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segunda-feira, 9 de agosto de 2021

O padrão Bolsonaro nas exportações: primário, extrativista, destruidor e ilegal (Cedeplar)

 Mudanças no Padrão de Exportações Brasileiras entre 2016-2020: o Brasil na contramão do mundo

João P. Romero, Danielle Carvalho, Arthur Queiroz e Ciro Moura

Cedeplar - UFMG, 2021

Sumário Executivo:

• A diversificação brasileira caiu de 196 indústrias competitivas em 2016 para 167 em 2020, num universo de 999 indústrias.

• A quantidade de produtos competitivos aumentou somente no grupo de produtos primários, passando de 47 em 2016 para 49 em 2020.

• A participação dos produtos primários na pauta exportadora aumentou de 37,2% em 2016 para 44,3% em 2020.

• A participação dos produtos de média e alta tecnologia na pauta exportadora caiu de 20,2% para 14,2% e de 5,2% para 3,1%, respectivamente.

• A quantidade exportada de madeira bruta aumentou 205% entre 2018 e 2020, acumulando impressionante aumento de 542% desde 2016.

• A quantidade exportada de ouro aumentou 30% entre 2018 e 2020, montante expressivo para as características do produto.

• O crescimento das exportações de madeira e ouro geram um alerta de que uma parte desse crescimento possa ser oriundo de atividades ilegais.

• Ao contrário de Europa e Estados Unidos, o atual governo do Brasil segue uma estratégia de crescimento focada em setores primários e baseados em recursos naturais, que estão associados a maior intensidade de emissões de gases de efeito estufa e maior degradação ambiental, em detrimento de setores de maior intensidade tecnológica, que geram mais crescimento com menores impactos ambientais.

1 Introdução

Nos últimos anos, acumularam-se evidências a respeito dos efeitos positivos do aumento do nível de complexidade econômica para o desenvolvimento econômico. Os resultados seminais de Hausmann et al. (2014) apontaram que o aumento da complexidade prevê crescimento significativo da taxa de crescimento da renda per capita no futuro. Hartmann et al. (2017) mostraram que o aumento da complexidade contribui também para reduzir a desigualdade de renda. Por fim, Mealy e Teitelboym (2020) e Romero e Gramkow (2021) apontaram que maior complexidade conduz também à redução de impactos ambientais.

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Para entender os movimentos da complexidade da economia brasileira, portanto, torna-se crucial monitorar os movimentos das exportações. A presente nota analisa a evolução da composição das exportações brasileiras entre 2016-2020, com um foco no comércio internacional de madeira bruta e ouro, e as políticas adotadas no Brasil que estão contribuindo para os resultados encontrados e as implicações das mudanças observadas.

2 Análise dos dados

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3 Discussão: Brasil na contramão do mudo

A agenda de combate à mudança climática alcançou seu pico nas discussões de políticas econômicas voltadas à retomada do crescimento pós-pandemia. As estratégias de crescimento verde dos Estados Unidos e da União Europeia estão diretamente relacionadas ao fato de estar ganhando força o argumento de que a proteção ambiental na verdade colabora para maior crescimento econômico, e não o contrário (Malerba e Lee, 2020). Na Europa foi aprovado um pacote de 1,8 trilhões de euros para financiar políticas industriais e tecnológicas associadas a inovações que reduzam o impacto ambiental da atividade humana (European Commission, 2021). Nos Estados Unidos o Plano Biden direcionou outros 2 trilhões de dólares para o financiamento de projetos de infraestrutura e pesquisa voltados a aumentar a eficiência produtiva de forma ambientalmente sustentável (The New York Times, 2021).

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No governo Bolsonaro, porém, prevalece uma visão ultrapassada sobre a relação entre meio ambiente e economia. Para o governo, políticas de proteção ambiental representam entraves ao desenvolvimento econômico. Dessa forma, segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, o ex-ministro Ricardo Salles estaria atuando corretamente ao adotar o que chamou de “ visão economicista” da gestão do meio ambiente (Época, 2021).

Contudo, a gestão de Ricardo Salles foi alvo de inúmeras críticas de especialistas em meio ambiente. Primeiro, em função da suspensão de multas ambientais a partir de um decreto federal. Depois, devido à eliminação da necessidade de autorização específica para exportação de madeira de origem nativa, como estabelecia a IN 15/2011. Além disso, Salles também foi acusado de favorecer o garimpo em áreas protegidas e em unidades de conservação, por ter exonerado o diretor de fiscalização ambiental do Ibama que havia paralisado operações de garimpo e exploração ilegal de madeira em terras indígenas no Pará (OECOa, 2021; OECOb, 2021).

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4 ConsideraçõesFinais

Na última década, mudanças produtivas e tecnológicas associadas a políticas de mitigação da mudança climática passaram a ser entendidas como um novo motor de crescimento e desenvolvimento. Exemplo disso são as propostas de investimentos na recuperação da Europa e dos EUA, direcionadas para as políticas de inovação e investimentos verdes.

No entanto, o Brasil caminha em um sentido oposto. As políticas apresentadas desde o início do governo Bolsonaro priorizaram um capitalismo predatório, com foco em setores primários e baseados em recursos naturais, em detrimento de setores de média e alta intensidade tecnológica. A produção de primários e bens baseados em recursos primários está associada a maior intensidade de emissões de gases de efeito estufa e de degradação ambiental. Além disso, são produtos que possuem baixa complexidade e, como identificado em vários estudos, geram menor dinamismo comparativamente a produtos de maior intensidade tecnológica.

Dentre os produtos com menor intensidade tecnológica que tiveram um crescimento nas exportações nos últimos anos estão a madeira bruta e o ouro. Esses são produtos que têm preocupado ambientalistas no Brasil, por serem fontes importantes de degradação ambiental na Amazônia.

O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi alvo de críticas exatamente em função de medidas que beneficiaram madeireiros e garimpeiros ilegais. Assim, o crescimento nas exportações de madeira e ouro geram um alerta de que uma parte desse crescimento possa ser oriundo de atividades ilegais.

Apesar da saída de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente, a expectativa de construção de políticas de desenvolvimento ambientalmente sustentáveis no governo Bolsonaro é mínima. Joaquim Álvaro Pereira Leite, que assumiu como Ministro do Meio Ambiente, é ex-conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das principais entidades que representam o setor agropecuário, que se apresenta constantemente em embates com políticas e legislações ambientais (Exame, 2021).

A continuidade de políticas que priorizem o capitalismo predatório em detrimento do avanço em setores mais tecnológicos e mais limpos, além de gerar maior degradação ambiental, pode ser um entrave para o próprio desenvolvimento econômico do Brasil no futuro próximo.

Referências

BBC. Entenda investigação contra Ricardo Salles autorizada pelo STF que apura suspeita de atrapalhar PF. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57346129 Acesso em: 25 jun. 2021.

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

The History of Economic Thought in Latin America - Belo Horizonte, 26/11/2013

The History of Economic Thought in Latin America
26 November 2013, Cedeplar/UFMG, Belo Horizonte, Brazil

The Research Group on Intellectual History and the History of Economic Ideas at Cedeplar/UFMG and the Center for Latin American Studies at UFMG are  promoting the seminar “The History of Economic Thought in Latin America”. The  event is part of the preparations for the 2014 Latin American Conference of the European Society for the History of Economic Thought (ESHET), which will take place at Cedeplar/UFMG.

Program
–3:30 p.m.: Opening Address

Antonio Mitre (Head of the Center for Latin American Studies/UFMG)
Alexandre Mendes Cunha (Cedeplar/UFMG)
Carlos Eduardo Suprinyak (Cedeplar/UFMG)

3:30-–5:30 p.m.: Roundtable: Latin American Economic Debates

Andrés Álvarez (Universidad de Los Andes – Colombia): “The monetary and banking debates in Colombia, 1880-1910: between free banking and central banking”

Ricardo Solís (Universidad Autónoma Metropolitana – Mexico): “Money and banking during the Mexican Revolution: events and economic thought (1913-1921)”

Maurício Coutinho (Unicamp – Brazil): “Furtado and his critics: from stagnation to the resumption of economic growth”

Chair: Alexandre Mendes Cunha (Cedeplar/UFMG)

5:30-–6 p.m.: Coffee Break

6-–8 p.m.: Roundtable: Historiographical Perspectives

Jimena Hurtado (Universidad de Los Andes – Colombia): “The beginnings of political economy in Colombia: Ezequiel Rojas and the transmission / transformation of Utilitarianism and ideology”

Mauro Boianovsky (UnB – Brazil): “Constructing the history of Latin American economic thought”

José M. Edwards (Universidad Adolfo Ibañez – Chile): “Towards a new history of economic thought in Chile (1810-1970)”

Hugo da Gama Cerqueira (Cedeplar/UFMG – Brazil): “History of economic thought in Brazil: teaching and research”

Chair: Carlos Eduardo Suprinyak (Cedeplar/UFMG)

The seminar will be held at the UFMG School of Economics (FACE). For more information, please visit: http://ihhei.wordpress.com/english-version/seminars/

Alexandre Mendes Cunha & Carlos Eduardo Suprinyak
Research Group on Intellectual History and the History of Economic Ideas, Cedeplar/UFMG