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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Comentarios a meu depoimento pessoal sobre o "lulopetismo diplomatico", e respostas PRA

Recebi, até o dia 27/06/2016, a propósito deste meu texto:
(comentários ulteriores, agregados abaixo, in fine)



2999. “Auge e declínio do lulopetismo diplomático: um depoimento pessoal”, Brasília, 22 junho 2016, 18 p.; revisto: 26/06/2016: 19 p. Artigo elaborado para a seção “Contribuição Especial” da Mural Internacional, revista eletrônica semestral do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ; site: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/muralinternacional/index; ISSN: e-ISSN: 2177-7314 (2010); ISSN: 2446-6182 (2015); Qualis: B2), com base nos trabalhos 2655, 2840, 2841 e 2964. Antecipado no blog Diplomatizzando (23/06/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/06/auge-e-declinio-do-lulopetismo.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/c46f707fd7?source=link) e em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/304351768_Auge_e_declinio_do_lulopetismo_diplomatico_um_depoimento_pessoal?ev=prf_pub).

os comentários que reproduzo abaixo seguidos de meus próprios comentários em resposta. Quero agradecer mais uma vez todos os que se dispuseram a ler meu depoimento pessoal, o primeiro feito depois de treze anos e meio de bizarrices lulopetistas na frente externa, mas que ainda não estão totalmente esclarecidas documentalmente (aliás, um aspecto problemático, pois o que mais falta, justamente, nessas loucuras cometidas na frente externa, são documentos comprobatórios de determinadas decisões tomadas, um problema tanto para os historiadores do futuro, que se ocuparem da nossa política externa, como, faço este paralelo, para os policiais do presente que precisam investigar determinados crimes cometidos contra o país pelos mafiosos do partido neobolchevique e que se deparam com laranjas, contas em paraísos fiscais, personagens misteriosos, etc.).
Espero poder contribuir, no futuro, para o esclarecimento de alguns episódios obscuros da diplomacia partidária (e sectária) conduzida pelos lulopetistas desde 2003.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 29 de junho de 2016

Pedro Scuro Neto
5 hrs ago
O texto ainda é - segundo seu autor - parte de um relato ou obra ainda por fazer. Até aqui foi um depoimento vibrante, sensível, mas eivado de adjetivos que nos impedem reconhecer com rigor o "projeto político integral" do tal "lulopetismo". É difícil dizer, mas à primeira vista parece que o principal obstáculo à realização da tarefa do Professor Paulo Roberto pode ser o foco excessivo na "base" (pp. 16-17) "presente em praticamente todos os cursos de relações internacionais" das faculdades brasileiras; "base" a garantir a reprodução do "mito lulopetista diplomático". Se conseguir se livrar desse espantalho, o resultado do esforço do Professor certamente será alvissareiro.
Grato pelo comentário e concordo inteiramente. Existem aqui dois aspectos. Num texto destinado a uma revista digital, como primeiro texto de uma "Colaboração especial", eu não poderia, sob risco de ultrapassar qualquer critério de razoabilidade, estender-me nas justificativas factuais e empíricas de cada julgamente meu, daí o excesso de adjetivos. As fundamentações estão em outros textos, notadamente em meu livro Nunca Antes na Diplomacia (2014), mas poderão, e deverão vir, em novos depoimentos bem mais extensos, e com apoio documental, o que eu não poderia ter feito agora, por falta de tempo e de espaço. Por outro lado, como expliquei, não considero que a "extirpação" dos mafiosos neobolcheviques do poder tenha a capacidade de afetar corações e mentes dos true believers da academia, que continuam convencidos das virtudes em geral do lulopetismo, e em especial de sua vertente supostamente soberana e altiva na política externa, daí a minha crença na continuidade do apoio a esse lulopetismo diplomático, mesmo quando ele não subsistir mais no plano oficial. Ele só deixará de existir quando os professores que acreditam em suas virtudes forem convencidos de que ele foi nefasto para o país, o que vai ser difícil, pois essas crenças esquerdistas no anti-imperialismo primário do lulismo, no nacionalismo rastaquera, no estatismo exacerbado vão continuar por muito tempo entre nós, sobretudo entre os que eu chamo de gramscianos de academia, os mais infensos a qualquer crítica dos anos passados (inclusive porque continuam, contra todas as evidências de crimes, a apoiar os mafiosos afastados temporariamente do poder). Grato de toda forma. Vou levar em conta esses aspectos.

Novo comentário: 
Pedro Scuro Neto
9 hrs ago
Aproveite para também levar em conta Lord Bertrand Russell: "Diante de um problema, prático ou teórico, mantenha o foco nos fatos e na verdade que eles expressam. Não se desvie em nome da sua própria verdade nem do que acha que, do seu jeito, seria melhor. Busque única e exclusivamente os fatos".
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O magnífico e corajoso depoimento do diplomata Paulo Roberto de Almeida é de capital importância para compreendermos duas coisas: 1) Como as Relações Exteriores do Brasil foram administradas pelos petistas. 2) De que forma Lula tentou cooptar o Itamaraty para sua política pessoal e corrupta. Quanto ao primeiro aspecto, fica claro, a partir do depoimento que ora comento, que Lula criou uma forma nova de compreensão das nossas relações exteriores: não a partir da tradição secular do Itamaraty, mas a partir dos interesses do PT e do próprio Lula. Como não havia uma elite diplomática identificada cem por cento com a pretensão lulista, o presidente petralha criou a sua linha própria de atuação "enxertando" no corpo diplomático diplomatas "ad hoc", caso do Chanceler de fato para a América Latina, Marco Aurélio Garcia. Quanto ao segundo aspecto, Lula tentou cooptar o Itamaraty mediante o processo tradicional lulopetralha aprendido com os cubanos: simplesmente amedrontar diplomatas da velha guarda para que não atrapalhassem os seus "avanços democráticos". Conheço, de amigos diplomatas, depoimentos bastante cruéis. Com o correr dos anos, esses fatos virão à luz do dia. Mas o depoimento de Paulo Roberto de Almeida arroja já bastante luz sobre esse tipo de cooptação. Os petralhas, é claro, não sumirão do panorama da nossa diplomacia. Por ora submergirão em águas profundas, como o seu grande líder costuma fazer. Mas voltarão a atrapalhar. No entanto, a conclusão que posso tirar do depoimento de Paulo Roberto de Almeida é claro: O Itamaraty vive e pode fazer florir, novamente, a sua respeitável tradição de serviço sério e dedicado aos interesses do Brasil, não apenas às propostas tacanhas de um partido que tentou sindicalizar o Brasil.

Muito grato, meu caro Ricardo, e agradeço sinceramente seu reforço. Veja, acima, a resposta que dei a meu colega sociólogo Pedro Scuro, que formulou uma crítica justa sobre o excesso de adjetivos em meu texto, pelo fato de que numa "Colaboração Especial" a um boletim universitário eu não tinha espaço para fundamentar cada um dos meus argumentos, do contrário o texto triplicaria de tamanho. Mas, sendo justamente um texto destinado a uma universidade supostamente repleta de gramscianos de academia, meus argumentos foram deliberadamente fortes e provocadores, para suscitar, ou reações contrárias, e assim iniciar um debate, ou simplesmente destinados a "chocar" os mais jovens, que os confrontarão às bobagens repetidas pelos seus professores sobre a tal de diplomacia "ativa e altiva". Não quis aprofundar as críticas aos aspectos verdadeiramente criminosos dessa política por motivos táticos, inclusive porque estando fora do Itamaraty até o momento, não tive oportunidade de compulsar documentos e verificar arquivos, para saber como se desenvolveram certos episódios ainda obscuros desses anos negros de nossa diplomacia. Mas eu o farei um dia, se preciso for passando dias e dias nos arquivos confidenciais. O abraço do Paulo Roberto de Almeida .
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Corajoso, Paulo Roberto de Almeida, no mínimo corajoso. Estive envolvido (indiretamente) com o Itamaraty nos últimos 25 anos, sempre às voltas com as negociações do Mercosul. Seu depoimento, da forma como analisa os acontecimentos, me fez perceber com clareza que foi exatamente a atuação lulopetista que não permitiu que o acordo com a União Europeia - longe de ser a panaceia salvadora do comércio exterior brasileiro, mas de grande importância para manter os fluxos de comércio e de investimentos entre as duas regiões, com reflexos altamente positivos para a economia brasileira - até recentemente. Agora, se tem a esperança de que as negociações sejam verdadeiramente retomadas, salvo pelo recentíssimo "Brexit". Quanto terá sido o prejuízo causado ao Brasil, pela atuação lulopetista nesse aspecto comercial? E em outras frentes, como a ALCA, por exemplo?
Paulo Roberto de Almeida
3 days ago
 Grato pelos seus comentários meu caro Mario Roberto Branco, e concordo com você em que a diplomacia lulopetista foi no mínimo desconectada da realidade, mas não acredito muito em qualquer acordo com a UE, a não ser um muito inócuo. A Alca seria um grande desafio ao Brasil, mas não o monstro pintado pelos petistas, e até significaria bem mais investimentos recebidos pelo Brasil do que propriamente acesso ampliado a nossos produtos agrícolas, que não viria com facilidade, como sabemos, mas não acredito que por isso teria sido totalmente negativo esse hipotético acordo. Ficamos de fora de qualquer acordo significativo com os aloprados lulopetistas.

sábado, 7 de março de 2015

Mercosul e uma tal de "cidadania sul-americana" (sera'?) - Ayrton Ribeiro de Souza


O Mercosul precisaria caminhar em direção de uma "cidadania sul-americana".
Talvez, num futuro distante, digamos dentro de uns 50 anos.
Por enquanto ele nem consegue ser o que pretende.
Vejamos o que pode ser dito, sinteticamente, a propósito do trabalho abaixo transcrito:

O MERCOSUL e a construção da cidadania sul-americana
Ayrton Ribeiro de Souza
Mundorama, 7/03/2015

1) “cidadania sul-americana”
            PRA: se trata de um mito, entre muitos outros disseminados na academia. Não sei, por exemplo, se já existe uma “cidadania europeia”, a despeito de mais de 50 anos de um processo muito mais avançado do que o do Mercosul, que é muito incipiente, e na verdade está retrocedendo, e muito menos de qualquer processo sul-americano, que é simplesmente inexistente.

2) O Mercosul não resultou “de uma convergência de interesses dos dois maiores integrantes do bloco de alinhar suas políticas externas visando uma maior cooperação econômico-comercial”.
PRA: Ele não foi feito com esse objetivo, mas apenas com o de construir um espaço econômico comum, mediante a modalidade clássica da união aduaneira. Este é o objeto do Tratado de Assunção, a despeito dele prometer, equivocadamente, um mercado comum, que não está definido de nenhuma forma nesse instrumento provisório e incompleto que é o TA: ele apenas descreve a liberalização comercial intra-zona e a adoção de uma TEC, o que significa uma união aduaneira, nada mais do que isso.

3) O Mercosul “teria a prerrogativa de falar com voz própria à comunidade internacional bem como assinar tratados internacionais.”
            PRA: Nunca vi isso ocorrer: essa coisa de personalidade de direito internacional é para inglês ver, como se diz; na prática, os quatro países devem assinar tudo conjuntamente. Que ele fale por um porta-voz e pelo presidente de turno é uma coisa, que ele tenha competência para assinar tratados internacionais, isso não existe.

4) 1999: “... a conjuntura econômica desfavorável nos Estados Partes – primeiramente no Brasil que praticou uma política de desvalorização do Real...”
            PRA: O Brasil não praticou nenhuma política de desvalorização do Real; ela foi imposta pelas circunstâncias e depois da crise cambial de 1999, o Brasil simplesmente adotou uma política de flutuação suja, como muitos outros países. O autor diria que a Argentina adotou uma política de fixação irrevocável do peso argentino? Pois deveria dizer, mas depois de 2001, o país também adotou a flutuação suja, na verdade uma política cambial administrada, muito mais intervencionista do que a brasileira.

5) Depois disso, o Mercosul “passou a ser marcado pelo acirramento das disputas comerciais internas e pela dificuldade de coordenar posições em fóruns e negociações internacionais.”?
            PRA: Dizendo assim, parece que o Mercosul tem comportamentos atávicos, e que o bloco não sabe se conduzir como tente grande. A realidade é que tudo o que o autor diz sobre o bloco deve ser imputado aos países membros, em especial aos dois maiores, e em particular à Argentina.

6) Medo de dizer a verdade? Vejamos: “eletrodomésticos da chamada “linha branca” produzidos pela indústria brasileira, que sofreram com o endurecimento das regras do comércio impostas pela Argentina.”
            PRA: Mas isso é extraordinário: o que a Argentina fez é simplesmente ilegal, tanto do ponto de vista do Mercosul, quanto das regras do sistema multilateral de comércio; isso precisaria ser dito com todas as letras pelo autor do artigo.

7) A cereja do bolo: “um aspecto muito relevante para o avanço da integração regional é a ampliação da agenda dos governos a temas que vão além dos objetivos de liberalização comercial e cooperação econômica.”
            PRA: Não, não é relevante, em nenhum aspecto, para os objetivos do TA, essas coisas que foram sendo criadas como penduricalhos do Mercosul. O TA é um tratado de comércio, mais exatamente de união aduaneira, ponto. Todo o resto não faz parte do TA, e só foi feito por demagogia dos dirigentes. Condenaram o Mercosul a ser um zumbi, ou um Frankenstein, cheio de partes adicionadas que não servem para nada em seus objetivos originais.

8) A piada final: “No decorrer destes 24 anos, o MERCOSUL soube superar os desafios à integração sempre valendo-se de seus princípios de gradualismo, flexibilidade, simetria e equilíbrio.”
            PRA: Não, não soube, mas isso não tem absolutamente nada a ver com o Mercosul. Ele é um tratado de comércio, como já dito. Esse objetivo foi deixado de lado pelos governos dos países, que se empenharam em desmantelar o Mercosul e desviá-lo de seus objetivos precípuos. Simples assim.
            De forma geral, o artigo tenta ser otimista para uma realidade patética, e não toca nos problemas reais.
            O autor precisa estudar mais um pouco..

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 7 de março de 2015

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O MERCOSUL e a construção da cidadania sul-americana
Ayrton Ribeiro de Souza
Mundorama, 7/03/2015

Fundado a partir do Tratado de Assunção em 26 de março de 1991 por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, o MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) surgiu como o resultado de uma convergência de interesses dos dois maiores integrantes do bloco de alinhar suas políticas externas visando uma maior cooperação econômico-comercial entre seus membros, até alcançar a total eliminação de barreiras comerciais, bem como o fortalecimento de seu poder de negociação com grandes atores comerciais através da criação de uma união aduaneira graças à implantação de uma Tarifa Externa Comum (TEC).
Os objetivos iniciais de eliminação tarifária interna estabelecidos em 1991 deveriam estar concluídos no prazo máximo de 31 de dezembro de 1994 (ou 31 de dezembro de 1995 para Paraguai e Uruguai) e assim o foi, representando já nesses primeiros anos de vigência do Tratado um considerável aumento das relações comerciais entres seus membros, com relevante aumento das exportações de bens manufaturados, notavelmente os provenientes das indústrias brasileiras. Neste mesmo ano de 1994, culminando o cumprimento dos compromissos estabelecidos pelo Tratado de Assunção, foi assinado pelos 4 Estados Partes o Protocolo de Ouro Preto. O mesmo dotou o MERCOSUL de uma estrutura mais permanente e funcional, bem como definiu o bloco como detentor de personalidade jurídica internacional própria, ou seja, o MERCOSUL (cujas decisões são tomadas em consenso pelos Estados Partes) teria a prerrogativa de falar com voz própria à comunidade internacional bem como assinar tratados internacionais. Além disto, já em 1995 os Estados Partes adotaram a Tarifa Externa Comum (TEC), tal como previsto no Tratado de Assunção, constituindo uma medida essencial para a efetivação da União Aduaneira.
A partir desta consolidação institucional e a consecução dos objetivos iniciais de liberação comercial intra-bloco e formação da união aduaneira com a adoção da TEC, o MERCOSUL se consolidava como um instrumento eficaz de aproximação entre seus Estados Partes e como um interlocutor legítimo nas negociações com terceiros atores comerciais, tal como se denotou pela assinatura do Acordo Quadro com a União Européia em 15 de dezembro de 1995.
Além disto, avançou-se na agenda que previa a expansão dos temas abrangidos pelo bloco, que se ampliaram a aspectos políticos, sociais e de direitos humanos. Em 25 de julho de 1998, por exemplo, aprovou-se o Protocolo de Ushuaia, também conhecido como “cláusula democrática do MERCOSUL”, que estabelece que “a plena vigência das instituições democráticas é condição indispensável para a existência e desenvolvimento do MERCOSUL”. Em 10 de dezembro de 1998, seria aprovada a Declaração Sociolaboral que incorporaria diversos direitos individuais e coletivos dos cidadãos aos princípios básicos do MERCOSUL.
A partir de 1999, no entanto, a conjuntura econômica desfavorável nos Estados Partes – primeiramente no Brasil que praticou uma política de desvalorização do Real, e depois na Argentina com a crise de 2000 que a levou a protelar o pagamento de sua dívida externa – o MERCOSUL passou a ser marcado pelo acirramento das disputas comerciais internas e pela dificuldade de coordenar posições em fóruns e negociações internacionais. Uma reação do bloco ao agravamento dos interesses comerciais unilaterais foi a adoção do Protocolo de Olivos em 18 de fevereiro de 2002 que estabeleceu as normas e estrutura de funcionamento do Sistema de Solução de Controvérsias, que passaria a contar com um Tribunal Permanente de Revisão, composto então por 5 árbitros de reconhecida competência (sendo 1 árbitro designado por cada Estado Parte mais 1 árbitro de uma nacionalidade alheia aos Estados Partes e escolhido em consenso por estes).
Apesar desta evolução institucional, o MERCOSUL não foi alheio aos efeitos negativos que as crises econômicas internas de seus Estados Partes pudessem acarretar. Desta forma, a desvalorização do Real brasileiro em 1999 e a crise em que mergulhou a Argentina a partir do ano 2000 criaram um cenário mais adverso para a plena execução das intenções de livre-comércio estabelecidas em 1991. Os primeiros anos do século XXI, então, marcariam o MERCOSUL com um acirramento das medidas protecionistas dentro do bloco. O caso do trigo argentino é um exemplo das constantes tensões entre interesses protecionistas e grupos que defendem um comércio mais aberto. Esta contraposição de interesses surgiu também para os eletrodomésticos da chamada “linha branca” produzidos pela indústria brasileira, que sofreram com o endurecimento das regras do comércio impostas pela Argentina. O contexto de impasses comerciais como estes, no entanto, conta desde a assinatura do Protocolo de Olivos (2002) com um Sistema de Solução de Controvérsias permanente, que representa um importante avanço para dirimir de forma regional e satisfatória estes obstáculos à plena integração.
Quanto ao maior parceiro comercial externo do MERCOSUL, a União Européia, o bloco também enfrenta dificuldades em deslanchar um acordo de livre-comércio cujas negociações se arrastam desde a década de 1990. Apesar do grande volume das trocas comerciais entre ambos os blocos, há dificuldades em se estabelecer um consenso acerca dos produtos a serem isentos de tarifas (bem como em dirimir as posições antagônicas quanto a restrições não-tarifárias), o período de carência que implicaria estes acordos e divergências entre os membros do MERCOSUL acerca destas questões.
Finalmente, um aspecto muito relevante para o avanço da integração regional é a ampliação da agenda dos governos a temas que vão além dos objetivos de liberalização comercial e cooperação econômica. Neste sentido, a busca do MERCOSUL por se tornar mais representativo aos povos dos países que o compõem teve um grande progresso com a criação do Parlamento do Mercosul (PARLASUL) a partir da assinatura do Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul em 9 de dezembro de 2005. A criação do órgão significa uma maior vinculação entre o organismo (originalmente estruturado para estimular a integração econômica) e as respectivas populações, o que incrementaria a legitimidade do MERCOSUL e aumentaria a credibilidade democrática de seus projetos.
Estas três esferas do MERCOSUL analisadas – de grande impacto nas vidas dos cidadãos e fundamentais para seu fortalecimento institucional – merecem a atenção que têm recebido dos governos e da sociedade civil. No decorrer destes 24 anos, o MERCOSUL soube superar os desafios à integração sempre valendo-se de seus princípios de gradualismo, flexibilidade, simetria e equilíbrio. Espera-se, portanto, que os esforços conjuntos dos Executivos dos 5 Estados Partes continuem contribuindo para a inclusão das vozes e interesses de suas respectivas populações para, atraindo e cultivando um senso de comunidade entre os cidadãos dos diversos países, poder avançar de forma exitosa nos objetivos de cooperação e desenvolvimento compartilhados por todos os membros.

Bibliografia
  • ALMEIDA, Paulo Roberto de. Mercosul: Fundamentos e perspectivas. São Paulo: LTR, 1998.
  • BASSO, Maristela. Aprimoramento jurídico e institucional do Mercosul. In: Grupo de Reflexão Prospectiva sobre o Mercosul.  Brasília: Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais, 2003.
  • BASSO, Maristela (org.). Mercosul: seus efeitos jurídicos, econômicos e políticos nos Estados-Membros. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 1996.
  • CASELLA, Paulo Borba. Mercosul, exigências e perspectivas, integração e consolidação do espaço econômico (1995-2001-2005). São Paulo: LTr, 1996.
  • CASAL, Oscar. Parlamento do Mercosul: desafio para sua consolidação. Pontes: entre o comércio e o desenvolvimento sustentável. São Paulo: FGV-ICTSD, v. 4, n. 3, julho 2008.
  • COUTINHO, George Gomes. O Parlamento do Mercosul em sua primeira fase: uma análise preliminar da transnacionalização da política no Cone Sul. São Leopoldo: Ciências Sociais Unisinos, v. 45, n. 3, setembro-dezembro 2009.
  • HUGUENEY FILHO, Clodoaldo; CARDIM, Carlos H. (orgs.). Grupo de Reflexão Prospectiva sobre o Mercosul.  Brasília: Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais, 2003.
  • ONUKI, Janina. O Brasil e a construção do Mercosul. In: Relações Internacionais do Brasil. São Paulo: Ed. Saraiva, 2006.
  • PEÑA, Félix. As salvaguardas argentinas. Disponível em: < http://www.felixpena.com.ar/index.php?contenido=wpapers&wpagno=documentos/1999-07-25-salvaguardas-argentinas&gt;. Acesso em 10 Fev. 2015.
  • PEÑA, Felix. Mercosur-UE: opciones por si no llegamos a la meta. La Nación: 23 de abril de 2013. Disponível em: < http://www.felixpena.com.ar/index.php?contenido=wpapers&wpagno=documentos/2013-04-23-mercosur-ue-opciones&gt; Acesso em: 15 Fev. 2015.
  • VIGEVANI, Tullo; MARIANO, Karina; OLIVEIRA, Marcelo de. Democracia e atores políticos no Mercosul. Araraquara: Cenários (UNESP), v. 2, 2000.
  •  
Ayrton Ribeiro de Souza é mestre em Estudos Hispânicos pela Universidad de Cádiz, Espanha.

sábado, 2 de agosto de 2014

Diplomacia ideologica? Comentarios edificantes do site 247 (2+4+7?; uau...)

Como já disse aqui, de vez em quando gosto de percorrer não exatamente as matérias de jornalistas, que ficam no trivial esperado, mas os comentários dos leitores, que revelam, de um lado, o que vai na "alma do povo", de outro, o que anda pelo lado dos mercenários a soldo e aliados dos companheiros no poder.
A matéria que li foi o resumo feito no site 247 (uma soma significativa, sem dúvida) da entrevista concedida à revista Época pelo assessor de assuntos internacionais da PR, que criticou as críticas à diplomacia dos companheiros como sendo "ideológicas". OK, que sejam, todo mundo tem o direito de ser ideológico, não é mesmo?
Mas, os comentários que seguem, aqui transcritos seletivamente, refletem o padrão esperado no público do 247. O que é que vocês queriam? Em face da mídia golpista, a reação só pode ser essa mesma...
Paulo Roberto de Almeida

Crítica à diplomacia é "eleitoral" e "ideológica"

2 de Agosto de 2014 às 11:56

Comentários

33 comentários em "Crítica à diplomacia é "eleitoral" e "ideológica""
Os comentários aqui postados expressam a opinião
dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

  1. eros alonso 2.08.2014 às 14:02
    CORTEM AS RELAÇÕES COM A PULGA ATÔMICA. UM ANÃOZINHO ATÔMICO, UMA PULGA ASSASSINA, UMA SARNE NO ORIENTE MÉDIO QUE INCOMODA DESDE QUE NASCEU.NASCEU? FOI CRIADA EM LABORATÓRIO. ASSASSINOS. SUJAM A RAÇA SEMITA, COLOCAM OS JUDEUS EM SITUAÇÃO RUIM. SÃO SIONISTAS NAZISTAS.MANTER RELAÇÕES COM ESSA GENTE NÃO DÁ.CORTEM AS RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS.OU ISSO OU SOMOS ANÕES MESMO. QUEM CHAMA O BRASIL DE ANÃO MERECE ALGUMA SINAGOGAS QUEIMADAS SIM. CANALHAS.
  2. Manoel 2.08.2014 às 13:41
    O Brasil precisa cancelar todo relacionamento comercial com iSSrael, principalmente o militar. Não podemos ser cúmplices os estado sionista iSSraelense.
  3. A BESTA ESTÁ COMEÇANDO A POR A CABEÇA DE FORA 2.08.2014 às 13:35
    O mundo vai ser testemunha desse tipo de gente de Israel, eles estão sendo indicados como o estopim de uma guerra mundial, eles são terroristas e fazedores de terroristas. Veja bem, uma pessoa vê toda sua prole morta num ataque covarde, o que essa pessoa pode se transformar? Pense se isso acontecesse com você? Como você agiria? Ia alisar as cabeças deles? Mas é claro que não, toda a sua família foi morta e que não tinha nada a ver com o problema. O que você acha? Matar um inimigo sem arma, é covardia e isso o mundo não tolera. Tratar os outros países como insignificantes também não é legal. Matar alguém que não teve possibilidade de se defender, é uma maldade enorme e isso eles fizeram. Quer matar terroristas, façam como os Estados Unidos fizeram, foi lá e acabou com Bin Laden, mas quando não tem competência se utiliza de meios assassinos e covardes.
  4. PSDB APOIA UM ESTADO GENOCIDA 2.08.2014 às 13:30
    Os chapas-pretas, favoráveis ao morticínio covarde em Gaza, criticam a diplomacia brasileira por ter se oposto aos crimes de guerra de Israel. Essa gente é cruel, não se comove nem frente à morte de crianças inocentes. Esse tipo de gente não pode governar o Brasil.
  5. OS PSDBISTAS QUEREM PRENDER, OU MATAR, TRABALHADOR 2.08.2014 às 13:19
    SM na era psdbista: US$ 60.00; SM nos governos trabalhistas: US$ 300.00. O PSDB quer o mal dos trabalhadores.  

    PSDB APOIA UM ESTADO GENOCIDA 2.08.2014 às 13:15
    Se você ainda não escolheu seu candidato, repare bem como se expressam aqui os defensores da oposição. Usam palavrões, deboches, mentiras e calúnias. São fofoqueiros, estão invariavelmente contra o que é popular e contra o Brasil. Torcem pelo pior. São os chamados chapas-pretas. Essa gente não merece o Brasil e, muito menos, o seu voto.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Problemas na politica externa (que nao sao da politica externa) - Guilherme Casaroes

Nota Liminar: fui censurado, provavelmente por um aluno, a pedido do professor, por ter "censurado" a réplica do Professor, aos meus comentários sumários, enfeixados nas primeiras duas linhas do comentário preliminar abaixo, quando não era, e nunca foi, esta a minha intenção. Apenas a falta de tempo, as tribulações de um trabalho intenso, me fizeram descuidar dessa questão importante. Retifico abaixo, com todos os registros de envio.
Portanto, o que os leitores vão ter aqui é: a transcrição do artigo original, encimado pelo meu comentário de fato sumário, quase críptico, pelo que me desculpo, em relação ao artigo do professor em questão, seguindo pela réplica do professor, com novamente um comentário meu, dando as razões de minha discordância em relação ao artigo.
Aceito novos comentários, e até poderei colocá-los em destaque em novo post.
Não tenho nenhum problema, repito NENHUM problema, em debater questões como essas, que são o centro mesmo das preocupações deste blog.
Paulo Roberto de Almeida

O autor tece considerações genéricas sobre a diplomacia brasileira, sem mencionar o fato de que os problemas apontados não se devem ao Itamaraty, e sim a fatores externos, que ele ignora por completo.

Uma política externa à altura do Brasil

09 de setembro de 2013 | 2h 10
Guilherme Casarões * - O Estado de S.Paulo
Entre as análises de primeira hora sobre a diplomacia do governo Dilma Rousseff, não foram raras as menções ao seu aparente desinteresse por questões globais - ressalvado, pela própria biografia da presidente, o tema dos direitos humanos. Esperava-se uma mudança de forma, sem o ativismo dos anos anteriores, mas mantendo as linhas substantivas essenciais. O perfil mais técnico do então chanceler Antonio Patriota, nomeado por Dilma, indicava a preferência por uma política exterior sem voos altos nem o risco de tropeços ou atritos, mantendo-se o lastro institucional do Itamaraty.
Abdicando do exercício da diplomacia presidencial, parcialmente responsável pela (re)construção da imagem do Brasil nos 15 anos anteriores, a presidente mostrou-se muito pouco engajada nos temas internacionais - para além do óbvio protocolar, como reuniões de cúpula e algumas visitas a países amigos. No entanto, ao contrário do que se esperava, deixou pouco espaço para o Itamaraty trabalhar.
Isso parecia relacionar-se com as prioridades governamentais em tempos de crise e desaceleração da economia. O envio de estudantes brasileiros ao exterior, no desejo de qualificá-los nas áreas de ciência e tecnologia, virou bandeira governamental e ativo diplomático. Projetos de infraestrutura, sobretudo no nosso entorno geográfico, ganharam prioridade sobre as grandes estratégias costuradas nas duas décadas anteriores. Aos poucos, foram mudando os parceiros preferenciais e os temas centrais.
A despeito de conquistas maiúsculas, como a eleição do embaixador Roberto Azevêdo na Organização Mundial do Comércio (OMC), ou tentativas de avanços conceituais, como a "responsabilidade ao proteger" diante dos levantes árabes, a generalizada ausência de protagonismo internacional e o desencontro de interesses entre o Ministérios das Relações Exteriores e outros setores do governo reforçaram a avaliação de um importante jornalista: "O mundo de Dilma é o Brasil".
Não haveria problema algum caso se tratasse somente de uma questão de prioridades. Historicamente, em tempos difíceis, a redução do ativismo global é natural e esperada. Mas o estilo de governar de Dilma Rousseff, além de enfraquecer o Itamaraty, revelou um profundo dissenso sobre visões de mundo. A introspecção forçada da diplomacia dilmista entra em choque com duas dimensões essenciais da política externa do Brasil.
A primeira delas é histórica e mais profunda. Somos um país cuja identidade foi parcialmente forjada pela obra diplomática, que também nos logrou respeitável reputação internacional. Se hoje o Brasil é um ator global, isso é graças ao esforço coletivo do serviço exterior na construção permanente de uma sedutora narrativa de "quem somos" e "o que queremos" para o mundo.
Como estamos falando de um país cuja trajetória é marcada pela escassez de recursos tradicionais de poder - como dinheiro ou armas -, a projeção brasileira deu-se, de maneira geral, pela empatia global. Esse fato trouxe efeitos tangíveis, que vão desde a profusão de acordos bilaterais de cooperação com numerosas nações até o vertiginoso aumento do comércio internacional brasileiro na última década; e também intangíveis, que se traduzem em aspectos da liderança do Brasil em certos temas multilaterais, ou, se quisermos, na superação de um antigo complexo de vira-latas que por muito tempo nos definiu.
A segunda dimensão diz respeito ao chamado "insulamento burocrático" do Itamaraty. Ao longo do século 20, a Casa de Rio Branco foi-se profissionalizando e ganhando autonomia, seja com relação ao presidente da República, ao Congresso Nacional ou às forças sociais. Isso permitiu que se consolidasse uma espécie de repertório permanente da política externa, corporificado no serviço diplomático e, em geral, identificado com a bem-sucedida inserção internacional do Brasil.
Se, por um lado, as decisões diplomáticas permaneceram relativamente fechadas mesmo num contexto democrático, a ênfase na "tradição" foi capaz de blindar a política exterior de críticas profundas nas últimas décadas - limitando-se, desconsiderados os excessos retóricos, a contestações pontuais. Não à toa, no último meio século a enorme maioria de nossos chanceleres veio da própria carreira diplomática - ou, quando não era o caso, eles estavam afinados com as tradições e o legado do barão do Rio Branco.
Os eventos dos últimos dias jogaram, numa só tacada, toda essa narrativa por terra. As inesperadas tensões com a Bolívia fugiam de um script diplomático que prezava pela amizade - e pela cautela - com os vizinhos. A inédita quebra de hierarquia enfraquece, por sua vez, a reconhecida condição de infalibilidade do Itamaraty, sobre a qual assenta boa parte da reputação brasileira.
A pronta demissão do ministro Antonio Patriota, um dos melhores quadros de sua geração, revela, por fim, as dificuldades que a nossa tradicional diplomacia vem sofrendo no contexto de um governo para o qual o imediatismo dos resultados tangíveis e quantitativos precede o planejamento de longo prazo e a razão de Estado. Como se a política externa pudesse ser traduzida em planilhas ou balancetes.
E enquanto Antonio Patriota se prepara para retornar a Nova York (para assumir a chefia da representação brasileira nas Nações Unidas), onde suas habilidades certamente serão valorizadas, devemos desejar bons augúrios ao seu sucessor, Luiz Alberto Figueiredo Machado - um grande negociador, que terá diante de si o maior dos desafios: superar as amarras governamentais para fazer uma política externa que esteja à altura do Brasil.
*Guilherme Casarões é professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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O professor me enviou o seguinte comentário, devidamente absorvido na seção de comentários (embora com um atraso involuntário), a que eu respondi, distraidamente, sem ver que não estava respondendo a ele. Mas deixo registro mais abaixo do que escrevi.

On Sep 10, 2013, at 11:23 AM, Guilherme Casarões <noreply-comment@blogger.com> wrote:

Caro Prof. Paulo Roberto de Almeida,

Fico honrado que tenha reproduzido meu texto em seu blog; ao mesmo tempo, preocupa-me seu comentário introdutório ao artigo, falando em "considerações genéricas" ou fazendo menção a "fatores externos", que "ignoro por completo".

Talvez tenha me expressado mal, mas a linha argumentativa do texto é exatamente a de que a política externa (ou a ausência de política externa do governo Dilma) está sendo corroída por questões exógenas - leia-se, uma profunda divergência entre as visões de mundo da presidente e a leitura que o Itamaraty faz (e sempre fez) do interesse nacional.

Repito essa ideia ao fim do segundo parágrafo, no quinto, e nos três últimos. Reforço que nossa diplomacia - com a qual não há nada de errado, note-se - "vem sofrendo no contexto de um governo para o qual o imediatismo dos resultados tangíveis e quantitativos precede o planejamento de longo prazo e a razão de Estado". Em momento algum imputo à nossa diplomacia as mazelas atuais da política externa, pelo contrário.

Quero crer que sua crítica ao texto tenha sido fruto de um equívoco de interpretação, já que não consigo enxergar, como autor, a lógica que você mesmo ergueu para derrubar meus argumentos.

Atenciosamente,

Guilherme Casarões 
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Meu comentário inicial (em suposta resposta minha ao professor, que não lhe chegou, apenas por total distração minha no reply) foi o seguinte:

Desculpo-me pela leitura rápida, que parece não ter detectado todas essas nuances que você menciona agora. Vou retificar.
Mas você sabe perfeitamente bem a origem de todos esses problemas.
Creio que é preciso apontá-los e talvez denunciá-los. 
Paulo Roberto de Almeida 

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Meu comentário subsequente, feito depois que dois bravos alunos se mobilizaram na demanda de explicações, e até na censura (devidamente registrada), foi feito na resposta abaixo, que não é final, pois o assunto continua em aberto. 
Mais uma vez, não pude escrever diretamente ao professor, por não dispor de seu e-mail, e creio que certos assuntos são melhor tratados em particular. Mas, como nunca tenho nada a esconder sobre o que penso, sobre determinados assuntos, aqui vai o meu comentário principal: 

O artigo consegue acusar o Itamaraty de vários pequenos pecados e em NENHUM momento toca em duas coisas fundamentais: partido e partidarização da política externa, e a existência de um conselheiro partidário no Planalto, usualmente chamado de “chanceler para a América do Sul” (mas vai muito além disso). Como explicar esse amor desmedido do Brasil por várias pequenas e grandes ditaduras, como explicar essas alianças estratégicas com regimes de duvidosa reputação na área da democracia e dos direitos humanos, como explicar a brutal diferença de tratamento entre o caso do “golpe” em Honduras e o abrigo de um palanqueiro ba Embaixada do Brasil naquela capital, e o tratamento da questão boliviana, como explicar a rispidez no caso do Paraguai e a leniência, a conivência e a tolerância demonstradas em casos bem mais graves de ataques à democracia e à liberdade de expressão? Como explicar tudo isso pela ação do Itamaraty?
Gostaria de ver o professor se explicando em todos esses casos.
Paulo Roberto de Almeida
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O tem continua em aberto, para o professor e para todos os seus alunos, voluntariamente de preferência...
Paulo Roberto de Almeida