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terça-feira, 20 de maio de 2014

Renda dos mais pobres teve maior avanço com Dilma do que sob Lula - Dados do IPEA

Renda dos mais pobres teve maior avanço com Dilma do que sob Lula, diz Neri
Vandson Lima | De Brasília.
Valor Economico, 20.05.14.

Marcelo Neri se lembra exatamente do momento em que percebeu que havia sido "notado" pela presidente Dilma Rousseff. Ela lhe deu uma bronca durante um evento público. "Quero recomendar a leitura de um livro do Marcelo Neri, aquele que está ali sentado, conversando, mas não devia conversar. Da leitura do livro dele "A nova classe média", que é, eu acredito, um dos estudos mais bem feitos a respeito desse processo
que estamos vivendo no Brasil".
Era abril de 2012 e ali se celebrava a marca de 1,5 milhão de beneficiados no Rio pela integração dos programas Renda Melhor, estadual, e o municipal Família Carioca ao Bolsa Família, desenhados por Neri. Dali a cinco meses, ele ocuparia a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Seis meses mais e Neri chegaria, interinamente, ao comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), cargo para o qual foi efetivado no início deste mês.
Junto com a titularidade, este carioca de 50 anos, torcedor do Fluminense, recebeu a missão de produzir uma batelada de indicadores para, a partir deles, produzir uma tese que deve nortear a campanha da presidente à reeleição: a de que, apesar do cenário não tão animador sob o ponto de vista dos indicadores econômicos, os ganhos sociais continuaram a se expandir no atual governo. Mais que isso, defende o ministro, a ascensão dos mais pobres se acentuou no governo Dilma.
O trabalho foi apresentado, em duas sessões neste mês a todos ministros do governo para dar-lhes argumentos de defesa da gestão - o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, viu a apresentação, composta por 42 slides, nas duas oportunidades. A presidente recebeu os números. Neri faz parábola futebolística para explicar a função. "Aqui na SAE a gente faz o meio de campo, dá o passe. A macroeconomia é a defesa, a área social é o ataque. A SAE é o Conca [meio-campista do Fluminense]".
Neri avalia que são duas as principais dificuldades para se fazer uma avaliação do governo Dilma. "Primeiro, existe um descolamento muito forte entre indicadores econômicos e sociais. É um descolamento que até já existia, mas que, nos últimos três anos, ficou mais forte. E há ainda um descolamento distributivo. O topo da pirâmide está crescendo muito abaixo da base nos últimos 12 anos".
As pesquisas domiciliares fundamentam o argumento dos "dois Brasis" de Neri. "Tem um Brasil das contas nacionais, que governa a maioria das análises econômicas, e há um Brasil que visita as casas das pessoas, que é o das pesquisas domiciliares. Um está descolado do outro", defende. "Os brasileiros que estão mais próximos da parte superior da distribuição têm uma dificuldade grande de ver o Brasil profundo. A transformação está acontecendo lá embaixo", continua.
Apesar da desaceleração econômica observada nos últimos anos, avalia Neri, houve uma surpreendente continuidade da melhora social, o que contrapõe dados como o crescimento do PIB e a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, a Pnad. "Veja 2012, que é um ano totalmente Dilma. É o tal ano do 'pibinho' (0,9%). Mas é um ano de 'Pnadona'. Os 10% mais pobres tiveram crescimento de renda de 14% no ano", observa.
De 1992 a 2012, o aumento foi, em média, de 5,4%. Estrela da apresentação de Neri, o gráfico com o crescimento do PIB comparado ao crescimento dos números da Pnad, da renda mediana e do crescimento dos mais pobres atesta, resumidamente, que "quanto mais você se distancia da média e foca nos mais pobres, a melhora social é mais acentuada. E isso fica mais forte no governo Dilma, inclusive em relação aos anos de governo [do ex-presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva]".
O gráfico de "grupos excluídos" também fez sucesso entre os ministros. "Nele você vê que a renda de mulheres, negros e periferia é destaque do Brasil, seja nos últimos 12 anos, seja no último ano, em termos de renda do trabalho", diz.
Também compõem a apresentação dados favoráveis à gestão de Dilma e do PT sobre Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mercado de trabalho e o "risco positivo" do brasileiro ascender socialmente. "Há uma visão do Brasil pouco estrutural. Bolsa Família, Previdência e salário mínimo são importantes nessa conta de melhora de indicadores, mas o grande elemento é o mercado de trabalho". O crescimento da renda individual nos três anos de governo Dilma, diz o ministro, não é menor que antes, mas
existe uma diferença de componentes. "É menos pela ocupação e mais por salário. Isso denota uma certa escassez de mão de obra. O grande nó é que a renda das pessoas mais pobres tem crescido mais que as contas nacionais", diz.
Em 2000, mostra a apresentação do ministro, 41% dos municípios tinham IDH muito baixo. Em 2010, são menos de 0,6%. "Isso é expectativa de vida, educação e renda também. A mortalidade infantil caiu 47% em 10 anos. O que é mais estrutural que isso?
Tem uma revolução acontecendo aí".
O risco "positivo", de a renda subir, diz Neri, também nunca foi tão alto. Até o fim do governo Fernando Henrique Cardoso, defende, 16 em cada 100 cruzavam a mediana de baixo para cima. No fim do governo Lula, eram 23. Com Dilma, esse número chegou a 27 para cada 100 brasileiros.
O roadshow de números positivos de Neri estende-se a outras paragens. No dia em que recebeu a reportagem do Valor, o ministro acabara de sair de uma reunião com o Conselho de Estado Chinês, cujos integrantes se mostraram especialmente interessados nos avanços do Brasil no combate à desigualdade social. "Disse a eles que o país perfeito combinaria os avanços macroeconômicos da China com os recentes avanços sociais do Brasil". A ideia é acelerar o processo de troca entre os dois países na próxima cúpula dos Brics, que ocorre em julho em Fortaleza (CE), logo após o término da Copa do Mundo de futebol.
As apresentações, que incluem a distribuição de resumos e planilhas de dados aos convidados, vão ainda descer um andar na hierarquia governamental. Neri vai fazer uma apresentação para todos os secretários-executivos.

domingo, 6 de outubro de 2013

O PIB do Brasil e o PIB per capita dos brasileiros mais pobres: crescimento "chines" - Marcelo Neri

Tendo postado uma matéria de imprensa sobre artigo do presidente do IPEA e ministro interino da SAE-PR, Marcelo Neri, seguido de uma postagem crítica, e antecedido por um comentário mais crítico ainda, tomo conhecimento, agora, do artigo original, em sua íntegra (o que não conhecia, por falta de acesso).
Tenho o prazer de postá-lo agora, como contribuição a um debate relevante sobre as políticas públicas no Brasil, em especial as políticas sociais e redistributivas, das quais sou crítico (não quanto aos resultados, mas quanto aos meios).
Paulo Roberto de Almeida

Paradoxos e surpresas
Marcelo Neri
O Globo, em 04.10.2013

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE) é a melhor janela que dispomos para observar os brasileiros em suas casas. A recém-lançada Pnad 2012 surpreendeu. A pobreza caiu 19,8%. Em pleno ano do pibinho, cerca de 3,5 milhões de brasileiros saltaram a linha de pobreza de R$ 150. Já descontada a inflação, o crescimento da renda por brasileiro foi 7,98%, maior que o do PIB per capita chinês (7,3%). Também em 2012, a renda da Pnad cresceu 8 pontos percentuais acima do PIB brasileiro.
A dissonância entre o observado e o esperado é gigantesca, mesmo para quem observou no fim de 2012 crescimento pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) 5 pontos percentuais acima do PIB, ou ainda os descompassos de crescimento Pnad-PIB de 14 pontos no período 2003 a 2011. O Brasil dos brasileiros em suas casas tem crescido mais que o Brasil dos economistas.
A desigualdade medida pelo índice de Gini passa de 0,527 para 0,526 de 2011 a 2012, após cair continuamente por 10 anos consecutivos. A aparente estabilidade da distribuição de renda no ano passado sob a ótica do Gini esconde melhorias dos extremos. O ganho de 14% entre os 5% mais ricos foi compensado por um ganho de 20,1% entre os 5% mais pobres. O crescimento observado na metade inferior da distribuição de renda, décimo a décimo, supera o crescimento da média. Ou seja, apesar da estabilidade do Gini, as mudanças distributivas foram particularmente favoráveis aos pobres e explicam metade da redução da extrema pobreza, dobrando o impacto do crescimento sobre a miséria. Isto é, a miséria cairia metade do que caiu se todos os brasileiros tivessem sua renda aumentada aos mesmos 8% da média geral da nação.
Mais um aparente paradoxo: apesar da estabilidade da taxa de analfabetismo, os dados mais gerais de média e desigualdade de escolaridade revelam em 2012 os melhores avanços em um único ano nas Pnads das duas últimas décadas. Se a manutenção da proporção de adultos com zero ano de estudo preocupa, por outro, o avanço na escolaridade de outros com pouca educação compensou o bastante, produzindo melhora educacional.
O ano em curso de 2013 também tem se revelado inusitado. Após um ano parado, o Gini da renda trabalhista volta a cair a partir de março de 2013 pela PME. Em junho, mês das manifestações, o PIB trimestral supera expectativas, crescendo 1,5%, que corresponde a uma taxa anualizada de 6%. Se não foi a estagnação do PIB ou da desigualdade, o que explicaria a virada dos humores ocorrida em junho último? A chave da resposta talvez esteja no desempenho trabalhista. O crescimento anual da renda do trabalho de 12 meses, desacele-rado de 5% para 3%, chegando a valores negativos na comparação de fevereiro com o ano anterior, é um possível candidato a causa econômica. As marcadas melhoras na média e na desigualdade de renda a partir de junho de 2013 antecipariam uma alta na felicidade geral da nação.
De maneira geral, 2012 foi um ano de surpresas pnadianas. A renda real por brasileiro cresceu 8% com uma estagnação do PIB pelas Contas Nacionais. Mesmo com a desigualdade medida pelo Gini parado, a mudança distributiva ocorrida duplicou a velocidade de superação da miséria. A média e a desigualdade de escolaridade, por sua vez, tiveram a maior melhora em décadas no mesmo ano em que o analfabetismo ficou parado. Como dizia o maestro Tom Jobim, entender o Brasil não é tarefa para amadores.


Marcelo Neri é ministro de Assuntos Estratégicos, presidente do Ipea e professor da EPGE/FGV

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Brasil dos brasileiros e dos economistas - Marcelo Neri e Monica Baumgarten De Bolle

Pequena introducao de Mauricio David:

Marcelo Neri, ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos, briga para ficar no cargo. Para tal, publicou no O Globo de hoje artigo dizendo que os dados do IBGE que mostram um PIB praticamente estagnado ( crescimento de 0.9% em 2012, vai pelo mesmo caminho em 2013) não mostram a realidade. A realidade, estaria, pelo contrário, nas artes mágicas de mostrar o contrário, manipulando os dados da PNAD dada a conhecer recentemente... Este ministro vai longe... Já conseguiu ficar interinamente como ministro, agora briga para ficar definitivamente no posto. Será que vai conseguir ?
MD
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Pnad mostra que Brasil cresceu em ritmo chinês, diz ministro


Os números divulgados hoje (27) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), referentes ao ano passado, mostram que existem dois Brasis: um que gerou Produto Interno Bruto (PIB) de 0,9%, apelidado de “pibinho”, e outro, mostrado pela pesquisa, que revelou crescimento de 8% na renda média dos trabalhadores, “um desempenho de nível chinês”. A análise foi feita secretário de Assuntos Estratégicos, ministro Marcelo Neri, que também acumula a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“A Pnad 2012 surpreende muito, porque foi o ano do ‘pibinho’ – o PIB cresceu 0,9%, mas a renda média dos brasileiros cresceu 8,9%. Ou seja, uma diferença de 8 pontos percentuais. O Brasil dos economistas está indo muito pior que o Brasil dos brasileiros. A desigualdade deu uma estabilizada [descendente] em 2012, mas, com certeza, a pobreza teve uma queda espetacular por conta do crescimento”, afirmou Neri.

Segundo o ministro, em todos os extratos da população, a renda aumentou bastante, “em ritmo chinês”, e “isso está em completa dissonância com os dados das contas nacionais do PIB”.

Marcelo Neri atribuiu o avanço registrado pela Pnad ao forte crescimento do mercado de trabalho, principalmente pelo aumento do salário e não tanto pelo crescimento na ocupação, pois o país está vivendo quase um momento de pleno emprego. “Houve uma melhora em termos de formalidade e mais acesso a direitos trabalhistas. Fundamentalmente, é uma economia em que o mercado de trabalho está descolado do crescimento do PIB. São dois Brasis completamente diferentes.”

Outros fatores que contribuíram para o bom momento da economia brasileira demonstrado na Pnad foram a melhor distribuição de renda e os ganhos reais do salário mínimo, destacou o ministro, que apontou nova queda na desigualdade: “de 2003 até 2011, tivemos um crescimento da renda na Pnad de 40,5% no acumulado. E o PIB per capita cresceu 27,7% nesse período.”

O ministro Marcelo Neri falou com a imprensa durante o 13º Encontro Nacional de Estudos Estratégicos, promovido pela secretaria, em parceria com o Ministério da Defesa. O evento foi na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
Veja a crítica a Marcelo Neri :
No Reino dos Pnadianos e Pnadianas... (Blog Monica Baumgarten de Bolle)
Por Monica Baumgarten de Bolle - 4 de outubro de 2013 11:36

…há o Brasil dos brasileiros em suas casas e o Brasil dos economistas. O Brasil dos brasileiros em suas casas só pode ser visto pela janela da PNAD, a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios do IBGE. A PNAD, por sua vez, só pode ser compreendida por uns poucos afortunados que conseguem enxergar a verdade nas suas estatísticas. Isso não é tarefa para amadores. Não é tarefa para economistas. Ou, ao menos, não é para qualquer economista.
Assim nos disse o Presidente do IPEA, Marcelo Neri, em artigo publicado para o Jornal O Globo em 4/10. Há o Brasil dos brasileiros em suas casas. Esse Brasil cresceu extraordinariamente no ano passado, uns 8% descontada a inflação, uns 14% quando a levamos em conta. Disse-nos o IPEA que isso foi maior do que a expansão do PIB chinês no ano passado, salientando o feito realmente extraordinário. Esqueçam-se do detalhe anódino de que o PIB chinês não é comparável à PNAD brasileira porque… Bem, para início de conversa porque não sabemos como o PIB chinês é compilado. Já a comparação com o Brasil dos economistas, esta sim é válida. E, esse Brasil, o medido pelo PIB, cresceu apenas 0,9% em termos reais, ou pouco mais de 6,5% quando se leva em conta a variação dos preços.
O Brasil dos brasileiros em suas casas e o Brasil dos economistas – leia-se, o PIB – são definidos e avaliados pelo mesmo instituto, pelo IBGE. O IBGE conduz a PNAD. O IBGE compila as Contas Nacionais. O Presidente do IPEA disse que o Brasil não é para amadores, parafraseando Tom Jobim. Estaria ele, portanto, insinuando que uma parte do IBGE é amadora? Afinal, uma parte do IBGE, a que lida com as Contas Nacionais, constatou que a renda por habitante do País praticamente estagnou no ano passado. Ou seria o caso dele estar nos dizendo que nós economistas – uma categoria à qual ele próprio pertence – não somos capazes de decifrar a esfinge pnadiana? Pnadiana, seria um neologismo ou um termo que compõe o idioma correntemente falado pelos integrantes do atual governo brasileiro, o Dilmês?
E, será mesmo que a PNAD é um enigma que apenas aqueles dotados de uma habilidade inata para destrinchar as mensagens contidas nos microdados são capazes de resolver? A renda medida pela PNAD aumentou 14% no ano passado, levando em conta a inflação. O salário mínimo cresceu 14% em 2012 levando em conta a inflação. Será uma mera coincidência?
Suponhamos que o enigma pnadiano seja explicado pela regra anacrônica de reajuste do salário mínimo, essa que o eleva todo ano com base na expansão do PIB de dois anos anteriores e na inflação de um ano atrás. Em 2012, o salário mínimo foi favorecido pela extraordinária expansão do PIB de 2010, de 7,5%, e pela não menos extraordinária elevação da inflação, que bateu no teto da meta, nos 6,5%. Afora o fato de que a regra aumenta o grau de indexação da economia, algo que levamos anos para desmontar, e que não faz o menor sentido econômico reajustar o salário mínimo pelo PIB, há outros problemas. O salário mínimo reajustado na marreta desse modo prejudica as contas públicas brasileiras, essas mesmas contas públicas que viraram o alvo de críticas das agências internacionais de risco e de certos semanários britânicos que gostam de foguetes religiosos. O salário mínimo reajustado na marreta tende a reduzir os incentivos para que as pessoas busquem na educação a melhoria de suas perspectivas futuras. Afinal, com tantas bolsas isso e aquilo por aí, além do maná do salário mínimo distribuído generosamente pelo governo todos os anos, para que almejar algo mais? Enterrar-se na mediocridade já é suficiente. E, é claro, aprender Dilmês.
No reino dos Pnadianos e Pnadianas, há… Bem há Pnadianos e Pnadianas. Esses são os guerreiros do governo que usam qualquer artifício, inclusive um manuseio peculiar dos dados, para sustentar os seus argumentos. Poderiam também ser chamados de Pnadilmos e Pnadilmas. Qualquer semelhança com os Paladinos de Carlos Magno não é mera coincidência. Afinal, quem não concorda com eles (e elas) só pode ser membro daquelas hordas de Sarracenos hereges…

sábado, 25 de agosto de 2012

Ipea: do maoismo delirante para o keynesianismo inteligente (ufa!)

Demorou, mas finalmente os bons técnicos do Ipea, aqueles que valorizam o trabalho sério e não a demagogia política e a fraude acadêmica, vão se ver livres do fantasma de uma presidência delirante. Sim, a que saiu, mas que pretendia de prolongar por pessoa interposta.
Creio que vamos voltar a ter no Ipea trabalhos decentes, e não os arremedos de "pesquisa aplicada" que tentavam provar a produtividade fantástica do setor público, seu peso insuficiente na economia, a modesta carga fiscal do Estado e outros delírios do maoista de fancaria que ridicularizou o Ipea durante alguns anos e produziu sobretudo descrédito para uma instituição que já foi muito séria.
Nosso voto de confiança na nova administração.
Paulo Roberto de Almeida


Dilma decide por 'acadêmico' e nomeia Marcelo Neri para o Ipea
O Estado de São Paulo, 24 de agosto de 2012

Presidência estava sendo ocupada interinamente por Vanessa Petrelli, depois do desligamento de Márcio Pochmann.
A presidente Dilma Rousseff optou por um nome "acadêmico" como prometia e escolheu o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcelo Neri para assumir o comando do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo fontes do Palácio do Planalto ouvidas pela reportagem, Neri foi indicado pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, e deve ter seu nome publicado no Diário Oficial da União de segunda-feira (27).

A presidência do Ipea vinha sendo ocupada interinamente pela economista Vanessa Petrelli, depois que Márcio Pochmann deixou a instituição para disputar a prefeitura de Campinas. O nome de Neri era citado, nos bastidores, como preferência da presidente Dilma, que conversa sobre o tema há meses com Moreira Franco. Economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, Neri já declarou em entrevista que não é tucano, nem petista.

O economista possui Ph.D pela Universidade de Princeton e diagnosticou duas mudanças profundas ocorridas na economia nas últimas duas décadas. Foi um dos primeiros a comprovar, nos anos 90, a queda da pobreza causada pelo Plano Real, o que confrontava a visão de economistas ligados ao PT. Anos depois, trabalhou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para demonstrar a existência de uma nova classe média no País, criada com a ajuda da estabilidade econômica, programas sociais e reajustes do salário mínimo.

Elogios - Em abril, Dilma rasgou elogios publicamente ao economista e recomendou a leitura de seu livro. "Eu sugeriria a todos aqui que se interessam por isso, que têm toda uma abnegação em relação a isso, a leitura de um livro, de um trabalho do Marcelo Neri, que está ali conversando, a leitura do livro dele, Nova Classe Média, que é, eu acredito, um dos estudos mais bem-feitos a respeito desse processo" afirmou a presidente. "Ele pode ter certeza, ele inspira a gente a melhorar os nossos programas." "É por várias constatações, estudos e análises dele, que nós vamos melhorando os nossos programas, então ele é um grande colaborador do governo federal", acrescentou Dilma. "Acho que ele é um dos brasileiros que ajudaram o Brasil a combater a pobreza e a miséria."

Ao selecionar o economista, a presidente recusou a indicação feita por Pochmann, que preferia ver Vanessa no cargo. Formada pela Universidade de Campinas, ela defende os ideais de John Maynard Keynes - o economista inglês que advogava por investimentos estatais durante períodos de crise econômica e ajudou os líderes mundiais a criarem o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial após a 2.ª Guerra Mundial, na conferência de Bretton Woods.

Antes de assumir o Ipea em 2007, Pochmann atuou como secretário de Desenvolvimento de Marta Suplicy, na Prefeitura de São Paulo. No instituto, sua gestão criou polêmica desde o primeiro momento, ao substituir economistas de abordagem diferente da sua e nomear pesquisadores com suposto ideário "estatista".

Pochmann defendia o uso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o aumento dos gastos públicos para estimulara economia e o crescimento da máquina pública. Privatizações e reformas estruturais, como a trabalhista, previdenciária e outras, por exemplo, estavam fora da pauta do instituto, que deveria se limitar a fazer pesquisas e apontar soluções em vez de defender somente um ponto de vista, segundo os críticos do economista. Moreira Franco tentava defenestrar Pochmann desde fevereiro do ano passado, mas o petista contava com apoio do partido e se segurou no cargo.

Com a escolha de Neri, Dilma substitui um nome político por um técnico, como fez na Petrobras, por exemplo.