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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Alocução no IHG-DF por ocasião da recepção de dois novos membros - Paulo Roberto de Almeida

 Alocução no IHG-DF por ocasião da recepção de dois novos membros: Rogerio Farias e Gustavo Bezerra 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor; diretor de publicações do IHG-DF 

 

Caros colegas, confrades, amigos e familiares,

Estamos reunidos novamente, alguns de nós pela via virtual, para mais uma edição de um ritual que repetimos a algumas décadas, no nosso caso desde 1964, ou seja, há 57 anos. No caso da nossa instituição-mãe, o IHGB, ela está ativa desde 1838, há 183 anos portanto, sendo que sua revista é publicada desde 1839. Ambas as instituições se fundam nos mesmos princípios e valores e cada uma, ademais de congêneres nos estados, se empenham em uma nobre missão: efetuar a síntese histórica e geográfica sobre os mais importantes eventos, processos e fatos objetivos que, direta ou indiretamente, exerceram impacto sobre a vida da nação e sobre os itinerários de seus entes constitutivos. 

Desde que aqui ingressei, em meados de 2019, tendo como patrono o grande intelectual das letras jurídicas Tobias Barreto, tenho procurado convidar novos valores para o nosso convívio. Tenho feito isso de forma consciente e certo de que devemos buscar sempre insuflar nosso trabalho com a ajuda das novas gerações, que ou trazem novas pesquisas sobre assuntos ainda não, ou insuficientemente trabalhados, ou trazem novos olhares sobre velhos assuntos, que são os já conhecidos da história do Brasil ou da história e da geografia de Brasília, que já se tornou uma senhora sexagenária, mas ainda na sua adolescência como cidade. Este é o caso dos dois novos colegas que assumem hoje suas cadeiras: Rogério de Souza Farias e Gustavo Henrique Marques Bezerra.

Rogério eu conheço desde os bancos escolares, se ouso dizer, na verdade seu mestrado em História das Relações Internacionais, em 2007, sobre as negociações e os negociadores do Brasil no âmbito do Gatt, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, de 1947. Ao mestrado, seguiu-se um doutoramento ainda mais ambicioso, na mesma área, em 2012, ampliando seu olhar sobre como o Brasil se inseriu no sistema multilateral de comércio, o que lhe permitiu traçar uma cobertura completa sobre “A Palavra do Brasil” nesse sistema, que foi justamente o título da grande obra de referência documental que ele produziu e que foi acolhida na coleção de livros da Fundação Alexandre de Gusmão, e como tal disponibilizado em sua biblioteca online. Ele continuou pesquisando e produzindo inúmeros artigos e livros de forma incessante, como a biografia do grande negociador brasileiro no campo do comércio internacional, Edmundo Barbosa da Silva, no âmbito dos “secos e molhados”, que é como o Itamaraty de antigamente se referia à diplomacia econômica. Tivemos a oportunidade de trabalhar juntos nos escritos de relações internacionais e de política externa do grande chanceler Oswaldo Aranha, e mais recentemente ele editou as memórias de outro grande diplomata, Maurício Nabuco, filho do primeiro embaixador do Brasil durante a gestão Rio Branco à frente do Itamaraty. Ele agora está partindo para Lisboa, para acompanhar sua esposa, diplomata, assim como já havia feito anteriormente em Chicago, quando aproveitou para fazer um pós-doutorado na Universidade de Chicago. Tenho certeza de que em Portugal ele vai não só continuar seu trabalho de pesquisa em fontes primárias, assim como vai aprofundar relações institucionais e pessoais junto a colegas de estudos na área da historiografia.

Quanto a Gustavo Bezerra, antes de conhecê-lo pessoalmente, eu já tinha tomado conhecimento de dois trabalhos que ele produziu como resultado de sua passagem pelo Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco, publicados pela Funag: “Brasil-Cuba: relações político-diplomáticas no contexto da Guerra Fria (1959-1986)”, de 2010, e “Da revolução ao reatamento: a política externa brasileira e a questão cubana (1959-1986)”, de 2012. Mais recentemente ele conduziu uma pesquisa que deu origem a uma obra que pode ser considerada ciclópica, “O Livro Negro do Comunismo no Brasil: mitos e falácias sobre a história da esquerda brasileira”, publicado em 2019, e que já tivemos a oportunidade de apresentar aqui, numa das últimas sessões presenciais mantidas antes da pandemia, na companhia de nosso colega Hugo Studart, que também fez pesquisas sobre o comunismo brasileiro no período do regime militar, tendo produzido duas obras de referência nesse terreno, a última resultado de sua tese de doutoramento em História na UnB. Eu disse ciclópica em relação ao livro mais recente de Gustavo, pois que essa obra, retirando inspiração de obra quase homônima publicada na França, mais de duas décadas atrás, mas cobrindo quase todo o mundo (menos o Brasil), tinha sido composta por uma equipe inteira de pesquisadores e historiadores experientes. No caso do Gustavo, ele pesquisou e trabalhou solitariamente, conduzindo uma obra realmente magnifica de exploração de terrenos pouco devassados até aqui, a despeito de já existir muitos livros publicados sobre a trajetória do movimento comunista no Brasil. 

Estou absolutamente seguro de que ambos continuarão a produzir obras de referência nos próximos anos, engrandecendo o prestígio do IHG-DF, assim como a própria distinção pessoal de cada um deles no terreno que é geneticamente o nosso. Sobre seus patronos, não me estenderei sobre eles, pois que cabe a cada um buscar o que melhor caracteriza as figuras cujos nomes enfeitam suas respectivas cadeiras. Afonso Arinos de Melo Franco, grande prócer da política mineira, batalhador das lutas democráticas desde o Estado Novo, autor da primeira lei antirracista no Brasil, chanceler do Brasil na fase parlamentar, coordenador, como o pai em 1934, de uma comissão de estudos constitucionais que antecedeu nossa atual Carta Magna, em 1987, e apoiador da adoção do regime parlamentarista no país. Já Câmara Cascudo, do mesmo estado no nosso potiguar Gustavo Bezerra, nascido na mesma capital dos potiguares 76 anos antes, foi simplesmente o maior folclorista do Brasil, mas não apenas isso, pois foi historiador, como é o Gustavo, e, além disso, sociólogo, como eu sou, e, também, musicólogo, antropólogo, etnógrafo, poeta, cronista, professor, advogado e jornalista. Um homem, portanto, de dez instrumentos, cujas obras são incontornáveis, sobretudo no campo das tradições populares brasileiras.

Meus cumprimentos aos nossos dois novos membros, e meus votos de continuado trabalho em suas áreas de especialização respectivas, que correspondem às suas vantagens comparativas ricardianas, que também vão se incorporar ao rico patrimônio do IHG-DF.

Muito obrigado.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 8 setembro 2021, 3 p.


quinta-feira, 25 de abril de 2019

Catálogos do Arquivo Histórico do Itamaraty no Rio de Janeiro - Frederico Ferreira, Rogerio Farias

Prezados, 

O Arquivo Histórico do Itamaraty no Rio de Janeiro tem desempenhado, nos últimos anos, uma intensa atividade de confecção e revisão de seus catálogos. Esse esforço tem sido conduzido pelo nosso colega Frederico Ferreira, chefe do arquivo. Essa área agora está sob a direção do historiador e diplomata (ministro) Guilherme Conduru. Com o apoio do CHDD (embaixador Gelson Fonseca), esse material está finalmente na Internet. 

Gostaria de chamar a atenção da nossa pequena comunidade para o "lançamento do ano": "O índice de dossiês temáticos" referente ao período de 1890 a 1940. 

Os maços temáticos são, na minha opinião, uma das melhores coleções do acervo do Itamaraty. Infelizmente, tanto no Rio de Janeiro como em Brasília, não são muito utilizados pelos pesquisadores. Minha suspeita para essa reduzida atenção recai sobre a catalogação. No Rio, antes, era necessário primeiro examinar um pesado e complexo índice e, depois, ter acesso a pequenas fichas que identificavam a existência e a localização do maço; em Brasília, ainda está em processo de transposição o catálogo dos livros de registro para o Excel.

Não se desesperem caso não encontrem maços de interesse. No arquivo de antecedentes daqui de Brasília já encontrei documentos do período Rio Branco. O corte de 1940, portanto, não é uma regra geral. Muitos assuntos, inclusive, tem maços no Rio de Janeiro e em Brasília. A viagem do presidente eleito Júlio Prestes (430.42.00), por exemplo, tem documentos em maços temáticos nas duas cidades. Sem contar, obviamente, os maços temáticos confidenciais, sob a guarda da Seção de Correspondência Especial de Brasília -- um tesouro.

Por favor, circulem os links.



Um abraço,
-- 
Rogério de Souza Farias
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais / Fundação Alexandre de Gusmão