O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 22 de abril de 2023

Aproveitando a visita: FADO TROPICAL - Chico Buarque e Ruy Guerra (vídeo)

FADO TROPICAL

Chico Buarque e Ruy Guerra

https://www.youtube.com/watch?v=NfjaFMah7sE

 

Oh, musa do meu fado, 

Oh, minha mãe gentil, 

Te deixo consternado 

No primeiro abril, 

 

Mas não sê tão ingrata! 

Não esquece quem te amou 

E em tua densa mata 

Se perdeu e se encontrou. 

Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal: 

Ainda vai tornar-se um imenso Portugal! 

 

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo (além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..." 

 

Com avencas na caatinga, 

Alecrins no canavial, 

Licores na moringa: 

Um vinho tropical. 

 

E a linda mulata 

Com rendas do Alentejo 

De quem numa bravata 

Arrebata um beijo... 

 

Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal: 

Ainda vai tornar-se um imenso Portugal! 

 

"Meu coração tem um sereno jeito 

E as minhas mãos o golpe duro e presto, 

De tal maneira que, depois de feito, 

Desencontrado, eu mesmo me contesto. 

Se trago as mãos distantes do meu peito 

É que há distância entre intenção e gesto 

E se o meu coração nas mãos estreito, 

Me assombra a súbita impressão de incesto. 

Quando me encontro no calor da luta 

Ostento a aguda empunhadora à proa, 

Mas meu peito se desabotoa. 

E se a sentença se anuncia bruta 

Mais que depressa a mão cega executa, 

Pois que senão o coração perdoa". 

 

Guitarras e sanfonas, 

Jasmins, coqueiros, fontes, 

Sardinhas, mandioca 

Num suave azulejo 

 

E o rio Amazonas 

Que corre Trás-os-Montes 

E numa pororoca 

Deságua no Tejo... 

 

Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal: 

Ainda vai tornar-se um império colonial! 

Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal: 

Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!


sábado, 11 de fevereiro de 2023

A prepotência americana no caso Bustani agora em vídeo e a cores: José Maurício Bustani - João Batista Natali (FSP)

 Documentário mostra como razões de Estado produzem mentiras internacionais


'Sinfonia de um Homem Comum' conta atuação de brasileiro em mito das armas de destruição em massa do Iraque

FSP, 9.fev.2023 às 21h00
João Batista Natali

SÃO PAULO
Em meio às tensões em 2001 após os atentados terroristas do 11 de Setembro, uma das vítimas indiretas foi o embaixador José Maurício Bustani. O diplomata brasileiro era diretor-geral de uma importante agência da ONU, a Opaq (Organização para a Proibição de Armas Químicas).

Ele foi defenestrado de seu posto em manobra abertamente chefiada pelos EUA porque os inspetores a ele subordinados não podiam comprovar a tese americana de que o Iraque estava clandestinamente empenhado na produção de armas de destruição em massa.

O ditador iraquiano Saddan Hussein, que no passado chegou a usar armas químicas contra os iraquianos xiitas do sul de seu país, não tinha mais essas armas em seus arsenais.

Não que ele tivesse se convertido à ética. Mas o Iraque estava submetido a um forte embargo econômico, com o qual era difícil trapacear a proibição de fabricar armamentos. Mas a falsa certeza era necessária para justificar a invasão do Iraque em 2003 por americanos, britânicos e países a ambos alinhados.

A história do embaixador Bustani é contada pelo documentário "Sinfonia de um Homem Comum", que estreou nesta quinta-feira (9) nos cinemas. Dirigido por José Joffily, o filme é uma bem construída denúncia sobre como as chamadas razões de Estado produzem grandes mentiras internacionais.

Com relação ao Iraque, ocorreu a trombada entre duas lógicas. A do presidente George W. Bush consistia em fazer crer que a ditadura iraquiana tinha até armas nucleares escondidas dos ocidentais. A lógica da Opaq, ao contrário, era a de fazer com que o Iraque se tornasse signatário do tratado internacional que proíbe armas químicas, para que inspetores passassem a fazer uma varreduras de suas instalações.

Já havia inspeção dentro do Iraque. Mas ela cobria 95% dos arsenais. Os americanos achavam que os 5% restantes escondiam coisas proibidas. O documentário traz uma sucessão de depoimentos que provam a fragilidade da suposição de que Bustani deixava que armas perigosas passassem por debaixo de suas pernas. Do ex-chefe dos inspetores no Iraque ao ex-porta-voz de Bush, todos admitem erros.

Mas o cerco dos Estados Unidos era cerrado. A única parede não envidraçada do gabinete do diplomata brasileiro em Haia, na Holanda, estava forrada de aparelhos escondidos de escuta. O cidadão que os instalou desapareceu ao ser descoberto. Ele com certeza era agente americano.

O jogo era pesado ao ponto de o presidente Bush ter contornado o Senado (que estava em recesso) para nomear como embaixador na ONU o ultraconservador John Bolton. Este, ao não convencer Bustani a renunciar, disse saber onde moravam seus três filhos, numa pouco velada ameaça à segurança pessoal dos jovens.

Bolton voltou ao primeiro plano com o presidente Donald Trump e chegou a ser apontado como um dos bons amigos de Jair Bolsonaro.

Outro detalhe curioso. A sessão plenária da Opaq em que Bustani foi demitido inexiste em atas no site ou em gravações na biblioteca da agência. Tais registros, diz o diplomata, mostrariam de modo cabal as vaias ao representante americano e ao da Índia, que mudou seu voto para receber do Pentágono aviões militares.

Um dos inspetores afirma que o Iraque tinha tecnologia para conservar armas químicas durante no máximo cinco anos. E que, nos cinco anos anteriores, nada havia sido fabricado.

Bustanni diz acreditar que a única maneira de evitar o blefe de Saddam estaria em fazê-lo aderir ao tratado da Opaq para que o conteúdo de seus estoques de armas se tornasse transparente.

O documentário poderia ter ainda revelado que o establishment americano envenenou com falsas informações uma jornalista do New York Times, para quem Saddam produzia escondido até ogivas nucleares. A jornalista em questão, chamada Judith Miller, foi demitida tempos depois.

A demissão, ou "afastamento por comum acordo", foi uma maneira de o jornal americano se desculpar por ter engrossado o coro dos que acreditavam que Saddam, por ser um ditador horroroso, não poderia estar dizendo a verdade ao negar que estava lidando com as célebres armas de destruição em massa.

O fato é que, afastado em manobra americana, Bustani voltou ao Itamaraty, onde caiu no limbo dos mal-amados. Até que Lula, recém-eleito presidente, nomeou-o para a embaixada de Londres. A estrela do diplomata voltou a brilhar.

Ela também poderia tê-lo projetado como músico. Pianista amador, ele sempre demonstrou familiaridade pelo teclado. Tanto que o documentário começa com Bustani interpretando, com a Orquestra Jovem do Rio de Janeiro, o "Concerto para Piano e Orquestra nº 21", de Mozart.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Questões sobre "A política externa paralela do lulopetismo diplomático" - entrevista Paulo Roberto de Almeida

Raramente – só quando alguém faz algum comentário, e foram poucos – eu me lembro desta entrevista dada de forma improvisada para uma equipe de comentaristas que me solicitou uma entrevista, poucas semanas depois que eu tinha assumido o cargo de diretor do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais do Itamaraty, depois de 13,5 anos de um longo ostracismo durante os anos de lulopetismo diplomático.
A entrevista é esta aqui: 
 3047. “A política externa paralela do lulopetismo diplomático”, Brasília, 14 outubro 2016, gravação de entrevista, em vídeo, para servir como depoimento no quadro de documentário do Brasil Paralelo. Link: ttps://youtu.be/fWZXaIz8MUc

Hoje, 8/06/2020, ou seja, pouco menos de 4 anos depois, recebi mais um comentário, e reparei, então, que existem várias questões que me foram colocadas e que eu não respondi, e aproveitei para saber que essa entrevista, teve 6.294 visualizações, sendo que 17 pessoas não gostaram de minhas respostas (suponho que petistas, em sua maior parte). Enfim, não se pode agradar a todos, e suponho que muitos olavetes e bolsomínios tampouco gostaram de minhas outras respostas a respeito do globalismo, num vídeo de dezembro de 2017.
Vou apenas reter as perguntas não respondidas, para ver se consigo responder agora. O que fiz foi apagar desta postagem os nomes dos comentaristas. Mas, quem quiser ver o conjunto das questões e comentários, pode-se acessar o seguinte link: 
https://www.youtube.com/watch?v=fWZXaIz8MUc&lc=UggCYPC6oAavI3gCoAEC.8TAYKlp6QaM99exiol2ERJ&feature=em-comments

Brasil Paralelo: Paulo Roberto de Almeida (14/10/2016)


6.294 visualizações
29 de mai. de 2017


Paulo Roberto de Almeida

Minha melhor entrevista ever...


Valdyr Alvarez

@Paulo Roberto de Almeida de fato, professor. Me recordo, quando adolescente, das críticas de Brizola à compra do Aero Lula... concordo com boa parte de suas colocações. 2h de um verdadeiro manancial de múltiplos conhecimentos. Foi um privilégio! Pra ver e rever.

Paulo Roberto de Almeida

@Xxxxx Xxxxxx Grato pelo comentário. O sindicalista que ascendeu ao poder já tinha uma imensa vontade de poder, prestígio e reconhecimento, e não hesitou nunca em derrubar todas as barreiras à sua irresistível subida na vida; adquiriu gostos sofisticados e sempre fez questão de ter o melhor. Deixou-se vender aos verdadeiros magnatas, que se aproveitaram de seu poder para enriquecer ainda mais, passando uma boa parte dos ganhos para o arrivista megalomaníaco.

Paulo Roberto de Almeida

O comentário mais recente ainda não foi carregado pelo sistema, assim que apresento o conjunto dos Comentários, ainda que possa ser repetitivo com o que vai abaixo. Comentário em destaque Xxxx Xxxxx 16 minutos atrás Ae Paulinho um dos poucos economistas brasileiros que sabe economia kkkkk Paulo Roberto de Almeida 7 meses atrás Minha melhor entrevista ever... 11 Xxxxx Xxxxx 7 meses atrás (editado) Paulo Roberto de Almeida - Por favor Professor, escreva um livro sobre os temas dessa entrevista. 1 Paulo Roberto de Almeida Paulo Roberto de Almeida 7 meses atrás Pois é, eu já pensei nisso, mas o problema é a falta de tempo para fazer tudo. Eu precisaria parar com várias outras atividades, inclusive escrever no FB, para poder me dedicar à feitura de livros. Vamos ver se consigo me organizar... 4 Andre Albuquerque 7 meses atrás Sugestão de título: "a.C e d.C, antes e depois dos companheiros". Torço para que sobre tempo na sua agenda. Aguardo esperançoso. 1 Paulo Roberto de Almeida 7 meses atrás Esse conceito de AC e DC está em meus planos; vou ver se consigo fazer um texto em torno disso. 5 Bruno Lopes Bruno Lopes 7 meses atrás Obrigado Professor. Se tornou uma grande inspiração no meio acadêmico para mim. 5 Klaus Janzen 6 meses atrás Melhor analise do Brasil em uma entrevista que eu ja vi. Parabens. 2 Andre Albuquerque Andre Albuquerque 7 meses atrás Obrigado por disponibilizar essa aula para nós Professor. O senhor é uma grande inspiração para mim e para muitos. Deus abençoe!!! 1 Fernando Carvalho Tabone Fernando Carvalho Tabone 5 meses atrás Excelente entrevista, professor. Os anos Lula na diplomacia são muito comemorados, mas sem o devido equilíbrio. Sua exposição oferece um contraponto que certamente enriquece o entendimento histórico. 1 Gabriel Costa 1 mês atrás Apoio a feitura de um livro sobre esse tema! 1 Mathias Pellizzoni da Cruz 1 mês atrás (editado) cara - esse tipo de informação com essa qualidade tinha que ser divulgada pra todo mundo - em todas as escolas - em todos os meios! 1 labmq 1 mês atrás Excelente. Muito obrigado!

Bruno Lopes

Obrigado Professor. Se tornou uma grande inspiração no meio acadêmico para mim.


cara - esse tipo de informação com essa qualidade tinha que ser divulgada pra todo mundo - em todas as escolas - em todos os meios!
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Gabriel Costa

Apoio a feitura de um livro sobre esse tema!
8


Klaus JanzenXxxx Xxxxxx.  2 anos atrás

Melhor analise do Brasil em uma entrevista que eu ja vi. Parabens.
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Naty Pb

Excelente entrevista.
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J. Araujo

Lúcido, realista, íntegro. Uma aula de geopolítica e economia. Parabéns.

Lucas LuckingXxxx Xxxxxx1 ano atrás

Muito triste em saber que o nosso chanceler Ernesto Araújo demitiu um dos maiores e melhores embaixador que tivemos no Brasil. Criticas são sempre bem-vindas. Decisão equivocada.

cesar ferrariXxxxx Xxxxx. 2 anos atrás

Bom mesmo...gratidão!

labmqxxxxxx. 2 anos atrás

Excelente. Muito obrigado!

Nao Sei 123

Ae Paulinho um dos poucos economistas brasileiros que sabe economia kkkkk
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Ricardo Fernando

Quandos os cavalos embestam em um louco galope rumo ao abismo, homens como Paulo Roberto de Almeida são lançados fora! Neste caso foi necessário apenas um cavalo barbado chefiando a casa de Rio Branco!

FerretyXxxxxx.  2 anos atrás

Extraordinária palestra.Obrigado,mestre!!

Goblish Dodush

Aula?Palestra?Maravilhoso depoimento do mestre P.R.Almeida!!!!



J.Ricardo C.Monteiro

Precisamos de diplomatas, ou até mesmo o Itamaraty?

A A

Decidi tornar-me diplomata depois de ver esse entrevista. Espero um dia poder encontrá-lo pessoalmente !

Márcio Rocha

Parabéns, professor! Uma aula de economia e relações exteriores.



jonatan LopeS

Como uma entrevista dessa têm tão pouco divulgação?! Nossa sociedade carece deste tipo de informação com urgência!!!

Leonardo gonçalves

PAULO O LIVRO DO LEONARDO COUTINHO É IMPORTANTÍSSIMO. JÁ LEU?



Victor Naia

O senhor é uma referência preciosa. Seria um sonho levá-lo na PUC SP para uma roda sobre política externa do Brasil nos últimos governos desde Itamar, sobretud, focando desde 2003 até o turbulento ministério de Bolsonaro.

Lucas SantosXxxxx Xxxxx. 1 ano atrás

A reencarnação de Von Mises !



Gleidson Marinho

Não entendo como um vídeo com uma analise tão profunda e tão contundente sobre politica econômica brasileira nas ultimas duas décadas, possa ter apenas um pouco mais de mil visualizações. Me entristeço muito quando abro a pagina inicial do YouTube e vejo os vídeos mais visualizados e comentados aqui, com milhões de visualizações, como os videos do Portas dos Fundos por exemplo, vídeos que não agregam em nada a formação cultural do povo brasileiro, más que, muito pelo o contrario, deterioram o pouco que resta da capacidade intelectual das pessoas. Não entendo como existam tantos investidores que patrocinam esse tipo de imbecilização das massas, tornado-os tão populares por meio de uma divulgação maciça, quase que imposta ao cidadão comum, colocando isso como algo normal e atual, até mesmo de alto nível cultural. Essa pseuda cultural tem sido levada tanto a sério no meio acadêmico, ao ponto de formadores de opinião implantarem isso na base curricular das universidades brasileiras, como as chamadas "exposições de arte moderna" providas por universidades e incentivadas por ONGs interacionais, patrocinadas quando não por bancos e multinacionais, com o próprio dinheiro público. Seria esse o fim do que restou da cultura brasileira? Fica a pergunta.
1


J.Ricardo C.MonteiroX. Xxxxxx Xxxxxx  2 anos atrás

Professor, mas apoiar um candidato de outro país, não significa interferir, não enxergo qualquer inconstitucionalidade.

J.Ricardo C.Monteiro

Professor, mas quem se "apossa" do (des)governo, não reaparelha a máquina governamental? Qual novidade em o Itamaraty seguir instruções comunistas?




PAULO, ESTÃO QUERENDO BOICOTAR ESSE DOCUMENTÁRIO DE PASSAR NA TV ESCOLA. REITORES ESTÃO DIZENDO QUE É LAVAGEM CEREBRAL E O CARAMBA

Noelio Menezes-Filho

O cara estuda estuda e não aprende NADA a imbecilização é um processo irreversível. Mais um idiota falando bobagens. Gramsci tá na história? Sabe quem foi ele e o que ele escreveu ou segue Olavo de Carvalho?

J.Ricardo C.Monteiro

Professor, no caso da nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia, Evo perguntou ao ex-presidente qual seria a atitude do Brasil, em relação à Petrobrás, o ex-presidente disse que os bolivianos estariam no seu direito. Então, professor, foi pedra cantada.