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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quinta-feira, 1 de abril de 2021

O capitão genocida como "porteiro de bordel" - Jorge Henrique Cartaxo (Política Real)

 Jorge Henrique Cartaxo


  • Política Real, 01/04/2021 

    Na Mesa do Truco

    Quase sempre numa linguagem tartamuda de porteiro de bordel, Jair, dando voltas na mesa do “Truco” em que ele reduziu a Nação, vociferava suas ameaças ao País e suas instituições.
Os jogadores de cartas - Paul Cézanne( Foto: Arquivo do colunista)

O Truco é um jogo de cartas muito comum no interior do País, sobretudo em Minas e Goiás. Sua origem é imprecisa, possivelmente moura, mas chegou ao Brasil pelas mãos dos imigrantes espanhóis, italianos e portugueses. Usualmente jogado, no Brasil, com baralho francês, o Truco é um jogo de “vaza”. Ou seja: é um método de jogos de cartas onde cada jogador, em rodadas diferentes, adiciona uma ou mais cartas à mesa formando, assim, uma “vaza”. Cada carta define uma pontuação que indicará o vencedor daquele turno. Mas o que caracteriza e faz a distinção do Truco é seu emocionante sistema de apostas. Ao contrário do pôquer – grave e silencioso – o Truco é barulhento, cheio de gritos, gestos inusitados, quase uma algaravia onde o blefe e o engano dão o tom do certame.

O “governo” do Jair Bolsonaro – sempre acumpliciado com seus rebentos enrolados na Justiça – parece querer transforma o País e suas instituições numa imensa mesa de Truco, possivelmente numa varanda miliciana. Pelo menos tem sido assim desde o início dessa macabra gestão na sua assombrosa intimidade com a morte. No início foram os destemperos e o aparelhamento da polícia federal e dos órgãos de fiscalização, para proteger o seu filho 01, o senador Flávio, que responde ao já famoso processo das “rachadinhas”. Depois o seu estímulo e presença nas manifestações que pediam uma intervenção militar e o fechamento do STF. Com a pandemia, seu foco foi na promoção da expansão do vírus e na sua indiferença com as milhares de mortes de brasileiros. Boicotou as vacinas e o distanciamento social. De certa forma propugnou pela incerta e perigosa imunidade de rebanho. O resultado é o que estamos vendo agora: mais de 3 mil mortes por dia, o colapso do sistema de saúde e mais de 300 mil brasileiros mortos desde o início da pandemia.  Um horror! Em todos os momentos Bolsonaro, como na mesa de Truco, brandia o seu ZAP na manga – jamais apresentado – mas que sugeria ser as armas, a interdição das instituições, a violência e, no limite, os tanques, os fuzis, as metralhadoras e os generais do Exército brasileiro.

Apesar do silêncio cúmplice do Congresso, das idas e vindas do STF, do murmúrio intramuros de parte dos empresários, de banqueiros e do agronegócio, Bolsonaro, nos últimos dois anos, inundou o País com as advertências sonoras das arruaças dos seus coturnos. Quase sempre numa linguagem tartamuda de porteiro de bordel, Jair, dando voltas na mesa do “Truco” em que ele reduziu a Nação, vociferava suas ameaças ao País e suas instituições. Mas os ventos da nau desgovernada chamada Brasil começaram a mudar no início de março. Numa entrevista ao Jornal o Estado de São Paulo, o senador Tasso Jereissati deu a senha: “precisamos deter esse homem”, ponderou Jereissati. Desde então o cenário começou a mudar até o manifesto dos economistas, empresários e banqueiros, os encontros dos presidentes da Câmara e do Senado com a “elite” paulista e o discurso do Arthur Lyra, presidente da Câmara, advertindo que iria apertar o “botão da luz amarela”. Num átimo, Bolsonaro substituiu o ministro da Saúde, passou a defender as vacinas e despachou o alucinado ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Acuado em seu labirinto, Bolsonaro fez a sua maior aposta. Demitiu o ministro da Defesa, Fernando Azevedo Silva e determinou a exoneração dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Quis dar uma demonstração de força e, pelo que se entende, quer trazer, formalmente, as forças armadas para o seu projeto de poder. As repercussões dessa crise artificial na estrutura militar do País, antes de fortalecer, parece ter isolado ainda mais o Palácio do Planalto. O processo ainda está em curso e o presidente da República ainda não desistiu de mergulhar o País no caos, na violência e na desordem com o tempero sinistro da covid-19. A conferir!

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Jorge Henrique Cartaxo: nossa república despedaçada (19/08/2020)

Sem cidadania
Jorge Henrique Cartaxo
Política Real, 19/08/2020

Como pode tudo isto estar acontecendo? Como nossa “democracia”, arduamente (sic) reconquistada chegou a esse nível?

Delacroix - A liberdade guiando o povo( Foto: imagem do colunista)

São diversas as gravidades que se assenhoram do País. A militarização do Estado, o desmonte do nosso frágil e decadente sistema educacional, a desintegração do que ainda resta da saúde pública, a implosão da nossa parca estrutura cultural, as agressões – ainda crescentes – ao meio ambiente e o aparelhamento ideológico do sistema policial e de segurança pública.
Esses movimentos do governo Bolsonaro se expandem sem freios ou controles. Nossos endinheirados pouco se importam com tudo isso desde que nada atinja os seus interesses imediatos. Pressionados pelas grandes economias europeias e asiáticas, parte dos nossos capitalistas, sobretudo do sistema financeiros, decidiu mobilizar-se em defesa do meio ambiente. Mas, nada ainda,  expressivo. O resto não interessa exatamente!
É flagrante, ainda que não surpreendente, o silêncio do Congresso, os passos e descompassos do Poder Judiciário e a mudez das antigas representações da sociedade civil: OAB, CNBB, IAB, ABI, sindicatos e os chamados conselhos de classe. A nossa academia, de fato, sobre severo ataque,  mantêm-se calada, como calada ficou durante todo os desmandos da chamada “Era PT’. Alguns temas relevantes são destacados pela mídia, mesmo preservando-se  – não raro com flagrantes distorções – a macroeconomia liberal do ministro Paulo Guedes. A saber: por que o silêncio sobre os 47% do orçamento drenados para  os bancos, sem nenhuma explicação ou justificativa compreensível?  
Como pode tudo isto estar acontecendo? Como nossa “democracia”, arduamente (sic) reconquistada chegou a esse nível? São perguntas que, direta ou indiretamente, se pronunciam na grande mídia e nos raros diálogos civilizados que teimam em vicejar na República. Assim como não parece claro o chamado “fenômeno Bolsonaro”, suas origens, constituição e apoios,  também não compreendemos, na sua devida magnitude as ações – devidamente respaldadas e financiadas – dos chamados grupos “neofascistas” que se organizam e agem nos quatro cantos da República. A última cena se deu em torno da sequência bárbara na vida da menina de dez anos, gravida e estuprada  pelo tio criminoso. Bolsonaristas mobilizaram-se para tentar impedir o cumprimento de uma ordem judicial que determinava a interrupção daquela gravidez, ameaçando médicos e hospitais.
O cenário fica mais denso quando constatamos – de acordo com recente pesquisa do Instituto Datafolha – que a maioria da população brasileira, em quase todas as classes e estratos sociais, apoia o governo Bolsonaro e estaria disposta a reelege-lo em 2022. A busca de compreensão e as interpretações foram muitas, mas nenhuma parece ter convencido da forma devida o distinto público. De tudo que li, me chamou a atenção o não reconhecimento, por parte dos nossos analistas mais evidentes, ao fato de que não temos instituições funcionais e que nunca tivemos, e nada sugere que vamos ter, algo que entendemos por cidadania.  
O chamado mundo moderno, esse que brotou das Revoluções Francesa e Americana, teve dois pilares indissolúveis: as instituições constituidoras do Estado e a cidadania que ordena e pune, mas liberta e oferece identidade a todos os homens diante dos seus pares. 


sexta-feira, 13 de março de 2020

Política real (todo o governo Bolsonaro) - Jorge Henrique Cartaxo

Um fino escritor, um excelente analista político, um conhecedor profundo do ambiente de Brasília, e do Brasil real, tratando da política real, desde o início do governo Bolsonaro, sem qualquer complacência com as mazelas e disfuncionalidades do nosso sistema político.
Paulo Roberto de Almeida

Jorge Henrique Cartaxo
https://politicareal.com.br/colunas/jorge-henrique-cartaxo

O primeiro bloco de seis: