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domingo, 24 de março de 2019

Itamaraty: Mudanças e instabilidade na casa dos diplomatas - Jornal O Povo (CE)

Itamaraty: Mudanças e instabilidade na casa dos diplomatas

|Reestruturação| Embaixador com experiência de 42 anos é demitido por chanceler e o acusa de promover mudanças sem qualquer discussão; sofre suas consequências

Jornal O Povo (CE), domingo 24 de março de 2019
(Foto: )
No dia 4 de março, segunda-feira de Carnaval, o embaixador Paulo Roberto de Almeida foi informado de sua exoneração do comando do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, cargo que ocupava desde 2016. A decisão foi tomada após publicação realizada no domingo, 3 de março, em seu blog pessoal, Diplomatizzando, de artigos e outros materiais críticos à política externa brasileira. 
Com 42 anos de atuação no Ministério de Relações Exteriores brasileiro, o Itamaraty, o diplomata evita associar a sua saída do cargo às mudanças estruturais que o ministro Araújo vem realizando desde o início do governo de Jair Bolsonaro. "Isso é um problema político pessoal do chanceler", resume. 
Segundo ele, a principal motivação da demissão ocorrida no início do mês foi a defesa que vem realizando de uma "diplomacia brasileira isenta de opiniões destrambelhadas de pessoas como Olavo de Carvalho ou de outros amadores em políticas internacionais". O escritor Olavo de Carvalho, principal responsável pela nomeação de Ernesto Araújo para o comando do Itamaraty, é definido por Almeida como "pessoa nefasta para a política externa brasileira".
O diplomata aponta que mudanças sensíveis estão ocorrendo na estrutura do Itamaraty "sem nenhuma consulta à Casa. Isso, para mim, é inédito", explica ele. O presidente do Instituto Brasil África, Bosco Monte, concorda que a mudança realizada foi repentina e "sem estruturação adequada". 
"Ele como gestor pode achar que a estrutura que existia até então não é mais oportuna. (...) No entanto, em uma corporação que tem um papel tão importante, é necessário que o dirigente prepare os seus liderados para a mudança, o que não aconteceu", argumenta Bosco. O professor da FGV São Paulo, Guilherme Casarões, considera razoável a argumentação utilizada pelo chanceler para a reestruturação, mas aponta equívocos na solução encontrada por Ernesto Araújo.
"O Itamaraty, de fato, é uma instituição muito rígida e passou muitas décadas desconectado da sociedade, das demandas concretas das pessoas. Sempre esteve muito voltado para ele mesmo", critica Casarões. Mas a alteração nas hierarquias da instituição, considerada a outra grande mudança para Paulo Roberto de Almeida, foi realizada com objetivos outros. 
"O chanceler está subvertendo a crítica para construir um projeto de poder. Ele não está dizendo isso para efetivamente abrir o Itamaraty para a sociedade, está dizendo isso para poder colocar os diplomatas leais à agenda ideológica no topo decisório do País", defende Casarões. 
"O ministro Ernesto tem colocado em posições de chefia geralmente pessoas que estão abaixo da sua geração. (...) Houve uma quebra de tradição (dentro do Itamaraty) e tem havido uma preferência não pelo mérito, mas pelo critério geracional. E, no meio disso, provavelmente o critério ideológico também prevaleça", enfatiza Paulo Roberto. 

O chanceler

De Porto Alegre, Ernesto Araújo foi aprovado no concurso de admissão do Instituto Rio Branco em 1990 e ingressou na carreira diplomática em 1992. É casado com a também diplomata Maria Eduarda de Seixas Corrêa
Guilherme Casarões, professor da FGV
Guilherme Casarões, professor da FGV

Guilherme Casarões

"A política externa afeta o preço dos produtos, afeta a possibilidade de investimento e geração de emprego. Ela também está diretamente ligada a segurança pública. A rota do tráfico tem que ser combatida internamente, mas ela é também uma cooperação entre os países em que o tráfico prospera"
Guilherme Casarões é professor da FGV de São Paulo

Mônica Martins
Mônica Martins

Mônica Martins 

"Não existe nenhum problema nacional que não esteja relacionado com os problemas internacionais. (...) A questão ambiental, por exemplo, nós jamais poderíamos resolver sozinhos. O custo do tomate que vem para a nossa mesa, o custo da macaxeira. A safra de caju, da nossa castanha que é um item fundamental na exportação. O nosso peixe… A questão ambiental afeta o mar e toda a nossa produção, o que nós comemos".
Mônica Martins é professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece)


As rupturas da nova Diplomacia - jornal O Povo (CE)

As rupturas da nova Diplomacia 

|Sem Rumo| Prestes a completar três meses na presidência, Jair Bolsonaro ainda não conseguiu afinar a política externa, que se distancia do pragmatismo característico e se aproxima de decisões ideológicas

O Povo (CE), domingo, 24 de março de 2019

A dúvida continua sendo o principal sentimento de quem tenta responder para qual direção o governo de Jair Bolsonaro deve conduzir a política externa brasileira. Há uma única certeza entre pesquisadores da área e diplomatas de carreira: o rumo será o oposto do que vinha sendo traçado, pelo menos, durante os últimos 40 anos.

"Pela primeira vez na história, temos um chanceler (Ernesto Araújo) que propõe uma ruptura completa com o que eram os princípios diplomáticos anteriores. Ele vem chamando isso de dar alma à política externa. Isso é retórica, mas tem implicações importantes", aponta Guilherme Casarões, professor da FGV São Paulo.
Mudança quanto ao posicionamento sobre a questão palestina, possibilidade de se envolver em intervenção militar na Venezuela, rusgas no tratamento com a China, principal parceiro comercial brasileiro, e, principalmente, alinhamento com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dão sinais de como o Brasil deve se portar nos próximos anos, o que não é visto de modo otimista. "Não estamos falando de um ruptura em relação ao governo Lula, não é uma ruptura meramente esquerda e direita. É uma ruptura que tem a ver com a tradição diplomática do Brasil", argumenta Casarões.
Professora da Universidade Estadual do Ceará e coordenadora do Observatório de Nacionalidade, Mônica Martins elenca que existem graves consequências dessa ruptura provocada pela nova gestão do Itamaraty. "São eles a perda do papel de liderança regional e o de ser um ator soberano junto à comunidade internacional, que a gente vinha mantendo a duras penas. O presidente jogou na lata do lixo essas duas importantes conquistas da diplomacia brasileira", critica.
O discurso repetido sobre a diplomacia promete a retirada de ideologia da política externa brasileira. "Ele é o presidente que nós já convivemos desde a redemocratização que demonstra uma ideologia mais explícita", rebate Mônica Martins. O diplomata de carreira Paulo Roberto de Almeida concorda que são as questões ideológicas que vêm guiando as
decisões na área.
Esse tipo de tratamento não seria novidade na atuação de governos na área internacional, segundo ele. "(Agora) Você está vendo uma diplomacia não mais partidária como a dos presidentes petistas, mas
familiar", completa.
"Os filhos do presidente já mostraram do que são capazes. Eles possuem força e influência no Planalto e no próprio governo", afirma o presidente do instituto Brasil África, Bosco Monte. "(Se ventila) que o senhor Eduardo Bolsonaro seria uma espécie de chanceler paralelo. Eu até diria que ele é o chanceler de fato e tem afirmado coisas sobre política internacional que causam apreensão quanto à sua capacidade de compreender o que seja a realidade internacional", concorda Paulo Roberto.
Os diversos grupos querendo controlar os rumos das relações internacionais brasileiras e uma indefinição por parte do governo de qual deve ser a direção escolhida pode gerar receio nos governantes mundiais, inclusive quanto às relações econômicas e a possibilidade de investimentos de outros países no Brasil.
"Historicamente, o Brasil foi previsível. Hoje é difícil identificar qual o interlocutor e qual posição que o Brasil vai tomar. Você tem o filho do presidente e o próprio ministro que tentam dialogar mais com a base de eleitores e ignora os impactos que declarações e medidas anunciadas e recuos podem ter nas nossas relações", critica a pesquisadora em relações internacionais Maiara Folly.
A projeção do futuro próximo da diplomacia brasileira não é mais fácil de ser feita do que a análise do presente Quando indagado, Bosco Monte vislumbra poucas alterações nesse roteiro de indefinição, com "expectativa de que não teremos outra narrativa do que estou falando agora nos próximos anos".
"Isso é ruim, tanto para o governo, para os diversos ministérios, mas também para uma conversa com os de fora, os governos que esperam ainda uma sinalização de Brasília gostariam de ter uma definição de como o Brasil vai conversar com esses países. É necessário que haja uma definição", finaliza Monte.

Leia mais nas páginas 12 a 15

[PRA: Vou solicitar a matéria completa ao jornal O Povo]

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Brazil’s global standing in turbulent times - Guilherme Casaroes (comentarios Paulo Roberto de Almeida)

Um artigo de um professor de relações internacionais, publicado numa newsletter americana, discute os principais problemas atuais da política externa brasileira, cuja qualidade reconheço, mas não deixo de formular minhas observações pontuais, no seguimento da transcrição desse texto, in fine.
Paulo Roberto de Almeida

Addendum PRA, em 25/04/2016: como o autor do artigo respondeu às minhas observações constantes da lista ao final deste artigo, eu retomei o debate, e transcrevo, ainda mais abaixo, tanto seus comentários, como minhas observações sob os mesmos números.

Brazil’s global standing in turbulent times

Guilherme Casarões, Professor at FGV/EAESP, shares his insights into Brazil’s foreign policy: from great expectations to turbulent times
 
How does the current crisis affect Brazil’s global standing? The obvious and easy answer is that the combination of corruption scandals, growing political instability and poor economic results undermines the country’s credibility. As investments wane and trade declines, Brazil gets isolated and the crisis deepens. On top of it, a weak government, whose president is facing an impeachment process, seems incapable of living up to challenges of an emerging power in an ever more complex world.
But this is just part of the story. The international side of the Brazilian crisis can be traced back to Dilma Rousseff’s early days in office. It has a global and a domestic component. Globally, Brazil has suffered the late effects of the global financial recession. Signs of economic slowdown since 2012 were indicative of the limits of the expansionist policies that had made Brazil go unscathed through the initial turbulence. Moreover, growing tensions in the Middle East, Ukraine, and Venezuela undermined the erstwhile successful strategy of South-South-cooperation.
Domestically, the tripod that had sustained President Lula da Silva’s vibrant foreign policy – the president, the Workers’ Party (PT), and the Ministry of Foreign Affairs (also known as Itamaraty) – was lost. Unlike her predecessor, Ms. Rousseff was not interested in doing diplomacy, nor was she willing to wait for the diplomatic long run to get things done. Itamaraty was put on the sidelines, with much fewer resources and prerogatives, as other ministries, particularly those led by PT, scrambled for specific foreign policy agendas. The combination of those factors led to poor foreign policy results throughout Dilma Rousseff’s first term.

Brazil’s regional leadership against the wall
Brazil’s leadership in South America was inherited from the Lula administration but faced several challenges in the last years. The single most divisive issue in Mercosur was whether to let a conflict-ridden Venezuela join the bloc – and what to do with it once it got in. Venezuelan President Hugo Chávez had signed the accession protocol in 2005 and it was pending approval by the Paraguayan senate. In June 2012, the ousting of the president of Paraguay, Fernando Lugo, prompted Brazil and Argentina to suspend the country on the grounds that a coup d’état had taken place and – contrary to Itamaraty’s recommendations – to immediately let Venezuela in.
The swift move was not consensual and exposed internal divisions within Mercosur along ideological lines, as well as a rift between Itamaraty and PT. Originally conceived as a free-trade area, the bloc was bogged down in politics, unable to deliver sound economic results or to sustain Brazil’s regional standing. Trade between Brazil and Mercosur partners plummeted from USD 53 billion in 2011 to USD 34 billion in 2015. Meantime, the same “democratic clause” that was used to keep Paraguay at bay was not enough to prevent Venezuela to be dragged into an unprecedented political and economic crisis that followed Chavez’s death in early 2013.
More broadly, Brazil’s relations with Latin America were also put to the test. The establishment of the Pacific Alliance in 2012, composed by Chile, Colombia, Mexico and Peru, came as a blow to Brazil’s economic ambitions across the hemisphere. Trade with Latin America and the Caribbean dropped to 2007 levels, from USD 95 billion in to USD 66 billion in the last five years. The major initiative of the Rousseff administration in the region, the billion-dollar Mariel Port in Cuba, is still waiting for the Cuban-American rapprochement to show concrete results.

Caught between the great powers
On the global stage, the Lula and Dilma administrations presented Brazil as an emerging power, ready to have a greater say in world affairs. One of the most ambitious initiatives launched during this period was the BRICS group (Brazil, Russia, India, China and South Africa as of 2011). When it was formed, in 2006, it was described as a “club of equals”, around whom a new multi-polar order would be built. Many argued that emerging power-politics posed a challenge to the United States, particularly after the global financial crisis of 2008.
As time went on, however, the BRICS revealed itself to be an excessively pragmatic arrangement led by China, whose foremost agenda was to push for reforms in global financial governance. The two major initiatives of the bloc came from the Chinese government in 2014: the New Development Bank and the Contingent Reserve Arrangement. They complement broader and more ambitious actions, such as the China-led Asian Infrastructure Investment Bank (AIIB).
By the end of Dilma Rousseff’s first term, the growing asymmetry between China and Brazil had transformed the relationship into one of dependence – in which Brazil was the weakest link. The estrangement between the Dilma and Obama administrations, triggered by the leak of Edward Snowden’s NSA files that revealed that the United States was spying on Brazilian authorities and public companies, made it difficult for Brazil to lean towards the US as a form of compensation. As a result, Brazil lost much of its leverage in the shaping of the upcoming world order.

The elusiveness of strategic partnerships
All those factors led Brazil to tone down its global strategy. Shying away from the all-around strategy of the Lula years, president Rousseff was more selective regarding Brazil’s strategic partners. The Arab spring and its outcomes in the Middle East pushed trade towards the stable Gulf monarchies and Turkey, albeit for a short time. In Africa, relations based on a narrative of solidarity and on technical cooperation projects were replaced by a pragmatic approach guided by the national civil construction, oil and mining giants.
Aside from trade, partnerships under Dilma were basically built around the issues of science and technology. That explains Brazil’s desire to get closer to Germany, France and the United Kingdom, key destinations of the Science without Borders program, as well as stakeholders in the negotiations of the Mercosur-European Union agreement. Ties with tech-savvy Japan also got stronger and were elevated to the level of Global Strategic Partnership in 2014.
None of those relations, however, has brought tangible results so far. Science without Borders was terminated in late 2015. The Mercosur-UE agreement has been stalled for the past 20 years, with no sign of concessions on Europe’s part. The takeoff of the Brazilian-Japanese relationship is still waiting for a presidential trip to Tokyo that never took place, having been cancelled twice in 2013 and 2015 in what some analysts considered diplomatic disrespect on Dilma’s part. Her personal lack of interest has also led to estranged relations with countries such as Vietnam and Indonesia. Finally, anti-corruption operation “Carwash” has thwarted most of Brazil’s businesses in Africa.

Final remarks

In economic and political terms, the last eighteen months were ones to forget. To break the deadlock that followed her re-election, the government even attempted a “diplomatic offensive” in 2015, resting on the alignment between Itamaraty and the Ministry of Industry, Development and Foreign Trade. Six investment agreements were signed with key partners in Latin America (Mexico, Colombia, Chile) and Africa (Angola, Mozambique, Malawi). Presidential trips to Washington, Stockholm and Helsinki were also attempts to put the Brazilian economy back on track. This new approach was appropriately dubbed “diplomacy of results”.
Short-term gains, however, must not hamper Brazil’s broader multilateral agenda in other areas, such as the environment, human rights and international security. All in all, the Rousseff administration has fared poorly in dealing with most of those issues. While Brazil has done well in opening the country’s borders to Haitians and to Syrian refugees, it has largely kept silent about violations perpetrated by Bashar al-Assad, Vladimir Putin or Nicolás Maduro. Likewise, Brazil’s efforts in brokering a climate deal at COP-21 in Paris have been overshadowed by environmental setbacks at home, as in the cases of Belo Monte and Mariana.
As the political crisis deepens and the country is stuck in the impeachment quagmire, foreign policy has become part of the government’s survival toolkit. Some weeks ago, President Rousseff convened foreign ambassadors to warn them that a coup was being carried out against her government. She has also placed her bets on Brazil’s neighbors, through Mercosur and Unasur, coming to the rescue if she gets impeached. But maybe it is too late to give diplomacy a chance. Reconciliation with Itamaraty will hardly come, and it will probably be up to the next president – whenever he or she comes – to rethink Brazil’s global strategy once and for all.
LINKS
The Council on Business & Society Global Alliance is an on-going international dialogue between six of the world’s leading business schools and an organiser of Forums focusing on issues at the crossroads of business and society – The Council Community helps bring together business leaders, academics, students and journalists from around the world. #CouncilonBusinessandSociety

Meus comentários: Paulo Roberto de Almeida

Bom artigo no geral, mas tenho comentários pontuais: 

1) o lado "global" da crise brasileira é praticamente irrelevante, apenas refletido na queda de preços de algumas poucas commodities (minerais), mas não as agrícolas; o fulcro essencial dessa crise econômica é a inépcia das políticas econômicas domésticas, que provocaram a recessão, já que países vizinhos, exportadores das mesmas matérias primas continuaram crescendo; descarto, portanto, essa lado "global" da crise"; 

2) dizer que crises em alguns países do Sul minaram a diplomacia Sul-Sul é um reconhecimento de que essa política é míope, pois outros países, na região e fora dela, não cometeram a estupidez de praticarem a miopia da política Sul-Sul, o que significa andar com uma perna só, ou tapar um olho; seria preciso reconhecer a bobagem do Sul-Sul, não lamentar o seu fracasso previsível; 

3) dizer que a liderança brasileira na América do Sul da era Lula se perdeu no governo Dilma é uma incongruência, pois os demais países nunca reconheceram essa liderança e fomos sabotados pelos outros, inclusive pela Venezuela de Chávez, o tempo todo; mesmo projetos como Unasul NÃO representam o que o Brasil queriam, e o seu projeto da CASA foi totalmente desviado pelo caudilho venezuelano; 

4) o Mercosul não era originalmente um projeto de livre comércio e sim de MERCADO COMUM, mas nem o primeiro, nem a intermediária união aduaneira avançaram na era Lula-Kirchner, e isso não tem nada a ver com divisões ideológicas no bloco, e sim com o desprezo dos dois governos pelo Mercosul original -- acordo comercial -- e seu desvio para inócuos projetos políticos; tampouco é culpa do Mercosul que sua cláusula democrática -- aliás utilizada ilegalmente contra o Paraguai -- não tenha sido utilizada no caso da Venezuela, pois a culpa disso incumbe inteiramente aos aliados do governo bolivariano, ou seja, os mesmos Brasil e Argentina, e isso precisava ser dito; 

5) totalmente inapropriado colocar no mesmo plano a Aliança do Pacífico -- que se destina à integração dos seus membros na grande cadeia produtiva do Pacífico -- e o investimento brasileiro em Mariel, que NÃO É uma iniciativa regional do Brasill e sim um financiamento SECRETO de companheiros a seus aliados cubanos, e não tem absolutamente nada a ver com comércio na região; 

6) o Brics NÃO foi formado em 2006, e sim o BRIC foi criado em 2009; 7) a assimetria China-Brasil não se manifestou com Dilma: ela era evidente desde o início, e Lula foi totalmente cego quanto à completa divergência de interesses entre os dois países, e se deixou enrolar pelos chineses o tempo todo; 

8) O Ciência Sem Fronteiras foi mais uma iniciativa eleitoreira e demagógica e não teve NENHUM impacto na cooperação com os países avançados em favor do desenvolvimento tecnológico brasileiro, como qualquer pesquisa qualitativa pode revelar;

9) os seis acordos de investimentos são inócuos do ponto de vista da atração de investimentos de pequenas e médias empresas de países realmente exportadores de tecnologia, pois que baseados num modelo de acordo carente das características mais importantes que se encontravam nos acordos dos anos 1990, totalmente sabotados pelo PT na CD;

10) o apelo da PR em torno do processo de impeachment na presença embaixadores estrangeiros foi patético, e constitui mais um motivo de vergonha diplomática, pois denuncia um golpe onde não existe um. 

Estas são minhas observações ao artigo que de toda forma contribui para que uma audiência estrangeira conheça um pouco melhor o Brasil. Para especialistas brasileiros, como é o meu caso, inevitável não apontar essas questões fatuais ou de interpretação.
Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 21/04/2016

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Respostas de Guilherme Casarões, em 22/04/2015, seguidas de meus novos comentários em 25/04/2016:

Guilherme Casarões Paulo Roberto de Almeida, obrigado pela leitura cuidadosa. Vou ponto por ponto nos seus comentários.

1) GC: Acredito que existam elementos sistêmicos que vão além da questão das commodities e impactaram a inserção brasileira. Não nego, de modo algum, os resultados pífios das políticas econômicas; acho, contudo, que a desaceleração econômica de alguns mercados para os quais vendíamos comércio e serviços (sul da África, Síria, Irã, a própria Venezuela) impactou na nossa exportação de manufaturados e acabou deixando a indústria nacional em péssimos lençóis quando o consumo doméstico começou a cair bruscamente.

1) PRA: A indústria já vinha se mostrando sem condições de competir, em qualquer mercado, e até no mercado interno muito antes desses problemas localizados: África, Síria, Irã, Venezuela, e sua perda de competitividade não tem nada a ver com eventuais crises externas, e sim com fatores totalmente internos.

2) GC: Não condeno exclusivamente a diplomacia Sul-Sul. Nosso acesso a mercados desenvolvidos possui entraves conhecidos, entre os quais os subsídios agrícolas americanos e europeus. Há também questões de barreiras fitossanitárias que nos prejudicam.

2) PRA: Não são muito relevantes os mercados agrícolas dos países desenvolvidos, pois a maior elasticidade-renda das nossas exportações alimentícias estão mesmo nos grandes mercados em desenvolvimento (como Índia e China, por exemplo), países que praticam subsídios internos, proteção extensiva, com a qual aliás colaboramos, por exemplo, no G-20 comercial. Ou seja, nossa política Sul-Sul é totalmente míope, pois nenhum, repito NENHUM dos demais “parceiros” a praticam: sem qualquer ideologia, eles exportam para TODOS os mercados, especialmente os desenvolvidos.

3) GC: Lula possuía mais recursos para arcar com os custos de uma liderança, ainda que artificialmente construída. A construção de instituições e a tentativa de aprimorá-las (alegadamente) em prol dos demais membros (ex. FOCEM ou COSIPLAN) deixa isso claro. No limite, creio que com a “dobradinha” UNASUL/CELAC o Brasil tenha conseguido neutralizar o avanço da ALBA.

3) PRA: FOCEM é um crime contra o Brasil, que financia obras sem qualquer critério de custo-benefício em países com renda per-capita maior do que a nossa (com exceção do Paraguai); COSIPLAN é um arremedo do deveria ter sido a IIRSA se não tivesse sido sabotada pelos lulopetistas, e até agora não tem nada para mostrar. Piada essa coisa de que Unasul e Celac serviram para neutralizar a ALBA, esse fantasma movido a petrodólares chavistas. Acho que isso é desvario puro.

4) GC: A ideia de Collor e Menem para o Mercosul era estabelecer uma zona de livre comércio até 1994 e depois partir para a construção de um mercado comum. Ressaltei o ponto para mostrar que o objetivo comercial do bloco se perdeu, e não houve espaço para discuti-lo a fundo num artigo curto como esse. Quanto à questão do impeachment do Lugo, aí acho que cabem interpretações distintas. Vejo o problema menos na suspensão do Paraguai e mais no afã de se colocar a Venezuela para dentro, o que foi realmente patético.

4) PRA: O TA é de mercado comum, como já era o Tratado bilateral de 1988 e a Ata de Buenos Aires de 1990, da qual o TA é mera cópia quadrilateralizada. Kirchner sabotou conscientemente o Mercosul comercial com a colaboração ativa de Lula e aloprados econômicos do PT. O processo de suspensão do Paraguai não sofre de outra interpretação: ele foi ilegal, ao não terem sido observados os requisitos do próprio Protocolo de Ushuaia. Quanto a Venezuela, seu  ingresso também foi ilegal, pois em 2012 ela sequer tinha ratificado seu próprio protocolo de acesso, e nunca, jamais, até hoje, cumpriu qualquer requisito do Mercosul.

5) GC: Não disse que se tratavam de coisas equivalentes. Levantei a Aliança do Pacífico para mostrar como outros países da região vêm se organizando à revelia do Brasil (e ilustro isso com a redução do comércio regional brasileiro). A questão de Mariel foi apresentada pelo governo como a grande iniciativa brasileira para a América Latina e Caribe, e ressalto também a fraqueza dos resultados.

5) PRA: A Aliança do Pacífico NÃO precisa pedir permissão do Brasil para se formar, então esse “à revelia” não cabe; a redução não tem nada a ver com a Aliança (que não se destina a tanto a comércio regional, quanto inserção nas cadeias produtivas do Pacífico); se Mariel é uma “grande iniciativa brasileira para a América Latina e Caribe”, então eu preciso rever meus conceitos de América Latina, pois Mariel não tem nenhuma importância para isso, sendo apenas uma negociata para beneficiar os comunistas cubanos, empresários venais e o próprio PT, e seu custo NUNCA SERÁ PAGO por Cuba.

6) GC: A primeira reunião de chanceleres do BRIC foi em 2006, às margens da AGNU. A primeira Cúpula BRIC foi em 2009.

6) PRA: Na verdade, os primeiros contatos começaram entre Lavrov e Amorim efetivamente em 2006, mas a formalização não era ainda uma decisão diplomática.

7) GC: Concordo. Ainda me lembro da revolta da FIESP em 2004, quando Lula foi à China e se comprometeu a coisas que atentavam contra a indústria nacional. Mas a assimetria se agravou na medida em que o Brasil foi ficando economicamente mais vulnerável, sobretudo após a queda dos preços das commodities.

7) PRA: Como disse, as commodities que sofreram foram as minerais, as agrícolas mantendo seus patamares razoáveis, mas não houve alteração substancial da pauta durante todo o período, assim o que houve não foi crescimento de assimetrias e sim sua confirmação, e o que piorou foi a situação do Brasil, por razões eminentemente internas como já disse.

8) GC: Sobre o Ciência sem Fronteiras, deixo claro adiante que o programa não deu resultado e foi descontinuado.

PRA: Mais um dos grandes fracassos da demagogia petista: tal como concebido JAMAIS poderia servir para ciência e tecnologia, apenas para turismo acadêmico e aulinhas de inglês. O Brasil pagou muito caro por essa bobagem, pois recursos foram desviados de outras áreas de C&T.

9) GC: Não tenho conhecimento técnico para julgar o valor dos ACFIs assinados pelo Brasil. Parece-me, contudo, que eles tiveram grande participação do empresariado. Ouvi de gente da FIESP (que não tem nada de bom a dizer do governo Dilma, aliás) que os acordos eram uma das poucas notícias boas que tinham recebido em 2015.

9) PRA: Cinco países a maior parte irrelevantes não fazem do modelo de acordo um sucesso, ao contrário, ele é um fracasso total, pois o mundo tem centenas de acordos no modelo OCDE, só p Brasil quer ser diferente, e propõe um modelo ridículo que se baseia não na arbitragem mas nos bons ofícios de BUROCRATAS governamentais.

10) GC: Entendo a importância estratégica (para o governo e para a oposição) da busca de legitimidade no exterior, dado que o processo político aqui está absolutamente dividido. Mas também não acho que a instrumentalização dos embaixadores estrangeiros e da rede de embaixadas brasileira tenha sido boa ou eficiente.

10) PRA: Dividido? 80 a 20 seria isso? O que se fez, além de ridículo, foi um crime contra a diplomacia brasileira, tentando envolver países e organismos estrangeiros num processo absolutamente interno. Em outra visão, isso equivaleria a traição à pátria, pois não se pede apoio externo contra instituições nacionais. Mais um crime petralha...

Paulo Roberto de Almeida, Brasília, 25 de abril de 2016


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Problemas na politica externa (que nao sao da politica externa) - Guilherme Casaroes

Nota Liminar: fui censurado, provavelmente por um aluno, a pedido do professor, por ter "censurado" a réplica do Professor, aos meus comentários sumários, enfeixados nas primeiras duas linhas do comentário preliminar abaixo, quando não era, e nunca foi, esta a minha intenção. Apenas a falta de tempo, as tribulações de um trabalho intenso, me fizeram descuidar dessa questão importante. Retifico abaixo, com todos os registros de envio.
Portanto, o que os leitores vão ter aqui é: a transcrição do artigo original, encimado pelo meu comentário de fato sumário, quase críptico, pelo que me desculpo, em relação ao artigo do professor em questão, seguindo pela réplica do professor, com novamente um comentário meu, dando as razões de minha discordância em relação ao artigo.
Aceito novos comentários, e até poderei colocá-los em destaque em novo post.
Não tenho nenhum problema, repito NENHUM problema, em debater questões como essas, que são o centro mesmo das preocupações deste blog.
Paulo Roberto de Almeida

O autor tece considerações genéricas sobre a diplomacia brasileira, sem mencionar o fato de que os problemas apontados não se devem ao Itamaraty, e sim a fatores externos, que ele ignora por completo.

Uma política externa à altura do Brasil

09 de setembro de 2013 | 2h 10
Guilherme Casarões * - O Estado de S.Paulo
Entre as análises de primeira hora sobre a diplomacia do governo Dilma Rousseff, não foram raras as menções ao seu aparente desinteresse por questões globais - ressalvado, pela própria biografia da presidente, o tema dos direitos humanos. Esperava-se uma mudança de forma, sem o ativismo dos anos anteriores, mas mantendo as linhas substantivas essenciais. O perfil mais técnico do então chanceler Antonio Patriota, nomeado por Dilma, indicava a preferência por uma política exterior sem voos altos nem o risco de tropeços ou atritos, mantendo-se o lastro institucional do Itamaraty.
Abdicando do exercício da diplomacia presidencial, parcialmente responsável pela (re)construção da imagem do Brasil nos 15 anos anteriores, a presidente mostrou-se muito pouco engajada nos temas internacionais - para além do óbvio protocolar, como reuniões de cúpula e algumas visitas a países amigos. No entanto, ao contrário do que se esperava, deixou pouco espaço para o Itamaraty trabalhar.
Isso parecia relacionar-se com as prioridades governamentais em tempos de crise e desaceleração da economia. O envio de estudantes brasileiros ao exterior, no desejo de qualificá-los nas áreas de ciência e tecnologia, virou bandeira governamental e ativo diplomático. Projetos de infraestrutura, sobretudo no nosso entorno geográfico, ganharam prioridade sobre as grandes estratégias costuradas nas duas décadas anteriores. Aos poucos, foram mudando os parceiros preferenciais e os temas centrais.
A despeito de conquistas maiúsculas, como a eleição do embaixador Roberto Azevêdo na Organização Mundial do Comércio (OMC), ou tentativas de avanços conceituais, como a "responsabilidade ao proteger" diante dos levantes árabes, a generalizada ausência de protagonismo internacional e o desencontro de interesses entre o Ministérios das Relações Exteriores e outros setores do governo reforçaram a avaliação de um importante jornalista: "O mundo de Dilma é o Brasil".
Não haveria problema algum caso se tratasse somente de uma questão de prioridades. Historicamente, em tempos difíceis, a redução do ativismo global é natural e esperada. Mas o estilo de governar de Dilma Rousseff, além de enfraquecer o Itamaraty, revelou um profundo dissenso sobre visões de mundo. A introspecção forçada da diplomacia dilmista entra em choque com duas dimensões essenciais da política externa do Brasil.
A primeira delas é histórica e mais profunda. Somos um país cuja identidade foi parcialmente forjada pela obra diplomática, que também nos logrou respeitável reputação internacional. Se hoje o Brasil é um ator global, isso é graças ao esforço coletivo do serviço exterior na construção permanente de uma sedutora narrativa de "quem somos" e "o que queremos" para o mundo.
Como estamos falando de um país cuja trajetória é marcada pela escassez de recursos tradicionais de poder - como dinheiro ou armas -, a projeção brasileira deu-se, de maneira geral, pela empatia global. Esse fato trouxe efeitos tangíveis, que vão desde a profusão de acordos bilaterais de cooperação com numerosas nações até o vertiginoso aumento do comércio internacional brasileiro na última década; e também intangíveis, que se traduzem em aspectos da liderança do Brasil em certos temas multilaterais, ou, se quisermos, na superação de um antigo complexo de vira-latas que por muito tempo nos definiu.
A segunda dimensão diz respeito ao chamado "insulamento burocrático" do Itamaraty. Ao longo do século 20, a Casa de Rio Branco foi-se profissionalizando e ganhando autonomia, seja com relação ao presidente da República, ao Congresso Nacional ou às forças sociais. Isso permitiu que se consolidasse uma espécie de repertório permanente da política externa, corporificado no serviço diplomático e, em geral, identificado com a bem-sucedida inserção internacional do Brasil.
Se, por um lado, as decisões diplomáticas permaneceram relativamente fechadas mesmo num contexto democrático, a ênfase na "tradição" foi capaz de blindar a política exterior de críticas profundas nas últimas décadas - limitando-se, desconsiderados os excessos retóricos, a contestações pontuais. Não à toa, no último meio século a enorme maioria de nossos chanceleres veio da própria carreira diplomática - ou, quando não era o caso, eles estavam afinados com as tradições e o legado do barão do Rio Branco.
Os eventos dos últimos dias jogaram, numa só tacada, toda essa narrativa por terra. As inesperadas tensões com a Bolívia fugiam de um script diplomático que prezava pela amizade - e pela cautela - com os vizinhos. A inédita quebra de hierarquia enfraquece, por sua vez, a reconhecida condição de infalibilidade do Itamaraty, sobre a qual assenta boa parte da reputação brasileira.
A pronta demissão do ministro Antonio Patriota, um dos melhores quadros de sua geração, revela, por fim, as dificuldades que a nossa tradicional diplomacia vem sofrendo no contexto de um governo para o qual o imediatismo dos resultados tangíveis e quantitativos precede o planejamento de longo prazo e a razão de Estado. Como se a política externa pudesse ser traduzida em planilhas ou balancetes.
E enquanto Antonio Patriota se prepara para retornar a Nova York (para assumir a chefia da representação brasileira nas Nações Unidas), onde suas habilidades certamente serão valorizadas, devemos desejar bons augúrios ao seu sucessor, Luiz Alberto Figueiredo Machado - um grande negociador, que terá diante de si o maior dos desafios: superar as amarras governamentais para fazer uma política externa que esteja à altura do Brasil.
*Guilherme Casarões é professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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O professor me enviou o seguinte comentário, devidamente absorvido na seção de comentários (embora com um atraso involuntário), a que eu respondi, distraidamente, sem ver que não estava respondendo a ele. Mas deixo registro mais abaixo do que escrevi.

On Sep 10, 2013, at 11:23 AM, Guilherme Casarões <noreply-comment@blogger.com> wrote:

Caro Prof. Paulo Roberto de Almeida,

Fico honrado que tenha reproduzido meu texto em seu blog; ao mesmo tempo, preocupa-me seu comentário introdutório ao artigo, falando em "considerações genéricas" ou fazendo menção a "fatores externos", que "ignoro por completo".

Talvez tenha me expressado mal, mas a linha argumentativa do texto é exatamente a de que a política externa (ou a ausência de política externa do governo Dilma) está sendo corroída por questões exógenas - leia-se, uma profunda divergência entre as visões de mundo da presidente e a leitura que o Itamaraty faz (e sempre fez) do interesse nacional.

Repito essa ideia ao fim do segundo parágrafo, no quinto, e nos três últimos. Reforço que nossa diplomacia - com a qual não há nada de errado, note-se - "vem sofrendo no contexto de um governo para o qual o imediatismo dos resultados tangíveis e quantitativos precede o planejamento de longo prazo e a razão de Estado". Em momento algum imputo à nossa diplomacia as mazelas atuais da política externa, pelo contrário.

Quero crer que sua crítica ao texto tenha sido fruto de um equívoco de interpretação, já que não consigo enxergar, como autor, a lógica que você mesmo ergueu para derrubar meus argumentos.

Atenciosamente,

Guilherme Casarões 
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Meu comentário inicial (em suposta resposta minha ao professor, que não lhe chegou, apenas por total distração minha no reply) foi o seguinte:

Desculpo-me pela leitura rápida, que parece não ter detectado todas essas nuances que você menciona agora. Vou retificar.
Mas você sabe perfeitamente bem a origem de todos esses problemas.
Creio que é preciso apontá-los e talvez denunciá-los. 
Paulo Roberto de Almeida 

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Meu comentário subsequente, feito depois que dois bravos alunos se mobilizaram na demanda de explicações, e até na censura (devidamente registrada), foi feito na resposta abaixo, que não é final, pois o assunto continua em aberto. 
Mais uma vez, não pude escrever diretamente ao professor, por não dispor de seu e-mail, e creio que certos assuntos são melhor tratados em particular. Mas, como nunca tenho nada a esconder sobre o que penso, sobre determinados assuntos, aqui vai o meu comentário principal: 

O artigo consegue acusar o Itamaraty de vários pequenos pecados e em NENHUM momento toca em duas coisas fundamentais: partido e partidarização da política externa, e a existência de um conselheiro partidário no Planalto, usualmente chamado de “chanceler para a América do Sul” (mas vai muito além disso). Como explicar esse amor desmedido do Brasil por várias pequenas e grandes ditaduras, como explicar essas alianças estratégicas com regimes de duvidosa reputação na área da democracia e dos direitos humanos, como explicar a brutal diferença de tratamento entre o caso do “golpe” em Honduras e o abrigo de um palanqueiro ba Embaixada do Brasil naquela capital, e o tratamento da questão boliviana, como explicar a rispidez no caso do Paraguai e a leniência, a conivência e a tolerância demonstradas em casos bem mais graves de ataques à democracia e à liberdade de expressão? Como explicar tudo isso pela ação do Itamaraty?
Gostaria de ver o professor se explicando em todos esses casos.
Paulo Roberto de Almeida
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O tem continua em aberto, para o professor e para todos os seus alunos, voluntariamente de preferência...
Paulo Roberto de Almeida 

domingo, 1 de setembro de 2013

Brasil-Bolivia e politica externa: GloboNews Painel, com Rubens Barbosa, Marco Antonio Villa e Guilherme Casaroes

Neste sábado 31 de Agosto, o GloboNews Painel, dirigido pelo jornalista William Waack recebeu o Embaixador Rubens Antonio Barbosa, o historiador Marco Antonio Villa e o cientista político Guilherme Casarões, para debater a política externa brasileira, à luz dos últimos acontecimentos, entre eles a questão das relações com os vizinhos, sendo a Bolívia o ponto focal, e a queda do chanceler no seguimento desse evento.
Em duas partes, como sempre acontece: