O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador capitão genocida. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador capitão genocida. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 1 de abril de 2021

O capitão genocida como "porteiro de bordel" - Jorge Henrique Cartaxo (Política Real)

 Jorge Henrique Cartaxo


  • Política Real, 01/04/2021 

    Na Mesa do Truco

    Quase sempre numa linguagem tartamuda de porteiro de bordel, Jair, dando voltas na mesa do “Truco” em que ele reduziu a Nação, vociferava suas ameaças ao País e suas instituições.
Os jogadores de cartas - Paul Cézanne( Foto: Arquivo do colunista)

O Truco é um jogo de cartas muito comum no interior do País, sobretudo em Minas e Goiás. Sua origem é imprecisa, possivelmente moura, mas chegou ao Brasil pelas mãos dos imigrantes espanhóis, italianos e portugueses. Usualmente jogado, no Brasil, com baralho francês, o Truco é um jogo de “vaza”. Ou seja: é um método de jogos de cartas onde cada jogador, em rodadas diferentes, adiciona uma ou mais cartas à mesa formando, assim, uma “vaza”. Cada carta define uma pontuação que indicará o vencedor daquele turno. Mas o que caracteriza e faz a distinção do Truco é seu emocionante sistema de apostas. Ao contrário do pôquer – grave e silencioso – o Truco é barulhento, cheio de gritos, gestos inusitados, quase uma algaravia onde o blefe e o engano dão o tom do certame.

O “governo” do Jair Bolsonaro – sempre acumpliciado com seus rebentos enrolados na Justiça – parece querer transforma o País e suas instituições numa imensa mesa de Truco, possivelmente numa varanda miliciana. Pelo menos tem sido assim desde o início dessa macabra gestão na sua assombrosa intimidade com a morte. No início foram os destemperos e o aparelhamento da polícia federal e dos órgãos de fiscalização, para proteger o seu filho 01, o senador Flávio, que responde ao já famoso processo das “rachadinhas”. Depois o seu estímulo e presença nas manifestações que pediam uma intervenção militar e o fechamento do STF. Com a pandemia, seu foco foi na promoção da expansão do vírus e na sua indiferença com as milhares de mortes de brasileiros. Boicotou as vacinas e o distanciamento social. De certa forma propugnou pela incerta e perigosa imunidade de rebanho. O resultado é o que estamos vendo agora: mais de 3 mil mortes por dia, o colapso do sistema de saúde e mais de 300 mil brasileiros mortos desde o início da pandemia.  Um horror! Em todos os momentos Bolsonaro, como na mesa de Truco, brandia o seu ZAP na manga – jamais apresentado – mas que sugeria ser as armas, a interdição das instituições, a violência e, no limite, os tanques, os fuzis, as metralhadoras e os generais do Exército brasileiro.

Apesar do silêncio cúmplice do Congresso, das idas e vindas do STF, do murmúrio intramuros de parte dos empresários, de banqueiros e do agronegócio, Bolsonaro, nos últimos dois anos, inundou o País com as advertências sonoras das arruaças dos seus coturnos. Quase sempre numa linguagem tartamuda de porteiro de bordel, Jair, dando voltas na mesa do “Truco” em que ele reduziu a Nação, vociferava suas ameaças ao País e suas instituições. Mas os ventos da nau desgovernada chamada Brasil começaram a mudar no início de março. Numa entrevista ao Jornal o Estado de São Paulo, o senador Tasso Jereissati deu a senha: “precisamos deter esse homem”, ponderou Jereissati. Desde então o cenário começou a mudar até o manifesto dos economistas, empresários e banqueiros, os encontros dos presidentes da Câmara e do Senado com a “elite” paulista e o discurso do Arthur Lyra, presidente da Câmara, advertindo que iria apertar o “botão da luz amarela”. Num átimo, Bolsonaro substituiu o ministro da Saúde, passou a defender as vacinas e despachou o alucinado ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Acuado em seu labirinto, Bolsonaro fez a sua maior aposta. Demitiu o ministro da Defesa, Fernando Azevedo Silva e determinou a exoneração dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Quis dar uma demonstração de força e, pelo que se entende, quer trazer, formalmente, as forças armadas para o seu projeto de poder. As repercussões dessa crise artificial na estrutura militar do País, antes de fortalecer, parece ter isolado ainda mais o Palácio do Planalto. O processo ainda está em curso e o presidente da República ainda não desistiu de mergulhar o País no caos, na violência e na desordem com o tempero sinistro da covid-19. A conferir!