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domingo, 24 de março de 2019

Itamaraty: Mudanças e instabilidade na casa dos diplomatas - Jornal O Povo (CE)

Itamaraty: Mudanças e instabilidade na casa dos diplomatas

|Reestruturação| Embaixador com experiência de 42 anos é demitido por chanceler e o acusa de promover mudanças sem qualquer discussão; sofre suas consequências

Jornal O Povo (CE), domingo 24 de março de 2019
(Foto: )
No dia 4 de março, segunda-feira de Carnaval, o embaixador Paulo Roberto de Almeida foi informado de sua exoneração do comando do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, cargo que ocupava desde 2016. A decisão foi tomada após publicação realizada no domingo, 3 de março, em seu blog pessoal, Diplomatizzando, de artigos e outros materiais críticos à política externa brasileira. 
Com 42 anos de atuação no Ministério de Relações Exteriores brasileiro, o Itamaraty, o diplomata evita associar a sua saída do cargo às mudanças estruturais que o ministro Araújo vem realizando desde o início do governo de Jair Bolsonaro. "Isso é um problema político pessoal do chanceler", resume. 
Segundo ele, a principal motivação da demissão ocorrida no início do mês foi a defesa que vem realizando de uma "diplomacia brasileira isenta de opiniões destrambelhadas de pessoas como Olavo de Carvalho ou de outros amadores em políticas internacionais". O escritor Olavo de Carvalho, principal responsável pela nomeação de Ernesto Araújo para o comando do Itamaraty, é definido por Almeida como "pessoa nefasta para a política externa brasileira".
O diplomata aponta que mudanças sensíveis estão ocorrendo na estrutura do Itamaraty "sem nenhuma consulta à Casa. Isso, para mim, é inédito", explica ele. O presidente do Instituto Brasil África, Bosco Monte, concorda que a mudança realizada foi repentina e "sem estruturação adequada". 
"Ele como gestor pode achar que a estrutura que existia até então não é mais oportuna. (...) No entanto, em uma corporação que tem um papel tão importante, é necessário que o dirigente prepare os seus liderados para a mudança, o que não aconteceu", argumenta Bosco. O professor da FGV São Paulo, Guilherme Casarões, considera razoável a argumentação utilizada pelo chanceler para a reestruturação, mas aponta equívocos na solução encontrada por Ernesto Araújo.
"O Itamaraty, de fato, é uma instituição muito rígida e passou muitas décadas desconectado da sociedade, das demandas concretas das pessoas. Sempre esteve muito voltado para ele mesmo", critica Casarões. Mas a alteração nas hierarquias da instituição, considerada a outra grande mudança para Paulo Roberto de Almeida, foi realizada com objetivos outros. 
"O chanceler está subvertendo a crítica para construir um projeto de poder. Ele não está dizendo isso para efetivamente abrir o Itamaraty para a sociedade, está dizendo isso para poder colocar os diplomatas leais à agenda ideológica no topo decisório do País", defende Casarões. 
"O ministro Ernesto tem colocado em posições de chefia geralmente pessoas que estão abaixo da sua geração. (...) Houve uma quebra de tradição (dentro do Itamaraty) e tem havido uma preferência não pelo mérito, mas pelo critério geracional. E, no meio disso, provavelmente o critério ideológico também prevaleça", enfatiza Paulo Roberto. 

O chanceler

De Porto Alegre, Ernesto Araújo foi aprovado no concurso de admissão do Instituto Rio Branco em 1990 e ingressou na carreira diplomática em 1992. É casado com a também diplomata Maria Eduarda de Seixas Corrêa
Guilherme Casarões, professor da FGV
Guilherme Casarões, professor da FGV

Guilherme Casarões

"A política externa afeta o preço dos produtos, afeta a possibilidade de investimento e geração de emprego. Ela também está diretamente ligada a segurança pública. A rota do tráfico tem que ser combatida internamente, mas ela é também uma cooperação entre os países em que o tráfico prospera"
Guilherme Casarões é professor da FGV de São Paulo

Mônica Martins
Mônica Martins

Mônica Martins 

"Não existe nenhum problema nacional que não esteja relacionado com os problemas internacionais. (...) A questão ambiental, por exemplo, nós jamais poderíamos resolver sozinhos. O custo do tomate que vem para a nossa mesa, o custo da macaxeira. A safra de caju, da nossa castanha que é um item fundamental na exportação. O nosso peixe… A questão ambiental afeta o mar e toda a nossa produção, o que nós comemos".
Mônica Martins é professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece)