar a padronização de plugues e tomadas, e, para isto, estabeleceu-se um escalonamento de prazos de adequação à norma ABNT NBR 14136. Ressalta-se, que este escalonamento considerou a facilidade de implementação e sua aplicação tanto no âmbito do fabricante e do importador, quanto no âmbito do consumidor.
Assim sendo, e considerando a complexidade do tema, a questão foi levada ao Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Conmetro que, após avaliar as ações do Inmetro, o posicionamento de seus membros e as colocações das associações representativas do setor produtivo, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica - Abinee e a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos - Eletros, deliberou pela publicação das Resoluções Conmetro nº. 11/2006 e 02/2007, estabelecendo os prazos para atendimento obrigatório à norma ABNT NBR 14136.
Tendo em vista que a maioria dos plugues de dois pinos comercializados em aparelhos eletroeletrônicos e eletrodomésticos já se encontra adequada ao novo padrão, evidencia-se que o mesmo é totalmente compatível com a tomada atual, não havendo necessidade de mudança na maioria das tomadas já existentes.
Ressaltamos ainda que o padrão visa minimizar o risco de acidentes elétricos. Dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) registraram, em 2008, 516 acidentes causados por choque elétrico. O Ministério da Saúde registrou 15.418 mortes sem internação, causadas por exposição à corrente elétrica em casa, escola, asilo, etc.
Face ao exposto, afirmamos que o padrão, além de ser mais seguro, promove a adaptação de voltagens diferentes existentes em nosso país e auxilia a combater o desperdício de energia elétrica.
Finalmente, esclarecemos que o Inmetro disponibilizou  algumas perguntas e respostas mais frequentes para dirimir possíveis dúvidas no link: http://www.inmetro.gov.br/ouvidoria/faqs.asp#plugues, bem como a seguinte cartilha: http://www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/cartilhas/plugues_tomadas/inmetro_plugues.pdf.

Agradecemos sua visita e em caso de dúvida, continuamos à disposição para esclarecimentos adicionais.

Atenciosamente,
Cristiana F Pedrosa
OUVIDORIA DO INMETRO
Para mais esclarecimentos favor acessar o formulário disponível no:
http://www.inmetro.gov.br/ouvidoria/ouvidoria.asp#formulario

Em resposta a sua consulta:
   
    Esperando que a atual diretoria do Inmetro revise o crime cometido contra o Brasil e os brasileiros, anos atrás, ao alterar a tomada elétrica para um padrão exclusivo e único ao Brasil, quando os padrões anteriores permitiam uma adaptação natural a sistemas estrangeiros. O padrão atual brasileira, estúpido absolutamente na sua formatação, apresenta problemas terríveis a quem viaja, a quem tem aparelhos adquiridos no exterior, a toda e qualquer empresa que precise produzir aparelhos numa economia de escala internacional, e não caipira, nacionalista rastaquera, como a que foi adotada (provavelmente com intenções mais corruptoras do que "normalizadoras". A tomada brasileira é uma jabuticaba criminosa.