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quarta-feira, 7 de julho de 2021

Sem Ernesto Araújo, Itamaraty retorna à discrição e ensaia moderação - Renato Vasconcelos (OESP)

Sem Ernesto Araújo, Itamaraty retorna à discrição e ensaia moderação

Grande desafio da gestão de Carlos Alberto França é equilibrar interesses do Brasil no duelo EUA-China, em meio à retórica 'antiglobalista' de Bolsonaro

O Estado de S.Paulo
Renato Vasconcelos
07/07/2021, 05:00

Cem dias após a saída de Ernesto Araújo, o Itamaraty ainda tenta recuperar o pragmatismo e a moderação de outrora, características esquecidas durante a gestão do ex-ministro. Sob a liderança do novo chanceler, Carlos Alberto França, a diplomacia brasileira vem trabalhando com discrição , na avaliação de ex-embaixadores e especialistas em política internacional ouvidos pelo Estadão , mas questões de política interna ainda travam mudanças mais significativas na condução da diplomacia brasileira. Apesar disso, a tensão interna no Itamaraty, que marcou os dias turbulentos vividos na gestão Araújo, ficou para trás.

"Não se podia esperar transformações em profundidade, porque o ministro é um auxiliar do presidente da República, e as linhas gerais de política externa são dadas por aquele que ganhou as eleições. Carlos França trouxe uma mudança de estilo, que é completamente oposto ao de Ernesto Araújo. Ele não é um militante político, alguém que faz parte do esquema de poder do presidente, mas sim um funcionário do Estado", afirmou o ex-embaixador brasileiro em Washington e ex-ministro da Fazendo, Rubens Ricupero.

A mudança de estilo foi notada pelo também ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa. "Mudou o estilo, mudou a retórica e outra grande diferença é a disposição de reconstruir pontes, que foram dinamitadas pelo Ernesto Araújo, em restabelecer canais de comunicação”, analisou.

Carlos Alberto França assumiu o ministério das Relações Exteriores no dia 6 de abril, oito dias depois de Ernesto Araújo ser demitido do cargo. Promovido ao topo da carreira diplomática em 2019, França nunca chefiou um posto no serviço exterior, mas tem familiaridade com o poder: trabalhou no Planalto nos governos Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Michel Temer, sempre na área do Cerimonial.

Apesar da presumida falta de experiência do chanceler, a simples mudança de comando já foi suficiente para gerar um alívio nas pressões internas do Itamaraty, de acordo com o professor Oliver Stuenkel, coordenador do programa de pós-graduação da Escola de Relações Internacionais da FGV.

"Parte da missão do governo Bolsonaro, inicialmente, foi o desmonte do Itamaraty, que é mais difícil de ser politizado, em função de seu quadro altamente técnico, e a missão do Ernesto Araújo foi basicamente erudir o que a família Bolsonaro chamava de resistência globalista. O novo chanceler, aparentemente, não tem essa missão e trouxe um grau de normalidade à instituição", disse Stuenkel.

Ainda segundo o professor, o novo ministro demonstrou habilidade ao retirar a política externa do embate político interno. "Você não vê o chanceler radicalizando ainda mais o discurso, trazendo teorias da conspiração. Ele atua muito nos bastidores e busca desinflamar os temas de política externa."

Mas a postura não foi a única coisa que mudou no Itamaraty após a troca de comando. Dentro de suas atribuições - imerso na política externa estabelecida pelo governo Bolsonaro - a nova gestão já conseguiu atenuar posicionamentos do Planalto em temas internacionais, entre eles vacinação e clima, ambos destacados por França em seu discurso de posse.

"No tema da covid-19, voltamos a uma linha de sensatez, após a postura de Ernesto Araújo, que chegou a ser negacionista da pandemia. Agora temos uma linha mais positiva em relação à Organização Mundial de Saúde e à Covax Facility" disse Ricupero.

"A política ambiental também foi atenuada. Houve a carta ao presidente americano Joe Biden, a presença de Bolsonaro na Conferência do Clima... Agora vamos ver como o novo Ministro e o Itamaraty vão definir a posição do Brasil no Acordo de Paris", disse Barbosa.

Apesar da tentativa de mudança na narrativa da questão ambiental, Ricupero explica se tratar da linha mais frágil entre as agendas prioritárias do Itamaraty, por depender de mudanças reais no governo. "O papel (do MRE) tem sido tentar negar evidências. Isso diminui o poder de convencimento".

Foi na gestão França que o Itamaraty modulou o voto do Brasil sobre as sanções americanas a Cuba na ONU - enquanto o País se alinhou a Estados Unidos e Israel ao votar contra a retirada dos embargos, neste ano o País se absteve, deixando o bloco opositor.

Os analistas apontam que a nova fase do Itamaraty deve ser marcada por um maior pragmatismo, principalmente no que diz respeito à disputa por protagonismo entre Estados Unidos e China na América do Sul. Ao contrário do que aconteceu no começo do governo Bolsonaro, quando houve um alinhamento quase integral ao governo de Donald Trump.

O alinhamento não ocorreu apenas por causa da gestão de Ernesto Araújo. Ricupero aponta que a própria inclinação do presidente e do filho dele, Eduardo Bolsonaro, aos EUA acabaram por definir este papel, o que fez o Itamaraty se omitir de buscar o melhor posicionamento para o Brasil, uma vez que a derrota do ex-presidente americano na eleição do ano passado deixar o Brasil em uma situação em que é alvo de desconfiança tanto da China quanto do governo Biden.

Não bastasse a desconfiança, o Brasil mantém relações estreitas e importantes tanto com China quanto com Estados Unidos, sendo dependente de ambos em temas estratégicos. O antagonismo com a China - acentuado em alguns momentos - colocou em risco alguns dos principais setores econômicos do país, como o mercado de soja, cujo maior comprador é a China, e os EUA um dos nossos maiores concorrentes.

"Esse lado desapareceu (com a saída de Araújo), mas desapareceu também da parte do presidente. Talvez ele tenha aprendio a lição", diz Ricupero. "O que vai acabar acontecendo é que nós vamos ter uma relação pragmática. Caso a caso, vai se ver o interesse do Brasil".

O pensamento é endossado por Barbosa, que projeta uma posição de independência do Brasil em relação aos dois países. "Não tem como a gente prever, mas eu acho que o chanceler Carlos França vai continuar fazendo o possível para ser o fator de moderação na política externa brasileira".

Assim como Araújo não é o único responsável pelas omissões do Itamaraty na questão envolvendo a política externa da vacina e o alinhamento aos EUA, a troca no comando por si só não resolve a perda de credibilidade da diplomacia brasileira nos últimos anos, que transformou o Brasil em pária internacional.

"A essência do projeto bolsonarista - de ser antiglobalista, questionar o multilateralismo, de não buscar a liderança e a cooperação regional - é o que explica essa situação. Para uma superação do que aconteceu nos últimos dois anos, só se houver uma guinada da política interna", afirma Stuenkel.

Carlos Poggio, professor de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), explica que a deterioração da imagem da diplomacia brasileira não é algo que se supere facilmente. "Não é uma questão de dias ou de meses, é uma questão de anos até uma recuperação completa da imagem do Brasil", disse. E completa: "É um alívio (a troca de comando), é um respiro e uma esperança de um retorno a alguma normalidade no Itamaraty, mas é algo que ainda talvez demore para se reconstruir totalmente, não no curto ou no médio prazo".

"É um processo de reconstrução. Esse é apenas 'o começo do início', porque o principal dano é o que vem do próprio Bolsonaro, na figura dele e do governo dele. O conjunto da obra do governo dele. O que Carlos França fez muito bem foi eliminar o componente que era agregado pelo Ernesto Araújo, mas isso talvez não fosse nem 10% do total. Todo mundo sabe que o papel dele é limitado", afirma Ricupero.

https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,cem-dias-sem-ernesto-o-que-mudou-no-itamaraty-sob-nova-direcao,70003770570

 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Itamaraty; um mês da nova administração, o que há de novo? -

 Mudança pode ter sido cosmética': Carlos França completa 1 mês na chefia do Itamaraty

Sputnik, 06/05/2021

O chanceler, Carlos França, completa um mês na chefia do Ministério das Relações Exteriores do Brasil longe dos holofotes. O perfil discreto do novo chanceler contribui para uma mudança real na política externa brasileira?

Nesta quinta-feira (6), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos Alberto Franco França, completa um mês na chefia da política externa brasileira.

Sua ascensão ao cargo se deu após grave crise entre o Itamaraty e o Legislativo, que forçaram a saída do então chanceler, Ernesto Araújo.

A gestão de Araújo foi culpada pelas dificuldades do Brasil em adquirir vacinas contra a COVID-19 internacionalmente, enquanto o novo coronavírus ceifava mais de três mil vidas diariamente.

O presidente, Jair Bolsonaro, optou por nomear o diplomata que chefiava o seu cerimonial, Carlos Alberto Franco França, para liderar o Ministério das Relações Exteriores.

Com perfil mais discreto, o novo chanceler parece ter retomado o tom polido característico das chancelarias ao redor do mundo.

Mas, sem poder para influenciar o presidente, França pode não realizar mudanças significativas na política externa brasileira.

"O Carlos Alberto França é um quadro interno do Itamaraty que pode até ser excelente, mas não tem força política dentro do governo", disse o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, em São Paulo, Gilberto Maringoni, à Sputnik Brasil.

Maringoni lembra que Carlos Alberto França, antes de ser ministro, "não chegou a chefiar embaixadas ou ocupar postos de destaque". "Então a possibilidade de ele influenciar o Bolsonaro é muito pequena, até porque não sabemos se ele tem a capacidade de influenciar o próprio Itamaraty internamente", considerou.

Apesar da fragilidade política, a chegada de França traz alguns avanços concretos para a política externa brasileira.

"O principal ganho de termos o França no ministério é que já não há aquele tipo de balbúrdia, como acusações irresponsáveis contra a China pelo coronavírus, ou aquela postura negacionista que víamos com o Ernesto Araújo", ponderou.

Nesta semana, Carlos Alberto França compareceu à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, na qual apresentou os resultados de seu primeiro mês de mandato.

De acordo com Maringoni, França "fez um discurso razoavelmente longo, no qual sobretudo prestou contas sobre o andamento da diplomacia da vacina".

"É um discurso anódino, o que, no caso do Brasil, é um fator positivo. Antes um discurso anódino do que a postura negacionista que víamos anteriormente", considerou Maringoni.

No entanto, "por mais que o Carlos Alberto França possa ter diferenças em relação ao Ernesto Araújo, é muito difícil ele virar esse transatlântico que é a política externa brasileira", alertou o especialista.

Segundo ele, a política externa não é definida somente "pela diplomacia do Itamaraty", mas também pela "conduta econômica do Brasil conduzida pelo [ministro da Economia] Paulo Guedes, a questão do meio ambiente conduzida pelo [ministro do Meio Ambiente] Salles, e a própria diplomacia presidencial".

Portanto, sem uma mudança mais profunda nas políticas conduzidas pelo governo federal, a atuação internacional do Brasil não deve sofrer alterações significativas.

Um exemplo seria a atuação do Brasil na Cúpula do Clima convocada pelo presidente norte-americano, Joe Biden, em meados de abril. 

"Na reunião sobre o clima, o Bolsonaro pode fazer um discurso civilizado, mas internamente não há mudança nenhuma", lamentou Maringoni.

Segundo ele, o governo segue adotando política que desfavorece o combate ao desmatamento na Amazônia e dificulta a fiscalização por parte dos órgãos competentes.

"Por isso, tenho receio de que a mudança no Itamaraty com o Carlos Alberto França seja cosmética, como foi a troca no Ministério da Saúde do general Pazuello pelo ministro Queiroga", notou o especialista.

Segundo ele, apesar de Queiroga se apresentar como um perfil mais aberto ao diálogo, a política de saúde do governo Bolsonaro não sofreu nenhuma alteração de monta. 

"O que mudou com o Queiroga no Ministério da Saúde? Mudou que temos um sujeito civilizado na chefia da pasta, mas a política brasileira continua sendo de cortes no orçamento do Sistema Único de Saúde [SUS]", apontou.

"No Itamaraty podemos estar vendo isso também. Não tem uma mudança operacional, temos uma mudança no verbo, na fala, e não uma mudança efetiva nas ações", disse Maringoni.

O especialista chama a atenção para a atuação do Itamaraty no caso recente de El Salvador.

Em 2 de maio, a destituição de cinco juízes da Suprema Corte de El Salvador por parte do presidente do país, Nayib Bukele, foi considerada, por muitos países, como uma tentativa de golpe parlamentar.

"Os EUA, assim como diversos outros países, imediatamente condenaram o ocorrido como uma escalada antidemocrática", relatou Maringoni. "Mas o Itamaraty não se pronunciou até agora."

O deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), apoiou a destituição ao publicar postagem em rede social, comemorando a decisão do presidente salvadorenho.

Por um lado, "forças políticas dentro do Brasil caminham na direção de fazer coro com El Salvador, por outro, países democráticos condenam a destituição dos juízes, e, no meio disso, o Itamaraty permanece paralisado", ilustrou Maringoni.

Para ele, o caso de El Salvador é ilustrativo do atual momento que vive o Ministério das Relações Exteriores brasileiro.

"É justamente durante acontecimentos que colocam em choque a atuação internacional do Brasil e a diretriz autoritária do governo Bolsonaro que veremos qual será o comportamento do Itamaraty", explicou o especialista.

Por enquanto, é necessário monitorar qual o real impacto da chegada de um chanceler com perfil mais polido na chancelaria.

"É claro que é melhor termos uma pessoa com ares civilizados no comando do Itamaraty, mas isso não pode ser interpretado como uma mudança de política externa", alertou o especialista.

Nesta quinta-feira (6), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos Alberto Franco França, comemora um mês de permanência no cargo, considerado essencial para o acesso a vacinas e produtos médicos para combater a pandemia de COVID-19 no país. O Brasil confirmou mais 2.791 mortes e 75.652 casos de COVID-19, totalizando 414.645 óbitos e 14.936.464 vítimas fatais, informou o consórcio entre secretarias estaduais de saúde e veículos de imprensa.

https://br.sputniknews.com/opiniao/2021050617471355-mudanca-pode-ter-sido-cosmetica-carlos-franca-completa-1-mes-na-chefia-do-itamaraty/


sábado, 10 de abril de 2021

Itamaraty muda tom com apoio a acordo por vacinas na OMC e sinaliza busca por “sobrevivência” do Governo - Afonso Benitez (El País)

Governo Bolsonaro

Itamaraty muda tom com apoio a acordo por vacinas na OMC e sinaliza busca por “sobrevivência” do Governo

Novo chanceler, Carlos França, assumiu tratando a pandemia como prioridade. Saída iminente de assessor olavista, Felipe Martins, seria outra mudança a caminho. Diplomata avalia que Bolsonaro busca sobreviver, acossado por CPI da Pandemia e frágil aliança com Centrão

O ministro Carlos Franco França e o presidente Jair Bolsonaro em 5 de abril, no Palácio do Planalto.
O ministro Carlos Franco França e o presidente Jair Bolsonaro em 5 de abril, no Palácio do Planalto.Marcos Corrêa/PR

Jornalista Afonso Benites
Brasília -

Nos últimos dias o Governo Bolsonaro começou a emitir sinais de que a política externa brasileira faz uma mudança de tom depois dos últimos dois anos desastrados do agora ex-ministro Ernesto Araújo. Nesta sexta-feira, circulou a informação em Brasília que o presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir seu assessor especial para assuntos internacionais, Filipe Martins, o seguidor do escritor Olavo de Carvalho, que tinha sua cabeça pedida pelo Congresso Nacional por ter feitos gestos racistas em uma audiência pública na semana retrasada. A confirmação não veio por fontes oficiais, mas a sua saída é considerada iminente por falta de apoio político.

No Itamaraty, na terça-feira, foi empossado Carlos Franco França, em substituição a Ernesto Araújo, o ministro que seguia teorias conspiratórias e era submisso aos Estados Unidos. O novo chanceler é um embaixador que busca valorizar o corpo diplomático brasileiro, fazer com que ele finalmente seja ouvido pelo presidente Bolsonaro e tem como meta reforçar as parcerias com organismos multilaterais. 

O primeiro ato que leva a assinatura de França é o apoio a uma iniciativa articulada no âmbito da Organização Mundial do Comércio que pretende ampliar a produção e distribuição de vacinas contra a covid-19. Araújo sempre foi criticado por seguir em um outro caminho, o de desprezar o multilateralismo e confrontar países produtores de imunizantes ou insumos, como a China, além de não se esforçar para a aquisição massiva do produto. Não agiu sozinho, já que sempre teve o suporte de Filipe Martins e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), com a palavra final do presidente. Nesta sexta, o novo chanceler conversou com o ministro chinês de Negócios Estrangeiros, Wang Yi, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Para o embaixador Paulo Roberto de Almeida, diplomata há 44 anos e ex-diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, Jair Bolsonaro se viu forçado a fazer essas alterações, assim como a reforma ministerial que promoveu há dez dias. Ele estava perdendo o apoio político no Congresso e, agora, está diante da CPI da Pandemia que deverá fazer o seu governo sangrar cada vez mais, por causa da omissão no combate ao coronavírus. “Estamos no terceiro Governo Bolsonaro. O primeiro, foi o da ofensiva, quando ele até ameaçou golpe diante do Comando do Exército. O segundo foi o recuo, quando se entregou ao Centrão no Congresso. O termo de agora é sobrevivência, sem fazer mudanças, ele fica enfraquecido ou cai”, avaliou.

Nesse sentido, o que se tem no momento na política externa é um meio termo na diplomacia da vacina. Não é radical e negacionista quanto a política de Araújo. O antigo chanceler votou nos organismos internacionais contra a quebra de patente dos imunizantes e minimizou a iniciativa Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS). A atual proposta visa fazer com que as farmacêuticas celebrem acordos de licenciamento para a transferência de tecnologia, expertise e know-how de medicamentos e vacinas contra o coronavírus.

Além disso, a medida na OMC pretende chegar a um consenso sobre barreiras comerciais e propriedade intelectual. Desde que Bolsonaro tomou posse, em 2019, essa é uma das primeiras vezes em que ele entra em algum acordo sem que receba o direcionamento direto dos Estados Unidos. O patrocínio à proposta também teve o apoio de Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Noruega, Nova Zelândia e Turquia.

Um dos fatores que pesaram na mudança, ainda que temporária e superficial, nas rotas da chancelaria foi o elevado número de mortos por covid-19. A segunda onda da doença tem ultrapassado os 4.000 óbitos diários. O descontrole fez com que o Brasil se tornasse a ser uma ameaça global, em que os cientistas temem que o país se transforme em uma incubadora de novas cepas e variantes do vírus.

Logo em seus primeiros discursos, França alertou que sua gestão terá três urgências para tentar ajudar a solucionar: no campo da saúde, na economia e no desenvolvimento sustentável. “A primeira urgência é o combate à pandemia da covid-19. Sabemos todos que essa é tarefa que extrapola uma visão unicamente de governo”, afirmou o chanceler. Ele ainda destacou que todos os diplomatas brasileiros estarão “cada vez mais engajados numa verdadeira diplomacia da saúde”.

Segue em direção oposta ao posicionamento de Ernesto Araújo, que, no primeiro semestre de 2020, foi contra o Brasil assinar a iniciativa Covax Facility por entender que ela fortaleceria a Organização Mundial da Saúde, naquele momento atacada pelo então presidente Donald Trump e pela militância bolsonarista. Em novembro do ano passado, a ideologia de Araújo ficou clara em outro momento, quando em reunião para tratar de cooperação no setor farmacêutico com o Governo da Índia, ele criticou o “globalismo” e não tratou em nenhum momento da aquisição de vacinas que eram produzidas naquele país. “As falas do novo ministro são absolutamente dentro dos conceitos, princípios, valores e fundamentos que guiaram a política externa brasileira nos últimos cem anos. O diferente era o Ernesto Araújo, não é o França”, disse o embaixador Almeida.

Antes de completar uma semana no cargo, França já promoveu uma série de reuniões com os diplomatas brasileiros e se encontrou virtualmente, nesta sexta-feira com representantes de cinco embaixadas: União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos, Noruega e Alemanha. Para os próximos dias, também estão previstas reuniões com diplomatas da China e de outros países asiáticos. “Meu compromisso, enfim, é engajar o Brasil em intenso esforço de cooperação internacional, sem exclusões. E abrir novos caminhos de atuação diplomática, sem preferências desta ou daquela natureza”, afirmou França na posse.

O que não está claro, por enquanto, é como vai ficar a influência no bolsonarismo na gestão da política exterior com as saídas de Martins e de Araújo. Bolsonaro já mostrou que não tem o menor interesse em abandonar suas posições radicais a favor do tratamento precoce, por exemplo, e contra um lockdown nacional. Nesta sexta, o escritório da Organização das Nações Unidas no Brasil cobrou urgência num plano nacional de resposta à crise, alertando que “as vacinas são essenciais, mas elas não resolverão o problema imediato do país, que apresenta atualmente o maior número de óbitos diários por covid-19 do mundo”, diz em nota.

O ex-chanceler agora ocupa um cargo na Secretaria Geral de Administração. Em princípio, ele tentou nomear seu antigo chefe de gabinete, Pedro Wolney para a secretaria-geral do Ministério, que é uma espécie de vice-ministro, mas não conseguiu. A interferência de Eduardo Bolsonaro também ainda é incerta. Por ora, esse grupo articula um novo posto para Araújo, possivelmente no Consulado do Brasil em Paris, cargo para o qual não precisa da aprovação do Senado. Embaixadores precisam ser aprovados pelos senadores e dificilmente o ex-chanceler teria esse aval.

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quinta-feira, 8 de abril de 2021

Discurso do chanceler Carlos França aos diplomatas (7/04/2021)

 Um discurso claro, direto, simples, realista, tocando em questões reais da diplomacia profissional do Brasil, sem nenhuma daquelas loucuras, circunlóquios e confabulações fantásticas que ouviamos nos tempos do ex-chanceler acidental, o que deve ter deixado os diplomatas aliviados.

Uma única observação: os diplomatas no exterior, assim como todos os demais servidores em missões oficiais, NÃO PODEM ser submetidos a uma “Lei do Abate Teto” concebida e aplicada para salários no Brasil EM REAIS. Transformar isso em limite no exterior ao câmbio volátil de cada momento não é apenas ERRADO: é de uma ESTUPIDEZ INCOMENSURÁVEL! As despesas em dólar (ou em qualquer outra moeda) NÃO VARIAM, com qualquer variação das paridades do Real que se aplique. Um salário de US$ 10 mil, bastante modesto para despesas correntes com filhos e casa no exterior, pode ficar abaixo de R$ 15 mil, com um câmbio a 1/1,5 (como já esteve), ou perfurar o “teto” (IDIOTA), como o câmbio a mais de 5,5 como está AGORA. Volto a repetir: o Abate-Teto para o exterior é de uma ESTUPIDEZ MONUMENTAL, só possível para causídicos que não têm a menor noção do que seja câmbio ou economia.

Paulo Roberto de Almeida


Em cerimônia com diplomatas, Carlos França pede diálogo no Itamaraty

Reunião foi fechada a servidores

Pede canal aberto com colegas

E “espírito de coesão institucional” 

O novo chefe do Ministério das Relações Exteriores, Carlos França, disse que "a renovação, a adaptação e a superação de desafios são marcas indeléveis da diplomacia brasileira". Na foto, o chanceler durante cerimônia de transmissão de cargo no Palácio do Planalto Marcos Corrêa/PR - 6.abr.2021


Poder 360, 07.abr.2021 (quarta-feira) - 0h27

Em uma cerimônia fechada a diplomatas nesta 3ª feira (6.abr.2021), o novo ministro de Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, pediu aos funcionários da pasta que mantenham “o espírito de coesão institucional” e um diálogo aberto com o chanceler. Leia a íntegra (74 KB) de seu discurso.

A reunião vem depois da cerimônia de posse no Itamaraty, realizada na manhã desta 3ª feira. Nela, o chanceler, que é ex-assessor especial de Bolsonaro, disse que as missões diplomáticas e os consulados do Brasil no exterior estarão engajadas em “uma verdadeira diplomacia da saúde”, buscando as vacinas e remédios disponíveis junto a governos e farmacêuticas.

A gestão anterior, de Ernesto Araújo, foi marcada por polêmicas envolvendo declarações contra a China e conspirações sobre a pandemiaMas o recrudescimento da crise sanitária no país e a demanda por vacinas e material para a fabricação de imunizantes fez com que a conduta do ex-chanceler virasse alvo de críticas. Os presidentes do Congresso, Rodrigo Pachecoe de Arthur Lira, de governadores passaram a questionar a eficiência de sua gestão. Os próprios diplomatas pediram a sua renúncia. O ex-ministro então acabou demitido no dia 29 de março, depois de forte pressão de congressistas para que deixasse o cargo.

Além de problemas atrelados à pandemia, Carlos França afirmou que a instituição sofre de “desafios crônicos” e “deficiências estruturais”. Citou limitações orçamentárias na progressão da carreira dos funcionários da pasta, diz que há “gargalos de gestão administrativa; dificuldades de lotação; participação e representação das mulheres na carreira [da diplomacia], além de aplicação de teto remuneratório para diplomatas no exterior, que segundo o chanceler “afeta muitos funcionários em postos com custo de vida elevado”.

O ministro empossado cita experiência no exterior por 12 anos. Afirmou que veio de uma turma que teve como Paraninfa uma mulher, a embaixadora Tereza Maria Machado Quintella, dizendo que a questão da representatividade feminina sempre esteve presente entre os integrantes do grupo.

O novo chefe do ministério disse que “a renovação, a adaptação e a superação de desafios são marcas indeléveis da diplomacia brasileira”. Lembrou então os diplomatas de que o Brasil é o país com o 5º maior território do mundo e que vive “em paz com seus vizinhos há 150 anos”. Delegou o mérito das as marcas à linhagem diplomática da pasta, citando Alexandre de Gusmão, Duarte da Ponte Ribeiro e o Barão do Rio Branco.

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Carlos França também falou sobre a energia no Brasil, citando a construção da Usina Binacional de Itaipu, como resultado do “exemplo de diplomatas visionários”. Disse que o país foi capaz de desenvolver um programa de energia nuclear “em plena Guerra Fria”. Exaltou também serviços prestados pelo ministério a brasileiros no exterior, como as missões de repatriação“de mais de 30.ooo brasileiros” em meio à pandemia.

O chefe das Relações Exteriores então concluiu a mensagem afirmando que as pessoas que compõem a pasta são “o patrimônio mais precioso do Itamaraty”, e que quer dialogar com todos. O chanceler afirmou que terá desafios pela frente, falando em  “trabalho de unidade” para chegar ao final da crise.

LEIA A ÍNTEGRA DO DISCURSO DE CARLOS ALBERTO FRANCO FRANÇA

“Senhoras e senhores Embaixadores, senhores Secretários e Chefes de Departamento, os colegas todos,

Decidi que um dos meus primeiros atos após a posse seria dirigir-me diretamente à Casa, neste momento sem precedentes de crise sanitária, onde é mais fundamental do que nunca que mantenhamos o espírito de coesão institucional e um canal aberto de comunicação entre nós.

A pandemia impõe desafios especiais ao Itamaraty – tanto na gestão da nossa política exterior, aqui na Secretaria de Estado, quanto em nossa rede de 218 embaixadas, delegações, consulados, vice-consulados e escritórios, no Brasil e no exterior.

A pandemia afetou as vidas de todos, em todo o mundo, e nós não somos exceção. Estou muito sensível à situação dos milhares de diplomatas, oficiais de chancelaria, assistentes de chancelaria e outros servidores, todos colegas que compõem a família do Serviço Exterior Brasileiro, da qual há 30 anos orgulhosamente faço parte.

Tenho plena consciência dos imensos esforços – e frequentemente dos sacrifícios – dos colegas. São esforços e sacrifícios necessários para manter a excelência do trabalho que fazemos em nome do Brasil e, ao mesmo tempo, lidar com questões às vezes inéditas, e não menos complexas, na esfera pessoal e familiar.

Para as nossas famílias com filhos em idade escolar, a pandemia impôs carga adicional de cuidados, que se agravou no exterior, como sabemos, onde não contamos com rede mais ampla de apoio.

Prezados colegas,

Sei que as dificuldades que o Itamaraty vive não são apenas circunstanciais e relacionadas à pandemia. Tenho bem presentes os desafios crônicos e as deficiências estruturais que também enfrentamos e que nos impactam de diferentes maneiras. Penso, por exemplo, em temas de progressão funcional; limitações orçamentárias; gargalos de gestão administrativa; dificuldades de lotação, particularmente nos postos C e D; participação e representação das mulheres na carreira de diplomata; e na aplicação do abate-teto no exterior, que afeta muitos funcionários em postos com custo de vida elevado.

Eu e o Secretário-Geral designado, Embaixador Fernando Simas Magalhães, não pouparemos esforços para enfrentar esses e outros desafios – sempre atentos às demandas e ao sentimento da Casa, e com o objetivo maior de melhorar nosso ambiente de trabalho, racionalizar métodos e fomentar o enorme talento humano de nossa instituição.

Eu me permito aqui fazer uma observação pessoal. Os primeiros cinco anos da carreira eu vivi na administração. Aqui no Ministério, foi na administração que eu nasci, em uma época de particular escassez de recursos financeiros e orçamentários. Essa era a realidade em que nasci e que fui criado aqui na Casa. Eu estou muito ciente e muito sensível a essa questão.

Gostaria também de recordar, e me permito fazê-lo sem desconsiderar a experiência de outros colegas, que, dos 12 anos que passei no exterior – 12 anos consecutivos –, mais da metade, seis anos e meio, foram cumpridos em postos da classe C, onde a vida frequentemente é difícil, e onde o profissionalismo dos funcionários do Serviço Exterior Brasileiro é testado dia a dia. Eu vivi pessoalmente essas experiências; essas palavras são palavras que vêm realmente do meu sentimento.

Da mesma maneira, eu gostaria de lembrar que venho da turma Ulisses Guimarães, uma turma que teve como Paraninfa uma mulher, a embaixadora Tereza Maria Machado Quintella, de modo que logo ao início da minha carreira, já antes, no Instituto Rio Branco, antes até de tomar posse como Terceiro Secretário, era presente a questão de gênero, a questão da representação das mulheres na nossa carreira. Devo lembrar até – Otávio Brandelli, nosso Secretário-Geral, o embaixador Brandelli é um colega de turma, há tantos outros aqui, Pedro Miguel, outros que vejo, Pedro Wollny, Sarquis, não estou enxergando direito, então vou parar de citar, senão não cito os outros – lembrar que a primeira embaixadora da minha turma foi a embaixadora Gisela Maria Figueiredo Padovan, foi a primeira colega de turma a ser promovida embaixadora. Foi promovida junto com o embaixador Haroldo, mas ela foi a primeira, porque mais antiga. De modo que essas questões não são questões vazias, não são questões que coloquei no papel apenas para que sejam interesses corporativos. São, mas são questões às quais eu estive submetido, eu estive sensível desde o início de minha carreira, desde que entrei aqui no Itamaraty, há 30 anos atrás.

Estimados colegas,

O Itamaraty sempre esteve – e continuará a estar – à altura do momento.

Todos conhecemos as contribuições desta Casa para o Brasil. Nosso acervo diplomático é motivo de justificado orgulho.

A hora é oportuna para recordar que a renovação, a adaptação e a superação de desafios são marcas indeléveis da diplomacia brasileira.

Gostamos sempre de lembrar, e com razão: vivemos hoje em um país com o quinto maior território no mundo graças a uma linhagem diplomática que começou antes da Independência e passa por nomes como Alexandre de Gusmão, Duarte da Ponte Ribeiro e o Barão do Rio Branco. Se vivemos em paz com nossos dez vizinhos há mais de 150 anos, também isso devemos à visão de nosso Patrono.

Apenas para mencionar área em que trabalhei diretamente, a da energia, evoco o exemplo de diplomatas visionários cujo trabalho abriu caminho para a construção da usina binacional de Itaipu, que transformou a infraestrutura brasileira e impulsionou nosso desenvolvimento econômico. Itaipu, é sempre bom repetir, foi resultado de delicada composição de interesses com dois de nossos mais importantes vizinhos estratégicos.

Novamente com o concurso da diplomacia, fomos capazes de, em plena Guerra Fria, desenvolver um programa de energia nuclear, com fins exclusivamente pacíficos, outra legítima demanda do desenvolvimento soberano.

E, claro, temos ainda uma tradição de relevantes serviços prestados à comunidade brasileira no exterior. É o ponto de contato mais direto e pessoal do Itamaraty com a população que representamos e defendemos. Quero relembrar as bem-sucedidas missões de repatriação de mais de trinta mil brasileiros retidos no exterior por ocasião da pandemia. Elas são mais um exemplo da dedicação e do profissionalismo que constituem os traços distintivos do nosso Serviço Exterior. Traços que só fazem sobressair em fases críticas como a que agora atravessamos.

Esse é o Itamaraty que sempre nos inspira: o Itamaraty que encara as dificuldades de cada momento e que as vence; que identifica oportunidades na adversidade; que reconhece seus melhores talentos e os mobiliza para promover o interesse nacional; que compreende o valor da transmissão da experiência acumulada às gerações mais modernas.

O patrimônio mais precioso do Itamaraty, não há dúvida, são as pessoas que o compõem. Quero dialogar com a Casa, na certeza de que o diálogo e o debate respeitoso são a chave para o nosso crescimento institucional.

Como de outras vezes, chegaremos ao fim da atual crise mais fortes e confiantes. E o faremos com sentido de unidade, de responsabilidade e profissionalismo.

Não subestimo, é claro, os desafios que teremos pela frente. Mas sinto-me seguro para enfrentá-los, porque sei do que somos capazes de alcançar coletivamente, num quadro de confiança recíproca e trabalho colaborativo.

Sei que, ao lidar, um a um, com aqueles desafios, terei o apoio de cada um de vocês.

Muito obrigado.

sábado, 27 de julho de 2013

Mais Medicos? Que tal mais suporte para os que ja trabalham?:depoimento do Dr. Carlos Franca


O depoimento é verdadeiro e, para quem conhece o distrito de Itaipuaçu, não há surpresa !!!

Depoimento do médico Carlos França
de Maricá-RJ!

A VERDADE NUA E CRUA"
Sr Padilha e Sra Dilma,
esta é a minha unidade de saúde UBS Itaipuaçu - Maricá-RJ,
há 6 anos governada pelo seu partido.
É uma casa adaptada com infiltrações e mofo.
Quando chove, cai água nas salas de atendimento, o arquivo médico inunda e os prontuários....
Falta de tudo: luvas, remédios básicos, mas sobra dedicação para um salário bruto de R$ 1.200,00.
Sabe Padilha/Dilma, não falta médico que queira fazer saúde pública, isto é mais uma das mentiras de sua ditadura da informação, onde o governo se apoia na premissa
"UMA MENTIRA REPETIDA MIL VEZES TORNA-SE  VERDADE".
A minha sala de atendimento não possui ventilador, o de teto é apenas enfeite.
O verão de regiões litorâneas beira os 42 graus, a água potável é disponibilizada à temperatura ambiente (Itaipuaçu do seu governo ainda não possui rede de água e esgoto).
Já prescrevi as medicações em diversos tipos de papel por falta de receituário oficial. 
Apesar de tudo trabalho e me esforço bastante.
Em Maricá a saúde foi devastada pelo atual governo:
o aparelho de RX está quebrado há 1 ano.
O ecocardiograma e ultra-som foram roubados (segundo o próprio Gestor Público do seu partido!),
ECG funciona 1 mês e fica 3-4 meses em manutenção.
Há 8 meses temos a debandada de especialistas, devido ao salário irrisório e sem benefícios legais (férias, décimo-terceiro salário, horas extras, insalubridade, etc). Perdemos endócrino, cárdio, reumato, oftalmo, neuro, nefro, pneumo, ortopedista, etc. 
Então Padilha/Dilma, a saúde pública que os Srs. querem oferecer
à população mais humilde é esta? É o "modo petista de governar"?

As suas mentiras não vão conseguir se sustentar por muito tempo...
"Não faltam médicos! Falta governo!"
Sou médico do SUS, não fujo à luta...
Mas não faço milagres sem infra-estrutura."