Gostei particularmente, sem ter lido no detalhe, da solução inovadora proposta por Jack Soifer, embora eu tenha algumas dúvidas sobre como ela funcionaria no plano monetário-contábil: que tipo de pagamento, exatamente, receberiam os exportadores privados de produtos portugueses aos detentores de créditos convertidos à partir de sua dívida (mas que dívida, a do Estado português, ou a de suas empresas comerciais)?
Independentemente dessa dúvida, crises tem de ser resolvidas com soluções inovadoras e de fato cabe explorar novos caminhos para a retomada do crescimento e do emprego.
Leiam a matéria de O Jornal Econômico, de Portugal.
Paulo Roberto de Almeida
OJE 2014/06/26 00H02
Em alguns casos, os oito co-autores de “Portugal Pós-Troika” não se conhecem e vivem em países diferentes, mesmo os que vivem no país não se cruzam com frequência, mas chegaram às mesmas conclusões: Portugal necessita outros caminhos para sair da recessão. Em nenhum país as receitas aqui usadas pela Troika deram certo. Dentro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dentro da União Europeia havia vozes a apontar outros caminhos.
Armindo J. Palma (presidente da CM-Idanha-Nova), Francisco Bívar Weinholtz (advogado), Henrique Neto (industrial), Jack Soifer (engenheiro e colunista do OJE), John Wolf (autor-tradutor americano, residente em Portugal), Luís C. Silva (engenheiro de transportes), Stefan de Vylder (economista, ex-professor universitário e antigo diretor da Swedish Int'l Development Agency) e Viriato Soromenho-Marques (professor universitário) apresentam soluções muito similares, desenvolvendo cada um a sua área de conhecimento específico, como, por exemplo: agrotecnologia, indústria para clientes industriais, transportes e logística mais eficiente baseada em ferrovias e uma reestruturação da dívida, baseada no que foi feito em outros países, por exemplo, a Alemanha após a II Guerra Mundial.
A Alemanha solicitou aos países europeus um alargamento para pagar as suas dívidas o que foi concedido para 50 anos, em vez dos 20 iniciais.
A Alemanha e a Argentina, outro país que reestruturou dívida, só precisavam pagar o principal da dívida quando tivessem um crescimento económico acima de 1,2%, ao ano, tal valor permitiria um nível de desemprego aceitável e garantiria a sobrevivência da economia.
Jack Soifer, consultor internacional e colunista do OJE, no seu capítulo, propõe que metade da dívida portuguesa seja transformada em crédito para as bancos credores repassarem aos seus clientes para uso exclusivo na importação de produto portugueses.
As exportações duplicariam, o desemprego cairia para 6%, a procura de matérias-primas lusas aumentaria, a capacidade industrial já instalada seria melhor aproveitada e a nossa economia, a curto prazo, voltaria a gerar rendimento, emprego e desenvolvimento, explicou Jack Soifer ao OJE.