O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Alerta, alerta: catastrofe economica chegando: FED deixa de calibrar o chope da festa...

Segundo uma velha piada entre economistas da área, o banqueiro central é aquele sujeito que chega no meio da festa, quando o pessoal está embalado, no máximo da energia, soltando a franga, como se diz no Brasil, e aí corta o chope, desliga a música, apaga as luzes e manda o pessoal para casa...
Pois é, por esse critério, o Federal Reserve errou tremendamente a mão: serviu chope à vontade para o pessoal, aumentou o som, distribuiu umas bolinhas, e só desligou tudo quando estava todo mundo por terra, arrasado...
Também andou promovendo festas fora de hora, em dias errados, errando no compasso, atravessando o refrão, perturbando a marcha das passistas, um desastre.
Pelas regras do economista John Taylor, uma delas chamada precisamente de Taylor Rule, o Fed deveria ter aumentado os juros nas fases de inflação alta, e cortado quando a inflação estava baixa. Parece que ele errou a mão, de forma vergonhosa.
Vai dar água no chope, mais uma vez...
Paulo Roberto de Almeida


Are You Ready for This Coming Disaster?
By Evaldo Albuquerque, Editor of Retirement Strategist

Dear Paulo Roberto,
Last month, everyone thought the punch bowl was going to be taken away.

On June 19, Federal Reserve Chairman Ben Bernanke said he planned to reduce the size of the Fed’s money-printing program (Quantitative Easing) later this year.

But last week, Bernanke backpedaled by pouring a couple bottles of liquor into the punch bowl to keep the party going.

On Wednesday, he suggested that the economy may actually be weaker than he initially thought. For that reason, cutting the size of QE is not a done deal. Heck, Bernanke could still increase the size of the Fed’s money-printing program. He made it clear that all options remain on the table.

The stock market loved it.

But, here’s the bad news… 

This party will not end well. Bernanke’s easy-money policy will end up creating another bubble, followed by a crash.

This doesn’t surprise me. The Fed has always had a bias toward easy monetary policy. It tends to keep interest rates too low for way too long, therefore mastering the art of creating booms and busts.
We’ve Seen This Movie Before …
When Alan Greenspan was the Fed chairman in 2001, he kept interest rates below 3% for about four years after the tech bubble burst. Starting in July 2003, he kept the rate at 1% for a full year.

Greenspan’s actions led to a boom in the economy and financial markets between 2003 and 2007.

But, by keeping interest rates below the rate of inflation for a long time, Greenspan planted the seeds of the next bubble. His easy-money policy helped create the housing and credit bubbles.
Bubble Creation 101: Keep Interest Rates Below the Inflation Rate

Bernanke is now repeating Greenspan’s mistakes, but on a much larger scale. He’s not only keeping interest rates at 0%, but also printing trillions of dollars.
Bernanke is planting the seeds of the next bubble in a very big way.
With interest rates below the inflation rate, investors feel they have no alternative but to invest in stocks. After all, if they keep money in the bank, inflation will eat away their purchasing power.
That’s why keeping rates below inflation is a surefire way to create speculative bubbles.
Exiting in Baby Steps
It’s clear that interest rates will remain at low levels for a very, very long time. The Fed will remove the stimulus in baby steps because it has no other choice. Any significant moves would send world markets into a tailspin.
First, the Fed will reduce the size of QE. For example, it may print $65 billion a month, instead of the current $85 billion a month. It will likely take at least 12 months before the Fed stops printing money all together – maybe even longer.
And when the money printing finally stops, the Fed will still keep interest rates at zero for a while, just to make sure the economy can stand on its own feet.
Only then – and if everything goes well – will the Fed slowly begin to hike rates.
How Will This Party End?
Well, most bubbles burst when the Fed starts to move rates above the inflation rate. As you can see in the chart above, that’s what happened in 2006.

But, the Fed will only do that when inflation starts to get out of control. We’re not there, yet.

For now, stay invested and make sure you use a trailing stop-loss for all of your positions.
Your best strategy is to keep dancing until the music stops.

Just make sure you’re dancing close to the exit door. Because when the music stops, only those who are prepared to move out of the market quickly will be able to escape the bloodbath.

Regards,
Evaldo Albuquerque
Editor, Retirement Strategist

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Atencao Cidadao: o governo planeja roubar 5pc da sua renda...

Na verdade, o governo planeja roubar -- e vai fazer -- muito mais: perto de 38% nominais -- e provavelmente mais de 50% reais -- da sua renda, a títulos de impostos, taxas, contribuições e extorsões de diversos tipos.
O 5% referido no título é apenas a tolerância do governo com a inflação: como todos os "desenvolvimentistas" de araque e de fancaria, personagens do governo acham que se pode aceitar um pouco mais de inflação para, supostamente, se ter um pouco mais de crescimento e de emprego. Na verdade, como a experiência ensina, sempre se tem apenas perdas inflacionárias -- sobretudo para os pobres --, baixo crescimento e, como não desconfia o governo, mais desigualdade distributiva, já que os pobres não tem como se defender da inflação.
O governo sempre canta bravatas, fala muito e faz pouco, quase nada, em termos de reformas e ajustes; sempre quer estimular o crédito, o consumo, o investimento, e na verdade acaba criando bolhas que vão explodir mais adiante, como essa do estímulo -- já é o segundo ou terceiro, desse governo -- às montadoras, como se o problema do brasileiro fosse comprar carro.
O post abaixo, do economista do Ipea Mansueto Almeida, explica muito bem todas as falácias do discurso governamental.
Paulo Roberto de Almeida 

Entrevista do Ministro da Fazenda

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu uma interessante entrevista ao jornal folha de São Paulo neste final de semana (clique aqui). Tenho dúvidas quanto a algumas declarações do ministro e destaco três passagens da entrevista.
1) DEMANDA SEM FÔLEGO: “Acho isso quase uma piada. O endividamento das famílias brasileiras é dos menores do mundo. Sabe qual é o comprometimento de orçamento das famílias brasileiras [com o pagamento de dívidas]? Em torno de 20% a 22%. Sabe quanto é nos Estados Unidos? Na maioria dos países, é acima de 80%. Nós somos o lanterninha em termos de endividamento.”
Não é possível que uma família gaste 80% da sua renda com o serviço da dívida. Na verdade, o gasto com juros de uma família americana refere-se ao serviço da dívida com financiamento habitacional que alcança 31,5% da renda das famílias (clique aqui). E no caso de financiamento habitacional, esse tipo de divida está atrelada a um ativo que, em épocas normais, se valorizava ao longo do tempo.
Isso é bem diferente das pessoas se endividarem para comprar um carro que tem uma elevada depreciação e, a depender dos juros e da entrada na compra do veículo, em pouco tempo você pode acabar com uma dívida maior do que o valor do bem financiado.
Neste domingo o jornal Estado de São Paulo fez uma matéria sobre esse assunto baseado em estudo da MB Associados que mostra que o comprometimento com o serviços da dívida das famílias de baixa renda já é próximo de 30% da renda familiar e que, em muitos casos, essas dívidas foram contraidas para financiar a compra de um carro novo, que depois é vendido a preço de banana.
Ao que parece, o Ministro da Fazenda acredita que o espaço para aumentar o consumo via crédito ainda é enorme e por isso a cruzada para os bancos emprestarem mais à qualquer custo. Seria bom as pessoas lembrarem que, se não conseguirem pagar a escola dos filhos ou seus gastos com comida e vestuário porque compraram um carro novo, o Ministro da Fazenda não vai pagar a conta.
2) PLANO B PARA CRISE: “Nós temos todos os instrumentos para neutralizar…… A situação fiscal é melhor que em 2008. Temos já a expertise. Aprendemos em 2008 e 2009. Ali, a gente estava começando. Então, às vezes, demorava um mês, dois, para bolar uma medida. Agora somos muito rápidos.”
Isso, infelizmente, não é verdade e economistas do governo por diversas ocasiões já desmentiram essa tese do ministro. A situação fiscal de 2008 era muito melhor do que a situação fiscal atual. Em 2008, por exemplo, a despesa primária teve uma redução de 0,7 ponto do PIB (passou de 17,12% do PIB em 2007 para 16,42% do PIB em 2008), apesar do crescimento do investimento público de 0,82% para 0,93% do PIB.
O ano de 2008 foi um ano no qual a despesa de pessoal, previdência, gastos com subsídios e outras despesas de custeio caíram em relação ao PIB. A folga fiscal foi tão grande que o governo capitalizou o Fundo Soberano com R$ 14,2 bilhões, aumentou o investimento e ainda cumpriu o primário cheio. Adicionalmente, ao contrário de 2011, a arrecadação federal cresceu apenas 0,38 ponto do PIB e a receita líquida do Tesouro Nacional foi levemente reduzida.
Nada disso vale para 2011-2012. Quando se tem o cuidado de retirar a receita e despesa decorrente do processo de capitalização da Petrobras, o famoso truque contábil de 2010, a arrecadação federal passou de 22,41%, em 2010, para 23,91% do PIB em 2011; crescimento de 1,49 pontos do PIB. Infelizmente, esse crescimento tão forte da arrecadação não se transformou em um crescimento do investimento público, apesar de, recentemente, o Tesouro Nacional ter revisado o dado de investimento público de 2010 e 2011 (diminuiu o investimento de 2010 e aumentou o de 2011). Mas mesmo com essa revisão, a expansão do investimento público foi pequena (0,10 ponto do PIB) frente ao crescimento da receita.
Por fim, para aqueles que não se lembram, no inicio de 2008, o estoque dos empréstimos do Tesouro Nacional para o BNDES era de menos de R$ 10 bilhões. Esse valor, em fevereiro deste ano, já era de R$ 311 bilhões; o que significa que, ao contrário do que afirma ministro, o poder de fogo do governo federal pela via da expansão dos empréstimos do Tesouro para o BNDES também é mais limitado.
3) INFLAÇÃO EM 2012: Será menor que a do ano passado. Por enquanto, está na casa do 5,2%, 5,1%. No ano passado, foi 6,5%. Se ficar onde está, fica bom para nós.
O que significa esta frase do ministro que “se ficar onde está, fica bom para nós?” Acho que agora está claro que o governo não tem intenção de perseguir mais o centro da meta (4,5%). Para o governo, parece que uma inflação de 5% ou mesmo 5,5% ao ano não faz muita diferença. Resta saber se o Banco Central pensa igual ao governo federal.
Em resumo, não acho que haja espaço para o crescimento do crédito ao consumidor como o ministro fala (olhem o trabalho da MB Associados), a questão fiscal hoje é pior que em 2008 e o saldo dos empréstimos do  Tesouro ao BNDES já é muito elevado. Tudo isso significa que, mesmo com a recupearação do crescimento do PIB no próximo ano, o nosso ritmo de crescimento mudou de patamar (para baixo).

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Brasil: uma gigantesca bolha em formacao...

Bolhas, por definição, são ativos, de qualquer tipo -- tulipas, casas, ações, whatever -- que alcançam um preço de mercado incompatível com as possibilidades reais de retorno. O que não quer que esses ativos não possam ter esses retornos esperados no curto prazo, pois novos compradores pagarão o que eles esperam que o ativo valha, naquele mercado, num futuro determinado. Ou seja, bolhas são alimentadas por otimismo sem fundamento, ou até estimuladas por especuladores, que saberão retirar-se no momento certo, deixando a batata quente nas mãos dos investidores ingênuos, que vão amargar as agruras da queda quando um número suficientemente razoável de pessoas perceber que aquele ativo não vale tanto assim. Começa, portanto, o estouro da manada, que significa o estouro da bolha.
Por mais que certos dirigentes políticos ignaros ou irresponsáveis acusem as "forças cegas do mercado" ou os "especuladores financeiros" de criarem essas bolhas -- o que só é parcialmente verdade -- o fato é que os maiores "bolheiros", ou fabricantes de bolhas, são os próprios governos, que alimentam as ilusões das pessoas quanto a um crescimento qualquer em algum mercado, ou criam as condições para que as bolhas se formem (deixando os juros muito baixos, por exemplo, ou estimulando artificialmente uma determinada demanda acima da capacidade da economia de atendê-la, como quando se expande exageradamente o crédito, digamos assim).
Os EUA fizeram isso, no setor imobiliário. O Brasil segue o mesmo caminho, e só não foi ainda criada uma bolha gigantesca em torno do programa "Minha Casa, Minha Vida" por causa da própria incapacidade do governo em licenciar rapidamente um grande número de construções ou financiar um alto volume de aquisições imobiliárias. Se não fosse a incapacidade gerencial, já estaríamos numa bolha imobiliária. Mas tem também a bolha do crédito fácil sendo criada, que vai estourar em algum momento, assim que o endividamento e a inadimplência crescerem o suficiente para provocar um movimento de retração a partir da alta dos juros (exatamente como ocorreu nos EUA).
Uma outra bolha da qual pouco se fala é a do petróleo do pré-sal, onde o governo cometeu todo tipo de barbaridade financeira e administrativa que é possível cometer. Vai estourar....

Este artigo abaixo, do El País, trata em parte dessa bolha em formação. Não concordo com todos os argumentos do autor, e discordo um pouco de sua análise, mas acredito que ele coloca os problemas como eles existem.
À la lecture, citoyens...
Paulo Roberto de Almeida

Jorge Altamira
El País, 06/10/2010
La petrolera brasileña, Petrobrás, acaba de realizar una emisión de acciones por 67 mil millones de dólares, lo cual lleva el valor de su capital a 220 mil millones, apenas por debajo de la que ocupa el primer lugar en el ranking internacional, la norteamericana Exxon. Esta suscripción de capital ha convertido a la Bolsa de Sao Paulo en la segunda más transada del mundo, detrás de la Hong Kong. Lula, que se hizo presente en la subasta de las acciones, se felicitó delante de los inversores por haberse convertido de un cuco del capitalismo en “el honrado partícipe del momento más auspicioso del capitalismo mundial” (La Nación, 25.9). Los valores morales del presidente brasileño han ido retrocediendo a medida que el valor bursátil de las empresas ha ido subiendo.
 ¿Significa esta operación de Petrobrás que Brasil marcha a velocidad de crucero a integrarse a las llamadas economías desarrolladas? Es lo que cree la candidata de Lula, Dilma Roussef, que acaba de decirle al Financial Times (6.9), que “el petróleo es el ‘pasaporte’ de su país para alcanzar un status mundial”. Aunque la operación refuerza, en realidad, la condición de Brasil como exportador de materias primas, el gobierno brasileño ha prometido que las inversiones físicas que deberá realizar la petrolera serán encargadas a la industria nacional, o sea que es presentada como un aspecto de la industrialización. El contraste, al menos, con lo ocurrido con la argentina YPF, que había logrado el autoabastecimiento energético cuando Petrobrás debía importar el 90% del combustible, es absolutamente abismal.
 Bien mirado, sin embargo, la capitalización de Petrobrás representa, antes que nada, una renuncia de Brasil al ejercicio soberano de sus nuevos descubrimientos petroleros, más allá de una barrera de sal que se encuentra a partir de los dos mil metros de profundidad. Hace dos años, Lula había asegurado que las nuevas reservas iban a dar lugar a la creación de una empresa exclusivamente estatal, que se haría cargo de licitar los permisos de explotación a cambio de una regalía. La semana pasada, en cambio, Brasil entregó esas reservas a Petrobrás a cambio de nuevas acciones en la compañía. El resultado es que el estado brasileño aumentó su participación en Petrobrás al 48% - el 52% restante en manos privadas, fundamentalmente fondos de inversión de los Estados Unidos. El estado ha cedido la certificación de las reservas a un grupo con mayoría privada, y el cobro de regalías es suplantado por los dividendos que decida Petrobrás sobre las ganancias declaradas. Petrobrás queda a cargo de la operación de los yacimientos descubiertos, aunque con una participación exterior de capital que puede llegar al 70%. Petrobrás no solamente deberá compartir las ganancias con sus socios sino que estos harán valer esta condición para asegurarse la provisión de los servicios tecnológicos – que son los más rentables del negocio petrolero. Hay que hacer la salvedad, sin embargo, que los servicios tecnológicos de Petrobrás se encuentran entre los más reputados del mundo. Conclusión: el estado ha cedido soberanía a los pulpos privados internacionales y se ha convertido en un cobrador de los dividendos que se dispongan.
 Como las reservas petroleras cedidas por Brasil fueron valuadas en 42 mil millones de dólares, una valuación incierta, realizada por auditores de Petrobrás, que está basada en cálculos de extracción similares a los que provocaron el catastrófico derrame del Golfo de México; la ampliación de capital en dinero quedó reducida así a 25 mil millones de dólares. Muchos inversores con acciones de Petrobrás han suscripto la ampliación para evitar que se desvaloricen sus tenencias. El plan de inversión requerido para la extracción submarina, en cinco años, es de 224.000 millones de dólares. Esta exigencia de endeudamiento explica la baja cotización de la acción, que “ha caído un cuarto este año, la peor actuación de una petrolera integrada de petróleo y gas globalmente. Se vende a descuento respecto a sus pares”. Petrobrás está pagando a sus accionistas mayoritarios un precio alto por un acceso a los yacimientos de aguas profundos técnicamente muy difícil (Financial Times, 24.9). El “socio mayoritario” es el Estado, que ha recibido por las reservas un precio que, se juzga, es un 25% mayor al que corresponde.
 El atractivo principal de la operación reposa en las ultra bajas tasas de interés que deben pagar los inversores para suscribir esta ampliación de capital, debido a la emisión de moneda de los bancos centrales para rescatar a bancos y empresas. En el caso de los capitales locales, fueron generosamente subsidiados por el Banco de Desarrollo de Brasil; o sea que no hay capital nuevo, estrictamente, sino un desvío de los capitales públicos o financieros internacionales. Los inversores apuestan a una suba de la cotización de las acciones y, por sobre todo, a la certeza de que el Banco de Desarrollo tiene el dinero suficiente para salir a comprarlas en caso de una caída. Se trata de una inversión subsidiada y con seguro contra default. Es un capital volátil. Se trata de una apuesta especulativa a la suba del precio del petróleo, con mayores garantías que las que ofrece un contrato de compra futura del combustible.
 El costo de extracción de los nuevos pozos se ha estimado en unos 35 dólares el barril, siete veces por encima de un pozo saudita La rentabilidad de la explotación dependerá de un precio estable del barril por encima de los 100 dólares. La inversión financiera en Petrobrás es, sin embargo, muy lucrativa, porque la ampliación de capital reduce el peso de sus deudas con relación al patrimonio, y porque da margen para contraer deudas en forma masiva, lo cual eleva el rendimiento de la acción (que es el capital). Es atractiva también porque supone una tendencia firme a la devaluación del dólar y al consiguiente aumento de los precios de las materias primas, Sin embargo, una suba de tasas de interés (provocada por la devaluación del dólar), o una caída del precio del petróleo (que sería consecuencia de una mayor recesión industrial) pondría a todo este negocio en una situación de bancarrota. La Bolsa de Sao Paulo ha pasado a ser una super timba. Una fuga de capitales de aquí arrastraría a la economía brasileña al abismo.
 La consecuencia inmediata de la entrada de dinero extranjero para participar de la ampliación del capital de Petrobrás, ha sido una mayor valorización de la moneda brasileña, el real. El perjuicio que esto ocasiona al comercio exterior de Brasil es manifiesto, en especial el relacionado con la industria. La valorización del real produce asimismo una valorización de los valores bancarios e inmobiliarios y una acentuación, por lo tanto, de la especulación en estos rubros. El afán de privilegiar a Petrobrás frente a sus competidoras extranjeras, ha provocado una acentuación del endeudamiento extranjero de Brasil y de la especulación financiera. Es así que el ministro de Economía de Brasil salió a denunciar “una guerra monetaria” contra el país, que su propio gobierno ha promovido con esta operación adornada como industrial, pero esencialmente financiera. Sin la devaluación del dólar no habría “guerra monetaria”, pero en tal caso tampoco hubieran reunido el dinero para financiar la ampliación de la petrolera.
 Lula les ha dejado a los brasileños una bomba de tiempo. No es casual que su pollita electoral haya comenzado a hablar de ‘austeridad’ en plena campaña.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

China e Brasil: candidatos a bolhas financeiras...

ENTREVISTA: MICHAEL PETTIS VÊ RISCO DE BOLHA NA CHINA E NO BRASIL
Agencia Estado, 25.10.2010;

Nova York, 22 - O economista Michael Pettis, professor de Finanças da Universidade Pequim, alertou que a China decidiu tarde demais aumentar os juros e que já pode estar experimentando uma bolha em sua economia. "Infelizmente, uma bolha chinesa se torna uma bolha brasileira também", disse. Pettis se mostrou especialmente preocupado com a dependência do País em exportar commodities para a China. "Há quem argumente que essa mudança de manufaturados para commodities representa um movimento favorável ao Brasil no longo prazo. Eu argumento que as evidências históricas sugerem que não", avalia, em entrevista esta manhã, por telefone, de Pequim, à correspondente da Agência Estado em Nova York, Luciana Xavier.

Ele está pouco esperançoso de que os líderes do G-20 consigam chegar a um acordo cambial, na reunião de novembro em Seul, e não vê um fim próximo para a guerra das moedas. "Será um período difícil. Meu palpite é de que até que tenhamos uma contração muito grande no comércio internacional, os países não se juntarão para resolver o problema", disse.

A seguir, leia a íntegra da entrevista:

Agência Estado - O senhor teme uma bolha nos emergentes?

Pettis - Acabei de ler hoje um artigo interessante no "South China Morning Post" sobre um tipo especial de jade que agora está sendo negociada a US$ 3 mil a onça, duas vezes mais do que o ouro. Isso é muito interessante porque o preço da jade está no pico, os preços da arte chinesa estão no pico, assim como os preços do chá tipo premium. Tudo isso costuma acontecer quando há uma bolha. Arte, colecionáveis, pedras preciosas, tudo está em patamares muito elevados na China, o que me leva a crer que definitivamente estamos experimentando algum tipo de bolha.

AE - Só na China?

Pettis - Infelizmente, uma bolha chinesa se torna uma bolha brasileira também.

AE - Falando em Brasil, o governo aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para capital estrangeiro duas vezes em cerca de 15 dias, de 2% para 4% e depois para 6%. Esse segundo aumento em tão pouco tempo deve surtir algum efeito?

Pettis - Isso é uma das coisas com as quais devemos ficar bem preocupados. Basicamente o que acontece em circunstâncias é que todo mundo está usando algo para desvalorização cambial, seja impostos sobre capital ou para importações, tudo com o mesmo objetivo: proteger ou aumentar a participação na demanda global declinante. Isso será muito difícil. Com os EUA embarcando em mais afrouxamento quantitativo, países que estão intervindo em suas moedas vão sofrer o impacto do aumento rápido da liquidez. Esses países estão reclamando, dizendo que os EUA deveriam parar de fazer isso, mas os EUA dizem que não, que estão agindo assim por razões domésticas e que eles é que devem parar de intervir. Ambos estão certos. As perspectivas são mesmo muito pessimistas.

AE - Podemos dizer que uma bolha também está se formando no Brasil?

Pettis - O que mais me preocupa é que, se você se lembrar, no ano passado a China ultrapassou os Estados Unidos como o maior mercado exportador do Brasil. As pessoas viram isso como indicação da ascensão da China. Minha interpretação foi um pouco diferente. O Brasil exporta mais bens manufaturados para os EUA e mais commodities para a China. Para mim, o que realmente aconteceu foi a ascensão das commodities em relação aos manufaturados no Brasil. E isso é algo que os brasileiros devem começar a questionar. Há quem argumente que essa mudança de manufaturados para commodities representa um movimento favorável ao Brasil no longo prazo. Eu argumento que as evidências históricas sugerem que não. Precisamos pensar muito nisso dentro do contexto do Brasil. Os preços das commodities estão altos basicamente por causa do rápido crescimento da China baseado nos investimentos, que muitos acreditam que não irá se sustentar, e estoque de commodities na China, como parte da estratégia de diversificação deles além do dólar. Se essas duas coisas pararem, então haverá maior pressão para baixo nos preços das commodities.

AE - Há algum modo de o Brasil evitar uma bolha?

Pettis - Há sempre modos de proteger uma economia de bolhas, mas não sem um custo. Elas são dolorosas e é muito difícil convencer os políticos a assumir alguma dor hoje para evitar uma dor ainda maior amanhã.

AE - Podemos esperar então por uma longa guerra cambial?

Pettis - Será um período difícil. Meu palpite é de que até que tenhamos uma contração muito grande no comércio internacional, os países não se juntarão para resolver o problema.

AE - Qual sua avaliação sobre essa guerra cambial?

Michael Pettis - Nos últimos dois anos vinha alertando de que isso seria inevitável. O problema é que por muitos anos, a demanda global cresceu muito rapidamente, alimentada primeiramente por um consumo muito forte nos Estados Unidos e nos países da Europa com déficit comercial - Espanha, Itália, Grécia e alguns outros. Desde a crise tivemos dois problemas. Primeiro, é que a Europa não pode mais continuar com esses déficits porque enfrenta uma crise financeira. Segundo, os EUA estão em processo de desalavancagem, com isso a demanda e o crescimento global desaceleraram significativamente. Quando ambos estavam altos, demanda e crescimento, era possível manter mais ou menos a participação de cada um na demanda global. Mas agora a desaceleração é tanta que o único modo de crescer rapidamente é aumentar sua fatia na demanda global. Todo mundo quer aumentar sua participação e é claro que isso é impossível. Logo, o modo para se tentar conseguir isso é por meio de uma guerra comercial. Toda a discussão em torno das moedas, como nos anos 30, é simplesmente um aspecto dessa disputa comercial.

AE - Podemos dizer que a China e seu fraco yuan é o vilão da história? Ou seriam os Estados Unidos e sua política monetária frouxa?

Pettis - Acho que uma das razões pela qual a guerra cambial é praticamente inevitável é porque todo país está procurando o vilão e o vilão tem que ser um estrangeiro. Nessas circunstâncias, é muito difícil chegar a uma resolução. O fato é que se você quer achar um culpado, você vai achar muitos culpados ao redor do mundo. Há poucos países que não colaboraram para os desequilíbrios vistos até 2007. Todos os países devem reconhecer isso e trabalhar para resolver esses desequilíbrios. Mas sinto que isso é pouco provável, especialmente porque em todo país que você for é muito claro a percepção de que "a culpa não é nossa, é dos estrangeiros".

AE - O senhor não acredita que um acordo possa ser alcançado na reunião de líderes do G-20 em Seul?

Pettis - Ficarei chocado se houver algum acordo nesse sentido. O fato é que o mundo hoje quer exportar. China, Japão e Alemanhadependem muito de aumentar os superávits comerciais para gerar crescimento, enquanto Estados Unidos e alguns países da Europa são os grandes deficitários comerciais. Você não pode ter as nações com superávit comercial aumentando esse superávit, enquanto você tem uma ou duas nações com déficit comercial em colapso. Vamos ouvir boas coisas vindas da cúpula do G-20, espero, mas sem se dirigir a essas questões eu não vejo realmente uma solução.

AE - A proposta de metas para superávits e déficits em conta corrente que deve ser discutida no G-20 pode ajudar a resolver ou minimizar os problemas entre EUA e China?

Pettis - Talvez. Mas acho que um dos problemas é que isso tem sido visto como uma questão principalmente entre EUA e China. Mas é claro que não é. O ministro da Fazenda do Brasil (Guido Mantega) chocou o mundo quando ele disse que havia uma guerra cambial, ainda que todo mundo soubesse que havia. Temos visto ações sendo tomadas na Indonésia, Tailândia, Coreia, Japão e outros países. Todos intervindo agressivamente no câmbio, adotando impostos para capital estrangeiro, importações, etc. A suposição de que isso seja uma questão EUA-China é errada. O problema é que o crescimento global está desacelerando e vai continuar desacelerando por muitos anos e a maioria dos países, especialmente aqueles com crescimento acelerado do superávit comercial, não possui mecanismos que permitam que desacelerem de modo saudável sua expansão doméstica. É muito difícil imaginar qual será a solução. Por exemplo, vamos dizer que os EUA e China cheguem a um acordo. O que seria esse acordo? Um declínio rápido no déficit comercial americano e no superávit comercial chinês? Seria muito doloroso para a China. Por outro lado, os EUA têm alta taxa de desemprego e parte da razão para tanto desemprego é o elevado déficit comercial. Então, os EUA iriam concordar esperar cinco, sete anos para resolver esse problema? Quase certo que não.

AE - Um acordo nos moldes do Plaza Accord também estaria então fora de cogitação?

Pettis - Não. O problema do Plaza Accord é que ele também ocorreu tarde demais. Naquela época, a economia japonesa estava seriamente desequilibrada e a resposta do Japão para valorizar o iene foi expandir o crédito e reduzir os juros, o que só fez a situação piorar. [O Plaza Accord foi um acordo fechado no Plaza Hotel, em Nova York, em 1985, entre França, Alemanha Ocidental, Japão, EUA e Reino Unido para depreciar o dólar em relação ao iene e ao marco alemão]

AE - O Japão adotou a política do juro zero. Sobrou alguma bala na agulha a ser usada para desvalorizar o iene?

Pettis - Bem que eles gostariam. Mas desvalorizar contra quem? Todos estão tentando desvalorizar suas moedas. O problema no Japão é que eles também precisam subir os juros para reequilibrar a economia, mas os níveis da dívida estão tão elevados, que se eles subirem os juros, quase certamente teremos o risco de default do governo japonês. O Japão está emperrado. Eles não podem subir o juro. Eles até devem, mas não podem.

AE - O senhor avalia que a China está fazendo o suficiente para fortalecer o yuan?

Pettis - Eles estão numa situação muito difícil. Do ponto de vista externo, claramente eles não estão. Eles esperaram muito tempo e fizeram muito pouco. Mas do ponto de vista interno, se eles elevassem o renminbi muito rápido, haveria uma desaceleração muito veloz da economia. Por isso, sou tão pessimista. Pois é muito fácil para os americanos e europeus dizerem "a culpa é da China", por estar sendo lenta demais. E eles estão certos. Mas também é muito fácil para a China dizer "nós não tínhamos realmente muita escolha".

AE - O aumento de juros pela China pela primeira vez em três anos também veio tarde demais?

Pettis - Sim. Os juros não mudaram ao longo de todo ano e a inflação foi para cima. Então, os juros foram elevados em 0,25 ponto porcentual, mas a inflação talvez já tenha subido 1 ou 2 pontos porcentuais.

AE - Esse aumento tem tudo a ver com inflação e preços de imóveis?

Pettis - Bem, grande parte tem a ver com a inflação. Mas a razão pela qual os juros reais devem subir na China é porque a alta dos juros reduz a má alocação de capital, que é um problema grande na China, e aumenta a renda das famílias, que é também um grande problema no país. Ou seja, resolve de uma vez dois problemas. Mas se você faz isso muito rapidamente, pode aumentar o número de falências de bancos, pois a maioria dos que tomam emprestado na China consegue sobreviver apenas por causa dos juros muito baixos.

AE - O senhor acha que esse deveria e será apenas o início de um ciclo de aperto monetário chinês?

Pettis - Acho que deveria, mas não que será.

AE - Se houvesse mais aumento, quanto mais os juros deveriam subir, por exemplo, nos próximos 12 meses?

Pettis - Há três coisas que a China precisa aumentar: os juros, a moeda e os salários. Todos têm o mesmo impacto, de reduzir os investimentos e aumentar a renda das famílias. Não se pode só falar de um desses três componentes, porque se a moeda valoriza rapidamente e os juros caem, é como se nada tivesse acontecido. Eles têm realmente que subir os três juntos. Os juros são os mais importantes, mas a moeda e os salários também têm sua importância. Se você fizer apenas dois deles muito rápido, claro que o desemprego irá subir e é isso que todos querem evitar. (Luciana Xavier)